sábado, 24 de maio de 2025

XIII- SANTO AGOSTINHO TEOLOGIA DO AMOR EM AGOSTINHO

 

 

XIII-      SANTO AGOSTINHO

 

TEOLOGIA DO AMOR EM AGOSTINHO

 

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.” (João 14:21)

A teologia do amor de Agostinho é como que o crescimento das preciosas sementes das Sagradas Escrituras, que nos ensinam que do amor dependem todos os mandamentos, que todas as coisas devem ser feitas com amor, sem o qual nada tem valor, que quem ama cumpriu a lei, que não pode dizer que ama a Deus quem não ama ao irmão, que Deus permanece naqueles que permanecem em seu amor, que o amor procede de Deus e é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo e, sobretudo, que Deus é amor. Por um lado, o amor é a máxima exigência e, por outro, o maior dom.

O amor é tudo o que recebemos de Deus e a única resposta possível para Deus. As reflexões de Agostinho sobre o amor parecem a aplicação dessa ‘concentração agápica’ do Novo Testamento. Nestas citações bastante inspiradoras Agostinho mostra o quão central é o amor em sua teologia.

“Eu chamo “amor” ao movimento da alma para fruir a Deus por ele mesmo, e a si mesmo e ao próximo por causa de Deus; e cupidez  é o movimento da alma para fruir a si e ao próximo e a qualquer outro corpo, sem Deus como motivo.”  — De Doctrina Christiana III, 10, 16

“Quem, então, pensa que entende as Divinas Escrituras ou qualquer parte dela mas colocas nelas uma tal interpretação que não tende a edificar esse amor gêmeo, a Deus e ao próximo, ainda não as entende.” — De Doctrina Christiana I, 36, 40

“Assim não há amor sem esperança, nem esperança sem amor, nem nenhum dos dois sem fé.”— Enchiridion, 2, 8

“Pois quando se pergunta se um homem é bom, não se pergunta no que crê ou o que espera, mas o que ama. Pois quem ama retamente sem dúvida crê e espera retamente; quem verdadeiramente não ama crê inutilmente, ainda que seja verdadeiro aquilo em que crê; inutilmente espera, ainda que pertença à verdadeira felicidade aquilo que espera.” — Enchiridion, 31, 117

“Todos, pois, que não amam a Deus, são estranhos, são anticristos. E ainda que entrem nas igrejas, não podem ser contados entre os filhos de Deus; não lhes pertence aquela fonte de vida.” — In Epistolam Ioannis, Tract. 7, 6

“Veja-se o que ensinamos, que não se discernem os feitos dos homens senão pela raíz do amor. Pois muitas coisas podem ser feitas com boa aparência e sem proceder da raiz do amor. Pois os espinhos também tem flores: algumas ações realmente se vêem ásperas, se vêem truculentas; mas são feitas por disciplina conforme dita o amor. De uma só vez, portanto, te é dado um breve preceito: Ama, e faz o que quiseres; se te calas, cala-te em amor; se clamas, clama em amor; se corriges, corrige em amor; se suportas, suporta em amor; estando no interior a raiz do amor, desta raiz não pode proceder nada além do que é bom.” — In Epistolam Ioannis, Tract. 7, 8

“Que face tem o amor? Que forma tem? Que estatura tem? Que pés tem? Que mãos tem? Ninguém pode dizer. Não obstante, tem pés, pois esses levam à Igreja. Tem mãos, pois essas alcançam os pobres. Têm olhos, pelos quais se nota aquele que passa necessidade; “Bendito é o homem”, foi dito, “que considera o necessidade o pobre”. Tem ouvidos, dos quais diz o Senhor: “Quem tem ovidos para ouvir, ouça”. — In Epistolam Ioannis, Tract. 7, 10

“Não ama o erro no homem, mas o próprio homem.” — In Epistolam Ioannis, Tract. 7, 11

“Pergunto de que modo amas o inimigo. O que desejas para ele? Que ele seja saudável nesta vida? E se ele não conseguir? Que ele seja rico? E se ele for cegado pelas próprias riquezas? Que ele se case? E se nisso ele sofrer uma vida amarga? Que tenha filhos? E se forem maus? São, assim, incertas essas coisas que pareces desejar ao teu inimigo, em que o amas; são incertas. Deseja que ele tenha contigo a vida eterna; deseja que ele seja teu irmão. Se assim desejas, amando o inimigo para que seja teu irmão, amando-o, amas um irmão.” — In Epistolam Ioannis, Tract. 8, 10

“Como sabemos que Ele nos deu Seu Espírito? Isso mesmo, que o Seu Espírito te tenha sido dado, como sabes? Interroga tuas vísceras: se estão cheias de amor, tens o Espírito de Deus.” — In Epistolam Ioannis, Tract. 8, 12

“Quanto mais em ti cresce o amor, mais cresce a beleza; pois o próprio amor é a beleza da alma.” — In Epistolam Ioannis, Tract. 9, 9

“O que é crer nele? Crendo amar, crendo estimar, crendo nele ir e ao seus membros se incorporar. É essa mesma, portanto, a fé que Deus exige de nós: e não encontra o que exige, a menos que conceda o que procura. Que fé senão aquela que o Apóstolo define plenamente em outro lugar, dizendo: “Nem a circuncisão vale, nem a incircuncisão, mas a fé que opera por amor”? Não qualquer fé, mas a “fé que opera por amor”: esteja essa fé em ti, e entenderás da doutrina.” — In Evangelium Ioannis, Tract. 29, 6

“Portanto dois amores fizeram duas cidade, a saber, a terrena pelo amor a si até em detrimento de Deus, a celeste pelo verdadeiro amor a Deus até em detrimento de si.” — A Cidade de Deus, XIV, 28

“Quando sobe a Ele, nosso coração é seu altar; Seu Unigênito é o sacerdote no qual O aplacamos; oferecemos a Ele sacrifícios cruentos quando lutamos por Sua verdade até o sangue; oferecemos a Ele um suavíssimo incenso quando queimamos com amor pio e santo diante Ele; seus dons em nós, e a nós mesmos, devotamos e rendemos a Ele; dedicamos e consagramos a Ele a memória de seus benefícios em festas solenes e dias separados, para, passado o tempo, o esquecimento ingrato não o surrupie; a Ele consagramos o sacrifício da humildade e do louvor no altar do coração, incendiado pelo fogo do amor.” — A Cidade de Deus, X, 3

“Ama-te pouco aquele que ama, conTigo, qualquer coisa não amada por amor a Ti. Ó Amor, que sempre ardes e nunca te extingües, Amor, meu Deus, inflama-me! Ordenas a continência: dá-me o que ordenas e ordena o que quiseres.” — Confissões, X, 29

“Quanto à virtude que nos leva à vida feliz, afirmo que a virtude não é absolutamente nada além do sumo amor a Deus. Pois aquela virtude que se diz quádrupla, como entendo, são modos variados do próprio amor. Pois daquelas quatro virtudes — quiçá sua força estivesse na mente assim como os nomes estão na boca de todos! —, eu não teria dúvida em afirmar que a temperança é o amor que se dá inteiro ao amado; fortaleza é o amor que facilmente suporta tudo por aquele que é amado; a justiça é o amor que serve apenas ao amado, e assim governa retamente; prudência é o amor separando sagazmente aquilo que o ajuda daquilo que o impede. Mas esse amor não é senão a Deus, que é o sumo bem, a suma sabedoria e a suma concórdia.”  De Moribus Ecclesiae Catholicae, XV

(Agostinho usa expressões latinas diferentes para expressar amor, especialmente caritas e dilectio. Elas estão todas traduzida como “amor” )

https://vineadei.wordpress.com/2017/03/10/teologia-do-amor-em-agostinho/

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