VII- REFLEXÃO DOMINICAL I
O
TESOURO DA PALAVRA DE DEUS
Este
Terceiro Domingo do Tempo Comum é o Domingo da Palavra de Deus. Instituído pelo
Papa Francisco pela Carta Apostólica sob a forma de Motu Próprio Aperuit Illis
(30 de setembro de 2019). Tem por objetivo a celebração, reflexão e divulgação
da Palavra de Deus. Trata-se de ressaltar, mais ainda, o valor que a Palavra de
Deus ocupa na vida dos cristãos e das comunidades, na vida e missão da Igreja.
Somos chamados a agradecer pelo grande dom da Palavra e, ao mesmo tempo,
comprometer-nos a vivê-la no dia a dia e sentirmo-nos responsáveis para
testemunhá-la com coerência e alegria. Que este Domingo dedicado à Palavra nos
permita crescer na familiaridade e intimidade com as Sagradas Escrituras, assim
como ela mesma nos ensina desde os tempos antigos: esta palavra «está bem ao
teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir» (Dt
30, 14). A Palavra de Deus, a Lei, que é apresentada e lida pelo sacerdote
Esdras (Ne 8,2-4a.5-6.8-10) a todo o povo, em assembleia, de pé, que a escuta
com atenção, quando lhe era explicado o sentido. O povo respondia erguendo as
mãos, inclinando-se e prostrando-se diante do Senhor, com o rosto em terra.
Como é belo e importante o que está escrito: “todo o povo chorava ao ouvir as
palavras da Lei”. Trata-se de um dia consagrado ao Senhor, o nosso Deus, um dia
verdadeiramente santo para o Senhor. Como se revela no texto, a Palavra de Deus
forma a comunidade, ilumina a vida o povo, suscita a patilha dos bens. A
Palavra que se fez carne, e está no meio de nós, é Jesus, como diz o Evangelho
(Lc 1,1-4; 4, 14-21), “pois hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que
acabaste de ouvir”. Sim, na sinagoga de Nazaré, ao tomar nas mãos o livro do
profeta Isaías, Jesus achou e leu a passagem em que está escrito: “O Espírito
do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a
Boa Nova...”. A Palavra é verdadeira, fruto de muito estudo e discernimento,
merece credibilidade, pois nasce de “um estudo cuidadoso de tudo o que
aconteceu desde o princípio”. Sabemos que o Evangelho é a síntese da catequese
da Igreja primitiva. Ter fé no evangelho é crer em Deus que enviou seu Filho
amado para nos salvar. Neste sentido, somos todos “Teófilo”, amigos de Deus, a
quem a Palavra é anunciada, ou seja, o programa de libertação, de salvação, que
é o próprio Jesus, nome que significa “Deus salva”. Jesus é o Salvador,
Libertador, tão esperado. Somos, portanto, chamados a ter “os olhos fixos
nele”. Somente pela Palavra (1 Cor 12,12- 14.27) podemos então compreender que “juntos,
sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros deste corpo”. Cada um
de nós, membros da comunidade, que é o Corpo de Cristo, tem seu dom e todos os
carismas nascem da Trindade, que é comunhão. Nesta riqueza, diversidade e
complementariedade de dons e carismas está a beleza e plenitude do Corpo de
Cristo. A comunidade eclesial é uma coisa só, forma um todo com todos os
membros e com Cristo. Que possamos sempre escutar com amor a Palavra de Deus,
acolhêla de coração, deixar-se por ela se converter, praticá-la e testemunhá-la
com alegria, é a Boa Nova de salvação para toda a humanidade. Dom Angelo Ademir Mezzari, RCJ Bispo
auxiliar de São Paulo
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