XII-
Papa Leão XIV: Os pobres, destinatários e
atualizadores da Doutrina Social
“Quem nasce e cresce
longe dos centros de poder não deve ser simplesmente instruído na Doutrina
Social da Igreja, mas reconhecido como seu continuador e atualizador”. São
palavras do Papa Leão XIV no encontro de sábado, 17 de maio, com os membros da
Fundação Centesimus Annus, por ocasião da Assembleia Geral.
Vatican News
Na manhã do sábado, 17
de maio, o Papa Leão XIV recebeu os membros da Fundação Centesimus
Annus Pro Pontifice por ocasião da sua Assembleia Geral que teve como
tema: “Superar as polarizações e reconstruir a governança global: as bases
éticas". O Pontífice agradeceu a presença e disse que o tema é central
para a Doutrina Social da Igreja, um instrumento de paz e diálogo para
construir pontes de fraternidade universal. Em seguida recordou que já o Papa
Leão XIII “tinha mirado a contribuir para a paz estimulando o diálogo social,
entre o capital e o trabalho, entre as tecnologias e a inteligência humana,
entre as diversas culturas políticas, entre as Nações”. Citou em seguida Papa
Francisco e a “policrise” para evocar a dramaticidade da conjuntura histórica
que estamos vivendo. “Sobre questões de tanta relevância”, continuou Leão XIV,
“a Doutrina Social da Igreja é chamada a fornecer chaves interpretativas que
coloquem em diálogo ciência e consciência, dando assim uma contribuição
fundamental ao conhecimento, à esperança e à paz”.
Doutrina Social e novos desafios
“A Doutrina Social, de
fato, nos educa a reconhecer que, mais importante do que os problemas, ou as
respostas a eles, é o modo como os enfrentamos, com critérios de avaliação e
princípios éticos e com a abertura à graça de Deus”. Dirigindo-se aos presentes
recordou que os membros da Fundação têm “a oportunidade de mostrar que a
Doutrina Social da Igreja, com o seu próprio olhar antropológico, intenta
favorecer um verdadeiro acesso às questões sociais”. “O objetivo”, continuou o
Papa, “é aprender a enfrentar os problemas, que são sempre diversos, porque
cada geração é nova, com novos desafios, novos sonhos, novos questionamentos”.
Doutrina e doutrinação
Aqui, afirma o
Pontífice, temos a necessidade de construir uma “cultura do encontro” através
do diálogo e da amizade social. Esclarecendo que a "doutrina", na
Doutrina Social da Igreja, não é um conjunto rígido de ideias, “mas um percurso
comum e multidisciplinar rumo à verdade, fruto de pesquisa e aberto à mudança”.
Contrastando em seguida com “doutrinação”, que impede o pensamento crítico,
atenta à sagrada liberdade do respeito da própria consciência – ainda que
errônea – e se fecha a novas reflexões porque rejeita o movimento, a mudança ou
a evolução das ideias diante de novos problemas”. “Ao contrário”, pondera o
Papa, “a doutrina enquanto reflexão séria, serena e rigorosa, intenta
ensinar-nos, em primeiro lugar, a saber aproximar-nos das situações e, antes
ainda, das pessoas”. Concluindo este ponto diz: “São a seriedade, o rigor, a
serenidade o que devemos aprender de cada doutrina, também da Doutrina Social”.
Os pobres atualizadores da Doutrina
Social
No contexto da revolução
digital, o Papa exorta a redescobrir e cultivar o senso crítico, contrastando
as fake news e as teses irracionais. Sublinhando também a importância do
aprofundamento, do estudo e sobretudo do encontro e da escuta dos pobres, considerados
um tesouro e portadores de perspectivas indispensáveis. Convida a reconhecer os
pobres não só como destinatários da Doutrina Social, mas como seus
continuadores e atualizadores.
“Quem nasce e cresce
longe dos centros de poder não deve ser simplesmente instruído na Doutrina
Social da Igreja, mas reconhecido como seu continuador e atualizador: os
testemunhos de compromisso social, os movimentos populares e as diversas
organizações católicas de trabalhadores. Recomendo-vos dar a palavra aos
pobres”.
Por fim, relembrando o
Concílio Vaticano II, o Leão XIV convida a Fundação a participar ativamente no
discernimento dos sinais dos tempos, contribuindo para desenvolver a Doutrina
Social da Igreja juntamente com o povo de Deus, escutando e dialogando com todos,
especialmente com os jovens e os marginalizados que expressam uma forte
necessidade de justiça, paternidade, maternidade e espiritualidade”.
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