09- SERMÃO DE
NATAL DE SANTO AGOSTINHO
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!
Para sempre seja louvado!
Como Maria, esperamos com todo o nosso coração
a chegada do Menino Jesus!
Preparemo-nos! Jesus se faz Rei dos reis em
uma pequena criança, e nossos olhos se encherão com a visão tão gloriosa de um
Deus que se faz pequeno para encontrar o nosso coração!
Que neste Natal, nosso amor cresça de forma
admirável, em correspondência a tão grande amor que recebemos do Menino Jesus.
Meditemos nas palavras de Santo Agostinho
sobre o rico momento do Natal.
A verdade
brotou da terra e a justiça olhou do alto do céu
Desperta, ó homem: por tua causa Deus se fez homem. Desperta, tu
que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá (Ef
5,14). Por tua causa, repito, Deus se fez homem.
Estarias morto para sempre, se ele não tivesse nascido no tempo.
Jamais te libertarias da carne do pecado, se ele não tivesse assumido uma carne
semelhante à do pecado. Estarias condenado a uma eterna miséria, se não fosse a
sua misericórdia. Não voltarias à vida, se ele não tivesse vindo ao encontro da
tua morte. Terias perecido, se ele não te socorresse. Estarias perdido, se ele
não viesse salvar-te.
Celebremos com alegria a vinda da nossa salvação e redenção.
Celebremos este dia de festa, em que o grande e eterno Dia, gerado pelo Dia
grande e eterno, veio a este nosso dia temporal e tão breve.
Ele se tornou para nós justiça, santificação e libertação, para
que, como está escrito, “quem se gloria, glorie-se no Senhor” (1Cor 1,30-31).
A verdade brotará da terra (Sl 84,12), o Cristo que disse: eu
sou a verdade (Jo 14,6), nasceu da Virgem. E a justiça olhou do alto do céu
(cf. Sl 84,12), porque o homem, crendo naquele que nasceu, é justificado não
por si mesmo, mas por Deus.
A verdade brotou da terra porque o Verbo se fez carne (Jo 1,14).
E a justiça olhou do alto do céu porque todo o dom precioso e toda a dádiva perfeita
vêm do alto (Tg 1,17).
A verdade brotou da terra, isto é, da carne de Maria. E a
justiça olhou do alto do céu porque o homem não pode receber coisa alguma, se
não lhe for dada do céu (Jo 3,27).
Justificados pela fé, estamos em paz com Deus (Rm 5,1) porque a
justiça e a paz se beijaram (cf. Sl 84,11) por intermédio de nosso Senhor Jesus
Cristo, pois a verdade brotou da terra. Por ele tivemos acesso, pela fé, a esta
graça na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus
(Rm 5,2). Não disse “de nossa glória”, mas da glória de Deus, porque a justiça
não procede de nós, mas olha do alto do céu. Portanto, quem se gloria não se
glorie em si mesmo, mas no Senhor.
Eis por que, quando o Senhor nasceu da Virgem, os anjos
cantaram: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade
(Lc 2,14 Vulgata).
Como veio a paz à terra senão por ter a verdade brotado da
terra, isto é, Cristo ter nascido em carne humana? Ele é a nossa paz: de dois
povos fez um só (cf. Ef 2,14), para que fôssemos homens de boa vontade, unidos
uns aos outros pelo suave vínculo da caridade.
Alegremo-nos com esta graça, para que nossa glória seja o
testemunho da nossa consciência, e assim nos gloriaremos, não em nós mesmos,
mas no Senhor. Por isso disse o Salmista: Vós sois a minha glória que levanta a
minha cabeça (Sl 3,4). Na verdade, que graça maior Deus poderia nos conceder do
que, tendo um único Filho, fazê-lo Filho do homem e reciprocamente fazer os
filhos dos homens serem filhos de Deus?
Procurai o mérito, procurai a causa, procurai a justiça; e vede
se encontrais outra coisa que não seja a graça de Deus.
Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo
(Sermão 185: PL 38,
997-999) (Séc. V)
https://vocacaodejesus.com/escritos-dos-santos/sermao-de-natal-santo-agostinho/
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