X-
REFLEXÃO
DOMINICAL III
RENASCIDOS NO ESPÍRITO
Quando se capricha na reforma de uma casa antiga, mudando
totalmente sua fachada, costuma se dizer que ela ficou como nova, a esse
respeito, lembro-me também do tempo em que a compra de um sapato novo era
onerosa e a gente optava por levar o velho ao sapateiro, que colocava meia
sola, passava uma tinta, dava um brilho e quando ia buscar, era como se fosse
um sapato novo, e um último exemplo, um dos carros que tive foi uma Brasília,
que em certa ocasião, mandei fazer uma reforma caprichada e ao sair com ela da
oficina, dizia orgulhoso que ficou “novinha” em folha. Nesses três casos, a
palavra NOVA é apenas força de expressão, pois a casa, o sapato e a Brasília,
continuaram velhos, apenas com aparência de novos. O que o Espírito de Deus
realiza em nós, não é uma reforma de fachada, não somos uma casa velha
reformada, mas nele somos recriados, renascidos e renovados, passando a ser
realmente novas criaturas, porque estamos em Cristo (1 Cor 5, 17-21).
Quando o homem toma conhecimento dessa verdade, fica confuso
como Nicodemos, que perguntou a Jesus como é que podia um homem, sendo já
velho, nascer de novo,e se era necessário entrar novamente no útero materno.
Nas leituras da missa da vigília, e do domingo de Pentecostes descobrimos que
esse renascimento e essa renovação não dependem do homem, mas é iniciativa de
Deus. Quando celebramos Pentecostes estamos na verdade celebrando o
renascimento de todo gênero humano, a renovação de toda humanidade, onde o
homem, consciente e crente desta renovação, se une a seu Deus e aos irmãos em
comunhão perfeita, na Igreja, que é o Povo da Nova Aliança, a Assembléia ou a
reunião dos que crêm e vivem segundo o Espírito, vivenciando um amor que se
traduz em serviço, impelido pelos carismas.
Igreja não é um grupo fechado e particular que têm exclusividade
sobre o Espírito Santo, monopolizando seus dons e carismas, o Espírito é
derramado sobre todos e não canalizado para alguns em particular como pensam
algumas correntes religiosas. Todos os textos que ilustram essa Festa de
Pentecostes, da missa da Vigília e da própria Festa, não deixam margem para
dúvidas a esse respeito. “Derramarei o meu Espírito sobre todo ser humano” –
(Joel 3, 1) “todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em
outras línguas, conforme o espírito os inspirava. Moravam em Jerusalém, judeus
devotos de todas as nações do mundo, quando ouviram o barulho, juntaram-se á
multidão e cada um os ouvia falarem em sua própria língua” (Atos 2, 4-5)
Através do seu Espírito que é único, Deus se comunica com todos os homens no
pluralismo de valores, de culturas e religiões, em uma única linguagem!
No espírito descobrimos que somos todos iguais embora queiramos
parecer diferentes. Se atendêssemos aos apelos do Espírito, derrubaríamos por
terra todas as barreiras que nos separam e homens de todas as nações, culturas
e religiões, iriam se dar as mãos e em uma única voz cantariam um único louvor,
ao único e verdadeiro Deus, reunidos em uma única Igreja que já não seria mais
este ou aquele templo, esta ou aquela denominação religiosa, mas sim as
entranhas do homem. Eis aí algo esplendido que Pentecostes nos revela: nascemos
de novo e nos renovamos porque Deus em seu Espírito Santo, entra em nós.
“Nossos ossos estavam secos, nossa esperança havia acabado, texto que em
Ezequiel 17, mostra não só a situação de um povo, que tinha perdido a sua
identidade de povo de Deus, mas da própria humanidade, que sem Deus não
consegue sonhar, ou esperar nada de bom, mas só tem pesadelos, e neste mesmo
texto vemos a maravilhosa profecia “Porei em vós o meu Espírito para que
vivais... e os anciãos voltarão a sonhar, e os jovens profetizarão” isso significa
que todos, jovens e velhos poderão esperar algo novo, uma nova e feliz
realidade.
Essa possibilidade se concretizou ao anoitecer daquele dia,
quando Jesus soprou sobre a comunidade dos discípulos, concedendo-lhes o dom da
paz e o seu próprio Espírito. Precisamente ali surgiu a nova humanidade, em uma
Igreja que na força do Espírito Santo perdeu o medo, abriu suas portas que
estavam fechadas e saiu em missão para anunciar a todos os homens essa verdade,
que o Espírito do Senhor nos renovou, que em todos os homens, a graça é maior e
mais abundante que o pecado. E quando todo homem olhar para dentro de si e
tomar consciência dessa verdade, de que é uma Igreja ambulante porque o Senhor
habita nele em Espírito, então passará a produzir os frutos doces e saborosos
da caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, lealdade e
mansidão. Você já fez essa experiência? (Domingo de Pentecostes)
José da Cruz é Diácono
da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0311.htm#msg02
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