XV-
SANTO
AGOSTINHO E O ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo e o
amor fraterno em Santo Agostinho
A festa de Pentecostes faz-nos pensar a importância do Deus amor
na realidade humana. É a descida do Espírito Santo que uniu os apóstolos, e o
povo que se encontravam em Jerusalém pela linguagem do amor (At 2,1-11). Todos
se entendiam pelo milagre das línguas, pois ouviam dos apóstolos a mensagem de
unidade na diversidade, pelo amor no Espírito Santo. Vejamos em Santo Agostinho esta
verdade de fé, pelo qual o Espírito Santo deu o poder do milagre das línguas e
que hoje dá o mesmo poder se nós amarmos o irmão e a irmã que moram junto de
nós e no mundo.
Nos primeiros tempos do cristianismo, Santo
Agostinho afirmou que o Espírito Santo desceu sobre os
fieis, os seguidores de Jesus Cristo, de modo que falaram em várias línguas que
não tinham aprendido, assim como o Espírito Santo dava a eles de pronunciar (At
2,4). Eram sinais milagrosos naquele tempo e ao mesmo tempo oportunos para a
Igreja nascente. Era necessário que em todas as línguas tivesse o conhecimento
do Espírito Santo, porque o evangelho de Jesus, de Deus deveria alcançar todas
as línguas existentes mo mundo inteiro. Aquele sinal foi dado e passou e não se
repetir mais. Hoje, quando se impõe as mãos, esperamos que as pessoas possam
falar em línguas? Alguém poderia afirmar que não recebeu o Espírito Santo,
porque se o tivesse recebido falariam em línguas? A prova da presença do Espírito
Santo, segundo Santo Agostinho em nós e no mundo, não
é mais dada por aqueles sinais, mas no intimo de cada um de nós. O Bispo de
Hipona quer levar a pessoa a interrogar o seu coração: se
ele ama o irmão, o Espírito Santo permanece nele.
É preciso examinar e colocar à prova a pessoa mesma diante de
Deus, ver se houver nela a paz e a unidade, o amor à Igreja difundida em todo o
mundo. O Bispo convida os cristãos a amar os seus vizinhos mas também a muitos
de nosso irmãos e irmãos que nós não os vemos mas que estão unidos conosco n
unidade do Espírito Santo. Ainda que esses não se encontram junto a nós,
estamos no mesmo corpo e temos no céu uma única cabeça, Jesus Cristo. Pela
caridade nós estamos todos unidos ao Senhor no Espírito Santo. Observemos os nossos
olhos nos quais vão na mesma direção, também se isso ocorre de lugares
diferentes.
Santo Agostinho convida os fieis a
amarem os irmãos e irmãs, para se achegar até Deus, porque outros tem a mesma
aspiração que a nossa, porque todos buscam a luz da verdade, o Espírito Santo.
Desta forma é preciso ver se a pessoa recebeu o Espírito Santo, o que deveria
fazer? Interrogar o seu coração, para não correr o perigo de ter o sacramento,
mas não o seu efeito. Se a pessoa interroga o seu coração e lá encontrar a
caridade para o irmão, a irmã, a pessoa pode ficar tranqüila, o Espírito Santo
mora naquela pessoa, pois o Espírito Santo mora em nós como num templo, também
pelo fato de que o amor de Deus foi derramado em nossos corações, pelo Espírito
Santo que nos foi dado (Rm 5,5).
Santo Agostinho realça a importância da
caridade, como pedra preciosa, descoberta e comprada por aquele negociante do
evangelho, do qual vendeu tudo o que tinha para adquirir aquela pérola preciosa
(Mt 13,45-46). A caridade é aquela pedra preciosa, não tendo nenhuma alegria
que possa preencher o vazio da existência, mas uma vez possuída, a caridade,
tudo é possível na vida. Se agora a pessoa vê pela fé, um dia verá diretamente.
Se agora amamos o Senhor que não vemos, o que será quando o veremos
diretamente? A caridade fraterna leva as pessoas até Deus, ao Espírito Santo
que deseja habitar em cada um de nós. Se de fato amarmos o irmão que vemos,
poderemos ver Deus, porque veremos a caridade mesma, e Deus habita na caridade,
pelo dom do Espírito Santo que mora em nós.
*Artigo
de Dom Vital Corbellini (Bispo
de Marabá – PA)
Publicado no portal da CNBB: https://cutt.ly/UyDWZVb
https://agostinianos.org.br/artigo/o-espirito-santo-e-o-amor-fraterno-em-santo-agostinho/
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