PARTILHANDO A PALAVRA
- É aconselhada uma partilha
da Palavra mais abreviada neste dia.
- Na liturgia desta
Sexta-feira Santa, na 1ª leitura, Isaías apresenta o Servo Sofredor desfigurado
pela dor e sofrimentos, isto é, em sua máxima humilhação. Isaías descreve a
paixão do Servo: ele é justo e inocente, mas sofre as consequências de uma
estrutura injusta da sociedade onde vive e, por isso, morre esmagado sob o peso
dos erros de todos. Contudo, é por meio de seu aparente fracasso que o projeto
de Deus vai triunfar: o Servo é glorificado e traz a salvação para todos. É
Deus quem age em seu Servo e é o Servo que, voluntariamente, se une à ação de
Deus e a faz sua.
- A 2ª leitura evoca o
sacerdócio e os sacrifícios do templo, põe em evidência a grandeza do
sacerdócio e do sacrifício de Cristo. O texto destaca que Cristo fez-se em tudo
semelhante a nós, com exceção do pecado, e, por isso, capaz de compadecer-se
com o nosso sofrimento.
- "Ninguém me tira a
vida, sou eu que a dou livremente". Este aspecto da livre entrega de Jesus
é o ponto alto do relato da paixão no Evangelho de João. Jesus se entrega
livremente. A sua morte não é uma decisão do Pai, decretada desde a eternidade.
Tampouco são os homens que lhe "tiram a vida". É uma opção de Jesus,
em favor de toda a humanidade, por amor aos seus. Foi a sua fidelidade ao Pai
que o levou a não fugir da morte. Quem decidiu que Ele deveria morrer foram as
autoridades judaicas, com o aval do povo manipulado e com a omissão do governo
romano. As forças contrárias a Ele foram como uma terrível onda que o arrastou
para a morte. Mas ao invés de salvar a si mesmo, fugindo da morte, e deixar
perder seus irmãos, Jesus ofereceu-se e aceitou morrer por amor a nós e por
fidelidade ao Pai. É ele que "entrega" a sua vida. Toda a existência
do Senhor Jesus foi uma total dedicação ao Pai, uma absoluta entrega, no dia a
dia, nas pequenas coisas. Jesus foi procurando e descobrindo a vontade do Pai
nos acontecimentos, nas pessoas, nas Escrituras e, pouco a pouco, foi
percebendo que esta vontade o estava levando à cruz. E ele, nosso Salvador,
"com forte clamor e lágrimas", foi se entregando, se esvaziando, se
abandonando.
- Para o Senhor, como para nós, a vontade do
Pai tantas vezes pareceu enigmática, e Ele teve que discerni-la e descobri-la
entre trevas densas e dolorosas! Para nós, o Filho é modelo e caminho de amor
ao Pai! Ser cristão é entregar-se ao Senhor Deus como Ele se entregou! E esta entrega
total ao Pai foi por nós: "Cristo por nós se fez obediente até a morte e
morte de cruz" (Fl 2,8). Por isso ele "tornou-se causa de salvação
eterna para todos os que lhe obedecem", isto é, desde que nós entremos na
sua obediência e dela participemos na nossa vida!
- Somos convidados a fazer
de nossa vida uma entrega total ao Pai com Jesus: entrega de nossos atos,
pensamentos, afetos, negócios, vida familiar e profissional, decisões e
escolhas, de nossas relações humanas. Tudo, absolutamente tudo, ofereçamos ao
Pai com Jesus e por Ele e entraremos na salvação que passa pela cruz! Também,
na Cruz, contemplemos a dor de todos aqueles que sofrem: o grito da Terra; o
grito do pobre!
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