XI--
Os frutos do Espírito Santo
São Paulo nos ensina sobre os frutos do Espírito Santo e os
frutos da carne, na carta aos Gálatas:
“Porque
os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne, pois são
contrários uns aos outros…ora, as obras da carne são estas: fornicação,
impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes,
ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras
coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as
praticarem não herdarão o Reino de Deus!” (Gal 5,17-21).
Frutos
do Espírito Santo
Em seguida, São Paulo fala dos frutos doces do Espírito: “Ao
contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, bondade,
benignidade, fidelidade, mansidão e temperança. Contra essas coisas não há lei,
pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne com as paixões e
concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o
Espírito” (Gal 5,22-25).
O
Catecismo da Igreja diz que esses “frutos do Espírito são perfeições que o
Espírito Santo forma em nós como primícias da glória eterna” (n. 1832). Santo
Agostinho explica que São Paulo não tinha o intuito de dar o número exato
desses dons, mas apenas mostrar o “gênero de coisas” em que devemos buscá-los.
São Tomás de Aquino diz que todos os atos dos dons e das virtudes podem ser
reduzidos a esses frutos.
A Caridade, segundo São Tomás, é o fruto mais
importante. Pela caridade o Espírito Santo nos faz semelhantes a Deus, que é
amor. Ele é o Amor do Pai para com o Filho, e do Filho para com Pai. Quando uma
alma é cheia do fruto divino da Caridade, o amor a transforma por completo.
Assim acontece com os santos. A caridade nos leva a amar o bem e detestar o
mal. “Amarás a teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 39). Para Santo Agostinho,
“o amor ao próximo é como o princípio do amor a Deus”. E “não há degrau mais
seguro para subir ao amor de Deus que a caridade do homem para com seus
semelhantes”.
Consolação
A Alegria é estar sempre junto de Deus,
que vence toda tristeza. A alegria é um fruto do amor, pois quem ama se alegra
por estar unido ao amado. Por isso, pôde São Paulo dizer: “Estou cheio de
consolação, transbordo de gozo em todas as nossas tribulações” (II Cor 7, 4).
“Alegrai-vos sempre no Senhor, repito, alegrai-vos” (Fil 4,4).
A Paz é o fruto de quem vive abandonado
e obediente a Deus. São Tomás diz que “a perfeição da alegria é a paz”. Mesmo
nas tribulações, o cristão tem paz. Jesus é o Príncipe da Paz e nos deixou a
sua Paz. “Dou-vos a minha Paz…”
A Paciência nos leva ao céu, pois vence
as tribulações, as dificuldades, as tentações e tudo que nos afasta de Deus. É
virtude dos fortes, dos santos. Segundo Santa Catarina de Sena, doutora da
Igreja, a paciência é a “rainha posta na torre da fortaleza, que vence sempre e
nunca é vencida”.
Jó venceu pela
paciência; tendo perdido as riquezas, os filhos e a saúde, continuava
glorificando a Deus: “O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do
Senhor!” (Jó 1,21). Não se trata de uma espera passiva, mas de uma coragem que
torna forte a alma. É como Santa Mônica, que rezou, sem desanimar, por 20 anos,
até ver a conversão do seu Agostinho.
A Bondade é a virtude que nos faz agir
bem com todos, sem inveja nem discriminação. Ela nos leva a fazer o bem a
todos. “Fazer o bem sem olhar a quem”. E, como fazer o bem, faz bem, ela nos
faz feliz. A bondade nos leva a vencer também a preguiça, pois desperta em nós
a compaixão pelos que precisam de nós. A bondade nos faz querer o bem, a
benignidade nos leva a realizá-la.
A Mansidão nos leva a dominar a raiva, a
ira e o mal desejo de vingança, a suportar com serenidade os males recebidos
dos outros sempre com o desejo de perdoar como Jesus mandou. Não é fácil
perdoar. É preciso a ação do Espírito Santo em nós. Nunca pagar o mal com o
mal, mas com o bem. Amar os inimigos e abençoar os que nos amaldiçoam.
O fruto da fidelidade nos ajuda a manter a palavra dada, cumprir
as obrigações assumidas, os contratos assinados, os votos feitos etc.
A temperança ou modéstia é o fruto que nos
leva a ser moderados e prudentes em tudo o que dizemos e fazemos. Faz-nos
vigiar os nossos olhos, boca, risos, movimentos, roupa, tudo!, e vencer as
paixões desordenadas.
Santo Agostinho
recomenda particular cuidado com a modéstia exterior, que tanto pode edificar
quanto escandalizar os outros. A castidade nos refreia em relação ao que é
ilícito, e a continência ao que é lícito. A alma que produz o fruto da
castidade torna-se angélica, dizem os santos. O casto já antegoza o Céu na
terra. A continência fortalece a vontade para resistir às concupiscências
desordenadas. “Os que fazem tudo que é permitido acabarão por fazer o que não é
permitido”.
Enfim, assim como o
ferro no fogo, aos poucos, brilha como a chama, também a alma repleta do
Espírito Santo se torna semelhante a Ele.
Prof. Felipe Aquino
https://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2020/06/08/os-frutos-espirito-santo/
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