segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

XII-SANTO AGOSTINHO

 

XII-SANTO AGOSTINHO

Cristo: Nosso exemplo e mediador

Frei Mário Sérgio OSA

 

Como você compreende a mediação de Cristo entre Deus e a humanidade? Em nosso mais recente artigo, exploramos a visão de Santo Agostinho sobre Cristo como o único e verdadeiro mediador, um conceito fundamental em sua teologia

Santo Aostinho, em seus numerosos escritos, abordou de diversas formas a figura de Cristo. Impressiona a quantidade de títulos cristológicos usados por ele: Cristo é luz, caminho, verdade, médico, Salvador, sabedoria encarnada, Palavra, peregrino, exemplo, entre outros. No entanto, entre essas diversas formas de se referir a Cristo, destaca-se o conceito de mediador. A ideia de que Cristo é o único e verdadeiro mediador é uma chave central no pensamento agostiniano. Ele tomou essa ideia de São Paulo, em 1 Timóteo 2,5, onde se diz que Cristo é “mediador entre Deus e os homens”.

Santo Agostinho, como praticamente todos os teólogos e filósofos antigos, estava profundamente preocupado em encurtar as distâncias entre o céu e a terra, entre a humanidade e a divindade, entre o desejo de felicidade e a felicidade em si, entre a pátria e o caminho. Para Agostinho, somente Cristo, como mediador, pode abrir-nos as portas, encurtar as distâncias e levar-nos para a nossa verdadeira morada. Nenhuma outra criatura pode salvar o ser humano senão o único mediador entre Deus e os homens: Cristo Jesus. Cristo é nosso guia e inspirador. Ele nos conduz como líder, leva-nos em Si mesmo como caminho e atrai-nos a Si como pátria (In. Ps. 60,4).

Segundo Agostinho, a mediação de Cristo é perfeita porque nele encontramos unidas ambas as naturezas: a divina e a humana. Agostinho desenvolve sua teologia da mediação única e universal de Cristo lendo a Carta aos Hebreus, onde Cristo é apresentado como mediador dos bens futuros. No Sermão 47,21, nosso santo dedica um espaço para falar da mediação de Cristo e explicar por que só Ele é o único e verdadeiro mediador entre Deus e os homens. A perfeição da mediação de Cristo reside no fato de que, em sua única pessoa, ocorre a união entre a natureza humana e a natureza divina. Assim disse Agostinho: “É por isso que Ele também é o mediador entre Deus e os homens, porque Ele é Deus como o Pai e é homem como os homens [...] A divindade sem a humanidade não é mediadora, assim como a humanidade sem a divindade”.

Mas por que Santo Agostinho insiste tanto no caráter mediador de Cristo, enfatizando a doutrina da dupla natureza de Cristo: homem e Deus ao mesmo tempo? Agostinho responde que, se Jesus não fosse ao mesmo tempo homem e Deus, não poderia salvar-nos. Somente pode salvar-nos aquele que participa verdadeiramente da nossa condição. Fez-se Deus conosco para que nós fôssemos deuses com Ele. Aquele que, para estar conosco, fez-se um de nós, faz com que nós estejamos com Ele, tornando-nos um com Ele (In. Ps. 145,1). Por isso, Agostinho e todos os Padres da Igreja defenderam a fé cristológica contra os docetas, que negavam que Cristo tivesse assumido um corpo verdadeiramente humano, e também contra os arianos, que defendiam que Jesus não era verdadeiramente Deus, igual ao Pai.

 

Fonte Centro de Estudos Agostinianos

https://www.osabrasil.org/noticia/post/cristo--nosso-exemplo-e-mediador-segundo-santo-agostinho

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