I-
REFLEXÃO DOMINICAL III
"Perdão... uma nova
oportunidade"
A pior coisa para um torcedor durante um campeonato, é quando o
time para o qual torcemos está precisando vencer, não para ser campeão, mas sim
para fugir do rebaixamento. O torcedor em cada partida nem sonha mais com o
título, mas só em não ser rebaixado.
Na nossa vida de Fé, muitas vezes, por causa do desânimo do
pecado, nosso e dos outros, paramos de sonhar com o “Céu” e ficamos a vida
inteira lutando para não sermos “rebaixados” para o inferno. Será que foi para
isso que Deus nos fez? Claro que não! Pois, para quem tem Fé, o “melhor ainda
está por vir” e podemos sonhar sim, porque Jesus Cristo, o Filho de Deus
acredita em nós, e mais ainda, nos dá condições totais na sua Graça, de
alcançarmos a plenitude do Ser, que o Pai criou, á sua imagem e semelhança.
Em nossa sociedade, sempre marcada por uma grande hipocrisia, há
certas classes sociais que são condenadas previamente enquanto que outras
“castas” podem cometer certos delitos, mesmo no campo moral ou ético, pois
gozam de certa imunidade. Mas, os mais frágeis, ou os que com nada podem
contar, como é o caso dessa “Mulher Adúltera”, ficam expostos ao ridículo e ao
moralismo exacerbado de classes sociais elitizadas, e também, de maneira
pecaminosa, por algumas categorias religiosas,que as rotulam de
“irrecuperáveis”, por outro lado, o sistema parece investir muito mais na
construção de novos presídios do que em um projeto sério de ressocialização da
população carcerária, e quando se gasta na construção de presídios, é como se
dissesse ao delinquente :: “Pode cometer crime a vontade, que vamos construir
mais presídios”.
Os escribas e Fariseus, isso é, a classe dominante e pensante,
já havia condenado a mulher pecadora, só queriam aproveitar a ocasião e colocar
Jesus contra a parede, para também condená-lo, pois um Mestre verdadeiro, no
campo da moral e dos bons costumes, concordaria com a Lei de Moisés, pecou,
tinha que pagar, e pagar caro, no caso dos fragilizados, ignorados pela lei, e
sem nenhum direito.
Eles não acreditavam que aquela mulher pudesse se regenerar, e
nem queriam lhe dar uma nova chance, estavam desejosos de mandá-la para o
“paredão” e expulsá-la do convívio dos “salvos” e moralmente perfeitos. Uma
comunidade verdadeiramente cristã, nunca irá proceder desta forma. Contrariando
esse modo preconceituoso de pensar, Jesus de Nazaré, que é o primogênito de
toda a criatura, sendo o homem perfeito, e a perfeita imagem e semelhança de
Deus, não condena, porque sabe que aquela mulher tem toda possibilidade de se
regenerar.
Não condenar, não significa concordar com o pecado, fechar os
olhos para a ação pecaminosa cometida pela pessoa, ao contrário, Jesus acredita
e aposta todas as suas fichas no ser humano, que é capaz de sair da “armadilha”
do pecado, e dar a volta por cima, resgatando a sua dignidade perdida, pois, a
partir da Encarnação do Senhor, nenhum homem será mais condenado, a Salvação
por ele oferecida dá essa possibilidade maravilhosa de recomeçar, de
levantar-se da queda e seguir em frente, para alcançar o seu destino glorioso
que é a Vida Plena na Casa do Pai.
Falta muito, em nossas relações com as pessoas, essa postura de
Jesus, que não condena e que sabe perdoar, pois perdão significa uma nova
oportunidade, uma nova chance, para a esposa infiel, para o marido que é um
traste, para o Filho ou a Filha rebelde, perdido nas drogas, no mundo da marginalidade,
para o empregado mau caráter, para o Patrão desonesto, para o corrupto, para a
prostituta, há muitos que gritam e imploram por uma nova chance, entretanto, já
estão marcados para ser “apedrejados” em praça pública, como aquela mulher. Em
nossa sociedade só se investe e se acredita em quem produz em quem é
economicamente ativo, em quem tem posses para adquirir bens de consumo, o resto
é lixo, e para esse resto não há novas chances ou oportunidades de se reerguer.
Voltando a comparação com o time de Futebol, Jesus Cristo é como
aquele técnico paciente, empenhado, e até ousado, que quando todos estão
contra, e não acreditam em uma “virada” da equipe, ele trabalha nos
treinamentos, procura conhecer as deficiências e o potencial de cada atleta e
tem sempre palavras de incentivo “Olha, vamos recomeçar, vocês vão conseguir,
eu acredito em vocês, estamos juntos nessa, vamos em frente, vocês tem
condições de “virar esse jogo”.
“Mulher, onde estão os que te acusavam?” Ninguém te condenou,
nem eu te condeno,. “Vai e não tornes a pecar”. Isso lembra o meu confessor, no
retiro que fizemos recentemente, onde, antes da absolvição, disse-me sorrindo,
Jesus está lhe dizendo neste momento “Coragem meu amigo, tente de novo, eu
estarei contigo, você vai conseguir”. Esse é o nosso Deus, cheio de
misericórdia, que ainda aposta todas as suas fichas no Ser humano, porque o ama
apaixonadamente.
Não sei se o time de nossa cidade será campeão, certamente é
esse o desejo da direção, do seu técnico e da sua torcida. De um modo muito
mais intenso, no coração de Deus, manifestado em Jesus, há esse desejo, de que
toda a humanidade se salve, para chegar à Vida Plena, Deus acredita em nosso
potencial, foi ele que nos deu a sua Graça santificadora e restauradora, só
depende de nós... pois diferente das “oportunidades humanas”, sempre tão
“manipuladas” a favor de alguém, essa Graça Divina é para todos... Basta
querer... ”Vá e não tornes a pecar, mostra a tua força, o teu valor, mostra a
capacidade que tens, na minha graça, de virar o jogo da sua vida, e deixar que
no seu coração, o Bem supremo triunfe!”
José da Cruz é Diácono
da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0306.htm#msg01
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