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ORIENTAÇÕES INICIAIS
(Obs.:
Se, ao final da Missa, não houver procissão, faça-se ao menos um momento de
adoração ao Ssmo. Sacramento, após a comunhão, e se dê a bênção, conforme as
p.36-37 do Hinário Litúrgico da Diocese. A procissão se faça depois da Missa,
na qual se consagra a hóstia que será levada processionalmente. Se a procissão
se faz logo depois da Missa, coloca- -se, no término da comunhão dos fiéis, o
ostensório com a hóstia consagrada no altar. Terminada a oração depois da
comunhão, omitindo-se os ritos finais, inicia-se a procissão, finalizando-se
com a Bênção com o Ssmo. Sacramento).
A
Eucaristia é a fonte e o ápice de toda a ação da Igreja. É de onde tudo deve
iniciar e onde devemos chegar, dando graças à Deus, por Jesus Cristo, pelos
frutos recebidos. Em torno da mesa do Santo Altar, celebremos o seu louvor.
Grande Mistério, a Eucaristia!
Mistério que deve antes de tudo, ser bem celebrado. É preciso que a Santa Missa
seja posta no centro da vida cristã e que em cada comunidade se faça de tudo
para celebrá-la com decoro (...) com uma séria atenção também aos aspectos da
sacralidade que deve caracterizar o canto e a música litúrgica. É preciso, em particular,
cultivar, quer na celebração da missa, quer no culto eucarístico fora da missa,
a viva consciência da presença real de Cristo, tendo o cuidado de testemunhá-la
com o tom da voz, gestos, movimentos e com todo o conjunto do comportamento.
(...) o destaque que deve ser dado aos momentos de silêncio, seja na celebração, seja na adoração
eucarística. É necessário que todo modo de tratar a Eucaristia por parte dos
ministros seja marcado por um extremo respeito (...).
A adoração eucarística fora da missa
se torne, durante este ano, um empenho especial para cada comunidade paroquial
e religiosa. Permaneçamos longamente prostrados diante de Jesus presente na
Eucaristia, reparando com nossa Fé e nosso amor os descuidos, os esquecimentos
e até os ultrajes que nosso Salvador deve sofrer em tantas partes do mundo
(...).[1]
A Solenidade do Corpo e do Sangue
do Senhor
Na Quinta-feira após a Solenidade
da Santíssima Trindade, a Igreja celebra a Solenidade do Corpo e Sangue do
Senhor. A Festa, estendida em 1264 pelo Papa Urbano IV a toda a Igreja latina,
por um lado, foi uma reposta de Fé e de culto a doutrinas hereges sobre a
presença real de Cristo na Eucaristia; por outro foi a coroação de um movimento
de ardente devoção para com o augusto Sacramento do Altar.
A piedade popular, portanto,
favoreceu o processo de instituição da festa de Corpus Christi; por sua vez
esta festa foi a causa e o motivo do surgimento de novas formas de piedade
eucarística no povo de Deus.
Durante séculos, a celebração de
Corpus Christi foi o principal ponto de convergência da piedade popular em
relação à Eucaristia. Nos séculos XVI-XVII, a Fé, reavivada pela necessidade de
reagir às negações do movimento protestante, e a cultura (...) concorreram para
tornar vivas e significativas muitas expressões da piedade popular para com o
Mistério da Eucaristia.
A devoção eucarística, assim
enraizada no povo cristão deve, contudo, ser educada a perceber duas realidades
fundamentais:
1. que o
supremo ponto de referência da piedade eucarística é a Páscoa do Senhor; de
fato, a Páscoa, segundo a visão dos santos Padres, é a Festa da Eucaristia e ,
por outro lado, a Eucaristia é antes de tudo Celebração da Páscoa, isto é, da
Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus;
2. que
toda forma de devoção cristã tem uma intrínseca referência ao Sacrifício
eucarístico, seja porque dispõe à celebração, seja porque prolonga as
orientações cultuais e existenciais por ela suscitadas.
Por isso, o Ritual Romano
adverte: “Os fiéis, ao cultuarem o Cristo presente no Sacramento, lembrem-se de
que esta presença decorre do Sacrifício e tende à Comunhão sacramental
e espiritual”.[2]
A procissão da Solenidade de
Corpus Christi é, por assim dizer, a “forma tipo” das procissões eucarísticas.
De fato, ela prolonga a Celebração da Eucaristia: logo após a Missa, a Hóstia,
que nela foi consagrada, é levada para fora do recinto eclesial a fim de que o
povo cristão “dê testemunho público de Fé e de Veneração para com o Santíssimo
Sacramento”.[3]
Os fiéis compreendem e amam os
valores presentes na procissão de Corpus
Christi: eles se sentem “povo de Deus” que caminha com o seu Senhor,
proclamando a fé nele, que se tornou verdadeiramente o “Deus conosco”.
É preciso, porém, que nas
procissões eucarísticas se observem as normas que regulam o seu
desenrolar,[4] principalmente aqueles que garantem a sua dignidade
e a reverência devida ao Santíssimo Sacramento;[5] e é também
necessário que os elementos característicos da piedade popular, como o enfeite
das ruas e das janelas, a homenagem das flores, os altares onde será colocado o
Santíssimo nas paradas dos percursos, os cantos e as orações, “todos levem a
manifestar a própria Fé em Cristo, unicamente voltados para o louvor do
Senhor”,[6] e isentos de qualquer forma de competição.
As procissões eucarísticas
geralmente se encerram com a Bênção do Santíssimo Sacramento. No caso
específico da procissão de Corpus Christi , a Bênção é a conclusão Solene de
toda a Celebração: no lugar da costumeira Bênção sacerdotal é dada a Bênção com
o Santíssimo Sacramento.
É importante que os fiéis
entendam que a bênção com o Santíssimo Sacramento não é uma forma de piedade
eucarística por si só, mas é o momento conclusivo de um encontro cultual
suficientemente prolongado. Por isso, a norma litúrgica evita “a
exposição feita unicamente para dar a Bênção”. [7]
A adoração eucarística
A adoração do Santíssimo
Sacramento é uma expressão particularmente difundida de culto à Eucaristia, e a
Igreja exorta vivamente os pastores e os fiéis a essa prática.
A sua forma primitiva pode ser
remontada à adoração que, na Quinta-feira Santa, é feita após a celebração da
missa na Ceia do Senhor e
a reposição das sagradas Espécies. Ela é altamente expressiva da ligação
existente entre a celebração do memorial do sacrifício do Senhor e a sua
presença permanente nas Espécies consagradas. A conservação das sagradas
Espécies, motivada sobretudo pela necessidade de poder dispor delas em todo
momento para administrar o Viático aos enfermos , fez surgir nos fiéis o
louvável de se recolher diante do tabernáculo para adorar a Cristo
presente no Sacramento.[8]
De fato, “a fé na presença real
do Senhor, conduz naturalmente à manifestação externa e pública dessa mesma fé
[...]. A piedade, portanto, que leva os fiéis a se prostrarem diante da santa
Eucaristia, estimula-os a participar mais profundamente do mistério pascal e a
responder com gratidão ao dom daquele que, através da sua humanidade, infunde
incessantemente a vida divina nos membros do seu Corpo. Permanecendo junto a Cristo
Senhor, eles gozam de sua íntima familiaridade e diante dele abrem o próprio
coração em prol de si mesmos e de todos os seus e oram pela paz e pela salvação
do mundo. Oferecendo toda a sua vida com Cristo ao Pai pelo Espírito Santo,
recebem desse admirável intercâmbio um aumento de fé, de esperança e de
caridade. E assim alimentam as disposições corretas para celebrar, com a
devoção conveniente, o memorial do Senhor e receber frequentemente o Pão que
nos é dado pelo Pai.[9]
A adoração do santíssimo Sacramento,
na qual convergem formas litúrgicas e expressões de piedade popular e a qual
não é fácil distinguir claramente os limites, pode revestir-se de várias
modalidades:[10]
1. A visita
simples ao Santíssimo Sacramento colocado no tabernáculo: breve encontro com
Cristo sugerido pela fé em sua presença e caracterizado pela oração silenciosa;
2. A adoração ao Santíssimo
Sacramento exposto, segundo as normas litúrgicas, no ostensório ou na píxide,
de forma prolongada ou breve;[11]
3. A assim chamada Adoração
perpétua e a das Quarenta Horas, que reúnem uma comunidade religiosa toda, ou
uma associação eucarística, ou uma comunidade paroquial, e fornecem a ocasião
para várias expressões de piedade eucarística.[12]
Para esses momentos de Adoração,
os fiéis devem ser ajudados a se servirem da Sagrada Escritura como inigualável
livro de oração, a utilizarem cantos e preces idôneas, a se familiarizarem com
algumas estruturas simples da Liturgia das Horas, a seguirem o ritmo do Ano
Litúrgico, a permanecerem em oração silenciosa. Desse modo, compreenderão
progressivamente que durante a adoração ao Santíssimo Sacramento não se
deve realizar outras práticas devocionais em honra da Virgem Maria e dos Santos.[13] Entretanto,
por causa da estreita relação que une Maria a Cristo, a recitação do
rosário poderia ajudar a dar à oração uma profunda orientação cristológica,
meditando nele os mistérios da Encarnação e da Redenção.
Na Celebração
da Missa, não se deve salientar de modo inadequado as palavras da Instituição,
nem se interrompa a Oração Eucarística para momentos de louvor a Cristo
presente na Eucaristia com aplausos, vivas, procissões, hinos de louvor
eucarístico e outras manifestações que exaltem de tal maneira o sentido da
presença real que acabem esvaziando as várias dimensões da Celebração
Eucarística. Os cantos
e os gestos sejam adequados ao momento celebrativo e de acordo com os critérios
exigidos para a Celebração litúrgica (...).[14]
[1] Cf. Carta Apostólica Mane
Nobiscum Domine do Sumo Pontífice João Paulo II para o Ano da Eucaristia.
[2] Ritual Romano, A sagrada comunhão
e o culto do mistério eucarístico fora da Missa, São Paulo, Paulinas, 2000, 80.
[3] Ibid., 101; cf. CIC, can. 944
[4] Ritual Romano, A sagrada comunhão
e o culto do mistério eucarístico fora da Missa, cit., 101-108.
[5] Ibid., 101-102
[6] Ibid., 104
[7] Ibid., 81
[8] Cf. Pio XII, Carta
encíclica Mediador Dei. In: AAS 39 (1947) 568-572; Paulo VI, Carta encíclica
Mysterium fidei. In: AAS 57 (1965) 769-772; S. Congregação dos Ritos, Instrução
Eucharisticum mysterium, nn. 49-50. In: AAS 59 (1967) 566-567; Ritual
Romano, A sagrada comunhão e o culto do mistério eucarístico fora da Missa,
cit., 5.
[9] S. Congregação dos Ritos,
Instrução Eucharisticum mysterium nn. 49-50.
[10] Quanto às indulgências
concedidas para a adoração e a procissão eucarísticas, cf. EI, Aliae
concessiones, 7, pp. 54-55.
[11] Cf. Ritual Romano, A
sagrada comunhão e o culto do mistério eucarístico fora da Missa, cit., 82-89;
CIC, can 941.
[12] Cf. CIC, can. 942.
[13] Cf. resposta à dúvida sobre
o n. 62 da Instrução Eucharisticum mysterium. In: Notitiae 4 (1968) 133-134;
sobre o rosário, cf. nota seguinte.
[14] Cf. Doc. 53 da CNBB:
Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática Católica.
______________________
* A maior parte deste
conteúdo foi extraída do Diretório sobre piedade popular e liturgia:
princípios e orientações. Congregação para o Culto Divino. p. 138-143
https://www.icatolica.com/2016/05/orientacoes-liturgicas-para-celebracao.html
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