III-
LITURGIA DA
SOLENIDADE DE NATAL
-
Queridos irmãos e irmãs, celebrar o Natal é celebrar o mistério mais bonito e
mais surpreendente da nossa fé: Deus se fez um de nós. O eterno entrou no
tempo. O Criador se uniu à criatura. Não é apenas o nascimento de um menino, é
o nascimento do próprio Filho de Deus. A Liturgia de hoje, nos convida a sair
da manjedoura e olhar mais profundamente o mistério da Encarnação. Não temos o
presépio nem os anjos cantando no céu como nas leituras da noite. Hoje, a
Palavra de Deus nos leva a contemplar com o coração o sentido mais profundo do
Natal.
- Na
primeira leitura, o profeta Isaías
nos fala de um mensageiro que vem correndo pelos montes, trazendo uma grande
notícia: "Teu Deus reina!" Meus irmãos, essa é a primeira grande
mensagem do Natal: Deus reina, mas de um jeito novo. Ele não reina com força e
violência. Ele reina com amor e humildade, vindo ao nosso encontro, não como um
rei distante, mas como uma criança frágil, nascida no silêncio da noite. O
profeta diz ainda: "Todos os confins da terra hão de ver a salvação do
nosso Deus." Ou seja, a salvação não é só para alguns, mas para todos. É
um convite universal! Deus se fez homem por amor à humanidade inteira.
- A carta aos Hebreus nos recorda que Deus
sempre falou à humanidade, desde os tempos antigos, através dos profetas. Mas
agora, no tempo da plenitude, Deus falou de um modo definitivo: por meio do seu
Filho. Jesus é a Palavra viva, é o reflexo da glória do Pai. Ele não é apenas
um mensageiro de Deus. Ele é o próprio Deus que se comunica conosco. Aqui está
algo belíssimo, irmãos: no Natal, não celebramos apenas um nascimento, mas uma
revelação. Jesus é o rosto visível do Deus invisível. Quem vê Jesus, vê o Pai.
- O Evangelho que a Igreja nos propõe nesta
Liturgia, não é aquele da manjedoura, dos pastores ou dos anjos. É o prólogo do
Evangelho de João. Ele nos convida a irmos além dos enfeites e das imagens
natalinas, para contemplar o grande mistério da Encarnação. "No princípio
era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." O que isso
significa? Significa que Jesus não começou a existir em Belém. Ele é o Verbo
eterno, a Palavra de Deus, aquele por meio de quem tudo foi criado. E esse
Verbo eterno se fez carne. Sim, Deus se fez um de nós. Deus se aproxima, não se
impõe, Ele não veio com poder e glória, mas na humildade de uma criança. Não
nasceu num palácio, mas numa manjedoura. Não chegou com exércitos, mas com
ternura.
- E
por quê? Porque Deus não quer nos assustar, mas nos conquistar. Ele não veio
nos condenar, mas nos salvar. Ele não deseja nos dominar, mas nos amar.
"Veio para o que era seu, mas os seus não o acolheram" (Jo 1,11) Este
trecho do Evangelho é triste e verdadeiro. Ainda hoje, Jesus vem até nós, mas
muitos não o reconhecem. Estamos tão ocupados com as correrias, com os problemas,
com as distrações, que não percebemos que Deus está batendo à porta do nosso
coração. Mas a Palavra também diz: "A todos os que o receberam, deu-lhes
poder de se tornarem filhos de Deus". Natal é isso, meus irmãos: Deus nos
oferece um novo nascimento. Hoje não celebramos apenas o nascimento de Jesus,
mas também a oportunidade de renascer com Ele. - Natal é mais do que festa, é
encontro. Não podemos deixar que o Natal se reduza a um momento de presentes,
comida, luzes e fotos. Tudo isso é bonito e pode fazer parte. Mas o essencial é
o encontro com Jesus. O Natal não termina à meia-noite. Ele começa hoje, e deve
se prolongar em cada gesto de amor, de perdão, de solidariedade. Cristo quer
continuar nascendo em nós e através de nós. Por isso, abramos nosso coração e
digamos com fé: "Vem, Senhor Jesus! Nasce em mim! Faz da minha vida tua
morada!"
- Feliz e santo Natal a todos! Que a luz do
Verbo feito carne brilhe sobre nossas famílias, nossas comunidades e sobre todo
o mundo. Amém.
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