IX-REFLEXÃO
DOMINICAL III
"VIMOS A SUA ESTRELA..."
Na Liturgia da igreja, ainda dentro das festividades do natal
celebra-se nesse domingo a Festa da Epifania que significa Manifestação de
Deus. Há quem pense de maneira bem equivocada, que o cristianismo é um grupo
fechado para o qual Jesus se manifestou e se revelou com exclusividade e por
conta desse pensamento muitos há que se apossam da salvação como se esta também
fosse particular. Há outros ainda mais ousados que tendo séria dificuldade para
ser seguidor fiel de Cristo e do seu santo evangelho, procuram adaptá-lo de
acordo com suas conveniências ou interesses.
No passado realmente Deus escolheu o povo de Israel em
particular para revelar-se porém, chegando a plenitude dos tempos, enviou–nos
seu Filho Jesus Cristo que veio trazer a Salvação a toda humanidade e não mais
a uma pessoa ou a um grupo em particular.
No evangelho desse domingo, uns magos do oriente, sobre os quais
há muitas histórias, viram no céu um sinal e seguindo a estrela chegaram até
Jesus na manjedoura. Não conheciam as profecias, eram de outra cultura
religiosa, mas assim que viram a estrela no céu, puseram-se a caminho.
Não é de hoje que a humanidade sonha com uma Paz que reúna os
homens do mundo inteiro, em uma unidade que não exclua a diversidade, afinal a
humanidade tem algo em comum, somos todos filhos e filhas de Deus, irmanados em
Jesus, de diferente nacionalidade, cultura, contexto histórico, social e
político, mas somos iguais porque Jesus veio para todos.
Ser igual não significa necessariamente um mesmo jeito de rezar,
de se relacionar com Deus, um mesmo rito e uma mesma maneira de manifestar a
fé, se fosse assim, os magos do oriente não teriam jamais visto o sinal no céu.
Quando pensamos na unidade de todos os povos e nações diante de Deus,
estaríamos sendo ingênuos se desejássemos uma uniformidade, Deus não nos criou
em série, mas temos cada um a nossa identidade própria, em uma diversidade, que
longe de ser obstáculo para a unidade, é fator que enriquece e que solidifica a
unidade.
O que faz a diferença é a fé, através da qual nos abrimos para
Deus na medida em que o buscamos. Deus se manifesta a todos mas a reação de
cada homem é diferente. Os poderosos e prepotentes como o Rei Herodes, embora
tenham o conhecimento sobre a manifestação de Deus, em vez de se alegrarem, se
sentem perturbados com esta manifestação divina, que os levará a rever seus
princípios e ideologias. Mas em todos os tempos da nossa história sempre houve
pessoas como os magos, que ao menor sinal de Deus, se põe a caminho e ao
encontrá-lo na simplicidade da vida, não hesitam em adorá-lo e reconhecê-lo
como único Deus e Senhor.
Abrir os cofres significa abrir o coração e a mente para uma compreensão clara
de quem é Jesus, pois ouro, incenso e mirra significam a divindade, a realeza e
a humanidade de Jesus. Deus é muito simples e está sempre ao alcance de todos,
nós é que às vezes complicamos demais, quando queremos inventar fórmulas
mirabolantes para se experimentar Jesus em nossa vida.
Os Magos na viagem de volta mudaram o percurso, iluminados pela
luz da fé, todo aquele que conhece Jesus e o aceita como Salvador e Senhor,
começa a percorrer um outro caminho, que não passa pela ambição dos poderosos e
auto suficientes, mas sim pelo sonho dos que acreditam e lutam por um mundo
novo, onde embora diferentes, todos os homens se reconheçam como irmãos e irmãs
em Jesus, Filhos e Filhas de um mesmo Pai, que os criou para viverem na
plenitude do amor.
A Jerusalém envolta em luz e que atrai a si todos os homens de
todas as nações, não significa apenas um templo, mas sim uma grande assembléia
na qual se insere todos os homens e mulheres de boa vontade, inclusive os
pagãos, que como nos ensina o apóstolo Paulo, na graça santificante
reconheceram a presença de Deus em Jesus Cristo.
José da Cruz é Diácono
da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
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