sábado, 14 de dezembro de 2024

VII-REFLEXÃO DOMINICAL I: O ADVENTO E A ALEGRIA DE SERVIR

 

 

 

VII-REFLEXÃO DOMINICAL I: O ADVENTO E A ALEGRIA DE SERVIR

 

A Liturgia do terceiro Domingo do Advento traz-nos a recomendação de São Paulo dirigida aos cristãos de Filipos: Estai sempre alegres no Senhor; de novo vos digo, estai alegres. E a seguir o Apóstolo enuncia a razão fundamental dessa alegria profunda: O Senhor está perto. Jesus está muito perto de nós. Está cada vez mais perto. Deus está no centro da nossa alma. E Ele nos traz a alegria e não a aflição. Podemos sentir-nos continuamente acompanhados por Deus. Nunca estamos sozinhos, abandonados. A sua presença ao nosso lado nos alegra, nos dá paz e serenidade, porque Jesus nos diz: “Eu estou convosco”. Alegrai-vos: este conselho vem de quem está numa vida tão atormentada como a sua, cheia de perseguições, de fome, de sofrimentos de todo tipo! Quando São Paulo escreveu isto aos filipenses, havia quase dois anos estava em prisão domiciliar em Roma, no fundo de uma cela, escavada na rocha, para onde se enviavam os alimentos por um buraco no teto. No Evangelho encontramos uma figura impressionante, que arrastava as pessoas. João Batista falava com tal autoridade e segurança que todos pensavam que ele era o Messias esperado. Vinham a ele multidões de todas as partes: as pessoas faziam fila no rio Jordão para serem batizadas por ele. Confessavam publicamente os seus pecados e pediam-lhe conselho. Até o dia em que o próprio Jesus se aproximou para ser batizado. O Batista é o último dos profetas, porque foi ele quem indicou o Messias: João representa a linha divisória entre os dois Testamentos. A sua missão consiste em comprovar que Jesus é o Messias prometido. A sua pregação identifica-se com o início da proclamação do Evangelho de Jesus Cristo. E o seu martírio, um presságio da Paixão do Salvador. João tem uma palavra que converte, que muda as pessoas e as coloca diante de sua responsabilidade. As pessoas saíam da água renovadas, felizes, esbanjando alegria. Para participar da alegria própria deste domingo do Advento, podemos considerar a proposta de Jesus na última ceia: “Se compreenderdes estas coisas, sereis felizes, se as praticardes” (Jo 13,17). É verdade: quem recebe tudo de bom e de melhor tem mais alegria do que quem não recebe nada, ou quase nada. No entanto, quando oferecemos a alguém, como presente, um bem material, um perfume, um chocolate, entregamos algo externo a nós. Nessa mesma medida, em que os damos, os perdemos: ficamos sem o perfume, sem o chocolate. Mas quando doamos bens espirituais, como uma boa notícia, um motivo de alegria, uma demonstração de fé, por serem bens espirituais, esses bens também crescem em nós: ganhamos mais alegria, reforça-se a nossa fé etc. Mas ainda há outras maneiras de viver essa alegria: na medida em que prestamos um serviço a uma pessoa necessitada. Esses bens exigem mais de nós, porque precisamos uma generosidade maior. Assim acontece quando nos dispomos a dar do próprio tempo, deixar de fazer aquilo que nos interessa para dedicar-nos aos outros. Dar atenção: ouvir as pessoas, ter paciência para escutar, deixar a pessoa falar e desabafar tudo o que precisar. O Papa Francisco nos explica que escutar as pessoas exige muito mais do que simplesmente ouvi-las. Para isso, precisamos abrir espaço no nosso coração para acolher as preocupações, os sofrimentos, as dúvidas dos outros. Não vamos esperar que as pessoas nos peçam ajuda. Não podemos ficar indiferentes aos problemas dos nossos irmãos. Vamos experimentar essa alegria profunda de colaborar para que muitas pessoas sintam o apoio do nosso serviço, da nossa caridade, do nosso carinho. Essa será uma forma de preparar-nos para o Natal que se aproxima.

 

Dom Carlos Lema Garcia Bispo Auxiliar de São Paulo

 

https://arquisp.org.br/wp-content/uploads/2024/12/ano-49c-03-3o-domingo-do-advento.pdf

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