I-
REFLEXÃO DOMINICAL III
A Glória e o Amor
Podemos trocar neste evangelho, a palavra Glória por Sucesso,
que significa ser bem sucedido em algum empreendimento humano, obtendo o
reconhecimento de todos, recebendo as honras e os elogios, por ter sido o
melhor, por ter sido um vencedor. É assim em uma carreira profissional ou
política, é assim no mundo das artes, da ciência ou do esporte, onde o mais
ágil, o mais forte, o mais bem dotado, sempre vence. Uma vitória traz algo
muito buscado por todos que é o poder, e quem o alcança tem as pessoas á sua disposição,
que irão manifestar sempre o apoio, em uma clara submissão ao seu ídolo. É a
glória! Como exclamam felizes, os que a alcançaram. O ídolo se torna uma
referência, uma marca, um estilo de vida que irá servir de modelo a todos.
Alimenta-se assim uma verdadeira veneração do Ego do vencedor,
que pensa sempre em si mesmo, em seus interesses, em suas conveniências, que
planeja e arquiteta sempre o que lhe favorece e lhe faz bem, ou em outras
palavras; que tem um “mundo” girando ao seu redor. Em um sistema egoísta que
favorece um só ou alguns felizardos, basta olharmos o modelo econômico
corrompido pelo neoliberalismo, e que mantém na ponta da pirâmide quem chegou
lá, por merecimento ou por mecanismos escusos porque sendo assim, cada irmão ou
irmã torna-se um concorrente que deve e precisa ser eliminado, quando se busca
o sucesso e a fama. O sistema nos faz pensar e agir desta forma e assim,
simples adversários são transformados em inimigos!
Entretanto, a glória para Deus é o oposto do que é para os
homens, porque não tem como fundamento o egoísmo, mas sim a solidariedade e um
modo de amar que o homem nunca tinha visto ou experimentado antes. Um amor
verdadeiro quer construir, renovar, ajudar o outro a crescer, quer a vida e o
bem do próximo, quer vê-lo livre para tomar decisões sábias, para conquistar
seus ideais, construir sua própria vida e fazer a própria história. Mas tudo
isso poderá ter um preço muito alto, que nem sempre estamos dispostos a pagar,
pois o sistema nos convence de que, qualquer investimento deverá sempre ser
feito para nós mesmos e não para os outros, pois é perigoso ajudar as pessoas a
crescerem em dignidade, amanhã elas poderão ser mais um concorrente.
Esse modo de pensar e de viver é sempre perigoso, pois pode
representar a perda até da própria vida, é melhor pensar e viver como todos os
outros, pois somos condicionados a vencer, ninguém quer perder, ninguém quer a
derrota, ninguém deseja o fracasso. Não vale a pena dar a vida pelos outros,
ninguém irá reconhecer!
Pois essa é a glória para Deus, quando pensamos e agimos
diferente do mundo, por causa do evangelho, Deus é glorificado, porque pensamos
e agimos exatamente como o Filho Jesus. Por essa razão que neste evangelho,
exatamente quando começa a delinear-se um aparente fracasso do ideal do reino,
proposto por Jesus, com a traição de Judas, o Mestre anuncia que o Filho do
Homem foi glorificado e que Deus foi glorificado nele. Ao ser glorificado pelo
Filho, que não pensa e não age conforme o sistema marcado pelo pecado do
egoísmo, mas sim pelos valores do Reino, o Pai o glorificará quando chegar a
sua hora, a hora da cruz, que será aparente fracasso para os homens, mas a
gloria para Jesus, provavelmente é este o sentido do ensinamento que ele faz
aos seus discípulos na citação “quem perder a sua vida por causa de mim, irá
ganhá-la”.
Mas como percorrer um itinerário tão desafiador, que vai na
contra mão do sistema opressor e explorador? Onde poderá o discípulo encontrar
força para seguir o Mestre e trilhar esse mesmo caminho? Na segunda parte deste
evangelho Jesus deixa\aos discípulos o seu legado e o seu testamento, que é
dado na forma de um mandamento novo “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos
amei”. Esse amor é muito mais que um sentimento, muito mais que uma virtude,
esse amor é o próprio Deus, que tem a força renovadora, única capaz de
transformar a tudo e a todos, dando-nos um novo céu e uma nova terra, levando o
homem a seu destino glorioso junto a ele. Quem ama como Cristo nos amou, e não
tem medo de perder, já antecipa em sua vida um pouco deste novo céu e desta
nova terra! Que nossas comunidades sejam assim! Amém. (V Domingo da Páscoa
Evangelho João 13,31 -33.. 34-35)
José da Cruz é Diácono
da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0309.htm#msg01
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