VI-
Catequese sobre os
sete dons do Espírito Santo - (Papa Francisco)
- Dom da Ciência O dom da ciência faz que
o cristão penetre na realidade deste mundo sob a luz de Deus; vê cada criatura
como reflexo da sabedoria do Criador e como caminho a Deus. Leva o homem a
compreender o vestígio de Deus que há em cada ser criado. O homem foi feito
para Deus e só n’Ele pode descansar, como disse Santo Agostinho. Por este dom o
cristão reconhece o sentido do sofrimento e das humilhações no plano de Deus,
que liberta e purifica o homem.
- Dom
do Entendimento O dom do entendimento ou inteligência nos ajuda a penetrar
no íntimo das verdades reveladas por Deus e entendê-las. Por ele o cristão
contempla os mistérios da fé. É um entendimento diferente daquele que o teólogo
obtém pelo estudo; o que é penoso e lento. O dom da inteligência é eficaz mesmo
sem estudo; é dado aos pequeninos e ignorantes, desde que tenham grande amor a
Deus. Um irmão leigo franciscano disse certa vez a São Boaventura († 1274), o
Doutor Seráfico: “Felizes vós, homens doutos, que podeis amar a Deus muito mais
do que nós, os ignorantes!” Respondeu-lhe Boaventura: “Não é a doutrina
alcançada nos livros que mede o amor; uma pobre velha ignorante pode amar a
Deus mais do que um grande teólogo se estiver unida a Deus.” Por esse dom
conhecemos os nossos pecados e a nossa miséria. Os santos, quanto mais se
aproximaram de Deus, mais tiveram consciência do seu pecado ou da sua distância
de Deus.
- Dom
da Sabedoria O dom da sabedoria nos dá um conhecimento da verdade revelada
por Deus. Abrange todos os conhecimentos do cristão e os põe sob a luz de Deus,
mostra a grandeza do plano do Criador e a sua onipotência. Vem da intimidade
com o Senhor. “O dom da sabedoria faz-nos ver com os olhos do Bem-amado”, dizia
um grande místico. Isto não quer dizer que devemos menosprezar o estudo, pois,
se Deus nos deu a inteligência, foi para que a apliquemos à verdade, que é Ele
mesmo. Os teólogos afirmam que veremos a Deus face a face por toda a eternidade
na proporção do amor com que O tivermos amado nesta vida.
- Dom
do Conselho O dom do conselho permite ao cristão tomar as decisões
oportunas nas horas difíceis da vida, para que se comporte como verdadeiro
filho de Deus. Isso, às vezes, exige coragem. Pelo dom do conselho o Espírito Santo
nos inspira a maneira correta de agir no momento oportuno. “Todas as coisas têm
o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora [...]” (Ecl 3,
1-8); fora desse momento preciso, o que é oportuno pode tornar-se inoportuno;
nem sempre é fácil discernir se é oportuno falar ou calar, ficar ou partir,
dizer “sim” ou dizer “não”.
- Dom da Piedade O dom da piedade nos
orienta em todas as relações que temos com Deus e com o próximo. São Paulo se
refere a isso: “Recebestes o Espírito de adoção filial, pelo qual bradamos:
Abbá ó Pai” (Rm 8,15). O Espírito Santo, mediante o dom da piedade, nos faz,
como filhos adotivos de Deus, reconhecer Deus como Pai. E, pelo fato de
reconhecermos Deus como Pai, consideramos as criaturas com olhar novo. Este dom
nos leva a considerar o fato de que Deus é sumamente santo e sábio: “Nós vos
damos graças por vossa grande glória”. É o dom da piedade que leva os santos a
desejar, acima de tudo, a honra e a glória de Deus. “Para que em tudo seja Deus
glorificado”, diz São Bento. E Santo Inácio de Loiola exclama: “Para a maior
glória de Deus”. É também o dom da piedade que desperta no cristão a inabalável
confiança em Deus Pai, como, por exemplo, Santa Teresinha. Este dom leva o
cristão a ver o outro como irmão e a amá-lo como filho de Deus.
- Dom
da Fortaleza
O dom da fortaleza nos dá força para a fidelidade à vida cristã, cheia de
dificuldades. Jesus disse que “o Reino dos céus sofre violência dos que querem
entrar, e violentos se apoderam dele” (Mt 11,12). Pelo dom da fortaleza o
Espírito Santo nos dá a coragem necessária para a luta diária contra nós
mesmos, nossas paixões e problemas, com paciência, perseverança, coragem e
silêncio. Nos dá forças além das naturais. Esta força divina transforma os
obstáculos em meios e nos dá a paz mesmo nas horas mais difíceis. Foi o que
levou São Francisco de Assis a dizer: “Irmão leão, a perfeita alegria consiste
em padecer por Cristo, que tanto quis padecer por nós”.
- Dom
do Temor de Deus O dom do temor de Deus nos leva a amá-Lo tão profundamente
que tenhamos receio de ofendê-Lo. Nada tem a ver com o temor do mercenário ou o
temor do castigo (do escravo); mas é o temor do amor do filho. É a rejeição que
o cristão experimenta diante da possibilidade de ofender a Deus; brota das entranhas
do amor. Não há verdadeiro amor sem este tipo de temor. Medo de ofender o
Amado. Pelo dom do temor de Deus a vitória é rápida e perfeita, pois é o
Espírito que move o cristão a dizer “não” à tentação. O dom do temor de Deus
está ligado à virtude da humildade, que nos faz conhecer nossa miséria, impede
a presunção e a vanglória, e assim, nos torna conscientes de que podemos
ofender a Deus; daí surge o santo temor de Deus. Ele se liga também à virtude
da temperança; combate a concupiscência e os impulsos desordenados do coração,
para não ofender e magoar a Deus.
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