sexta-feira, 16 de maio de 2025

XII- NOTÍCIAS DO PAPA LEÃO XIV, DA IGREJA E DO VATICANO

 

I-                    NOTÍCIAS DO PAPA LEÃO XIV, DA IGREJA E DO VATICANO

 

01- Leão XIV aos confrades agostinianos: sejam próximos, vivam em comunhão

Visita surpresa do Papa Leão XIV à Cúria Geral da Ordem de Santo Agostinho. O Pontífice chegou pouco antes do meio-dia e celebrou a missa na capela da comunidade, depois almoçou com seus confrades, como costumava fazer quando era cardeal. Prior geral, padre Moral: foi uma visita em família.

Tiziana Campisi – Vatican News

A missa foi celebrada com os confrades agostinianos, no dia em que a Igreja recorda Nossa Senhora de Fátima. Em seguida, almoçou com eles, como era seu costume, quase diariamente, quando era cardeal.

Leão XIV foi pouco antes do meio-dia desta terça-feira, 13 de maio, à Cúria Geral da Ordem de Santo Agostinho, sua residência por 12 anos, de 2001 a 2013, período em que foi prior geral. Poucos metros foram percorridos pelo veículo que levou o Papa do Vaticano à Via Paulo VI, atrás da colunata de Bernini, para uma visita privada à sua família religiosa, onde a convivialidade é a primeira das "normas" observadas, porque é prescrita pelo Bispo de Hipona na regra de vida para os seus frades: "A razão essencial pela qual vocês estão reunidos é que vivam unanimemente em casa e tenham uma só alma e um só coração voltado para Deus".

Centenas de pessoas se reuniram em frente ao portão da Cúria Agostiniana para aguardar a saída do Papa, enfrentando até mesmo uma chuva inesperada. O Papa deixou a comunidade agostiniana por volta das 15h, cumprimentando os que o aguardavam. O prior geral, padre Alejandro Moral, informou à mídia vaticana que tudo ocorreu na Cúria Geral e que o Papa presidiu a liturgia eucarística na capela, seguida do momento fraterno do almoço.

Que tipo de encontro foi?

Ele costumava vir comer aqui e queria agradecer à comunidade por isso. Ele veio celebrar a Eucaristia e almoçar conosco. Foi uma visita em família, de agradecimento. Foram momentos passados ​​juntos, muito, muito familiares, muito agradáveis. Ele conhece todos e todos nós o conhecemos, e por isso é muito bonito.

Foi divertido?

Sim. Também havia outras pessoas que vieram cumprimentá-lo: os funcionários que trabalham conosco, os cozinheiros.

Foi um momento de convívio?

Sim, convivial. Foi sua primeira visita como Papa. Estávamos todos muito felizes.

O que ele lhe disse?

Que devemos estar sempre próximos uns dos outros, viver, como pede Santo Agostinho, a comunhão.

 

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2025-05/papa-leao-xiv-curia-geral-agostinianos-missa-almoco.html

 

 

02- Leão XIV: deixar para trás os conflitos e iniciar um novo caminho

O Pontífice recordou em seu discurso que "a diplomacia pontifícia é realmente expressão da própria catolicidade da Igreja e, na sua ação diplomática, a Santa Sé é animada por uma urgência pastoral que a impele a intensificar a sua missão evangélica ao serviço da humanidade, e não a procurar privilégios".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Leão XIV recebeu em audiência na Sala Clementina, nesta sexta-feira (16/05), no Vaticano, os membros do Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé.

Depois de agradecer ao embaixador de Chipre, George Poulides, Decano do Corpo Diplomático, por suas palavras em nome de todos, o Papa agradeceu as várias mensagens de felicitações recebidas após sua eleição, bem como as de condolências pelo falecimento do Papa Francisco, que vieram também de países com os quais a Santa Sé não mantém relações diplomáticas.

Diplomacia pontifícia, expressão da catolicidade da Igreja

"No nosso diálogo, gostaria que prevalecesse sempre o sentido de família – a comunidade diplomática representa, com efeito, toda a família dos povos – partilhando as alegrias e as tristezas da vida e os valores humanos e espirituais que a animam", disse Leão XIV, acrescentando:

A diplomacia pontifícia é realmente expressão da própria catolicidade da Igreja e, na sua ação diplomática, a Santa Sé é animada por uma urgência pastoral que a impele a intensificar a sua missão evangélica ao serviço da humanidade, e não a procurar privilégios.

“Essa ação combate toda a indiferença e chama continuamente a consciência, como o fez incansavelmente o meu venerado Predecessor, sempre atento ao grito dos pobres, dos necessitados e dos marginalizados, bem como aos desafios que marcam o nosso tempo, desde a salvaguarda da criação até à inteligência artificial.”

A seguir, o Papa sublinhou três palavras-chave, que constituem os pilares da ação missionária da Igreja e do trabalho da diplomacia da Santa Sé: pazjustiça e verdade.

 A paz constrói-se no coração e a partir do coração

Paz. "Demasiadas vezes pensamos nela como uma palavra “negativa”, ou seja, como uma mera ausência de guerra e de conflito, visto que o confronto faz parte da natureza humana e acompanha-nos sempre, levando-nos demasiadas vezes a viver num “estado de conflito” constante: em casa, no trabalho, na sociedade. A paz parece então uma simples trégua, uma pausa de repouso entre uma disputa e outra, porque, por mais que nos esforcemos, as tensões estão sempre presentes, um pouco como as brasas a arder sob as cinzas, prontas a reacender-se a qualquer momento", sublinhou.

“Na perspectiva cristã – como na de outras experiências religiosas – a paz é, principalmente, um dom: o primeiro dom de Cristo: “Dou-vos a minha paz”. A paz constrói-se no coração e a partir do coração, erradicando o orgulho e as pretensões, e medindo a linguagem, pois também com as palavras se pode ferir e matar, não só com as armas.”

"Nesta ótica, considero fundamental a contribuição que as religiões e o diálogo inter-religioso podem dar para promover contextos de paz", e a "abertura sincera ao diálogo, animada pelo desejo de encontro e não de confronto", disse ainda Leão XIV, ressaltando "a vontade de deixar de produzir instrumentos de destruição e de morte, porque, como recordou o Papa Francisco na sua última Mensagem Urbi et Orbi: “Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento! A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se numa corrida generalizada ao armamento”".

Favorecer contextos em que a dignidade de cada pessoa é protegida

A seguir, passou para a segunda palavra: justiça. Segundo Leão XIV, "a busca da paz exige a prática da justiça. Como já referi, escolhi o meu nome pensando principalmente em Leão XIII, o Papa da primeira grande encíclica social, a Rerum novarum. Na mudança de época que estamos vivendo, a Santa Sé não pode deixar de fazer ouvir a sua voz perante os numerosos desequilíbrios e injustiças que conduzem, entre outras coisas, a condições indignas de trabalho e a sociedades cada vez mais fragmentadas e conflituosas. É necessário também esforçar-se para remediar as desigualdades globais, que veem a opulência e a indigência traçar sulcos profundos entre continentes, países e mesmo no interior de cada sociedade".

“Cabe aos responsáveis governamentais esforçarem-se por construir sociedades civis harmoniosas e pacíficas.”

Isto pode ser feito, principalmente, investindo na família, fundada na união estável entre o homem e a mulher, uma “sociedade muito pequena certamente, mas real e anterior a toda a sociedade civil”. Além disso, ninguém pode deixar de favorecer contextos em que a dignidade de cada pessoa é protegida, especialmente a das mais frágeis e indefesas, do nascituro ao idoso, do doente ao desempregado, seja ele cidadão ou imigrante.

"A minha própria história é a de um cidadão, descendente de imigrantes, que por sua vez emigraram. Cada um de nós, ao longo da vida, pode encontrar-se saudável ou doente, empregado ou desempregado, na sua terra natal ou numa terra estrangeira: a nossa dignidade, no entanto, permanece sempre a mesma, a de uma criatura querida e amada por Deus", sublinhou.

A verdade não nos aliena

Por fim, a terceira palavra: verdade. Segundo o Pontífice, "não é possível construir relações verdadeiramente pacíficas, mesmo no seio da comunidade internacional, sem a verdade. Quando as palavras assumem conotações ambíguas e ambivalentes e o mundo virtual, com a sua percepção alterada da realidade, toma a frente sem medida, é difícil construir relações autênticas, uma vez que se perdem as premissas objetivas e reais da comunicação". "

“A verdade não nos aliena, mas permite-nos enfrentar com maior vigor os desafios do nosso tempo, como as migrações, o uso ético da inteligência artificial e a preservação da nossa querida Terra. São desafios que exigem o empenho e a cooperação de todos, pois ninguém pode pensar em enfrentá-los sozinho.”

O Papa recordou que seu ministério "começa no coração de um ano jubilar, dedicado de modo especial à esperança".

“É um tempo de conversão e de renovação e, sobretudo, uma oportunidade para deixar para trás os conflitos e iniciar um novo caminho, animado pela esperança de poder construir, trabalhando juntos, cada um segundo as suas sensibilidades e responsabilidades, um mundo em que todos possam realizar a sua humanidade na verdade, na justiça e na paz. Espero que isto possa acontecer em todos os contextos, começando pelos mais provados, como a Ucrânia e a Terra Santa.”

Por fim, Leão XIV agradeceu ao Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé por todo o trabalho que faz para construir pontes entre os seus países e a Santa Sé.

 

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2025-05/leao-xiv-corpo-diplomatico-paz-justica-verdade-novo-caminho.html]

 

 

03- Papa Leão XIV agradece aos jornalistas pelo "serviço à verdade"

"Dou-lhes as boas-vindas, representantes da mídia de todo o mundo. Agradeço o trabalho que realizaram e realizam neste tempo que, para a Igreja, é essencialmente um tempo de Graça", disse o Papa Leão XIV durante o encontro com a imprensa mundial.

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Leão XIV encontrou-se, nesta segunda-feira (12/05), na Sala Paulo VI, no Vaticano, com a imprensa mundial.

“Dou-lhes as boas-vindas, representantes da mídia de todo o mundo. Agradeço o trabalho que realizaram e realizam neste tempo que, para a Igreja, é essencialmente um tempo de Graça.”

Depois dessas palavras de boas-vindas no início de seu discurso, Leão XIV prosseguiu, citando o “Sermão da Montanha”, no Evangelho de Mateus, em que Jesus proclamou: “Felizes os que promovem a paz”.

O modo como comunicamos é de fundamental importância

Segundo o Pontífice, esta é uma bem-aventurança que nos interpela a todos e chama quem trabalha nos meios de comunicação "ao compromisso de levar adiante uma forma de comunicação diferente, que não busque o consenso a todo custo, não se revista de palavras agressivas, não abrace o modelo da competição, não separe nunca a busca da verdade do amor com que devemos humildemente buscá-la".

“A paz começa em cada um de nós: no modo como olhamos os outros, ouvimos os outros, falamos dos outros. Neste sentido, o modo como comunicamos é de fundamental importância: devemos dizer “não” à guerra das palavras e das imagens, devemos rejeitar o paradigma da guerra.”

A solidariedade da Igreja aos jornalistas presos

A seguir, Leão XIV reiterou "a solidariedade da Igreja aos jornalistas presos por terem buscado e relatado a verdade", pedindo sua libertação.

“A Igreja reconhece nestas testemunhas, penso naqueles que relatam a guerra mesmo à custa da própria vida, a coragem de quem defende a dignidade, a justiça e o direito dos povos à informação, porque só os povos informados podem fazer escolhas livres. O sofrimento destes jornalistas presos interpela a consciência das Nações e da Comunidade internacional, chamando-nos a todos a salvaguardar o bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa.”

Agradecimento pelo "serviço à verdade"

A seguir, Leão XIV agradeceu aos comunicadores pelo seu "serviço à verdade".

“Vocês estiveram em Roma nestas semanas para contar a Igreja, a sua variedade e, ao mesmo tempo, a sua unidade. Vocês acompanharam os ritos da Semana Santa; depois, contaram a história da dor pela morte do Papa Francisco, que, no entanto, ocorreu à luz da Páscoa. Essa mesma fé pascal nos introduziu no espírito do Conclave, que os viu particularmente ocupados em dias cansativos; e, também nessa ocasião, vocês conseguiram narrar a beleza do amor de Cristo que nos une a todos e nos torna um só povo, guiados pelo Bom Pastor.”

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2025-05/papa-leao-xiv-encontro-imprensa-mundial-bem-todos0.html

04- Leão XIV “vai desconstruir todas as imagens de confrontação que havia entre progressistas e conservadores”

A análise do padre Jorge Cunha, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa e sacerdote da diocese do Porto.

Rui Saraiva – Portugal

Sucedem-se em Portugal comentários e análises sobre o novo Papa. Na entrevista conjunta da Rádio Renascença e da Agência Ecclesia, o padre Jorge Cunha, professor catedrático da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, analisa o perfil do cardeal Robert Francis Prevost como novo Papa Leão XIV. Uma entrevista conduzida por Henrique Cunha da Rádio Renascença e Octávio Carmo da Agência Ecclesia.

P: Antes do Conclave, refletia-se sobre se o novo Papa seria progressista ou conservador. Que imagens conseguiu passar o cardeal Prevost, eleito como Papa, nestes primeiros momentos do seu pontificado? Viu esta escolha como uma surpresa ou não? 

R: Sim, eu estava à espera de uma solução de continuidade, é verdade, e, portanto, o Papa Leão é uma escolha sábia do Conclave, porque é um homem que nos aparece com um perfil muito adequado, é um homem de certo modo desconstruído. Eu acho que ele vai desconstruir todas as imagens de confrontação que havia entre progressistas e conservadores, ele aparece como alguém que está bastante preocupado com essencial, sem gordura, e até sem tradição, sem construção intelectual, portanto, ele não aparece como um grande teólogo.

P: E para fazer pontes na Igreja e fora dela?

R: Sim, vem do sítio certo, vem da América do Norte, vem dos Estados Unidos, mas não é um americano típico, é um americano que conhece o resto do mundo ao contrário do que costuma ser na América. É um Papa que conhece a América do Sul, que é de uma ordem religiosa que inventou a interioridade no mundo, e, portanto, ele consegue conciliar todos esses extremos. E o facto de ser tipicamente americano, faz sobressair o seu pragmatismo e empirismo. Ele veio para simplificar, é o que me pareceu.

P: Abordou já uma questão que nós teríamos preparado, que é a questão da continuidade, é aquela pergunta que toda a gente faz, mas pergunto: é uma espécie de uma terceira via, ou acredita realmente que vai mais numa linha mais próxima de Francisco? 

R: Eu não percebi que ele se vá posicionar contra Francisco, de maneira nenhuma. Calculo que tenha outra imagem. O Francisco era o impulso, era um pouco até provocador, digamos assim, para fazer andar as coisas. Eu acredito que este Papa vai prever as dificuldades, que com toda a sua capacidade de conhecimento do mundo vai prever e vai evitar os obstáculos, e pareceu-me isso, pareceu-me que tem uma agilidade para isso, até do ponto de vista físico. É ágil. Ele é um homem que vem do mundo livre. As pessoas que já foram à América têm a noção de que a América é um espaço infinito, um espaço de liberdade, um espaço em que a gente pode desenvolver as suas aptidões, as suas capacidades. Eu acho que foi uma ocasião providencial de escolher um (Papa) dos Estados Unidos, que pode chamar a atenção para outros aspetos – aquele país tem uma grande missão no nosso mundo de criar a paz, uma grande missão de orientar e, portanto, eu calculo que ele vai ter todas essas virtualidades. A Igreja tem umas reservas inesgotáveis de criatividade, é a ideia que fica, não é? Quando tudo parece perdido, aparece uma pessoa imprevista, imprevisível, que nos dá a ideia de como podemos continuar a viver, de como a Igreja continua, de que uma Igreja é um sinal à superfície da história e que leva para a frente a tarefa de manter o Evangelho vivo, de dar à nossa realidade o contributo do Cristo e da sua salvação. Portanto, eu creio que ele vai desencadear uma grande empatia, vai descomprimir aquilo que estava comprimido também, vai diluir as confrontações extremas que havia. O nome dele deve ter aparecido, por um lado, aos cardeais de Francisco como um nome evidente…

P: A pergunta ia nesse sentido, quando falava em terceira via era para sublinhar isso que está a dizer. Houve tensões que se foram criando que agora talvez, na figura deste novo Papa, se possam descomprimir….

R: Eu calculo que sim, que isso vai ter o efeito benéfico. Ele aparece como alguém ágil e isso é muito bom, isso é muito bom para o nosso futuro e para o futuro da Igreja.

P: A experiência missionária e a proveniência geográfica têm sido fatores muito sublinhados para a leitura desta escolha dos cardeais. A Igreja Católica deixou mesmo de ser eurocêntrica? 

R: É bem possível que sim, é bem possível. De facto, o nosso cristianismo tem-se deslocado à volta do mundo segundo o movimento do Sol e, portanto, o continente americano é atualmente o lugar do catolicismo e é o lugar da fé. Tanto nos Estados Unidos como na América do Sul. E, portanto, a velha Europa, com as suas complicações, com as suas guerras, também com a sua experiência.  A fé na Europa é a fé mais elaborada, mais estruturada, mais pensada, aqui é onde o cristianismo deu melhores efeitos, não tenho dúvida disso. E isso é um problema profundo que os outros continentes ainda vão passar.  A Ásia não passou, a África não passou, pelo movimento, por exemplo, da laicidade, pela construção da convivência cívica plural. A América passou, porque foram os europeus que foram para lá.

P: Mas até nesse sentido, pergunto se pensa que isso pode influenciar as intervenções do Papa Leão XIV. Algo que de alguma forma já se viu nas suas mensagens para o interior da Igreja, na primeira Missa com a questão do que ele fala de ateísmo prático e depois também com os apelos à paz a nível global. Estas são intervenções que podem ir nesse sentido, de perceber que os problemas do coração da Igreja são de todos e também os europeus estão no coração do Papa? 

R: Creio que sim, não há dúvida que não pode deixar de ser assim. Ele é um homem de formação europeia, um homem descendente de europeus emigrados para a América, mais uma vez, um homem que conhece bem o seu próprio país e que conhece bem a América do Sul e que trabalhou na Europa, formou-se na Europa. Eu creio que ele tem todas as condições para dar esse seu colorido, o seu colorido.  Eu calculo que ele não vai ser um impulsivo como foi o Papa Francisco, que partia a direito, que era imprevisível, que era apocalítico. Vai ser muito mais pragmático, vai ser um homem da observação da realidade, vai ser um homem da escolha certa, um homem da escolha menos polémica, vai ser um homem da desmontagem dos problemas complicados que nós temos, tanto em moral como na vida internacional.  Eu espero que ele leve a América a dar o seu contributo para a pacificação do mundo e, portanto, convença o presidente e os outros titulares de que eles têm um papel e que não podem alhear-se, já que assumiram responsabilidades; não podem alhear-se do resto do mundo e, portanto, têm de entrar no jogo democrático internacional e desempenhar a sua missão de ser focos de estabilização do mundo e não propriamente de focos de incêndio do mundo.

P: Queria confrontá-lo com o facto de o cardeal Prevost ter participado no processo sinodal e ter feito parte de dois grupos de trabalho sobre os temas que continuam em debate até este verão. Esta é uma dinâmica que não admite recuos? 

R: Sim, eu acho que o processo sinodal é um meio de dar um espírito àquilo que já está legislado, dar um espírito novo e de melhorar as formas de participação na Igreja e na sociedade. Eu creio que a sinodalidade é uma forma de dar corpo e de dar espírito, de dar interioridade à democracia e à participação. É assim que eu a entendo e, portanto, entendo-a não como uma negação da democracia, mas como um aprofundamento da democracia. A democracia é o nome que nós damos à forma justa de ordenar a nossa vida comum. E, portanto, a sinodalidade não se opõe à democracia, mas aprofunda a democracia, desenvolve a democracia, melhora a democracia. Não tenho dúvidas de que isso pode vir a ser uma forma de dar voz a todos os contributos, de pôr no terreno as decisões que nós precisamos para que a Igreja seja relevante e para que a Igreja seja eficaz na sua comunicação do Evangelho. 

P: Olhando para as ameaças a essa democracia a nível geopolítico, as primeiras reações foram no sentido de insistir muito na nacionalidade do Papa, norte-americano que possa abrir perspetivas de diálogo com novas potências, num momento que é de várias crises. Mas do que sabemos, do cardeal Prevost, agora Leão XIV, é que teve posições muito contrastantes em relação, por exemplo, à administração Trump sobre temas como pobres, migrações ou racismo. Vai ser uma relação difícil?

R: Quer dizer, eu não imagino que seja uma relação difícil. Eu calculo que o Papa vai ser capaz de lembrar aos Estados Unidos e à sua administração que tem reservas de institucionalização muito sólidas. Eu não tenho medo da democracia na América, para dizer a verdade. Posso vir a ser contraditado, mas é um país com instituições muito fortes e eu espero muito que a acentuação que tem vindo a ser desenvolvida seja apenas propedêutica. Eu calculo que o Papa vai ser um equilíbrio, vai equilibrar e vai lembrar à América que ela foi o laboratório da democracia para lá da intolerância europeia, foi o primeiro sítio onde se pensou a tolerância, em que se pensou a convivência multirracial, multiétnica, multirreligiosa.

O padre Jorge Cunha é professor catedrático da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa e sacerdote da diocese do Porto.

Laudetur Iesus Christus

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https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-05/leao-xiv-imagens-confrontacao-progressistas-conservadores.html

05- Papa Leão XIV nas redes sociais!

Já está ativa a conta @Pontifex do Papa Leão XIV seja no Instagram, seja na plataforma X.

Vatican News

O Santo Padre Leão XIV optou por manter uma presença ativa nas redes sociais por meio das contas papais oficiais no X e no Instagram.

A partir de hoje, o Papa herda no X as contas @Pontifex, que já haviam sido usadas por Francisco e, antes dele, por Bento XVI, em nove idiomas (inglês, espanhol, português italiano, francês, alemão, polonês, árabe e latim), atingindo um total de 52 milhões de seguidores.

O conteúdo publicado pelo Papa Francisco será arquivado em breve em uma seção especial do site institucional da Santa Sé, o vatican.va.

No Instagram, a conta se chama @Pontifex - Pope Leo XIV, a única conta oficial do Santo Padre na plataforma, em continuidade à conta @Franciscus do Papa Francisco.

O conteúdo publicado na conta @Franciscus permanecerá acessível como arquivo “Ad Memoriam”.

A presença dos Papas nas mídias sociais começou em 12 de dezembro de 2012, quando o Papa Bento XVI lançou a conta @Pontifex no Twitter, que foi herdada alguns meses depois pelo Papa Francisco. A esse canal também se juntou, em 19 de março de 2016, uma conta oficial no Instagram, chamada @Franciscus.

 

 

A presença do Papa Francisco nas mídias sociais foi significativa: cerca de 50.000 postagens publicadas nas nove contas @Pontifex e em @Franciscus

acompanharam quase todos os dias do seu pontificado com mensagens curtas de caráter evangélico ou exortações em favor da paz, da justiça social e do cuidado com a criação, alcançando grande interação, especialmente em tempos difíceis (em 2020, um ano com excepcional devido à pandemia, suas mensagens foram vistas 27 bilhões de vezes).

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