XII-SANTO AGOSTINHO
Cristo:
Nosso exemplo e mediador
Frei
Mário Sérgio OSA
Como você compreende a mediação de Cristo entre Deus e a humanidade? Em
nosso mais recente artigo, exploramos a visão de Santo Agostinho sobre Cristo
como o único e verdadeiro mediador, um conceito fundamental em sua teologia
Santo Aostinho, em seus numerosos escritos, abordou de
diversas formas a figura de Cristo. Impressiona a quantidade de títulos
cristológicos usados por ele: Cristo é luz, caminho, verdade, médico, Salvador,
sabedoria encarnada, Palavra, peregrino, exemplo, entre outros. No entanto,
entre essas diversas formas de se referir a Cristo, destaca-se o conceito de
mediador. A ideia de que Cristo é o único e verdadeiro mediador é uma chave
central no pensamento agostiniano. Ele tomou essa ideia de São Paulo, em 1
Timóteo 2,5, onde se diz que Cristo é “mediador entre Deus e os
homens”.
Santo Agostinho, como praticamente todos
os teólogos e filósofos antigos, estava profundamente preocupado em encurtar as
distâncias entre o céu e a terra, entre a humanidade e a divindade, entre o
desejo de felicidade e a felicidade em si, entre a pátria e o caminho. Para
Agostinho, somente Cristo, como mediador, pode abrir-nos as portas, encurtar as
distâncias e levar-nos para a nossa verdadeira morada. Nenhuma outra criatura
pode salvar o ser humano senão o único mediador entre Deus e os homens: Cristo Jesus. Cristo
é nosso guia e inspirador. Ele nos conduz como líder, leva-nos em Si mesmo como
caminho e atrai-nos a Si como pátria (In. Ps. 60,4).
Segundo Agostinho, a mediação de Cristo é perfeita porque nele encontramos
unidas ambas as naturezas: a divina e a humana. Agostinho desenvolve sua
teologia da mediação única e universal de Cristo lendo a Carta aos Hebreus,
onde Cristo é apresentado como mediador dos bens futuros. No Sermão 47,21,
nosso santo dedica um espaço para falar da mediação de Cristo e explicar por
que só Ele é o único e verdadeiro mediador entre Deus e os homens. A perfeição
da mediação de Cristo reside no fato de que, em sua única pessoa, ocorre a
união entre a natureza humana e a natureza divina. Assim disse Agostinho: “É
por isso que Ele também é o mediador entre Deus e os homens, porque Ele é Deus
como o Pai e é homem como os homens [...] A divindade sem a humanidade não é
mediadora, assim como a humanidade sem a divindade”.
Mas por que Santo Agostinho insiste tanto no caráter
mediador de Cristo, enfatizando a doutrina da dupla natureza de Cristo: homem e
Deus ao mesmo tempo? Agostinho responde que, se Jesus não fosse ao mesmo tempo
homem e Deus, não poderia salvar-nos. Somente pode salvar-nos aquele que
participa verdadeiramente da nossa condição. Fez-se Deus conosco para
que nós fôssemos deuses com Ele. Aquele que, para estar conosco, fez-se um de
nós, faz com que nós estejamos com Ele, tornando-nos um com Ele (In. Ps.
145,1). Por isso, Agostinho e todos os Padres da Igreja defenderam a
fé cristológica contra os docetas, que negavam que Cristo tivesse assumido um
corpo verdadeiramente humano, e também contra os arianos, que defendiam que
Jesus não era verdadeiramente Deus, igual ao Pai.
Fonte Centro
de Estudos Agostinianos
https://www.osabrasil.org/noticia/post/cristo--nosso-exemplo-e-mediador-segundo-santo-agostinho
Nenhum comentário:
Postar um comentário