V- REFLEXÕES
5.1- REFLEXÃO I FINADOS
Um dos textos da Liturgia da Missa por todos
os fiéis defuntos é a narração da ressurreição de Lázaro. As suas irmãs, Marta
e Maria, mandam a Jesus um recado simples: “aquele a quem amas está enfermo”.
Elas sabem que Jesus entenderá. Inicialmente, Jesus aparenta não dar
importância: “esta doença não é de morte, mas para manifestar a Glória de
Deus.” Mas Ele sabe exatamente o que está acontecendo: não lhe escapa nada.
Permaneceu ainda dois dias em Jerusalém, antes de sair para Betânia. A seguir
decide sair: “Lázaro dorme: vamos despertá-lo”. Fala da morte como um sono. As
duas irmãs sabem que Jesus vai atendê-las. Têm certeza da bondade do seu
coração. Sabem que Jesus os ama de verdade. Demonstram grande confiança, quando
Jesus chega. Sua fé se manifesta numa oração confiante: “Se tivesses estado
aqui, meu irmão não morreria”. Jesus define o seu poder divino de maneira
solene: “Eu sou a ressurreição e a vida... Todo aquele que crê em mim, mesmo
que esteja morto viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para
sempre”. “Crês isto?” Depois pergunta: “Onde o pusestes?” Vão até o sepulcro.
Jesus manda tirar a grande pedra colocada na porta do túmulo. Quando as viu
chorando, e os judeus também, Jesus se comove e o Evangelho diz: “Jesus
chorou”. Depois, eleva sua oração ao Pai, e faz um milagre com que prova sua
divindade e seu poder sobre a morte, res- suscitando Lázaro, que já estava
sepultado há quatro dias. Assim Jesus confirma a fé dos seus discípulos e,
hoje, também a nossa fé. Jesus é a causa da nossa ressurreição. S. Agostinho
interpreta este milagre de Jesus num sentido espiritual: “Cristo chorou: chore
também o homem sobre si mesmo. Porque Cristo chorou senão para ensinar o homem
a chorar?” Cho- remos nós também, mas pelos nossos pecados, para que volte- mos
à vida da graça pela conversão e pelo arrependimento. Não desprezemos as
lágrimas do Senhor, que chora por nós, pecado- res. “Desligai-o”: Lázaro saiu
com os pés e as mãos atados e o rosto coberto com um sudário. Tal era o costume
dos judeus. “Soltai-o, tirai-lhe o sudário, e deixai-o ir. Tirai a venda dos
olhos.” Na Confissão, pelas palavras de Cristo pronunciadas pelo sacerdote,
nossos pecados são perdoados: “Eu te absolvo em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo”. Nessa perspectiva se entende bem o sacramento da Confissão:
queremos também nós ressus- citar e começar uma vida nova. Temos ao nosso
alcance o Sacramento da Confissão, em que Jesus nos perdoa e a Comunhão, que é
uma antecipação do Céu. Devemos pensar que muitas al- mas estão no purgatório
esperando nossos sufrágios. Elas não podem fazer nada para merecer, só
esperar... E estão esperando a nossa ajuda, para sair de lá. Podem estar lá
pessoas conhecidas, parentes… Temos o dever de re- zar pelas pessoas da nossa
família e também por todas as almas do Purgatório. Imaginemos como estaríamos
ansiosos por sair de lá para entrar no Céu! Nós pode- mos ajudar a tirá-las de
lá, oferecendo sufrágios, principalmente as Missas que assistimos nesse mês. A
Igreja na sua função de dispensadora das graças de Deus, concede indulgências
plenárias (pagamento da pena de dano) só aplicáveis aos mortos, nas seguintes
condições: do dia 01 ao 08 de novembro, visitar um cemitério e lá rezar uma
oração pelos defun- tos; no dia 2 de novembro, visitar uma Igreja e rezar um
Pai nosso e o Credo. Além dessas obras é preciso ter comungado e confessado na
semana e rezar uma oração pelo Papa.
Dom Carlos Lema Garcia Bispo Auxiliar de São
Paulo
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-47a-60-comemoracao-de-todos-os-fieis-defuntos.pdf
5.2- REFLEXÃO II: “EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA” (Jo 11,
25)
Queridos
irmãos e irmãs, no Cristo Ressuscitado..! Jesus é a nossa esperança de vida
eterna. Pois sem Ele, aonde iremos..? Só Jesus tem palavras, de vida
eterna..?! No evangelho Ele nos diz: " Eu sou a ressurreição e a
vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em
mim, não morrerá jamais." "Crês isto..?" Esta
pergunta o Senhor fez, à dois mil anos atrás, a sua discípula Marta, irmã
de Lázaro, e atualiza todos os dias para nós, no seu corpo mistico,
através da sagrada Eucaristia.
O justo vive pela fé..! ( Hb 10,38 ) Essa é a nossa fé Cristã,
pois já dizia São Paulo na carta aos Corintios: Se a nossa esperança, for só
para esta vida, somos então, os mais infelizes dos homens. ( 1 Cor 15,
12-19 ) O dia que hoje celebramos, é dominado pela saudade afetuosa, das pessoas
falecidas, que nós amávamos quando vivas. Todos nós sem exceção, temos em
nossas mentes, recordações, saudades e prantos, pelos nossos, que estão na
eternidade.
O choro as lembranças, pelos entes queridos, fazem parte do ser humano,
porque somos assim; temos sentimentos! Como o Senhor Jesus falou: "Estão
no mundo, mas não são do mundo." Nós não somos deste mundo, estamos de
passagem; somos cidadãos do céu, e é, para lá que iremos."( Jo 17,16
) Jesus também chorou, a ausência de Lazaro, quando chegou em Betânia, e
como chorou lágrimas de sangue, sobre a própria morte, lá no horto das
Oliveiras. ( Mt 26,37-38 )
Quando morremos, deixamos esta condição física, e continuamos como pessoas,
pois nossa alma espiritual, volta para junto de Deus. É justo que neste
dia de finados, demos espaço para estas pessoas queridas, para que possam,
reviver em nosso piedoso afeto, e em nossas orações. As flores, as homenagens,
as velas que acendemos, são para Deus, em agradecimentos, pelas pessoas
que passaram por nossas vidas, e agora acreditamos que estão na glória de Deus,
no gozo bem-aventurado.
Nós cristãos cremos que, os nossos mortos vivem num sentido, bem mais
verdadeiro e pleno: Estão na eternidade; estão "em
Deus."A morte não é o final de uma caminhada aqui na terra, mas é um
começo de uma vida eterna, Nosso Senhor nos garantiu a vida eterna, dando sua
vida para derrotar a morte eterna. Por isso com fé salmodiemos com
alegria: "O Senhor é a minha luz e salvação..!" ( Sl 26 )
Por isso, nós cristãos, esperançosos da vida eterna, não falamos dessa morte,
mas falamos do outro rosto dela: Daquele que somente a palavra de Deus pode nos
revelar. O rosto da morte que perdeu seu aguilhão e foi engolido pela
vitória da ressurreição de Cristo, e não ameaça mais nosso ser espiritual da
destruição total. Por isso devemos sem cessar proclamar que Jesus Cristo é o
Senhor, da nossa salvação. ( 1 Cor 15,54 )
O Catecismo da Igreja Católica nos diz: "Para ressuscitar com Cristo é
preciso morrer com Cristo, é preciso "deixar a mansão deste corpo para ir
morar junto do Senhor" ( Cor 5,8 ). Nesta partida que é a morte, a
alma é separada do corpo. Ela será reunida a seu corpo no dia da ressurreição
dos mortos." ( CIC 1005)
" A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo e da
graça e da misericórdia que Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre
segundo o projeto divino e para decidir seu destino último."
"Assim como Cristo ressuscitou e vive para sempre, todos nós
ressuscitaremos no último dia. Nós cristãos católicos, "cremos na
verdadeira ressurreição desta carne que possuímos agora. Contudo,
semeia-se no túmulo um corpo corruptível, ele ressuscita um corpo
incorruptível, um corpo espiritual." ( 1 Cor 15,44 ) ( CIC 1017
)
Então não haverá mais lagrimas, dor, tristeza... porque, no fim de tudo, Deus
ressuscitará seus filhos e filhas queridos, como ressuscitou Jesus Cristo do
vale da morte. Essa é a nossa fé, e nossa esperança...! São Paulo na
segunda leitura de hoje nos encoraja: "Será que ignorais que todos nós,
batizados em Jesus Cristo, é na sua morte, fomos sepultados com Ele, para que,
como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também nós levemos
uma vida nova." ( Rm 6,3-4 )
Esta vida nova se chama "Vida Eterna," que Nosso Senhor Jesus Cristo conquistou
para cada um de nós. "Se, pois, morremos com Cristo, cremos que também
viveremos com Ele. Para entender o mistério da morte, precisamos da fé, devemos
crer que ela foi vencida, uma vez por todas, no momento em que Jesus passou por
ela, extraindo-lhe todo veneno, e glorioso ressuscitou. "Eu sei que meu
redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que
tiverem destruído esta minha pele, na minha carne verei a Deus." ( Jó
19,25-27 ) Aleluia..! Amém!
Jesus é o Senhor!
TEXTO ELABORADO DA HOMILIA DE CANTALAMESSA "O
VERBO SE FAZ CARNE; Pg 857- 859; DEUS CONOSCO dia a dia Pg 31-33 - ANO
"A" NOVEMBRO 2014 - CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA - BÍBLIA AVE MARIA.
oseinacioh.blogspot.com/2014/10/evangelho-sao-joao-1117-27-comemoracao.html
5.3-REFLEXÃO III- REZAR PELOS MORTOS: NOSSO COMPROMISSO DE FÉ!
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro
(RJ)
As
orações, na intenção das pessoas que já faleceram, são expressão da ligação e
do amor que temos para com elas. Através das nossas preces, gostaríamos de
ajudá-las no momento da morte a se decidirem por Deus. É um sinal do nosso amor
e da nossa solidariedade. Para o amor, a morte não é um limite. Na morte de um
cristão, as possibilidades de se ajudar e de se doar não deixam de existir.
Encontramos essa prática já no Antigo Testamento. Um dos testemunhos mais
claros está em 2Mc 12,38-45, onde encontramos além da fé na ressurreição, a
prática de oração e ajuda pelos mortos. Claro que precisamos compreender este
auxílio e purificação após a morte dentro da prática da Igreja que chamamos de
comunhão dos santos.
Fazemos parte do corpo
de Cristo que é a Igreja. Ensina-nos o Concílio Ecumênico Vaticano II, na
Constituição Dogmática Lumem
Gentium 49, que essa Igreja é peregrina na terra, triunfante
no céu e padecente nesse processo de purificação. Por formarmos um único corpo,
é que podemos ir em socorro dos nossos irmãos e irmãs falecidos, assim como
podemos contar com a intercessão dos santos e santas que já estão junto de
Deus. Ou seja, assim como no nosso corpo humano um membro beneficia o outro, no
corpo espiritual, que é a Igreja, acontece o mesmo, o bem de cada um dos
membros comunica-se a todos (1Cor 12,26).
Fique
claro que não nos comunicamos com os mortos, mas fazemos comunhão com eles por
meio do amor e da oração. Nós amamos na terra, eles nos amam no céu, nós
rezamos na terra, eles louvam nos céus. E não há dúvidas que assim como temos o
auxílio dos santos, nós podemos, com nossas orações, ajudar os que já morreram.
Na
oração pelos mortos como fazemos na Santa Missa que celebramos, não existe
barreira entre céu e terra, entre vivos e mortos. Na Santíssima Eucaristia,
participamos do banquete eterno, que os nossos entes queridos celebram, agora,
junto com Deus. Podemos experienciar a comunhão com eles, que celebram as bodas
eternas no mesmo momento.
Tenhamos
presente que rezamos pelos mortos. Os bem-aventurados (santos) não precisam das
nossas orações, por isso rezamos com eles invocando a sua intercessão. E
rezamos pelos mortos na certeza de que nossas preces podem ajudá-los no
encontro definitivo com Deus.
Vale
lembrar que é parte da nossa fé a doutrina do purgatório. E é aqui que se
justifica a nossa oração pelos mortos. Mas tenhamos presente que purgatório não
é lugar. Por isso, não devemos pensá-lo nas categorias de tempo e espaço. Como
se uma pobre alma permanecesse ali por tanto tempo afim de expiar os pecados.
Alguns teólogos católicos compreendem o purgatório como sendo a imagem do
encontro pessoal com Deus. No encontro com Ele, que nos ama, reconhecemos a dor
que causamos aos outros com nossos pecados e sofremos a dor do arrependimento.
Não podemos dizer quanto tempo leva essa dor, pois como dizíamos, fugimos das
categorias de tempo e espaço.
Como
dificilmente nos encontramos preparados para a morte, cremos na possibilidade
da solidariedade na expiação dos pecados de uns pelos outros. Uma vez que após a
morte não é possível fazer mais nada por si mesmo, os que morrem no pecado têm
necessidade da intercessão dos outros membros da Igreja. Desse modo, como
membros do Corpo de Cristo, podemos auxiliar nossos irmãos que morreram no
pecado com nossas orações.
Santo
Agostinho diz que as obras de misericórdia são a melhor ajuda que podemos
prestar aos mortos. Ou seja, o bem que ficou a meio caminho naqueles que
morreram, continua a ser feito em comunhão com o bem praticado pelos que amam
seus mortos. Nossa oração é uma expressão do nosso amor. Gostaríamos de poder
mostrar que não os esquecemos, que eles nos são importantes.
O
sete é um número simbólico e na Bíblia indica perfeição, uma oração contínua em
favor dos nossos entes queridos. Até porque, recordamos que na obra da criação,
o 7º dia é o dia do descanso (Gn 2,3), e nós rezamos pelo descanso eterno da
pessoa que morreu. Mas também temos a tradição do luto de sete dias que nós
encontramos na Bíblia: José fez um luto de sete dias pelo seu pai Jacó (Gn
50,10); Saul foi enterrado e fizeram um jejum de sete dias (1Sm 31,13); O povo
chorou a morte de Judite durante sete dias (Jt 16,24); O luto por um morto dura
sete dias (Eclo 22,13). E esse período de luto é comumente concluído, na
tradição católica, com a missa de 7º dia.
O
sete é uma medida temporal, vale para nós, enquanto Igreja Peregrina, enquanto
seres medidos pelo tempo. Mas não vale mais para os nossos mortos, pois
passados pelo juízo particular, eles participam da eternidade de Deus.
Por
isso, celebrar a Eucaristia por alguém falecido é expressão da nossa comunhão.
Continuamos lembrando dele, não o abandonamos, o consideramos parte de nós. E é
muito importante que quando encomendamos uma intenção de missa, participar da
celebração. É muito triste quando, às vezes, inclusive em missas de 7º dia,
nenhum familiar encontra-se na Igreja. Não deveríamos terceirizar o nosso amor
por um ente que chamamos de querido.
Neste
sentido, do dia 1º ao dia 8 de novembro, aos fiéis que visitarem o cemitério e
rezarem, mesmo só mentalmente, pelos defuntos, concede-se uma Indulgência
Plenária, só aplicável aos defuntos: diariamente, do dia 1º ao dia 8 de
novembro, nas condições de costume, isto é: confissão sacramental, comunhão
eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice. Neste ano, devido a
pandemia, esse prazo foi prorrogado até o final do mês pela Penitenciaria
Apostólica. Isso já aconteceu no ano passado.
Ainda
neste dia, em todas as Igrejas, oratórios públicos ou semipúblicos, igualmente
lucra-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos: a obra que se
prescreve é a piedosa visitação à Igreja, durante a qual se deve rezar a Oração
Dominical e o Símbolo (Pai nosso e Creio) confissão sacramental, comunhão
eucarística e oração na intenção do Sumo Pontífice (que pode ser um Pai Nosso e
Ave Maria, ou qualquer outra oração conforme inspirar a piedade e devoção).
Reze
hoje pelos que te precederam na vida eterna. Amanhã, outros também irão rezar
por ti! Que os fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz.
Amém!
https://www.cnbb.org.br/cardeal-orani-rezar-pelos-mortos-compromisso-de-fe/