Xi- REFLETINDO COM LINDOLIVO SOARES MOURA (* )
"SERIA O FILHO MAIS VELHO, O PERVERSO? VERSO, REVERSO, E O LADO CONTROVERSO DA PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO"
"Merda: até isso ele teve que comer, para que a lição aprendesse. Já o
irmão mais velho, que
vivera
na abundância, pouco ou na- da
ele aprendeu"
A
parábola, com certeza você já conhece e bem. Pai rico e abastado, fortuna
elevada, e para os filhos a certeza de uma herança polpuda e recheada. Para
surpresa do pai, que com certeza por aquela atitude não esperava, sem ter feito
previsão alguma como geralmente se faz o mais novo deles - justo ele!? Não
poderia ter sido o mais velho!? - se apresenta diante dele reivindicando sua
parte na herança. Nem idade para fazer tal exigência a criatura tinha; juízo
então, menos ainda. Curioso é que o pai pouco ou nada diz para o filho; recomendação, como todo pai
e toda mãe costumam encher a cabeça de qualquer filho antes que o mesmo decida
partir para algum lugar estranho, nenhuma. Perguntar algo, tal como a razão , o
motivo, ou afinal de contas o que estava acontecendo, menos ainda. "Pai desnaturado e insensível", poderiam
opinar alguns; "pai sensato e inteligente", poderiam retrucar outros.
O fato é que a dúvida até hoje
permanece! Quem souber e quiser que se apresente, esclareça, e nos forneça a
resposta certa; tanto para a postura do pai quanto para a atitude do filho.
Conselho, pelo que consta, nenhum ele teria dado; advertência - que seria o
esperado, tampouco; nem umazinha. E olha que experiência para orientação tanto
de vida quanto espiritual, ele tinha. Aliás, tinha de sobra. O filho e irmão
mais velho não se encontrava em casa na hora da partida. Chega a ser no mínimo
curioso, para não dizer estranho, que o autor da narrativa não tenha feito um
único comentário sobre qualquer possível preocupação por parte desse irmão mais
velho. E se de fato nenhuma preocupação teria existido, fica a pergunta: qual
teria sido a razão ou o motivo? Somente ao pai, ao que tudo indica ou parece,
acabou recaindo o peso de carregar sobre os ombros a dor da perda e o luto da
separação. "Preocupação", no estrito sentido da palavra, parece não
ter havido nenhuma; nada consta. Um tanto angustiado, sim, talvez o pai possa
ter ficado. Para alegria e grande júbilo seu, entretanto, o teimoso e cabeçudo
acabaria sendo resgatado vivinho da
silva, tempos mais tarde. Tempo de que, exatamente, só mesmo o pai, tanto o
divino quanto o humano, poderiam saber ao certo. Para o narrador da história -
ou "estória", se assim se preferir - tempo suficiente, mas já no
limite, para que ele não perdesse de vez a cabeça e decidisse acabar com a
própria vida, tamanha era sua desgraça e descomunal seu infortúnio. Seu retorno
para casa, já muito tempo depois de sua
partida, acabaria provocando atitudes ambíguas, sobretudo em duas pessoas:
alegria e satisfação extremas no pai, frieza e indiferença incomuns no irmão mais
velho, que no momento da partida sequer dele se despedira.
"Espera
aí! Saltamos em questão de segundos, para o final da trama, justamente quanto
falávamos do seu início. O que houve!?" - você pode ou já deve estar
questionando. Você tem razão. Retomando, portanto. Hora da partida: sorrisos,
beijos e abraços, tudo como recomendava o figurino - figurino não, esse já é um
termo bem mais recente - como recomendava o costume da época. Duas ou três
lágrimas, por parte do pai ou do filho ninguém sabe dizer ao certo, e o início
de toda aquela saga estava configurado. Tchau e bença, fé em Deus, e pé na
tábua! Ou, "pé na estrada", para quem achar mais bonito ou mais
adequado!
Quando
se tem riqueza nesta vida, tudo se assemelha a um paraíso…
( * )Reflex~So enviada de
Vit´proa (ES) por whatsapp.
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