segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

BEM-VINDO AO SB SABENDO BEM DE 01 DE JANEIRO DE 2025 FELIZ ABO NOVO!

 

Sabendo Bem

A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina. (I Coríntios 1, 18).

 QUARTA-FEIRA 01 DE JANEIRO DE 2025

 

SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS

 

Ano Jubilar 2025 - Peregrinos de esperança

- Maria: maternidade que expressa o amor de Deus.

- Início do Ano Civil: viver na graça de Deus todos os dias.

- Dia Mundial da Paz: “Perdoai-nos as nossas ofensas; dai-nos a Vossa Paz!”

 

SANTA MÃE DE DEUS, RAINHA DA PAZ

https://youtu.be/QbAZcAP2k6Mhttps://youtu.be/QbAZcAP2k6M

https://youtu.be/QbAZcAP2k6M

NOSSA SENHORA RAINHA DA PAZ

https://youtu.be/Jz23naOVzCk

https://youtu.be/QbAZcAP2k6M

https://youtu.be/Zeew7DAK4E8?si=k_YE3AhCAOEdqy5o

CHAMA VIVA DE ESPERANÇA

https://youtu.be/qiSgqeuG3u4

SB SABENDO BEM DE 01 DE JANEIRO DE 2025

 

SEJA BEM-VINDO!

 

 

 

OLÁ! PRA COMEÇO DE CONVERSA...

 

I-             OLÁ! PRA COMEÇO DE CONVERSA...

2.1- Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

Irmãos e irmãs, um abençoado Ano Novo! O Senhor Deus fez entrar no tempo, por meio de Maria, o seu Filho, gerado antes de todos os séculos, o Prínci- pe da Paz. Ele anunciou à humani- dade um ano de graça, iluminando a nossa história com a única e ver- dadeira esperança. Suplicando a Deus suas melhores bênçãos, glori- fiquemos sua infinita misericórdia e saudemos Maria, Mãe de Deus, contando com sua materna inter- cessão ao longo do ano civil que hoje iniciamos.(introdução do Fpçhetp O Povo de Deus SP).

imeiro dia do ano civil. Celebramos solenemente a Mãe de Deus e nossa. Comemoramos também o Dia Mundial da Paz, com o tema "Perdoai-nos as nossas ofensas: dai-nos a Vossa Paz". Que esta liturgia nos ajude viver a paz em nossos relacionamentos

Celebramos hoje a Solenidade de Maria, Mãe de Deus e o Dia Mundial da Paz. A paz é fruto de uma vida voltada para Deus, no cumprimento de sua vontade. Em Maria, encontramos este modelo de doação e acolhimento ao projeto de redenção. Ela é a serva do Senhor; é para nós exemplo de seguimento ao próprio Filho. Maria, que foi colaboradora na encarnação de Deus, continua a interceder por todos nós, para que sejamos cooperadores na obra do Senhor e promotores da justiça e da paz também em nossos dias.

Iniciando o novo ano, nos confiemos filialmente à Nossa Senhora, Mãe de Deus e Mãe de todos nós.]

2,2-Papa: sem perdão não há justiça. Em 2025, superar a "crise da dívida" para alcançar a paz

Três propostas concretas para o decorrer de 2025 estão contidas na mensagem de Francisco para o Dia Mundial da Paz, celebrado em 1º de janeiro, Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus: o perdão da dívida externa, o fim da pena de morte e um fundo mundial para a eliminação definitiva da fome.

2.3- Hino Jubileu 2025.

  

Peregrinos De Esperança

Texto de Pierangelo Sequeri

Texto versão portuguesa: António Cartageno

 

Chama viva da minha esperança,
este canto suba para Ti!
Seio eterno de infinita vida,
no caminho eu confio em Ti!

 

Toda a língua, povo e nação
tua luz encontra na Palavra.
Os teus filhos, frágeis e dispersos
se reúnem no teu Filho amado.

 

Chama viva da minha esperança,
este canto suba para Ti!
Seio eterno de infinita vida,
no caminho eu confio em Ti!

 

Deus nos olha, terno e paciente:
nasce a aurora de um futuro novo.
Novos Céus, Terra feita nova:
passa os muros, ‘Spirito de vida.

 

Chama viva da minha esperança,
este canto suba para Ti!
Seio eterno de infinita vida,
no caminho eu confio em Ti!

 

Ergue os olhos, move-te com o vento,
não te atrases: chega Deus, no tempo.
Jesus Cristo por ti se fez Homem:
aos milhares seguem o Caminho.

 

Chama viva da minha esperança,
este canto suba para Ti!
Seio eterno de infinita vida,
no caminho eu confio em Ti!

 

 

 

 

 

 

 

LEITURAS DA SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS

 

 

I-             LEITURAS DA SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS

 

 

. É Deus, fonte de toda bênção, que agora nos vai falar. Abramos nos- sos ouvidos e coração àquilo que Ele quer nos comunicar.

 

 PRIMEIRA LEITURA 6 (Nm 6, 22-27)

 

Leitura do Livro dos Números.

 

 ²²O Se- nhor falou a Moisés, dizendo: ²³“Fala a Aarão e a seus filhos: Ao abençoar os filhos de Israel, dizei-lhes: ²⁴‘O Se- nhor te abençoe e te guarde! ²⁵O Se- nhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! ²⁶O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ ²⁷As- sim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”

 

. - Palavra do Senhor. T. Graças a Deus.

 

 SALMO 66(67)

 

Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção. (bis)

 

1. Que Deus nos dê a sua graça e a sua bênção, * e sua face resplandeça sobre nós! / Que na terra se conheça o seu caminho * e a sua salvação por entre os povos.

 

2. Exulte de alegria a terra inteira, * pois julgais o universo com justiça; / os povos governais com retidão, * e guiais, em toda a terra, as nações.

 

3. Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, * que todas as nações vos glorifiquem! / Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe! * E o respeitem os confins de toda a terra.

 

 

 SEGUNDA LEITURA (Gl 4, 4-7)

 

 Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas.

 

 Irmãos: Quando se comple- tou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá - ó Pai! Assim já não és escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso por graça de Deus.

 

- Palavra do Senhor. T. Graças a Deus.

 

 ACLAMAÇÃO (Hb 1,1-2)

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

De muitos modos, Deus outrora nos falou pelos profetas; nestes tempos derradeiros, nos falou pelo seu Filho.

 

 EVANGELHO (Lc 2, 16-21)

 

  P. O Senhor esteja convosco. T. Ele está no meio de nós.

 

P. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

 T. Glória a vós, Senhor.

 

 P. Naquele tempo, ¹os pastores fo- ram às pressas a Belém e encontra- ram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. ¹Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. ¹E todos os que ouvi- ram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. ¹Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração. ²Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, conforme lhes tinha sido dito. ²¹Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido.

 

 - Palavra da Salvação. T. Glória a vós, Senhor.

LEITURAS PARA A SEMANA0 ORAÇAO DO JUBIEU

 

I-             LEITURAS PARA A SEMANA

5ª 1Jo 2,22-28 / Sl 97(98) / Jo 1,19-28

Santos Basílio Magno e Gregório Nazianzeno, bispos e doutores da Igreja, Memória

Tempo do Natal antes da Epifania

 

6ª 1Jo 2,29–3,6 / Sl 97(98) / Jo 1,29-34

Sáb.: 1Jo 3,7-10 / Sl 97(98) / Jo 1,35-42 [ou da Vigília da Epifania: Is 60,1-6 / Sl 71(72) / Ef 3,2-3a.5-6 / Mt 2,1-12]

Dom.; Epifania do Senhor, Solenidade, Ano C

Is 60,1-6;Sl 71(72),1-2.7-8.10-11.12-13 (R. cf. 11)

Ef 3,2-3a.5-6;Mt 2,1-12 (Visita dos Magos)

 

ORAÇÃO DO JUBILEU

 T. Pai que estás nos céus, / a fé que nos deste no teu filho / Jesus Cristo, nosso irmão, / e a chama da caridade / derramada nos nossos corações pelo Espírito Santo, / despertem em nós a bem-aventurada esperança / para a vinda do teu Reino. / A tua graça nos transforme / em cultivadores diligentes das sementes do Evangelho / que fermentem a humanidade e o cosmos, / na espera confiante / dos novos céus e da nova terra, / quando, vencidas as potências do Mal, / se manifestar para sempre a tua glória. / A graça do Jubileu reavive em nós, / Peregrinos da Esperança, / o desejo dos bens celestes / e derrame sobre o mundo inteiro / a alegria e a paz do nosso Redentor. / A ti, Deus bendito na eternidade, / louvor e glória pelos séculos dos séculos. Amém

-LITURGIA DA SOLENIDADE DE MARIA, MÃE DE DEUS

 

I-             V-LITURGIA DA SOLENIDADE DE MARIA, MÃE DE DEUS

 

- "Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher". Com estas palavras do Apóstolo podemos refletir com alegria, nesta oitava do Natal, a solenidade da Mãe de Deus. Maria foi escolhida virgem e jovem para trazer em seu seio a salvação. Ela não guardou este dom somente para si, mas o transmitiu a cada um de nós. Em Maria, Jesus se faz carne. Com Maria, reconhecemos a grandeza de Deus que se fez pequenino e rebaixou-se em nossa história. Celebrar esta solenidade é celebrar a maternidade de Maria: maternidade relacionada a Cristo, mas também à Igreja. É por isso, considerada Mãe de todos que nascem para a vida de Deus.

 

- Neste primeiro dia do ano civil, renasce em nossos corações a esperança, fruto da espera de um recomeço com todas as possibilidades que nos apresentam o horizonte de um ano novo. Na primeira leitura do livro dos Números, vemos a benção de Aarão, de modo que ouvimos Deus dizer a Moisés sobre a bênção e paz a serem concedidas aos seus filhos: "o Senhor te abençoe, te guarde, seja benigno, volva o seu olhar e te dê a paz". A bênção não é simplesmente resultado de uma "troca" que fazemos com Deus. Ele nos abençoa porque somos seus filhos. Desse modo, a bênção da primeira leitura é, portanto, um pedido de Deus a Moisés, para que este a transmita a Aarão e esse transmita ao povo de Israel, ou seja, as bênçãos devem ser multiplicadas, repassadas e transmitidas.

 

- Antigamente os filhos pediam a bênção para os pais, os afilhados pediam a bênção para os padrinhos e os fiéis pediam a bênção para os padres. Hoje, infelizmente, poucos mantêm esse costume tão significativo e importante para ter uma vida abençoada. Precisamos urgentemente resgatar esse valor, pois quando abençoamos alguém, desejamos que sua vida caminhe bem e seja guiada por Deus. Uma vez que Deus está no centro da história e da caminhada do seu povo, Ele se dá a conhecer, como vimos no Natal. Mostra a sua face brilhante. Ele protege e conduz o povo rumo ao futuro feliz. Isto tudo é sinônimo de fé e confiança num Deus que, além de revelar o seu rosto, nos ama. Um Deus que se compadece de nós, que tem piedade de nós, pois, apesar de nossas fraquezas, de nossos pecados, Ele nos ama e nos perdoa.

 

- O sentimento de ser amado e perdoado por Deus nos fortalece e recobre de sentido a nossa vida, dando-nos esperança e ânimo. Por isso, a benção de Deus é vida, liberdade e paz para todos. Jesus escolheu a linguagem da manjedoura para nos dizer de fato que Ele é o Deus-conosco. Vemos no "Evangelho da infância" que Jesus nasceu excluído para os excluídos. De modo que Ele permanece nas manjedouras de nosso tempo, e não nos palácios ou nas melhores maternidades. Ele continua a vir ao mundo nos lugares mais inesperados, como debaixo de viadutos, nas favelas e nos imensos focos de pobreza. Enfim, essas são as manjedouras atuais, os lugares que sobram para os mais necessitados nascerem.

 

 - Assim, somos chamados a nos colocar no lugar dos pastores que de receptores da mensagem, passam a ser anunciadores. Isto é, somos chamados a ir ao encontro desse Menino Deus, encontrá-lo e anunciá-lo com alegria e entusiasmo. Também nos inspiramos em Maria, que, mesmo sem compreender totalmente os muitos eventos da ação divina em sua vida, guardava e refletia sobre tudo isso no silêncio de seu coração. Isso nos ensina a confiar em Deus aquilo que escapa ao nosso entendimento. Significa cultivar uma vida de oração e adotar uma postura de total confiança em Deus, permitindo que Ele dirija nossa vida, nossas atitudes e todas as circunstâncias. Portanto, é um ato de entrega plena a Deus. Maria nos ensina o gesto da entrega incondicional a Deus! - Neste Dia Mundial da Paz, peçamos a Deus a graça de sermos promotores da paz. A paz, fruto da justiça que nasce de corações convertidos; daqueles que buscam configurar suas vidas aos ensinamentos de Deus e que são obedientes a Ele, como fez Maria, a Mãe de Deus, e como nos pede a segunda leitura da carta aos Gálatas. É essa paz que o mundo precisa, que não significa apenas ausência de guerra. Nosso Deus se alegra com o ser humano, feito à sua imagem e semelhança, livre e feliz. É como disse Santo Irineu: "A glória de Deus é o ser humano vivo e a vida do ser humano é a visão de Deus".

 

https://diocesedesaomateus.org.br/wpcontent/uploads/2024/12/01_01_25.pdf

VI-REFLEXÃO I- MARIA A PORTA SANTA DO CÉU

 

 

VI-REFLEXÃO I- MARIA A PORTA SANTA DO CÉU

 

Estamos celebrando a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, que nos recorda que Aquele Menino, que nos foi dado no Natal, é Deus como o Pai, para quem nada é impossível (cf. Lc 1,37), o Deus que entrou em nossa história de um modo totalmente sur- preendente, fazendo-Se um de nós para que pudéssemos participar de Sua vida e de sua divindade. Este é motivo de nosso júbilo, a razão do Jubileu que celebramos neste ano! Sendo Maria a Mãe d’Aquele que é a cabeça do Corpo, que é a Igreja, é mãe também dos seus membros e nos ensina a generosidade no serviço do Reino e o seguimento de Jesus até as últimas consequências. Nós, na ladainha, a chamamos de “Janua Coeli”, isto é, “Porta do Céu”: Ela é a porta santa por meio da qual veio ao mundo o Salvador! Por ela o céu veio até nós e por meio dela va- mos a Jesus, nossa vida e nosso céu! Lembrá-la já no primeiro dia do ano nos leva a imitá-la, guardando no co- ração todos os sinais do Reino que Deus nos vai manifestando na vida e na história (cf. Lc 2,19) e, ao longo dele, estarmos sempre disponíveis para que faça em nós conforme a Sua Palavra. A Porta Santa, aberta pelo Santo Padre, o Papa Francisco há poucos dias na Basílica de São Pedro, marca o início deste jubileu marcado pela esperança que não decepciona, no qual rendemos graças a Deus pela vinda de nosso Salvador, “nascido de mulher” (cf. Gl 4,4), nascido da Nova Eva, Mãe da nova humanidade reno- vada em Cristo, e Mãe da Esperança! Nossa esperança está posta em Deus que, amando tanto o mundo, nos deu Seu Filho único para que todos os que n’Ele crerem tenham a vida eterna, tenham vida em abundân- cia! E firmados nesta esperança, não nos deixamos abater pelo cansaço ou desânimo frente às dificuldades, nem nos deixamos enredar pelo pes- simismo. Se lê no livro do Eclesias- tes: “Não digas: ‘Por que os tempos passados eram melhores que os de agora?’ Pois não é a sabedoria que te inspira essa pergunta” (Ecl 7,10). E isso nos ensina que, diante do tempo presente e do futuro que vai se aproximando, devemos ter espe- rança! Afinal Deus está no coman- do: “Quem faz e realiza tudo isso, chamando à vida gerações desde o começo? Eu, o Senhor, sou o primei- ro e estou também com os últimos” (Is 41,4). Ele também nos diz: “Não tenhas medo, que eu estou contigo. Não te assustes, que sou o teu Deus. Eu te dou coragem, sim, eu te ajudo. Sim, eu te seguro com minha mão vitoriosa” (Is 41,10). Portanto, agra- decendo a Deus pelo que recebemos e pudemos realizar até aqui, peça- mos a Ele que continue conosco nes- ta nova jornada que se inicia. Neste dia rezemos também pela paz no mundo, já que Aquele que nasce do ventre de Maria é o Príncipe da Paz. Maria, “Regina pacis”, interceda pela humanidade junto do Seu Filho para que cessem as guerras e conflitos entre os povos e entre nós! Sejamos obreiros da paz e vivamos a amizade social para como todos! Não deixe- mos de sonhar com um mundo me- lhor e não desistamos do bem! Ele, o Emanuel – Deus-conosco jamais nos abandona!

 

Dom Edilson de Souza Silva. Bispo Auxiliar de São Paulo

 

https://arquisp.org.br/wp-content/uploads/2024/12/ano-49c-08-santa-maria-mae-de-deus.pdf

VII-REFLEXÃO II Artigos 1º de janeiro – MARIA, MÃE DE DEUS Por Gisele Canário* Maternidade divina em Maria: libertação e identidade filial

 

VII-REFLEXÃO II

Artigos

1º de janeiro – MARIA, MÃE DE DEUS

Por Gisele Canário*

Maternidade divina em Maria: libertação e identidade filial

I. INTRODUÇÃO GERAL

Maria é uma mulher de Nazaré, um povoado judaico que contava entre duzentos e quatrocentos habitantes na época de Jesus. Escavações realizadas sob as estruturas cristãs posteriores revelam prensas para a produção de azeite de oliva e vinho, cisternas, silos e pedras de moer espalhadas ao redor de covas, indicando uma população rural que vivia em casas muito precárias. A arqueologia evidencia que a vida dessa sociedade rural era marcada pela fome e pelo sofrimento. Na época de Jesus, cerca de 30% dos recém-nascidos morriam, índice que subia para cerca de 50% no período dos primeiros dez anos de vida. Na faixa etária dos 30 anos, entre 70% e 75% morriam, especialmente devido à desnutrição e à falta de alimentos, causadas pelo trabalho pesado e pelas guerras. O empobrecimento do judeu camponês era decorrente do pagamento de altos impostos, incluindo o imposto sobre 25% a 30% das colheitas para os romanos, pedágios para a circulação de mercadorias e trabalho forçado dedicado às tropas e obras públicas. Também havia impostos do templo, diversos dízimos, ofertas de sacrifícios, imposto pessoal, estipulado em 1 denário, entre outros. Com toda essa problemática, a quantidade de pessoas escravizadas aumentava cada vez mais. Era comum testemunhar famílias sendo vendidas como escravas por causa de dívidas.

Neste domingo, somos convidados a refletir sobre a autenticidade e a significância da maternidade divina representada por Maria, a Mãe de Deus. Maria é protagonista do projeto de Jesus porque acreditou ser possível formar e educar seu filho, que estaria à frente de um projeto pautado no amor e na justiça. Em sua maternidade reside a conexão entre o humano e a divindade, que nos conduz à libertação e à nossa identidade filial em Deus.

A maternidade divina de Maria deve ser realidade contínua e presente na vida espiritual dos cristãos. Maria é profetisa por excelência, pois acolhe o Verbo de Deus e vive o plano divino de ser a Mãe de Jesus. Nesse sentido, não nos cumpre apenas colaborar para que o Reino de Deus aconteça entre nós; cabe-nos vivê-lo assim como ela, protagonizando o enfrentamento dos poderes que promovem a destruição da vida, em todas as suas manifestações.

Esta solenidade revela nossa identidade de filhos e filhas do amor de Deus. Jesus nos ensinou a chamar Deus de “Abbá, Pai”. Maria anda conosco e nos apresenta o caminho da relação amorosa com Deus, que é uma relação de escuta, amor e compaixão. Ela experimentou esse caminho, pois acreditou no Senhor e viveu em total comunhão com ele. Sua obediência é ao projeto de justiça, pois é da vontade divina entrar em comunhão com quem deseja viver e trilhar o projeto de vida em abundância para todos os seres vivos.

A liturgia deste domingo nos convida a refletir sobre nossa resposta a esse amor e liberdade oferecidos por Deus. Assim como Maria acolheu Jesus em sua vida e serviu os necessitados ao seu redor, somos chamados acolhê-lo de maneira prática e a expressar esse amor por meio do serviço e da solidariedade aos mais vulneráveis e necessitados da nossa sociedade.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS]

 

1.I leitura (Nm 6,22-27)

O relato faz parte do núcleo presente no Pentateuco que narra eventos ocorridos durante o período do êxodo dos israelitas do Egito até sua chegada às fronteiras da Terra Prometida. O capítulo 6, particularmente, trata da lei nazireia, que estabelece um voto especial de consagração a Deus. O texto em questão faz parte de uma seção que descreve as instruções dadas por Deus a Moisés para abençoar os filhos de Israel. Essa bênção é dada aos sacerdotes para ser pronunciada sobre o povo. O texto é uma bênção composta de três partes: invocação (“O Senhor te abençoe e te guarde”), petição (“O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti”) e conclusão (“O Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz”). Essa estrutura tripartida enfatiza a completude e a plenitude da bênção divina. Historicamente, essa bênção era pronunciada pelos sacerdotes sobre o povo de Israel como parte do serviço religioso no templo.

A essência do ser humano sempre foi, de alguma forma, buscar a bênção da divindade; pessoas e comunidades revelam seus anseios mais profundos por vida plena e paz. Dessa forma, ele busca se relacionar com a vida e com a promoção da vida, e é aí que reside o caráter sagrado das religiões (cf. Ex 20,24). O problema se dá quando rituais são perverti- dos e práticas religiosas comunitárias e pessoais se voltam para projetos individualistas – por exemplo, no pós-exílio, em que muitos rituais foram utilizados para a legitimação de instituições (Nm 15,32-36), hierarquias (Nm 17,1-5.25) e coleta de ofertas que não tinham o objetivo de fortalecer práticas de solidariedade, justiça, defesa e promoção da vida. A bênção e os rituais nunca devem ser usados como fonte de manipulação e ideologias, pois seu sentido é trazer vida abençoada para toda a comunidade e para todos os seus membros (cf. Jo 10,10).

2. II leitura (Gl 4,4-7)

Paulo, em sua carta aos Gálatas, destaca o momento oportuno da vinda de Jesus, filho de Maria, como parte do ápice da história da salvação. Essa encarnação do Verbo representa o clímax do plano divino, pelo qual Deus envia seu Filho para nos libertar da escravidão do pecado e nos adotar como filhos e filhas. Tal mensagem é crucial na carta, escrita por volta do ano 49-50 d.C. e dirigida às igrejas da Galácia, na atual Turquia. O objetivo é corrigir a influência dos judaizantes, que pressionavam os gentios convertidos ao cristianismo a seguir a Lei judaica.

O trecho em questão está situado em uma seção em que Paulo argumenta sobre a liberdade em Cristo, em contraste com a escravidão da Lei. Ele discorre sobre o papel central de Jesus na história da salvação, enfatizando o momento oportuno de sua vinda e sua importância para a o resgate do pecado da humanidade, adotada como filhos e filhas de Deus.

Paulo afirma que a vinda de Jesus ocorreu no “momento oportuno” (kairós), ressaltando a soberania e providência de Deus na história da salvação. Ele contrasta a antiga escravidão da humanidade sob a Lei com a liberdade que vem por meio de Jesus, destacando que, por meio da fé nele, os crentes são adotados como filhos e filhas de Deus e herdeiros de suas promessas. Essa transição do regime da Lei para o regime da graça em Jesus é crucial para a compreensão do texto em seu contexto histórico e teológico.

3. Evangelho (Lc 2,16-21)

O Evangelho de Lucas foi escrito por alguém que não era da Palestina, porque se atrapalha ao falar da geografia da região. Possivelmente, quem escreveu esse Evangelho foi um grande admirador de Paulo; talvez um membro de alguma comunidade paulina ou um prosélito grego – alguém que teve contato com a religião judaica, estudou as Escrituras e mais tarde se converteu ao Evangelho de Jesus. No fim do século, as comunidades vi- vem um momento crítico, correndo o risco de abandonar o projeto de Jesus e assimilar valores propostos pela sociedade greco-romana. Algumas pessoas caem na descrença e no desânimo e acabam abandonando a caminhada (Lc 24,13.21). Diante dos desafios de seu tempo, o autor procura reavivar a memória da prática de Jesus, tendo como objetivo principal “verificar a solidez dos ensinamentos recebidos” (Lc 1,4). Para isso, ele apresenta quem é Jesus de Nazaré e o que é preciso fazer para segui-lo. Mais do que informar, o autor quer reforçar a fé dos seus leitores.

O texto de Lucas 2,16-21 faz parte do relato do nascimento de Jesus em Belém. Após o nascimento, pastores vêm adorar o recém-nascido, conforme os anjos lhes anunciaram. O texto menciona a circuncisão de Jesus e a imposição do nome, conforme a tradição judaica. A circuncisão e a imposição do nome são práticas que mostram o cumprimento Lei de Moisés e a inserção de Jesus na tradição religiosa judaica. Isso enfatiza sua identificação com o povo judeu e sua submissão às práticas religiosas da época. O texto retrata a humildade do nascimento de Jesus, pois ele nasce em Belém, em uma manjedoura, e é anunciado primeiramente aos pastores, que eram considerados pessoas simples e humildes na sociedade da época. Historicamente, o texto ressalta a importância de Jesus como o Messias esperado pelos judeus e sua identificação com seu povo por meio da circuncisão. Nessa perspectiva, ao considerar o papel de Maria nessa realidade, é importante visualizar sua forte presença em todo o evento. Maria, ao aceitar ser a mãe de Jesus, torna-se também um exemplo de fé e obediência ao projeto do Deus da vida. Embora o texto de Lucas foque nos eventos que confirmam a identidade judaica de Jesus, Maria é a figura que integra essa identidade no contexto familiar e religioso. Sua atitude de “guardar todas essas coisas no coração” (Lc 2,19) revela uma postura de profunda meditação e aceitação dos planos de Deus, que se alinham com a tradição e a fé que sustentavam as comunidades cristãs nas dificuldades do final do primeiro século. Ao mencionarmos a circuncisão de Jesus, não podemos esquecer que Maria, como Mãe de Deus, desempenhou um papel essencial em assegurar que seu filho fosse fiel às tradições de seu povo, preparando-o para cumprir seu projeto de amor.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

– Maria é símbolo de resistência e esperança. Viveu numa sociedade onde imperava a opressão, a exploração e a violência. Como mãe e mulher, protagonizou o projeto do seu filho, Jesus. Inspirados pela coragem e ousadia de Maria, como podemos resistir à opressão e trabalhar pela transformação de nossas comunidades?

– A maternidade de Maria subverte as expectativas sociais e religiosas de seu tempo. O nascimento de Jesus não em um palácio, mas em uma manjedoura, e a visita dos pastores, pessoas simples e marginalizadas, questionam as hierarquias de poder e status. Que ações concretas podemos tomar para subverter as hierarquias injustas em nossa sociedade e promover verdadeira igualdade?

– Maria não deve ser apenas um ícone passivo de devoção, mas sobretudo uma figura ativa de transformação social e espiritual. Sua vida nos chama a uma fé que se traduz em ações concretas de libertação dos oprimidos. Como podemos, em nossa prática diária, transformar nossa fé em ações que promovam a libertação das diversas formas de escravidão moderna, sejam elas econômicas, sociais ou espirituais?

– Jesus nos ensinou a chamar Deus de “Abbá, Pai”, criando uma comunidade baseada na fraternidade e na justiça. A maternidade de Maria nos lembra que essa identidade filial exige de nós um compromisso ativo com a justiça social. Em que aspectos de nossa vida estamos falhando em viver esse compromisso? O que podemos fazer para alinhar mais estreitamente nossas ações com a visão do Reino de Deus?

– A aceitação de Maria do chamado divino e sua vida de serviço nos desafiam a uma resposta profética ao amor de Deus. Isso significa não apenas acolher passivamente, mas também agir ativamente para transformar as realidades de desigualdade e injustiça que nos cercam. Estamos dispostos a arriscar nosso conforto e segurança para agir em nome dos princípios de justiça e amor exemplificados por Maria?

Gisele Canário*

*é mestra em Teologia, com ênfase em Exegese Bíblica (Antigo Testamento), pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Possui graduação em Teologia pelo Instituto São Paulo de Estudos Superiores. É licenciada em Geografia pela Universidade Cruzeiro do Sul e assessora no Centro Bíblico Verbo, onde atua, desde 2011, com a confecção de material para estudos bíblicos, gravação de vídeos, formação em comunidades eclesiais e cursos bíblicos on-line.

https://www.vidapastoral.com.br/roteiros/1o-de-janeiro-maria-mae-de-deus/

VIII-- BULA DE PROCLAMAÇÃO DO JUBILEU 2025 ENTREGUE ÀS IGREJAS DOS 5 CONTINENTES

 

VIII-- BULA DE PROCLAMAÇÃO DO JUBILEU 2025 ENTREGUE ÀS IGREJAS DOS 5 CONTINENTES

 “Spes non confundit“, a esperança não decepciona, é o título da Bula de proclamação do Jubileu Ordinário entregue na tarde do dia 9 de maio, pelo Papa às Igrejas dos cinco continentes durante as primeiras Vésperas da Solenidade da Ascensão. A Bula, dividida em 25 pontos, contém súplicas, propostas, apelos em favor dos presos, dos doentes, dos idosos, dos pobres, dos jovens, e anuncia as novidades de um Ano Santo que terá como tema “Peregrinos de esperança”.

No documento, o Papa Francisco recorda dois importantes aniversários: a celebração em 2033, dos dois mil anos da Redenção, e os 1700 anos do primeiro grande Concílio Ecumênico de Nicéia, que entre outros temas tratou também da definição da data da Páscoa. “Seja isto um apelo a todos os cristãos do Oriente e do Ocidente para darem resolutamente um passo rumo à unidade em torno duma data comum para a Páscoa”, disse o Papa

Em meio a essas, o Papa estabelece que a Porta Santa da Basílica de São Pedro será aberta em 24 de dezembro de 2024. No domingo seguinte, 29 de dezembro, o Pontífice abrirá a Porta Santa da Basílica de São João de Latrão; em 1º de janeiro de 2025, na Solenidade de Maria Mãe de Deus, a de Santa Maria Maior e, em 5 de janeiro, a Porta Santa de São Paulo Fora dos Muros. Três portas serão fechadas no domingo, 28 de dezembro do mesmo ano, e o Jubileu terminará com o fechamento da Porta Santa da Basílica de São Pedro, no dia 6 de janeiro de 2026.

Papa Francisco espera que o primeiro sinal de esperança do Jubileu “se traduza em paz para o mundo, mais uma vez imerso na tragédia da guerra”. “Na verdade, é o Espírito Santo, com a sua presença perene no caminho da Igreja, que irradia nos crentes a luz da esperança: mantém-na acesa como uma tocha que nunca se apaga, para dar apoio e vigor à nossa vida. Com efeito a esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino”, destaca o Papa.

Papa Francisco finaliza a bula destacando que “o próximo Jubileu há de ser um Ano Santo caraterizado pela esperança que não conhece ocaso, a esperança em Deus”. Ele também deseja que todos possam “reencontrar a confiança necessária, tanto na Igreja como na sociedade, no relacionamento interpessoal, nas relações internacionais, na promoção da dignidade de cada pessoa e no respeito pela criação”

“Deixemo-nos, desde já, atrair pela esperança, consentindo-lhe que, por nosso intermédio, se torne contagiosa para quantos a desejam. Possa a nossa vida dizer-lhes: «Confia no Senhor! Sê forte e corajoso, e confia no Senhor» (Sal 27, 14). Que a força da esperança encha o nosso presente, aguardando com confiança o regresso do Senhor Jesus Cristo, a Quem é devido o louvor e a glória agora e nos séculos futuros”, conclui Papa Francisco.

A Bula Papal ou Pontifícia, segundo a tradição da Igreja, é publicada para proclamar a realização de cada Jubileu. Por “Bula” entende-se um documento oficial, geralmente escrito em latim, com o selo do Papa. Cada Bula é identificada pelas suas palavras iniciais. A Bula de Indicação do Jubileu, que indica as datas do início e do fim do Ano Santo, é geralmente emitida no ano anterior, coincidindo com a Solenidade da Ascensão. Para o Jubileu de 2025, a bula foi publicada no dia 9 de maio de 2024.

Fonte: CNBB e Vatican News

Saiba mais sobre o Jubileu 2025 no site https://www.iubilaeum2025.va/pt.html

 

Leia a bula na íntegra:

https://arquidiocesedemanaus.org.br/2024/05/10/bula-de-

IX- MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 58º DIA MUNDIAL DA PAZ (1º DE JANEIRO DE 2025)

  

IX- MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 58º DIA MUNDIAL DA PAZ (1º DE JANEIRO DE 2025)

Perdoa-nos as nossas ofensas, concede-nos a tua paz

I. Na escuta do grito da humanidade ameaçada

1. Na aurora deste novo ano que nos é dado pelo nosso Pai celeste, um tempo jubilar dedicado à esperança, dirijo os meus mais sinceros votos de paz a cada mulher e a cada homem, especialmente àqueles que se sentem prostrados pela sua condição existencial, condenados pelos seus próprios erros, esmagados pelo julgamento dos outros e já não veem qualquer perspectiva para a sua própria vida. A todos vós, esperança e paz, porque este é um Ano de Graça, que vem do Coração do Redentor!

2. Em 2025, a Igreja Católica celebra o Jubileu, um acontecimento que enche os corações de esperança. O “jubileu” remonta a uma antiga tradição judaica, quando a cada quarenta e nove anos o toque da trombeta (em hebraico: yobel) anunciava um tempo de clemência e de libertação para todo o povo (cf. Lv 25, 10). Este apelo solene deveria ecoar por todo o mundo (cf. Lv 25, 9), a fim de restabelecer a justiça de Deus nos diferentes âmbitos da vida: no uso da terra, na posse dos bens, na relação com o próximo, sobretudo os mais pobres e os que tinham caído em desgraça. O toque da trombeta recordava a todo o povo, aos ricos e a quem tinha empobrecido, que ninguém vem ao mundo para ser oprimido: somos irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai, nascidos para ser livres segundo a vontade do Senhor (cf. Lv 25, 17.25.43.46.55).

3. Também nos dias de hoje, o Jubileu é um acontecimento que nos impele a procurar a justiça libertadora de Deus em toda a terra. Em vez da trombeta, no início deste Ano de Graça, nós gostaríamos de estar atentos ao «desesperado grito de ajuda»[1] que, como a voz do sangue de Abel, o justo, se eleva de muitas partes da terra (cf. Gn 4, 10) e que Deus nunca deixa de escutar. Nós, por nossa vez, sentimo-nos chamados a unir-nos à voz que denuncia tantas situações de exploração da terra e de opressão do próximo[2]. Estas injustiças assumem, por vezes, o aspecto daquilo a que São João Paulo II definiu como «estruturas de pecado»[3], porque não se devem apenas à iniquidade de alguns, mas estão, por assim dizer, enraizadas e contam com uma cumplicidade generalizada.

4. Cada um de nós deve sentir-se, de alguma forma, responsável pela devastação a que a nossa casa comum está sujeita, a começar pelas ações que, mesmo indiretamente, alimentam os conflitos que assolam a humanidade. Assim, fomentam-se e entrelaçam-se os desafios sistémicos, distintos mas interligados, que afligem o nosso planeta[4]. Refiro-me, em particular, às desigualdades de todos os tipos, ao tratamento desumano dispensado aos migrantes, à degradação ambiental, à confusão gerada intencionalmente pela desinformação, à rejeição a qualquer tipo de diálogo e ao financiamento ostensivo da indústria militar. Todos estes são fatores de uma ameaça real à existência de toda a humanidade. No início deste ano, portanto, queremos escutar este grito da humanidade para nos sentirmos chamados, todos nós, juntos e de modo pessoal, a quebrar as correntes da injustiça para proclamar a justiça de Deus. Alguns atos esporádicos de filantropia não serão suficientes. Em vez disso, são necessárias transformações culturais e estruturais, para que possa haver também uma mudança duradoura[5].

II. Uma mudança cultural: somos todos devedores

5. O evento jubilar convida-nos a empreender várias mudanças para enfrentar a atual condição de injustiça e desigualdade, recordando-nos que os bens da terra não se destinam apenas a alguns privilegiados, mas a todos[6]. Pode ser útil recordar o que escreveu São Basílio de Cesareia: «Mas que coisas, diz-me, são tuas? De onde as tiraste para as incluir na tua vida? […] Não saíste totalmente nu do ventre da tua mãe? Não voltarás, de novo, nu para a terra? De onde vem o que tens agora? Se dissesses que te veio por acaso, estarias a negar Deus, a não reconhecer o Criador, e não estarias grato ao Doador»[7]. Quando não há gratidão, o homem deixa de reconhecer os dons de Deus. Mas o Senhor, na sua infinita misericórdia, não abandona os homens que pecam contra Ele: antes, confirma o dom da vida com o perdão da salvação, oferecido a todos mediante Jesus Cristo. Por isso, ensinando-nos o “Pai Nosso”, Jesus convida-nos a pedir: «Perdoa-nos as nossas ofensas» (Mt 6, 12).

6. Quando uma pessoa ignora a própria ligação com o Pai, começa a nutrir um pensamento de que as relações com os outros podem ser regidas por uma lógica de exploração, em que o mais forte pretende ter o direito de prevalecer sobre o mais fraco[8]. Tal como as elites do tempo de Jesus, que se aproveitavam do sofrimento dos mais pobres, também hoje, na aldeia global interligada[9], o sistema internacional, se não for alimentado por uma lógica de solidariedade e interdependência, gera injustiças que, exacerbadas pela corrupção, aprisionam os países pobres. A lógica da exploração do devedor também descreve sucintamente a atual “crise da dívida”, que aflige vários países, especialmente no Sul do planeta.

7. Não me canso de repetir que a dívida externa se tornou um instrumento de controle, através do qual alguns governos e instituições financeiras privadas dos países mais ricos não hesitam em explorar indiscriminadamente os recursos humanos e naturais dos países mais pobres para satisfazer as necessidades dos seus próprios mercados[10]. A isto se acrescenta que várias populações, já sobrecarregadas pela dívida internacional, vejam-se obrigadas a suportar também o peso da dívida ecológica dos países mais desenvolvidos[11]. A dívida ecológica e a dívida externa são dois lados da mesma moeda, desta lógica de exploração que culmina na crise da dívida[12]. Inspirando-me neste ano jubilar, convido a comunidade internacional para que atue no sentido de perdoar a dívida externa, reconhecendo a existência de uma dívida ecológica entre o Norte e o Sul do mundo. É um apelo à solidariedade, mas sobretudo à justiça[13].

8. A mudança cultural e estrutural para superar esta crise ocorrerá quando finalmente reconhecermos que somos todos filhos do mesmo Pai e, perante Ele, confessarmos que somos todos devedores, mas também todos necessários uns aos outros, segundo uma lógica de responsabilidade partilhada e diversificada. Poderemos descobrir, enfim, «que precisamos e somos devedores uns dos outros»[14].

III. Um caminho de esperança: três ações possíveis

9. Se deixarmos que o nosso coração seja tocado por estas necessárias mudanças, o Ano de Graça do Jubileu pode reabrir o caminho da esperança para cada um de nós. A esperança nasce da experiência da misericórdia de Deus, que é sempre ilimitada[15].

Deus, que não deve nada a ninguém, continua a conceder incessantemente graça e misericórdia a todos os homens. Isaque de Nínive, um Padre da Igreja Oriental do século VII, escreveu: «O teu amor é maior do que as minhas dívidas. Pouca coisa são as ondas do mar comparadas com a quantidade dos meus pecados, mas se eu pesar os meus pecados, comparados com o teu amor, eles desaparecem como se nada fossem»[16]. Deus não calcula o mal cometido pelo homem, mas é imensamente «rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou» (Ef 2, 4). Ao mesmo tempo, ouve o grito dos pobres e da terra. Bastar-nos-ia parar por um momento, no início deste ano, e pensar na graça com que Ele sempre perdoa os nossos pecados e anistia todas as nossas dívidas, para que o nosso coração se encha de esperança e de paz.

10. Por isso, Jesus, na oração do “Pai Nosso”, depois de termos pedido ao Pai a remissão das nossas ofensas (cf. Mt 6, 12), exigentemente afirma «assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido». Para perdoar uma dívida aos outros e dar-lhes esperança, é preciso que a própria vida esteja cheia dessa mesma esperança que vem da misericórdia de Deus. A esperança é superabundante em generosidade, não é calculista, não olha para a contabilidade dos devedores, não se preocupa com o seu próprio lucro, mas tem um único objetivo: levantar os caídos, curar os quebrantados de coração, libertar de todas as formas de escravidão.

11. Gostaria, portanto, de sugerir, no início deste Ano de Graça, três ações que podem devolver a dignidade à vida de populações inteiras e colocá-las de novo no caminho da esperança, para que a crise da dívida possa ser ultrapassada e todos possam voltar a reconhecer-se como devedores perdoados.

Antes de mais, retomo o apelo lançado por São João Paulo II, por ocasião do Jubileu do ano 2000, para que se pense numa «consistente redução, se não mesmo no perdão total da dívida internacional, que pesa sobre o destino de muitas nações»[17]. Reconhecendo a dívida ecológica, os países mais ricos sentir-se-ão chamados a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para perdoar as dívidas dos países que não estão em condições de pagar o que devem. Certamente, para que não se trate de um ato isolado de beneficência, que corre o risco de desencadear de novo um ciclo vicioso de financiamento-dívida, é necessário, ao mesmo tempo, desenvolver uma nova arquitetura financeira que conduza à criação de um acordo financeiro global, baseado na solidariedade e na harmonia entre os povos.

Além disso, faço apelo a um firme compromisso de promover o respeito pela dignidade da vida humana, desde a concepção até à morte natural, para que cada pessoa possa amar a sua vida e olhar para o futuro com esperança, desejando o desenvolvimento e a felicidade para si e para os seus filhos. Com efeito, sem esperança na vida, é difícil que surja no coração dos jovens o desejo de gerar outras vidas. Particularmente neste sentido, gostaria de convidar, uma vez mais, para um gesto concreto que possa favorecer a cultura da vida. Refiro-me à eliminação da pena de morte em todas as nações. Em realidade, esta punição, além de comprometer a inviolabilidade da vida, aniquila toda a esperança humana de perdão e de renovação[18].

Atrevo-me também a lançar um outro apelo às jovens gerações, recordando São Paulo VI e Bento XVI[19], neste tempo marcado pelas guerras: utilizemos pelo menos uma percentagem fixa do dinheiro gasto em armamento para a criação de um fundo mundial que elimine definitivamente a fome e facilite a realização de atividades educativas nos países mais pobres que promovam o desenvolvimento sustentável, lutando contra as alterações climáticas[20]. Devemos tentar eliminar qualquer pretexto que possa levar os jovens a imaginar o seu futuro sem esperança, ou como uma expectativa de vingar o sangue derramado por seus entes queridos. O futuro é um dom que permite ultrapassar os erros do passado e construir novos caminhos de paz.

IV. A meta da paz

12. Aqueles que empreenderem, através dos gestos propostos, o caminho da esperança, poderão ver cada vez mais próximo a tão desejada meta da paz. O Salmista confirma-nos nesta promessa: quando «a verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão» (Sal 85, 11). Quando me despojo da arma do crédito e devolvo o caminho da esperança a uma irmã ou a um irmão, contribuo para a restauração da justiça de Deus nesta terra e caminhamos juntos para a meta da paz. Como dizia São João XXIII, a verdadeira paz só pode vir de um coração desarmado da ansiedade e do medo da guerra[21].

13. Que 2025 seja um ano em que a paz cresça! Aquela paz verdadeira e duradoura, que não se detém nas querelas dos contratos ou nas mesas dos compromissos humanos[22]. Procuremos a verdadeira paz, que é dada por Deus a um coração desarmado: um coração que não se esforça por calcular o que é meu e o que é teu; um coração que dissolve o egoísmo para se dispor a ir ao encontro dos outros; um coração que não hesita em reconhecer-se devedor de Deus e que, por isso, está pronto para perdoar as dívidas que oprimem o próximo; um coração que supera o desânimo em relação ao futuro com a esperança de que cada pessoa é um bem para este mundo.

14. Desarmar o coração é um gesto que compromete a todos, do primeiro ao último, do pequeno ao grande, do rico ao pobre. Por vezes, é suficiente algo simples como «um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito»[23]. Com estes pequenos-grandes gestos, aproximamo-nos da meta da paz, e lá chegaremos mais depressa quanto mais, ao longo do caminho, ao lado dos nossos irmãos e irmãs reencontrados, descobrirmos que já mudámos em relação ao nosso ponto de partida. Com efeito, a paz não vem apenas com o fim da guerra, mas com o início de um mundo novo, um mundo no qual nos descobrimos diferentes, mais unidos e mais irmãos do que poderíamos imaginar.

15. Concede-nos, Senhor, a tua paz! Esta é a oração que elevo a Deus ao dirigir as minhas saudações de Ano Novo aos Chefes de Estado e de Governo, aos Chefes das Organizações Internacionais, aos líderes das diferentes religiões e a todas as pessoas de boa vontade.

Perdoa-nos as nossas ofensas, Senhor,

assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,

e, neste círculo de perdão, concede-nos a tua paz,

aquela paz que só Tu podes dar

para aqueles que deixam o seu coração desarmado,

para aqueles que, com esperança, querem perdoar as dívidas aos seus irmãos,

para aqueles que confessam sem medo que são vossos devedores,

para aqueles que não ficam surdos ao grito dos mais pobres.

Vaticano, 8 de dezembro de 2024

FRANCISCO

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[1] Spes non confundit. Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do ano 2025 (9 de maio de 2024), 8.

[2] Cf. São João Paulo II, Carta Ap. Tertio millennio adveniente (10 de novembro de 1994), 51.

[3] Carta enc. Sollicitudo rei socialis (30 de dezembro de 1987), 36.

[4] Cf. Discurso aos participantes no encontro promovido pelas Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais (16 de maio de 2024).

[5] Cf. Exort. ap. Laudate Deum (4 de outubro de 2023), 70.

[6] Cf. Spes non confundit. Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do ano 2025 (9 de maio de 2024), 16.

[7] Homilia de avaritia, 7: PG 31, 275.

[8] Cf. Carta enc. Laudato si’ (24 de maio de 2015), 123.

[9] Cf. Catequese (2 de setembro de 2020): L’Osservatore Romano (ed. semanal em português de 8 de setembro de 2020), 3.

[10] Cf. Discurso aos participantes do Encontro “Debt crisis in the Global South” (5 de junho de 2024).

[11] Cf. Discurso na Conferência dos Estados-Parte na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as alterações climáticas – COP 28 (2 de dezembro de 2023).

[12] Cf. Discurso aos participantes do Encontro “Debt crisis in the Global South” (5 de junho de 2024).

[13] Cf. Spes non confundit. Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do ano 2025 (9 de maio de 2024), 16.

[14] Carta. enc. Fratelli Tutti (3 de outubro de 2020), 35.

[15] Cf. Spes non confundit. Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do ano 2025 (9 de maio de 2024), 23.

[16] Sermão X (Terceira Coleção), Oração com a qual se entretêm os solitários, 100-101: CSCO 638, 115. Santo Agostinho chega mesmo a afirmar que Deus não cessa de se fazer devedor ao homem: «Como “eterna é a vossa misericórdia”, dignais-vos, pelas vossas promessas, tornar-vos devedor daqueles a quem perdoais todas as dívidas” (cf. Confessiones, 5,9,17: PL 32, 714).

[17] Carta Ap. Tertio millennio adveniente (10 de novembro de 1994), 51.

[18] Cf. Spes non confundit. Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do ano 2025 (9 de maio de 2024), 10.

[19] Cf. São Paulo VI, Carta enc. Populorum progressio (26 de março de 1967), 51; Bento XVI, Discurso ao Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé (9 de janeiro de 2006); Id., Exort. Ap. pós-sinod. Sacramentum caritatis (22 de fevereiro de 2007), 90.

[20] Cf. Carta enc. Fratelli Tutti (3 de outubro de 2020), 262; Discurso ao Corpo Diplomático Acreditado junto da Santa Sé (8 de janeiro de 2024); Discurso na Conferência dos Estados-Parte na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as alterações climáticas – COP 28 (2 de dezembro de 2023).

[21] Carta enc. Pacem in Terris (11 de abril de 1963), 113.

[22] Cf. Momento de oração no décimo aniversário da “Invocação pela paz na Terra Santa” (7 de junho de 2024).

[23] Spes non confundit. Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do ano 2025 (9 de maio de 2024), 18.