IV - Quando começa o conclave? Entenda eleição do
novo papa
Há 133 cardeais aptos a participar da escolha
Por: AFP
Quando o chefe da Igreja católica renuncia a sua função ou
morre, seu sucessor é eleito pelos cardeais reunidos em conclave na Capela
Sistina, onde ficam isolados do mundo exterior.
Durante seus dois mil anos de história, a Igreja Católica
modificou várias vezes as modalidades para a designação de um Papa até chegar
tardiamente à fórmula atual do conclave. Nada no Evangelho indica como escolher
o sucessor do Santo Padre.
A intervenção de soberanos, de grandes famílias, ou até da força
armada na escolha dos Papas levou Nicolau II a reagir publicamente em 1060,
publicando a bula In Nomine Domini. Este texto codificou permanentemente a
eleição dos Papas, que ficou a cargo exclusivamente dos cardeais.
Em 21 de novembro de 1970, Paulo VI definiu as características
atuais do colégio eleitoral: a idade limite de um cardeal para participar da
eleição é de 80 anos, e no número máximo de cardeis eleitores é 120. João Paulo
II confirmou essas regras em fevereiro de 1996 em sua constituição apostólica
"Universi Domini Gregis".
Nos últimos anos, a internacionalização crescente do colégio de
cardeais tornou cada vez mais aleatório qualquer previsão sobre a escolha do
conclave.
A eleição de um Papa deve acontecer distante de toda pressão
externa, para isso, o enclave (cum clave) fica isolado do mundo exterior.
Este isolamento existe desde 1271 quando, em Viterbe (Itália),
os cardeais, sem conseguir chegar a um acordo para escolher o sucessor de
Clemente IV, foram presos pelos cristãos, que os mantiveram apenas com pão e
água, para incitá-los a eleger rapidamente um novo Papa.
O eleito, Gregório X, institui esta prática como regra, a
exceção do regime de pão e água.
Atualmente, mudanças especiais foram realizadas no Vaticano a
fim de assegurar o isolamento dos "grandes eleitores", mas também
para permitir o mínimo de conforto durante a duração do conclave, já que vários
deles são idosos.
Os cardeais entram em conclave em no mínimo 15 dias e no máximo
20 dias após a morte ou renuncia de um Papa. Eles passam em cortejo da Capela
Paulina até a Sistina. Em seguida, as portas são fechadas, as chaves retiradas,
e o isolamento é assegurado pelo cardeal carmelengo no interior, e pelo
prefeito da Casa Pontifícia no exterior.
Os cardeais não têm o direito de votar em si mesmo e devem, um
de cada vez, prestar juramento de respeito ao voto secreto e de aceitar o
resultado. Eles juram igualmente que aquele entre eles que for eleito não
renunciará jamais a reivindicar a plenitude dos direitos de pontífice romano.
A eleição acontece na Capela Sistina, com duas votações de manhã
e duas à noite. As cédulas de voto são queimadas. O cardeal eleito é aquele que
recebe pelo menos dois terços dos votos. Em caso de impasse, uma votação pela
maioria absoluta é possível.
Quando o resultado é alcançado, o decano dos cardeais
imediatamente pergunta ao eleito se ele aceita a eleição. Se este for o caso,
torna-se Papa e sua jurisdição estende-se imediatamente para o mundo católico.
O novo Papa deve declarar o nome que ele escolheu como
pontífice.
Durante o processo de votação, uma espécie de fogareiro é
instalado na Capela Sistina para informar a multidão de fiéis, tradicionalmente
reunida na Praça de São Pedro junto com o batalhão da imprensa, sobre o
resultado da votação. Se a fumaça é preta, não há eleito. Se a fumaça é branca,
um novo Papa foi escolhido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário