A FESTA DO
SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO - CORPUS CHRISTI - 03 DE JUNHO
Corpus
Christi significa Corpo de Cristo. É uma festa religiosa da Igreja Católica que
tem por objetivo celebrar o mistério da eucaristia, o Sacramento do Corpo e do Sangue
de Jesus Cristo.
A
festa de Corpus Christi acontece sempre 60 dias depois do Domingo de Páscoa ou na
quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, em alusão à Quinta-feira
Santa quando Jesus instituiu o sacramento da Eucaristia.
História da Solenidade de Corpus Christi (1)
No
final do século XIII surgiu em Lieja, Bélgica, um Movimento Eucarístico cujo centro
foi a Abadia de Cornillon fundada em 1124 pelo Bispo Albero de Lieja.
Este
movimento deu origem a vários costumes eucarísticos, como por exemplo, a Exposição
e Bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos durante a elevação na Missa e
a festa do Corpus Christi.
Santa
Juliana de Mont Cornillon, naquela época priora da Abadia, foi a enviada de Deus
para propiciar esta Festa.
A
santa nasceu em Retines perto de Liège, Bélgica em 1193. Ficou órfã muito pequena
e foi educada pelas freiras Agostinianas em Mont Cornillon.
Quando
cresceu, fez sua profissão religiosa e mais tarde foi superiora de sua comunidade.
Morreu em 5 de abril de 1258, na casa das monjas Cistercienses em Fosses e foi enterrada
em Villiers.
Desde
jovem, Santa Juliana teve uma grande veneração ao Santíssimo Sacramento. E sempre
esperava que se tivesse uma festa especial em sua honra.
Este
desejo se diz ter intensificado por uma visão que teve da Igreja sob a aparência
de lua cheia com uma mancha negra, que significava a ausência dessa solenidade.
Juliana
comunicou estas aparições a Dom Roberto de Thorete, o então bispo de Lieja, também
ao douto Dominico Hugh, mais tarde cardeal legado dos Países Baixos e Jacques Pantaleón,
nessa época arquidiácono de Lieja, mais tarde o Papa Urbano IV.
A Decisão por Sínodo
O
bispo Roberto focou impressionado e, como nesse tempo os bispos tinham o direito
de ordenar festas para suas dioceses, invocou um sínodo em 1246 e ordenou que a
celebração fosse feita no ano seguinte.
Ao
mesmo tempo o Papa ordenou, que um monge de nome João escrevesse o ofício para essa
ocasião. O decreto está preservado em Binterim (Denkwürdigkeiten, V.I. 276), junto
com algumas partes do ofício.
Dom
Roberto não viveu para ser a realização de sua ordem, já que morreu em 16 de outubro
de 1246, mas a festa foi celebrada pela primeira vez no ano seguinte a quinta-feira
posterior à festa da Santíssima Trindade.
Mais
tarde um bispo alemão conheceu os costumes e a o estendeu por toda a atual Alemanha.
O
Papa Urbano IV, naquela época, tinha a corte em Orvieto, um pouco ao norte de Roma.
O Milagre de Bolsena
Muito
perto desta localidade está Bolsena, onde em 1263 ou 1264 aconteceu o Milagre de
Bolsena: um sacerdote que celebrava a Santa Missa teve dúvidas de que a Consagração
fosse algo real., no momento de partir a Sagrada Forma, viu sair dela sangue do
qual foi se empapando em seguida o corporal.
A
venerada relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 de junho de 1264. Hoje
se conservam os corporais (onde se apoia o cálice e a patena durante a Missa) em
Orvieto, e também se pode ver a pedra do altar em Bolsena, manchada de sangue.
O
Santo Padre movido pelo prodígio, e a petição de vários bispos, faz com que se estenda
a festa do Corpus Christi a toda a Igreja por meio da bula “Transiturus” de 8 setembro
do mesmo ano, fixando-a para a quinta-feira depois da oitava de Pentecostes e outorgando
muitas indulgências a todos que assistirem a Santa Missa e o ofício.
Em
seguida, segundo alguns biógrafos, o Papa Urbano IV encarregou um ofício (a liturgia
das horas) a São Boaventura e a Santo Tomás de Aquino; quando o Pontífice começou
a ler em voz alta o ofício feito por Santo Tomás, São Boaventura foi rasgando o
seu em pedaços.
A
morte do Papa Urbano IV (em 2 de outubro de 1264), um pouco depois da publicação
do decreto, prejudicou a difusão da festa.
Mas
o Papa Clemente V tomou o assunto em suas mãos e no concílio geral de Viena (1311)
ordenou mais uma vez a adoção desta festa.
Em
1317 é promulgada uma recompilação de leis -por João XXII- e assim a festa é estendida
a toda a Igreja.
A
Procissão
Nenhum
dos decretos fala da procissão com o Santíssimo como um aspecto da celebração. Porém
estas procissões foram dotadas de indulgências pelos Papas Martinho V e Eugênio
IV, e se fizeram bastante comuns a partir do século XIV.
A
festa foi aceita em Cologne em 1306; em Worms a adoptaram em 1315; em Strasburg
em 1316. Na Inglaterra foi introduzida da Bélgica entre 1320 e 1325. Nos Estados
Unidos e nos outros países a solenidade era celebrada no domingo depois do domingo
da Santíssima Trindade.
Na
Igreja grega a festa de Corpus Christi é conhecida nos calendários dos sírios, armênios,
coptos, melquitas e os rutínios da Galícia, Calábria e Sicília.
Finalmente,
o Concílio de Trento declara que muito piedosa e religiosamente foi introduzida
na Igreja de Deus o costume, que todos os anos, determinado dia festivo, seja celebrado
este excelso e venerável sacramento com singular veneração e solenidade; e reverente
e honorificamente seja levado em procissão pelas ruas e lugares públicos.
Nisto
os cristãos expressam sua gratidão e memória por tão inefável e verdadeiramente
divino benefício, pelo qual se faz novamente presente a vitória e triunfo sobre
a morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A arte dos Tapetes de Rua na festa de Corpus Christi (2)
A
procissão de Corpus Christi lembra a caminhada do povo de Deus, peregrino, em busca
da Terra Prometida.
O
Antigo Testamento diz que o povo peregrino foi alimentado com maná, no deserto.
Com
a instituição da eucaristia o povo é alimentado com o próprio corpo de Cristo.
Durante esta festa são celebradas
missas festivas e as ruas são enfeitadas para a passagem da procissão onde é conduzido
geralmente pelo Bispo, ou pelo pároco da Igreja, o Santíssimo Sacramento que é acompanhado
por multidões de fiéis em cada cidade brasileira.
A
tradição de enfeitar as ruas começou pela cidade de Ouro Preto em Minas Gerais.
A
procissão pelas vias públicas é uma recomendação do Código de Direito Canônico que
determina ao Bispo Diocesano que tome as providências para que ocorra toda a celebração,
para testemunhar a adoração e veneração para com a Santíssima Eucaristia.
A
confecção de tapetes de rua é uma magnífica manifestação de arte popular que tem
como origem a comemoração do Corpus Christi.
Como são feitos os tapetes
Utilizando
diversos tipos de materiais, como serragem colorida, borra de café, farinha, areia
e alguns pequenos acessórios, como tampinhas de garrafas, flores e folhas, as pessoas
montam, com grande arte, um tapete pelas ruas, com dizeres e figuras relativas ao
assunto.
É
uma das mais tradicionais festas do Brasil e é comemorado no país desde a chegada
dos portugueses.
No
Brasil, a tradição de se fazer os tapetes de ruas acontece em inúmeras cidades,
geralmente com voluntários que começam os preparativos dias antes da solenidade
e varam a noite trabalhando.
Algumas
cidades onde é possível encontrar esse tipo de arte popular: Castelo (ES), Matão
(SP), Caçapava (SP), Santana de Parnaíba (SP), Atibaia (SP), Florianópolis (SC),
Ouro Preto (MG), Cabo Frio (RJ), Flores da Cunha (RS),São João Del Rei (MG) e muitas
outras cidades brasileiras.
(1) http://www.acidigital.com/fiestas/eucaristia/historia.htm
(2) http://www.portaldafamilia.org/datas/corpus/corpuschristi1.shtml
O sentido
da celebração
Na
quinta-feira, após a solenidade da Santíssima Trindade, a Igreja celebra devotamente
a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, festa comumente chamada de
Corpus Christi.
A
motivação litúrgica para tal festa é, indubitavelmente, o louvor merecido à Eucaristia,
fonte de vida da Igreja.
Desde
o princípio de sua história, a Igreja devota à Eucaristia um zelo especial, pois
reconhece neste sinal sacramental o próprio Jesus, que continua presente, vivo e
atuante em meio às comunidades cristãs.
Celebrar
Corpus Christi significa fazer memória solene da entrega que Jesus fez de sua própria
carne e sangue, para a vida da Igreja, e comprometer-nos com a missão de levar esta
Boa Nova para todas as pessoas.
Poderíamos
perguntar se na Quinta-Feira Santa a Igreja já não faz esta memória da Eucaristia.
Claro que sim! Mas na solenidade de Corpus Christi estão presentes outros fatores
que justificam sua existência no calendário litúrgico anual.
Em
primeiro lugar, no tríduo pascal não é possível uma celebração festiva e alegre
da Eucaristia.
Em
segundo lugar, a festa de Corpus Christi quer ser uma manifestação pública de fé
na Eucaristia. Por isso o costume geral de fazer a procissão pelas ruas da cidade.
Enfim,
na solenidade de Corpus Christi, além da dimensão litúrgica, está presente o dado
afetivo da devoção eucarística.
O
Povo de Deus encontra nesta data a possibilidade de manifestar seus sentimentos
diante do Cristo que caminha no meio do Povo.
Origem da
solenidade
Na
origem da festa de Corpus Christi estão presentes dados de diversas significações.
Na Idade Média, o costume que invadiu a liturgia católica de celebrar a missa com
as costas voltadas para o povo, foi criando certo mistério em torno da Ceia Eucarística.
Todos
queriam saber o que acontecia no altar, entre o padre e a hóstia. Para evitar interpretações
de ordem mágica e sobrenatural da liturgia, a Igreja foi introduzindo o costume
de elevar as partículas consagradas para que os fiéis pudessem olhá-la. Este gesto
foi testemunhado pela primeira vez em Paris, no ano de 1200.
Entretanto,
foram as visões de uma freira agostiniana, chamada Juliana, que historicamente deram
início ao movimento de valorização da exposição do Santíssimo Sacramento.
Em
1209, na diocese de Liége, na Bélgica, essa religiosa começa a ter visões eucarísticas,
que se vão suceder por um período de quase trinta anos.
Nas
suas visões ela via um disco lunar com uma grande mancha negra no centro. Esta lacuna
foi entendida como a ausência de uma festa que celebrasse festivamente o sacramento
da Eucaristia.
Nasce a festa
do Corpus Christi
Quando
as ideias de Juliana chegaram ao bispo, ele acabou por acatá-las, e em 1246, na
sua diocese, celebra-se pela primeira vez uma festa do Corpo de Cristo.
Seja
coincidência ou providência, o bispo de Juliana vem a tornar-se o Papa Urbano IV,
que estende a festa de Corpus Christi para toda Igreja, no ano de 1264.Mas a difusão
desta festa litúrgica só será completa no pontificado de Clemente V, que reafirma
sua significação no Concilio de Viena (1311-1313).
Alguns
anos depois, em 1317, o Papa João XXII confirma o costume de fazer uma procissão,
pelas vias da cidade, com o Corpo Eucarístico de Jesus, costume testemunhado desde
1274 em algumas dioceses da Alemanha.
O
Concílio de Trento (1545-1563) vai insistir na exposição pública da Eucaristia,
tornando obrigatória a procissão pelas ruas da cidade. Este gesto, além de manifestar
publicamente a fé no Cristo Eucarístico, era uma forma de lutar contra a tese protestante,
que negava a presença real de Cristo na hóstia consagrada.
Atualmente
a Igreja conserva a festa de Corpus Christi como momento litúrgico e devocional
do Povo de Deus. O Código de Direito Canônico confirma a validade das exposições
públicas da Eucaristia e diz que ·principalmente na solenidade do Corpo e Sangue
de Cristo, haja procissão pelas vias públicas· (cân. 944).
A celebração
do Corpo de Cristo
Santo
Tomás de Aquino, o chamado doutor angélico, destacava três aspectos teológicos centrais
do sacramento da Eucaristia.
Primeiro,
a Eucaristia faz o memorial de Jesus Cristo, que passou no meio dos homens fazendo
o bem (passado). Depois, a Eucaristia celebra a unidade fundamental entre Cristo
com sua Igreja e com todos os homens de boa vontade (presente).
Enfim,
a Eucaristia prefigura nossa união definitiva e plena com Cristo, no Reino dos Céus
(futuro).A Igreja, ao celebrar este mistério, revive estas três dimensões do sacramento.
Por
isso envolve com muita solenidade a festa do Corpo de Cristo. Não raro, o dia de
Corpus Christi é um dia de liturgia solene e participada por um número considerável
de fiéis (sobretudo nos lugares onde este dia é feriado).
As
leituras evangélicas deste dia lembram-nos a promessa da Eucaristia como Pão do
Céu (Jo 6, 51-59 – ano A), a última Ceia e a instituição da Eucaristia (Mc 14, 12-16.22-26
– ano B) e a multiplicação dos pães para os famintos (Lc 9,11b-17 – ano C)
A devoção
popular
Porém,
precisamos destacar que muito mais do que uma festa litúrgica, a Solenidade de Corpus
Christi assume um caráter devocional popular. O momento ápice da festa é certamente
a procissão pelas ruas da cidade, momento em que os fiéis podem pedir as bênçãos
de Jesus Eucarístico para suas casas e famílias.
O
costume de enfeitar as ruas com tapetes de serragem, flores e outros materiais,
formando um mosaico multicor, ainda é muito comum em vários lugares. Algumas cidades
tornam-se atração turística neste dia, devido à beleza e expressividade de seus
tapetes.
Ainda
é possível encontrar cristãos que enfeitam suas casas com altares ornamentados para
saudar o Santíssimo, que passa por aquela rua A procissão de Corpus Christi conheceu
seu apogeu no período barroco.
O
estilo da procissão adotado no Brasil veio de Portugal, e carrega um estilo popular
muito característico. Geralmente a festa termina com uma concentração em algum ambiente
público, onde é dada a solene bênção do Santíssimo.
Nos
ambientes urbanos, apesar das dificuldades estruturais, as comunidades continuam
expressando sua fé Eucarística, adaptando ao contexto urbano a visibilidade pública
da Eucaristia. O importante é valorizar este momento afetivo da vida dos fiéis
http://www.pnslourdes.com.br/formacao/formacao-liturgica/corpus-christi/