COVID 19 E SEUS EFEITOS PSICOSSOCIAIS, EM NEUROCIÊNCIAS
1-A temida quarentena.
Em princípio quarentena é um termo histórico aplicado às doenças
epidêmicas quarentenárias, como cólera, ebola, febre amarela e o tifo
exantemático, o termo “quarentena” tem como definição clássica a imposição de
reclusão aos indivíduos suscetíveis (ou de animais hígidos) pelo período máximo
de incubação de uma doença contagiosa, considerando a data do último contato
com um caso clínico, portador ou fonte ambiental da infecção. E indica que
determinado indivíduo ou animal deve permanecer isolado de outros de igual
natureza durante determinado período pelo risco de transmissão de doenças
contagiosas, com restrição à circulação. Tais medidas foram historicamente
aplicadas em populações para controle de doenças como hanseníase e peste negra,
e mais recentemente, síndrome respiratória aguda (SARS), ebola e as pandemia de
influenza H1N1 (2009-2010).
Quando estamos com medo, por exemplo, o nosso corpo entra em estado de
alerta, o conhecido estado de "fuga ou luta". No nosso cérebro são
desencadeadas várias cascatas, que à luz da neurociência, sobretudo no campo da
PsyNeuroImmune - a ciência que estuda as interações entre o comportamento, as
funções neurais e endócrinas e os processos imunes─ já se sabe que existem
relações diretas entre o sistema nervoso central e o sistema imune. Isso é
justificado através da relação dos tipos de estímulos/ estados emocionais aos
quais o indivíduo é exposto, como: estresse constante, medo, ansiedade e
depressão e a modulação que é gerada no organismo a partir desses estímulos.
Os fatores estressores observados incluem: o próprio estado de
quarentena, o qual implica em modificação da rotina e limitação da mobilidade,
duração prolongada da quarentena, medo de infecções, frustração, tédio,
suprimentos inadequados, informação limitada, perdas financeiras e estigma.
Alguns autores sugerem que os impactos psicológicos prolongados gerados pela
quarentena podem durar até três anos após, e que o histórico de transtorno
mental consiste em fator de risco para a maior durabilidade dos impactos
psicológicos negativos.
O temeroso e claustral isolamento social é defendido por especialistas e
autoridades da saúde de todo o mundo como uma estratégia psicossocial eficiente
contra a propagação do novo coronavírus e da mortandade defendido pela OMS
(Organização Mundial da Saúde) e o Ministério da Saúde brasileiro. Medidas
emergenciais como a quarentena, o fechamento de comércio e proibição de outras
atividades sociais buscando evitar que as pessoas se encontrem ou se aglomerem,
ajudando no controle da pandemia. Dessa forma, é possível frear a curva estatística
de crescimento de casos, evitando totalmente que um grande número de pessoas
fique infectada ao mesmo tempo e sobrecarregue os sistemas de saúde nas pré e
nas UTI’s.
Apesar de contar com apoio praticamente unânime entre autoridades de
saúde e especialistas, o isolamento social é criticado por quem acredita que
ele prejudica a economia e a renda da população e usam a política do isolamento
vertical.
O crítico mais notório dessa estratégia no Brasil e talvez no mundo é o
presidente Jair Bolsonaro com sua logística militar aprovando até o uso com
decreto da temida cloroquina. Seu discurso feito em cadeia nacional afirma
sempre que: “nossa vida tem que continuar, empregos devem ser mantidos e o
sustento da família deve ser preservado”. Estimulando o povo a sair de suas casas
e ir para o campo de batalha se expondo ainda mais ao COVID- 19.
2- Distanciamento Social ou Ampliado, Quarentena
Os termos “isolamento social”, “distanciamento social” e “quarentena”
vêm sendo usados livremente, às vezes como sinônimos. O Ministério da Saúde, no
entanto, oferece definições específicas sobre eles.
Vale lembrar que um grande destaque tem sido atribuído para a
participação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, do sistema nervoso autônomo
simpático e das citocinas nas sinalizações entre o sistema nervoso central
(SNC) e o sistema imune. O sistema endócrino – e, em especial, o eixo
hipotálamo-pituitária adrenal (HPA) – (desempenha funções relacionadas à fome, sede,
libido e sono) é um dos responsáveis pela relação entre esses dois sistemas.
Essa resposta é mediada também por endorfinas, prostaglandina, hormônio do
crescimento e, principalmente, no sistema nervoso autônomo simpático (SNAS). É
O SNAS quem apronta o organismo para reagir ao medo, estresse/ excitação,
preparando o indivíduo e toda a sua "maquinaria interna" para um
estado de prontidão.
É a medida que está sendo aplicada atualmente no país. Consiste no
isolamento de todos os setores da sociedade, que devem ficar em casa para
restringir ao máximo o contato entre as pessoas. O objetivo é reduzir a
velocidade de propagação do vírus para ganhar tempo e equipar os hospitais. A
desvantagem, segundo o ministério, é que, se prolongada, essa medida causa
impactos significativos na economia.
O especialista Guilherme Cunha explica que, quando somos obrigados a nos
isolar – como neste momento de pandemia – ou quando o isolamento é secundário a
uma patologia (depressão, pânico), alterações neuroquímicas, hormonais e de
expressão gênica atuam sobre o cérebro: “Os níveis de dopamina e serotonina se
alteram, nos tornamos irritadiços, intolerantes. Nosso indexador temporal e
registrador de memórias, o hipocampo, uma estrutura do lobo temporal, sofre
estresse oxidativo e fenômenos inflamatórios. Mergulhamos na atemporalidade,
não sabemos a hora do dia, esquecemos nossos compromissos”.
O DISTANCIAMENTO SOCIAL SELETIVO, visa uma estratégia, cujo fim é
apenas os grupos que apresentam maiores riscos de desenvolver a doença, como os
idosos e as pessoas com doenças crônicas (cardiopatias e diabetes, entre
outros), ficariam isolados. Os mais jovens podem circular livremente, caso não
tenham sintomas. O problema é que os grupos vulneráveis continuam tendo contato
com infectados assintomáticos, o que dificulta o controle da epidemia.
Esse tipo de distanciamento foi tentado pelo Reino Unido, mas logo
abandonado.
A vantagem, segundo o ministério, é que criaria gradualmente a chamada
imunidade de rebanho, situação em que a população cria anticorpos. Mas
projeções apontam que esse tipo de abordagem gera um alto número de mortes.
Já o BLOQUEIO TOTAL foi Chamado de lockdown em inglês, é o nível
mais alto de segurança, geralmente usado quando há grave ameaça ao sistema de
saúde. As restrições à circulação de pessoas são obrigatórias e monitoradas
pelos agentes de segurança. É preciso ter permissão para entrar ou sair de uma
área isolada. Embora tenha alto custo econômico, o bloqueio total, adotado em
países como a China, é eficaz na redução da curva de casos. Segundo o ministério,
os países que implementaram o lockdown saíram mais rápido do momento mais
crítico da epidemia.
Em estados de fuga ou luta, aos sobreviventes da pandemia, o corpo
funciona de uma forma mais seletiva, justamente para reforçar a batalha ou a
"saída pela tangente". Por essa seletividade, o corpo tem alguns
processos comprometidos, diante da cascata que o medo gera. Pois, a energia é
direcionada para lugares específicos, como para músculos (para correr ou
batalhar), algumas pessoas não sobrevivem a pandemia do pânico generalizado e
se suicidam por não suportar o estresse, a angústia e as neuroses juntamente
com as doenças psicossomáticas-cardiopatas-neurológicas-psiquiátricas.
3-Dependendo do tempo da quarentena, muitas empresas vão desaparecer
Desemprego e incerteza também foram consequências que impactaram as
pessoas duramente a crise causada pelo novo coronavírus .Pessoas que trabalhavam
no setor administrativo de restaurantes foram demitidos e outros
funcionários a desculpa ou razão foi o motivo real que devido a pandemia
obrigatoriamente iria fechar o restaurante sem noção de tempo e volta, e por ,
a aplicação da quarentena tornaria obrigatória o fechamento dos
estabelecimentos cujas atividades não são consideradas essenciais, como bares e
restaurantes, sob decreto que deveriam fechar as portas por isolamento e evitar
aglomerações de pessoas.
Preocupantemente as dívidas acumuladas, os fechamentos de bares e
restaurantes culminaram também no desemprego de quem trabalha em fábricas e pessoas responsáveis
pelo almoxarifado cuja dispensa se darão em razão da queda nas vendas. Ser
e receber um comunicado de dispensa por corte de gastos, são reais e
verdadeiros relatos em tempos de Covid 19. Até motoristas com seu caminhão
de entregas foram demitidos se as fábricas suspenderam as atividades de
produção comprometendo o sustento de trabalhadores.
Obviamente o 'Cenário catastrófico' irá para outros setores que também
prevê demissões em massa que é o de lojas. A Associação Brasileira dos Lojistas
Satélites (Ablos) estima que cerca de 4 milhões de pessoas que trabalham na
área podem ficar desempregadas, pois quase todos os centros de compras do país
fecharam suas portas por tempo indeterminado nas últimas semanas. O cenário da
real pandemia é catastrófico. A gente não sabe quanto tempo os shoppings
mofando e os comércios de rua vão ficar fechados. As pessoas vão ficar sem
trabalhar e sem retorno financeiro com algumas casses podendo contar com o Auxílio
Emergencial do governo federal de 600 reais por 3 meses desesperadores. A
população vai empobrecer, definhar, adoecer por falta de nutrientes se ONGs e
movimentos caritativos populacionais não chegar nos lugares onde o governo
desconhece sua real situação de pobreza e empobrecimento vitimizando um número
enorme de pessoas já debilitadas pela sua psicossocial vida precária. Muita
gente passando o ponto em cidades e outros literalmente falindo comercialmente até
chegar uma ajuda governamental como empréstimo a pequenas e grandes empresas.
Nestes cenários de pandemia é impossível não sentir medo, estresse,
pânico, levam à diminuição da resposta imune celular e um aumento na resposta humoral,
o que favorece a susceptibilidade às infecções!!! É preciso manter a calma
diante da pandemia e não "desperdiçar" a bendita imunidade à
toa! Cuidemos da nossa saúde mental, sejamos empáticos com o outro (mesmo
de longe).
Perdemos o sono, ou dormimos demais. Comemos pouco, ou comemos demais.
Segundo ele, a pandemia do coronavírus tem nos ensinado, mais do que nunca, que
Hebb estava certo. “Valorize suas conexões. Seus neurônios agradecem. ”
Neurocientistas, recomendam que o isolamento agressivo já é fonte de
vários estudos e pesquisas pelo mundo para saber como o cérebro reage nessa
situação de pânico psicossocial empresarial. Há casos extremos com prisioneiros
de guerra, com a privação de estímulo em solitárias chegando ao estado de
alucinações; até com ratos, que entram em depressão e depois têm dificuldade de
se relacionar novamente. No caso imposto pelo risco de contágio da COVID-19,
ela explica que quando se tem uma situação de estresse provocada pela mudança
abrupta, o sistema nervoso produz substâncias que preparam o corpo para lidar
com aquela situação que se apresenta. “Assim, o sistema nervoso simpático é o
primeiro a ser ativado, é o que chamamos de luta e fuga, quando há liberação do
cortisol, conhecido como o hormônio do estresse.
A pupila dilata, relaxa os brônquios, acelera os batimentos cardíacos,
estimula a liberação de glicose pelo fígado, entre outras ações. ” Em vista
disto muitos infartos e acidentes vasculares encefálicos acometeram nos que
estão ou iram ficar sem chão nesta pandemia.
4- Morte por fome e doenças adversas paralelamente
A crise do coronavírus poderá jogar mais de 265 milhões de pessoas para
uma situação de fome. O alerta está sendo publicado nesta terça-feira pela ONU
e pela FAO, num informe sobre a desnutrição no mundo em 2019 e as projeções
para 2020. Se no ano passado a estimativa era de 130 milhões de pessoas estavam
em uma situação severa de fome. Para 2020, porém, as estimativas apontam para a
possibilidade de que esse número dobre, principalmente nos países mais pobres
do mundo.
O "Covid-19 é potencialmente catastrófico para milhões de pessoas
que estão por um fio", da pobreza e doenças autoimunes. Numa reunião
mantida pelo G-20, o governo americano bloqueou uma declaração final sob a
alegação de que não aceitaria o papel central dado para a OMS, organização
mundial da saúde, numa resposta à pandemia. Entretanto, se você comparar o
coronavírus com a gripe, podemos ver que o covid-19 é cerca de 10 vezes mais
grave, em média, porque a mortalidade da gripe é muito baixa, apenas uma pessoa
em cada 10 mil morre. Logo, o cenário muda radicalmente se o novo coronavírus
for comparado com outras doenças infecciosas graves, como a raiva (que é
transmitida ao homem normalmente pela mordida de animais domésticos) e o Ebola.
"A raiva tem uma taxa de mortalidade de aproximadamente 95%, enquanto a do
Ebola é de 50%. Essas são doenças muito graves e conhecidas, definitivamente
apavorantes e mais graves que o coronavírus". Ainda assim, especialistas
acrescentam que a propagação dessas doenças não é tão eficaz quanto a da
covid-19.
Por sua vez, temos outros vírus que são mais bem-sucedidos em matar
pessoas e que não se espalham facilmente. Portanto, não esperamos que ocorram
pandemias globais dessas outras infecções graves. A pesquisa do CCDC afirma que
cerca de 80,9% das novas infecções por coronavírus são classificadas como
leves, 13,8% como graves e apenas 4,7% como críticas, o que inclui quadro de
insuficiência respiratória, falência múltipla dos órgãos e sepse. Diante desses
dados, o então presidente da OMS, Tedros Adhan sinalizou-nos em sua fala que a
covid-19 não é tão mortal quando comparada a outros corona-vírus previamente
registrados, como a síndrome respiratória aguda grave (Sars) e a síndrome
respiratória do Oriente Médio (Mers). Mas, o risco de morte no caso da Sars,
por exemplo, era muito maior quando o surto eclodiu em 2003, com uma taxa de
mortalidade de aproximadamente 10% — foram contabilizados 8 mil casos, sendo
774 mortes. Já a taxa de mortalidade da Mers girava em torno de 20% a 40%,
dependendo do local.
Para nosso espanto Benjamin Cowling, professor de Epidemiologia da
Universidade de Hong Kong, disse à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da
BBC, que a covid-19 é "definitivamente menos grave que outros
coronavírus".
Por fim as atitudes que todos deveriam ter para evitar este descompasso
e sobreviver na pandemia:
Primeiro, não durma demais. Ou seja, não pule as alimentações. Se quiser
dormir um pouco mais, faça-o, mas sem deixar de tomar o café da manhã, se
está acostumado a agir assim. Em segundo lugar, obedeça a um padrão de café da
manhã, almoço e jantar. “O cérebro vai entender que você está numa rotina. E
mantê-la funcionando é fundamental para não desregular a dopamina e a
serotonina, dois hormônios importantes que regulam o bem-estar e a motivação.”
Em terceiro lugar, Luiz Garcia chama a atenção para a importância de se
organizar, ou seja, planeje sua semana. O que vai fazer na parte da manhã, à
tarde e à noite. E, por último, prepare-se para o trabalho. Se está acostumado
a tomar banho e ir trabalhar, faça isso. Mesmo que seja para mudar de cômodo.
Só a roupa não tem de ser a formal, de trabalho.
Portanto, para proteger a sua sanidade e manter o cérebro trabalhando
sem sobrecarregá-lo com mais mudanças do que as já impostas e incontroláveis diante
das circunstâncias, procure cuidar da alimentação, não negligencie o
sono, mexa-se (é possível, sim, mesmo dentro de casa) e encontre uma
maneira de se conectar com as pessoas (WhatsApp, crie grupos, Facebook, e-mail,
telefone, skype, da janela, chamada de vídeo), sempre respeitando as regras de
segurança para evitar a contaminação pela COVID-19.
REFERÊNCIAS
ALVES, Glaucie Jussilane; PALERMO-NETO, João. Neuroimunomodulação:
sobre o diálogo entre os sistemas nervoso e imune Neuroimmunomodulation: the cross-talk
between nervous and immune systems. Rev Bras Psiquiatr, v. 29, n. 4, p. 363-9,
2007.
CATTANEO, A.;
RIVA, M. A. Stress-induced mechanisms in mental illness: a role for
glucocorticoid signalling. The Journal of steroid biochemistry and molecular biology,
v. 160, p. 169-174, 2016.
Kandel,
E., Schwartz, J., & Jessel, T. Principles of Neural Science, ed. 4. 2014.
(*) (Neuropsicanálista-pesquisador e bolsista de Neurociências em
Harvard/2019-2020)
adisonlpo@gmail.com (022)988200603
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