VIII-REFLEXÃO DOMINICAL I:
IMACULADA,
CHEIA DE GRAÇA, MARIA MÃE DE DEUS E NOSSA MÃE
A
Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria realiza-se no
contexto litúrgico do Advento e no caminho que conduz à celebração do Natal do
Senhor. Maria é figura da qual nela vemos a imagem da espera e do acolhimento
do filho de Deus que devia vir ao mundo. No tempo do Advento, esta solenidade
encontra lugar de maneira natural, combinando a celebração do Senhor que vem
com a contemplação Daquela que dele era pura expectativa, desde a sua
concepção. No Ocidente, a verdade da pureza original de Maria de toda mancha de
pecado foi afirmada com a preocupação de não contradizer a doutrina da Redenção
realizada apenas em virtude do sacrifício de Cristo. Ela foi preservada do
pecado original em antecipação aos méritos de seu filho divino. Em outras
palavras, tudo o que afirmamos de Maria, antes afirmamos de seu Filho, Jesus
Cristo, nosso Salvador. A proclamação solene deste Dogma foi feita por Pio IX
com a bula “Ineffabilis Deus”, em 1854, na qual declara que “pela singular
graça e privilégio de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano”, Maria foi
preservada do pecado original, porque a Santíssima Virgem se beneficia mais
profundamente do que qualquer outra pessoa dos frutos da redenção; ela é a
cheia de graça, destinada por Deus a um papel extraordinário e exclusivo na
história da salvação. Com isso, quis a Igreja solenemente coroar uma longa tradição
de devoção e de fé: “um lírio puríssimo, um germe não envenenado, imaculado,
mais esplêndido que o sol”. Os textos litúrgicos desta solenidade giram em
torno de um tema que poderíamos identificar com “o sonho de Deus”. Um sonho que
se encarna em Maria (Evangelho), mas que a Escritura projeta para o início da
criação, no episódio do pecado de Adão e Eva (1ª leitura). Na carta aos Efésios
(2ª leitura), que poderia servir de chave de compreensão do trecho do Génesis e
do trecho evangélico, faz-se referência explícita a um "plano de
Deus", a uma "vocação original", sermos filhos adotivos de Deus
e, consequentemente da Bem-Aventurada Virgem Maria. Na preparação da liturgia
desta Solenidade é importante sublinhar a sua ligação com o caminho do Advento.
É uma solenidade que nos coloca no vínculo da graça de Deus, obra do Espírito
Santo, e, portanto, uma solenidade que gera em nós um vínculo espiritual, entre
a verdade de fé (dogma) e nossa própria vida espiritual. Que Maria, mãe de Deus
e nossa Mãe, nos ajude a acolhemos o projeto de Salvação do seu Filho e que nos
ajude a nos alegramos e nos enchermos de graça, na certeza de que o Senhor é
conosco.
Dom Cícero Alves de
França Bispo Auxiliar de São Paulo
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