VIII-
REFLEXÃO DOMINICAL L
O ESPÍRITO DA VIDA E DA
ESPERANÇA
Hoje
é Pentecostes e recordamos que o Espírito Santo nos foi dado como um dom de
Jesus ressuscitado. É o dom mais excelente que poderíamos receber, pois é o
próprio Deus-Espírito Santo, 3ª. Pessoa da Santíssima Trindade, que veio a nós,
para termos em nós a vida divina. Na expressão de São Paulo, quem recebeu o
Espírito Santo passou da “vida segundo a carne” para a “vida segundo o
Espírito” (cf Rm 8,9). Isso supõe uma mudança radical na forma de viver: não
devemos mais deixar-nos conduzir pelos desejos e atrações “da carne”, mas do
Espírito Santo, que nos atrai para toda obra boa. É ainda São Paulo que ensina,
no texto da Carta aos Romanos que lemos hoje na Missa, que é graças ao Espírito
Santo que podemos esperar a ressurreição do nosso corpo, para que ele também
participe um dia da vida com Jesus ressuscitado (cf Rm 8,11). Isso é motivo de
grande esperança e alegria. Desde agora, podemos ter a firme esperança na nossa
ressurreição futura e na participação da glória de Deus no céu, se tivermos o
Espírito Santo em nós. É Ele que vivifica, por- que é o Espírito da vida. Como
pode- mos receber o Espírito Santo? Antes de tudo, nós já o recebemos no dia do
nosso Batismo e, de novo, na Crisma, como um presente de Deus. Talvez não nos
damos conta disso e vivemos distraídos, sem lembrar desse dom precioso. Ao
longo da vida, podemos invocar o Espírito Santo, para que venha a nós e nos
ajude, ilumine, conduza, fortaleça em todas as circunstâncias da vida. São Paulo
ensina que “todos os que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de
Deus” e podem chamar a Deus de Pai (Rm 8, 14-15). Que maravilha! Já durante
esta vida, somos filhos e filhas de Deus. E, se somos filhos, também somos
“herdeiros de Deus e cordeiros com Cristo” (Rm 8,17). Nesse sentido, podemos
compreender que “quem está em Cristo é uma nova criatura” (2Cor 5,17). Que
alegria, e que esperança grande já trazemos em nós durante esta vida! Mesmo
ainda rodeados de fragilidades, já fomos revestidos de uma dignidade e de uma
esperança inimagináveis! É uma esperança imensa saber que, “para os que estão
em Cristo, não há condenação” (Rm 8,1). Mas é preciso viver de acordo com esse
dom e essa imensa dignidade. Por isso, São Paulo ensina que nossa vida deve
consistir num contínuo processo de conversão a Deus, com a ajuda do Espírito
Santo. Devemos superar as obras más, não orientadas segundo o Espírito Santo e
que São Paulo chama de “obras da carne”. Toda forma de maldade é “obra da
carne”. Todo bem praticado é “obra do Espírito”. As obras da carne conduzem à
morte. As obras do Espírito conduzem à vida. Se alguém se deixa conduzir pelas
obras da carne, não possui o Espírito de Cristo. É ainda São Paulo quem ensina:
“Se alguém não possui o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo” (Rm 8,9). E
viver sem Cristo significaria não ter esperança de vida e salvação. Hoje,
renovemos nossa fiel adesão ao Espírito Santo e lhe peçamos com muita fé que
nos ajude a viver “conforme Cristo”, como filhos e filhas de Deus todos os dias
de nossa vida.
Cardeal Odilo Pedro
Scherer Arcebispo de São Paulo
https://arquisp.org.br/wp-content/uploads/2025/03/Ano-49C-36-SOLENIDADE-DE-PENTECOSTES.pdf
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