domingo, 12 de janeiro de 2025

VI- REFLEXÃO DOMIBICAL I MULHER, POR QUE DIZES ISTO A MIM?

 

 

VI- REFLEXÃO DOMIBICAL I

MULHER, POR QUE DIZES ISTO A MIM?

Pode parecer que Jesus não falasse direito com sua mãe. Quando os pais reencontram o menino, no Templo, depois de três dias, diante da aflição de sua mãe, Ele respondeu como se não entendesse as preocupações de seus pais. E o diálogo se deu com sua mãe, Maria. Agora, na festa de casamento, quando a mãe se dirigiu a Ele para falar-lhe do possível constrangimento dos noivos porque o vinho tinha acabado, Jesus respondeu como se não quisesse se inteirar do assunto. Aliás, as respostas de Jesus a Maria foram sempre em forma de perguntas: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devo estar naquilo que é de meu Pai?” (Lc 2,49) “Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou” (Jo,2,4). O fato é que as palavras de Maria dirigidas a Jesus oferecem sempre um contraste que contextualiza o que Ele vai dizer ou fazer. Na perda e encontro, apesar de Jesus aparentemente desconhecer a preocupação dos pais, o texto se conclui dizendo que “Jesus desceu, então, com seus pais para Nazaré e era obediente a eles. Sua mãe guardava todas essas coisas no coração” (Lc 2,51). Nas bodas, embora Jesus tivesse dito que sua hora ainda não tinha chegado, “Sua mãe disse aos que estavam servindo: ‘Fazei o que ele vos disser’” (Jo 2,5). O contraste mostra que Jesus, mesmo sabendo que estava no mundo para obedecer à vontade do Pai do céu, naquele momento, voltou para casa e obedeceu aos pais da terra. Nas bodas, mesmo sabendo que sua hora ainda não tinha chegado, isto é, que o grande sinal que realizaria seria dar a sua vida pela humanidade, cumprindo a vontade do Pai Celeste, naquele momento, Ele antecipou a sua glória, realizando um primeiro sinal, atendendo ao pedido de sua Mãe. Dessa forma, não há como não reconhecer a eficácia da intercessão de Maria que, naquele momento, era apenas sua Mãe, mas que intercedeu pelos homens; e que na hora do seu grande sinal, ela seria dada por Mãe a toda a humanidade: “Mulher, eis o teu filho!... Eis tua mãe!” (Jo 19,26). A confiança de Maria de que Jesus não lhe negaria o seu pedido era tanta que, mesmo tendo ouvido que a hora dele ainda não tinha chegado, ela se dirigiu aos servos para dizerlhes que fizessem tudo o que Ele dissesse. O amor e a maternidade de Maria pela humanidade era tantos que ela disse a Eles, sem nenhuma hesitação, para que obedecessem a seu Filho. Portanto, Maria tinha e tem uma palavra de intercessão para Jesus: “Eles não têm mais vinho”. E tinha uma palavra profética para os servos da festa de casamento, que servem para a humanidade e para cada um de nós: “Fazei o que ele vos disser”. Foram as últimas palavras de Maria nos evangelhos. Quase como se fosse o seu testamento. As últimas palavras de Jesus para sua Mãe, no alto da cruz, se referindo ao discípulo amado, foram: “Mulher, eis o teu filho!” E as últimas palavras de Jesus para os seus discípulos, representados pelo discípulo amado, do alto da cruz, foram: “Eis a tua mãe!” Jesus não era, portanto, irreverente com sua Mãe. Chamála de “Mulher” remete à figura da primeira mulher, lembrando que “O homem chamou à sua mulher “Eva”, porque ela se tornou a mãe de todos os viventes (Gn 3,20). Maria, a nova “Eva”, ao lado do novo “Adão”, obedeceram a Deus em tudo. Por isso, ela se tornou a Mãe de toda humanidade. E intercede por cada um de nós. Dom Rogério Augusto das Neves Bispo Auxiliar de São Paulo

 

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