XI-
REFLETINDO COM LINDOLIVO SOARES MOURA ( * )
"FILOSOFIAS, PSICOLOGIAS E TEOLOGIAS DE UM E NOVENTA
E NOVE AO ALCANCE DE TODOS: POR QUAIS RAZÕES RECEBEMOS TANTA COISA EM DOSE
DUPLA?"
"Dois olhos: observe mais. Duas orelhas: ouça com mais atenção. Dois braços:
abrace mais. Duas per nas:
caminhe um pouco mais
devagar. Uma boca: fale menos.
Nenhuma asa: relaxe! Para chegar ao céu
você não
vai precisar" [L.S.M.]
É
claro que se o Criador nos criou com certos membros ou órgãos em dose dupla, e
outros em dose única, como é o caso da nossa boca, isso não pode ter sido em
vão. É certo que determinadas pessoas, insatisfeitas com certo órgão que veio
em dose única, podem acabar lançando mão, de forma complementar ou
compensatória, de um segundo órgão ou membro paralelo, como é o caso daqueles
que "falam pelos cotovelos". Mas isso é não compreender, e menos
ainda não respeitar, a decisão que veio do alto, por parte da vontade do Criador,
que não quer ninguém, nem literal e nem metaforicamente, falando dessa forma,
pelos cotovelos. Mas, faz parte! Do lado oposto, temos que reconhecer, existem
também aqueles que, possuindo dois órgãos ou dois membros, por exemplo as
orelhas - se comportam como se não tivessem nenhum. Difícil mesmo é saber o que
é pior, se o primeiro ou o segundo caso. Enfim, para terminar esse
"pre-fácio", tarefa que não está sendo nada fácil - o joguinho foi só
por brincadeirinha mesmo - não podemos nos esquecer daquelas exceções ou
raridades em que o sujeito é capaz de ouvir com o corpo inteiro, sentir com o
corpo todo, fazer xixi com... Não! Isso não! Isso eu ainda não vi nem consegui!
Fazer xixi nas calças sim, até eu já fiz, mas fazer xixi com o corpo inteiro,
não creio. Basta de introdução. Dando sequência à parte I, sigamos direto e
reto com a parte II. Se desejar fazer um xixi antes, tudo bem! Vai lá que eu
espero!
A
[AMBI] VALÊNCIA DAS PERNAS E PÉS: vida de Saci, convenhamos, não deve ser nada
fácil! O mais conhecido e famoso deles, o Pererê, que o diga. Se depois de certa idade, até com as duas
pernas e os dois pés juntos, já não é nada fácil - andadores e muletas ajudam
mas estão longe de resolver - imagine então com uma perna e um pé só. Eu nem
arriscaria pagar pra ver. Só que me parece, entretanto, o problema maior não é
bem esse. Muita gente conclui simplesmente o seguinte: que se o Criador nos
criou com duas pernas, e não uma, - daqui para frente, mesmo não sendo Deus
como Ele, você por favor acrescenta os pés sempre que eu estiver falando das
pernas - isso é sinal claro e inequívoco de que Ele nos quer correndo o tempo
todo, e não andando ou simplesmente caminhando como uma lesma. Até admito que
se você decidiu correr uma determinada maratona, participar das próximas
Olimpíadas, ou então que você se encontre no último lugar da fila - se é que
alguém guarda fila nessa hora! - aguardando a subida das portas de uma grande
loja em plena liquidação, porque é dia de inauguração da "Black", em
casos como esses o pressuposto de que a finalidade principal em possuir duas
pernas seja correr, e muito - mais que
os outros, nesse caso - pode até ser considerada bastante razoável. Fora essa
trindade de razões, parece que a finalidade da duplicidade seja outra.
"Qual, por exemplo!?" - você pode estar "se", ou
"me" perguntando. Bem, creio que você mesmo, refletindo, pode
encontrar a resposta, mais de uma com certeza, para sua própria pergunta. Mas
para simplificar e não me alongar muito, vou sugerir apenas algumas razões e
motivos, em razão dos quais o Criador nos criou não com uma, mas com duas
pernas e pés juntos. Ok!? Ponto, parágrafo, pode ser!? Certo! Então vamos lá.
Veja
alguns exemplos do cotidiano em que, com apenas uma perna - e um pé, lembre-se
de acrescentar - seria praticamente impossível você ajudar ou socorrer alguém
que você ama, ou simplesmente alguém que só possa, abaixo de Deus, contar com
você, mesmo não sendo nenhum parente próximo seu. Exemplo número um: carregar
uma pessoa ferida ou desmaiada que necessita de socorro urgente. Nesse caso,
somente tome cuidado para não tropeçar e acabar caindo, ambos, um em cima do
outro. Dois: sustentar adequadamente o peso do seu corpo enquanto faz uso dos
braços para carregar alguém, seja em um resgate ou em caso de uma situação que
exija ajuda imediata. Nesse caso, se se tratar de fogo, nada de parar, nem você
nem o outro, para acender um cigarro; essa definitivamente não é hora de fumar.
Três: correr - agora sim, é hora de correr, e não de caminhar como uma
tartaruga - em direção a alguém em perigo iminente - um idoso, uma criança ou
um cadeirante, por exemplo - que, sem perceber ou se dar conta do perigo,
esteja a ponto de ser atropelado por uma moto ou um carro em alta velocidade, e
que acaba de atravessar o sinal vermelho.
Passado o perigo, não se esqueça de olhar bem onde você e o socorrido estão
parados; caso contrário podem ser ambos atropelados por um outro carro que vem
a mil, em direção contrária. Quatro: subir e descer escadas tentando se
antecipar em ajudar e socorrer um pessoa que decidiu tirar a própria vida.
Feito o resgate, nada de ficar olhando fixa e longamente pela janela. Qualquer
desequilíbrio pode acabar derrubando vocês dois janela abaixo, ficando a emenda
pior que o soneto. Quinto: proporcionar equilíbrio suficiente para segurar uma
pessoa que está tropeçando, desmaiando ou precisando de apoio para andar de
segura. Se sua pressão estiver muito baixa, melhor desistir de prestar socorro.
Caso contrário, quem vai acabar precisando de socorro é você, e não o outro.
Sexto: navegar por terrenos irregulares, como escombros ou trilhas, para
alcançar e socorrer quem está isolado ou em apuros, e só pode contar com sua
ajuda e de mais ninguém, num primeiro momento. Nesse caso, cuidado redobrado!
Certifique-se antes se o Rottweiler está mesmo preso; caso contrário você vai
acabar perdendo até as calças. Sétimo:
Chega!
Basta! Creio que são exemplos mais que suficientes para que você possa perceber
que, com uma única perna, seria praticamente impossível - ou impossível
totalmente - poder ajudar ou socorrer quem quer que seja, tanto nas situações
mencionadas como em quaisquer outras do tipo. Talvez você ache que o Saci
Pererê conseguiria, certo!? Sei não! Nem andar direito o pobre coitado
consegue! Quanto mais socorrer alguém em situação dez vezes pior que a dele.
Bora lá, então - e de agora em diante, todo santo dia - rezar e agradecer por
você ter duas, e não apenas uma perna, com cada pé acoplado certinho, em cada
uma delas. Agora, se você possuia as duas pernas, e por um acidente um tanto
trágico ou outro motivo qualquer, veio a perder uma delas, sinto muito! Muito
mesmo! De qualquer forma você continua
vivo! Vivinho da Silva! Não se esqueça que só num acidente de ônibus, recentemente
- ônibus, eu disse, e não, avião - foram mais de quarenta, indo visitar mais
cedo o Divino Pai Eterno. Portanto, reconheça, você ainda está no lucro; com
juros, dividendos e correção monetária. Volta lá para o banco da Igreja, de
onde você tinha jurado não se sentar nunca mais depois do acidente que acabou
levando sua perna, se ajoelhe, peça perdão, e agradeça! Agradeça muito! Nem
sempre o que acontece conosco é porque Deus quer - um tal de Jó, que o diga! -
e sim porque Ele, Deus, sábia e "pedagogicamente" também nos ensina,
prova e testa. Agora, se você perguntar: "nos testa e nos ensina dessa
forma, sequestrando nossa perna!?". Bem, nesse caso sinto muito! Estamos
juntos no mesmo barco! Sei muito menos que você, a explicação ou a resposta!
Mas essa foi a interpretação que o jovem Eliu deu, e foi a única que convenceu
o inconformado e já quase desesperado Jó. Portanto contente-se e pare de
reclamar.
A
[AMBI] VALÊNCIA DOS RINS: aqui entre nós, a palavra "RINS", sobretudo
se escrita com maiúsculas, mais parece uma sigla, do que qualquer outra coisa,
é ou não é verdade? Poderia significar, por exemplo, Risadas Intensas Nunca
Sufocadas, ou então, Ritmos Inspiradores de Novas Sensações, ou ainda, Rolês
Incríveis Nada Sérios, e outras tantas expressões do tipo. Agora falando sério:
excetuando-se o coração e o cérebro, para os quais parece não haver nenhum
concorrente à altura, provavelmente o rin - o par - possa ser considerado o
primeiro da lista em termos de importância para o corpo humano. Partindo desse
pressuposto - para com o qual são admitidas controvérsias, evidentemente -
imagine que alguém muito querido e amado de sua família esteja, em virtude de
alguma doença ou anomalia, congênita ou não, com ambos os rins totalmente
deteriorados, taxa praticamente zero, comprometendo drasticamente as funções de
filtragem, regulagem, produção de hormônios e eliminação de resíduos. Um belo
dia - absoluta força de expressão, já que esse dia pode ser tudo, menos belo -
você ouve do médico que cuida de sua mãe, o seguinte: "sinto muito! Muito
mesmo! Muitíssimo! Mas sua mãe está simplesmente como se já não tivesse mais
rin algum! Agora só Deus, um transplante imediato, ou...". "Já sei,
doutor!" - você interrompe a fala - "Não precisa falar! Já
entendi!". A partir daí, tenta-se daqui, tenta-se dali, tenta-se de lá,
tenta-se acolá, e nem sei mais onde tentar, e nada! Sem conseguir nada! E sua mãe lá, praticamente no final da longa
fila dos que aguardam angustiadamente por uma pessoa compatível. Dias e meses
se passando, sua mãe cada vez mais piorando, a morte se aproximando, e...
"O senhor! Quantos anos o senhor tem!? Saúde boa!? Alguma anomalia renal!?
Já foi submetido a alguma intervenção envolvendo os rins!?". As perguntas
seguem, uma após a outra, as respostas para cada uma delas sugerem que você
está com cada rim a ponto de bala... - calma! Relaxa! Novamente pura força de
expressão! Tem bala perdida dessa vez não! - e o Doutor, quase gritando de
alegria por lhe dar a boa notícia, conclui: "... Encontramos! Quem
imaginaria que estaria tão próximo! Até que algum novo exame contradiga, ou que
se prove o contrário, a pessoa perfeita para a doação é... você! Isso mesmo, o
senhor!". "Iuhuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!!!!!!!!!!!!" - olha quantos
"us" e quantas exclamações eu coloquei aí! E foi de forma abreviada,
viu!? Afinal você está prestes - abaixo de Deus, é claro! - a salvar a vida de
sua própria mãe - ou livrá-la da morte, dá no mesmo! Show de bola, não é
verdade!? Também acho! Mãe e pai salvando a vida de um filho ou filha a gente
até acha meio normal, mas o inverso - fala sério! - é bastante raro!
Concorda!?Até porque ultimamente o que a gente mais tem ouvido e visto, nesse
mundão de Deus, é filho e filha literalmente aprontando - seria mais exato
dizer "atentando" - contra a vida dos próprios pais e irmãos. Mas,
graças ao bom Deus, além de não ser esse o seu caso, você na verdade está a
ponto de ser o "salvador da pátria" para sua querida mãe! Maravilha!
Com certeza você e ela vão acabar até saindo no noticiário. Mas...!".
"Mas o quê, cara!? Qual é o seu problema!? Tem algum problema com minha
mãe, ou então não vai com a minha cara!? Afinal, o que é que tá
pegando!?". Vou paragrafear para
não encavalar a briga, combinado!? Que o bicho tá pegando! Então vamos lá.
"Cara!"
- agora escute bem o que ele está lhe dizendo - "Não tem nada de errado
não! Nadinha mesmo!! Mas você não me deixou completar a frase, meu irmão! Posso
falar!? Posso terminar de completar o que eu ia dizendo!?". "Claro!
Claro! Mas então vê se desembucha logo, meu! Fica aí numa enrolação de língua
danada! Eu hein!!!". "Certo! Ok!
Na verdade eu não tinha intenção nenhuma de deixar você desanimado,
decepcionado ou coisa assim. A única coisa que eu queria, isso sim, era pedir
pra você imaginar o seguinte: já pensou se todo ser humano, incluindo você,
claro, tivesse apenas um único rim, e não dois!? E aí, como é que ficariam as
coisas!? Você faria a doação de qualquer jeito!? Trocaria sua vida inteira pelo
resto ou restinho de vida da sua mãe!? Se ainda assim, a resposta fosse 'sim',
será que ela, sua mãe, aceitaria!? Será que ela permitiria e aprovaria essa
troca!? Lembra-se do que já falamos antes sobre pai e mãe terem a coragem de
trocar a própria vida pela vida de um filho ou filha, caso isso seja preciso!?
E então!? Como seria!? Diz aí! O que você acha!?".
Basta!
Vou dar um basta e parar esse diálogo por aqui. Já é suficiente, creio eu, para
que quem não conseguia - tampouco valorizava e nem reconhecia um pingo - agora
consiga entender e se ponha a refletir sobre o quanto ter dois, e não apenas um
rim, pode ser fatídico - para não dizer, fatal - para um pai, uma mãe, ou um
filho, ou simplesmente para uma pessoa pela qual você esteja disposto a fazer
tamanho sacrifício. Aí você me pergunta: mas será que Deus também pensou
nisso!? Será que Ele já criou a gente com dois, e não com apenas um rim, porque
sabendo de tudo por antecipação ele já previu tudo isso!? Aqui, meu irmão, eu
respondo com as mesmas palavras que respondi quando perguntado se Deus provaria
ou testaria a gente com determinadas provações que "até Deus duvida",
lembra-se!? Respondo simplesmente assim: " estou no mesmo barco que você!
Sei menos que você sobre o assunto!". Ponto, parágrafo e vamos para os
pulmões.
"Moura!
Não precisa falar dos pulmões não! Além de esticar muito, como você sempre faz,
eu já entendi a mensagem que você quer transmitir. Veja se é mais ou menos
isso! Vou resumir assim! Nada, absolutamente nada, caso um ou vários deuses
existam, e seja Ele ou sejam eles os criadores de tudo, incluindo portanto nós
todos, seres humanos, nada, absolutamente nada, repetindo, é totalmente casual
ou inteiramente fortuito. Tudo, cada cabelo da nossa cabeça, cada dedinho do
nosso pé, unhazinha da nossa mão, assim como cada rim, cada pulmão ou o
coração, tudo, e cada coisa em específico, tem seu sentido, seu motivo, e sua
razão de ser! Podemos até não saber por que, não compreender, e não nos dar
conta disso, mas com certeza quem nos criou sabe! Sabe Tim tim por tim tim!
Seria exatamente isso!?". "Com certeza! Mas para não ser assim tão
exatinho, como você foi ou está querendo ser, porque aí só Deus mesmo, eu diria
que seria 'mais ou menos' isso! Fechô! Se pra você fechou, pra mim também fica
fechado! Tchau tchau! A gente se vê por aí!".
( * ) Texto enviado pelo autor via
whatsapp,de Vitória (ES)
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