sábado, 13 de novembro de 2021

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DOMINGO, 14 DE NOVEMBRO DE 2021

Ano de São José e da Família Amoris Laetitia

33.º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B

“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (Mc13,31)

OLÁ: PRA COMEÇO DE CONVERSA...

1- LITURGIA DO 33º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B

A liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum apresenta-nos, fundamentalmente, um convite à esperança. Convida-nos a confiar nesse Deus libertador, Senhor da história, que tem um projeto de vida definitiva para os homens. Ele vai - dizem os nossos textos - mudar a noite do mundo numa aurora de vida sem fim.

A primeira leitura anuncia aos crentes perseguidos e desanimados a chegada iminente do tempo da intervenção libertadora de Deus para salvar o Povo fiel. É esta a esperança que deve sustentar os justos, chamados a permanecerem fiéis a Deus, apesar da perseguição e da prova. A sua constância e fidelidade serão recompensadas com a vida eterna.

No Evangelho, Jesus garante-nos que, num futuro sem data marcada, o mundo velho do egoísmo e do pecado vai cair e que, em seu lugar, Deus vai fazer aparecer um mundo novo, de vida e de felicidade sem fim. Aos seus discípulos, Jesus pede que estejam atentos aos sinais que anunciam essa nova realidade e disponíveis para acolher os projetos, os apelos e os desafios de Deus.

Muitas inovações da tecnologia são superadas rapidamente. O ritmo acelerado da vida, o desgaste natural das coisas ou incêndios e intempéries da natureza nos fazem sentir quanto tudo é passageiro. Nessa realidade, a fé nos revela o que nunca passará e o que vale a pena viver para nosso encontro definitivo com Deus.

 

2- PAPA FRANCISCO, MENSAGEM PARA O V DIA MUNDIAL DOS POBRES

 

“Sempre tereis pobres entre vós” (Mc 14, 7)... permanece de pé uma questão, nada óbvia: Como se pode dar uma resposta palpável aos milhões de pobres que tantas vezes, como resposta, só encontram a indiferença, quando não a aversão? Qual caminho de justiça é necessário percorrer para que as desigualdades sociais possam ser superadas e seja restituída a dignidade humana tão frequentemente espezinhada? Um estilo de vida individualista é cúmplice na geração da pobreza e, muitas vezes, descarrega sobre os pobres toda a responsabilidade da sua condição. Mas a pobreza não é fruto do destino; é consequência do egoísmo. Portanto é decisivo dar vida a processos de desenvolvimento onde se valorizem as capacidades de todos... Há muitas pobrezas dos “ricos” que poderiam ser curadas pela riqueza dos “pobres”, bastando para isso encontrarem-se e conhecerem-se. Ninguém é tão pobre que não possa dar algo de si na reciprocidade. ... Os pobres ensinam-nos frequentemente a solidariedade e a partilha. É verdade que são pessoas a quem falta algo e por vezes até muito, se não mesmo o necessário; mas não falta tudo, porque conservam a dignidade de filhos de Deus que nada e ninguém lhes pode tirar.

 

3- ALGUMAS NOTÍCIAS DE SP, DO BRASIL E DA IGREJA

 

Ø  Situação do Brasil: 609.484 mortes e 21.877.828 casos.

Ø  O Brasil tem a menor média móvel de casos de Covid desde maio de 2020.

Ø  56,06% tem vacinação completa.

Ø  GCMs, sepultadores e fiscais receberam a 3.ª dose em SP.

Ø  Cientista da Fiocruz alerta que o Amazonas pode não alcançar meta de cobertura vacinal mínima em 2021.

Ø  Governo Federal publicou resolução para redução do efeito estufa para os próximos 10 anos.

Ø  Pílula da Pfizer reduz riscos de hospitalização e mortes em 89%. O que pode mudar a forma como a Covid é tratada.

Ø  29 funcionários do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) pediram demissão a poucos dias do ENEM. A prova será realizada nos dias 21 e 28 de novembro.

Ø  Política aos refugiados em SP é exemplo para o mundo, diz ONU.

Ø  TCE (Tribunal de Contas do Estado) apontou gastos de R$ 1,4 bilhões em obras paralisadas no Estado de São Paulo.

Ø  Após décadas de disputa, Parque Augusta foi inaugurado em SP.

Área verde de 23 mil metros quadrados foi inaugurada no dia 06/11 como opção de lazer na região central após acumular polêmicas.

Ø  DIEESE: Cesta básica passou de R$ 700,00 no Brasil e preços aumentaram mais de 30% em 12 meses.

Ø  PAPA FRANCISCO NO ANGELUS: LIBERTAR A FÉ DOS LAÇOS COM O DINHEIRO (07/11)
“Suas moedas têm um som mais bonito do que as grandes ofertas dos ricos, porque expressam uma vida dedicada a Deus com sinceridade, uma fé que não vive de aparências, mas da confiança incondicional”. A pobre viúva, uma mestra da fé, um modelo a ser seguido para assim sermos curados da hipocrisia, doença perigosa da alma. A passagem do Evangelho de Marcos (Mc 12, 38-44) proposta pela liturgia do dia, apresenta um contraste gritante: de um lado os ricos, que dão o que é supérfluo para serem vistos, e de outro uma “pobre mulher que, sem aparecer, oferece todo o pouco que tem. Dois símbolos de comportamentos humanos”.
https://www.cnbb.org.br/papa-francisco-no-angelus-libertar-a-fe-dos-lacos-com-o-dinheiro/

Ø  Confira as dicas de como preparar a comunidade para o Dia Nacional do Leigo, a ser comemorado dia 21 de novembro, festa de Cristo Rei

Com o tema deste ano “Testemunhas de Jesus libertador no compromisso com a vida”, o subsídio foi preparado pelo Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB).  De acordo com a presidente do CNLB, Sônia Gomes só pode ver a aflição do irmão quem se propõe a abrir o coração, as portas e as janelas de sua casa e caminhar rumo às periferias.
https://www.cnbb.org.br/confira-as-dicas-de-como-preparar-a-comunidade-para-o-dia-nacional-do-leigo-a-ser-comemorado-dia-21-de-novembro-festa-de-cristo-rei/

Ø  Exposição fotográfica sobre Dom Paulo é inaugurada na Basílica Menor de Sant’Ana

Em 40 imagens, são retratados o pastoreio e a atuação de Cardeal Arns na cidade de São Paulo, desde sua chegada em 1966, como Bispo Auxiliar na Arquidiocese “De Esperança em Esperança – Itinerário e Eclesiologia no Pastoreio de Dom Paulo Evaristo Arns” é o nome da exposição inaugurada na manhã da quinta-feira, 28, na Basílica Menor de Sant’Ana, na zona Norte, em homenagem ao Cardeal Arns (1921-2016), Arcebispo de São Paulo entre 1970 e 1998.
https://arquisp.org.br/regiaoipiranga/noticias/exposicao-fotografica-sobre-dom-paulo-e-inaugurada-na-basilica-menor-de-santana

Ø  Proclamado um ano extraordinário em homenagem ao Beato Scalabrini
No domingo, 7 de novembro iniciou o Ano Scalabriniano que terá sua conclusão no dia 9 de novembro de 2022, dia do 25º aniversário da beatificação de João Batista Scalabrini. O tema principal das iniciativas nos diferentes continentes será: "Fazer do mundo a pátria do homem". A vice-postuladora, Ir. Lina Guzzo explica o significado da celebração que pretende chamar a atenção aos migrantes vivida pelo fundador e hoje testemunhada por toda a Família Scalabriniana

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2021-11/scalabrinanos-ano-extraordinario-scalabrini.html

Ø  COP26: bispos da Amazônia pedem "compromissos urgentes e audaciosos"

Os bispos da Amazônia divulgam vídeo pedindo aos líderes mundiais presentes na COP26 para que ouçam "o grito da mãe Terra e dos pobres".

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2021-11/cop26-bispos-da-amazonia-pedem-compromissos-urgentes-audaciosos.html

Ø  Filme sobre Frei Damião estreou nos cinemas no dia 4 de novembro.

Ø  Dois anos do Sínodo amazônico: "O caminho sinodal hoje se enraíza e se fortalece"

Em 27 de outubro de 2019, com uma Eucaristia na Basílica de São Pedro, foi encerrada a Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia. Dois anos mais tarde, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) quiseram trazer de volta o que haviam vivido durante as três semanas da assembleia.

https://www.vaticannews.va/pt/mundo/news/2021-10/dois-anos-do-sinodo-amaznico-caminho-sinodal-cardeal-hummes.html

 

SB SABENDO BEM DESTE DOMINGO E DESTA SEMANA


01- OLÁ! PRA COMEÇO DE CONVERSA:

1. Liturgia do 33.ºDomingo do Tempo Comum;

2. Papa Francisco: Mensagem para o V Dia Mundial dos Pobres;

3. Algumas Notícias de São Paulo, do Brasil e da Igreja;

02- LEITURAS DO 33.º DOMINGO DO TEMPO COMUM (D.T.C.);

03- LITURGIA DA SEMANA E DATAS COMEMORATIVAS;

04- REFLEXÃO DOMINICAL I: JESUS, PLENITUDE DA CRIAÇÃO;

05- REFLEXÃO DOMINICAL II: Mc 13,24-32.

06- SOBRE O FIM DOS TEMPOS(PAPA FRANCISCO);

07- ESPERAR O MUNDO QUE VIRÁ: PERSPECTIVAS ESCATOLÓGICAS A PARTI DA COVID-19(CONT...);

08- RELIGIÃO: VIDA EM OUTROS PLANETAS, CIÊNCIA E FÉ;

09- FILOSOFIA: O QUE É A FILOSOFIA E PARA QUE ELA SERVE?

10- CONSCIÊNCIA NEGRA;

11- O “FEMINEJO”: O QUE É O FEMINEJO, MOVIMENTO LIDERADO POR MARÍLIA MENDONÇA NA MÚSICA?

12- SANTO AGOSTINHO E A TEOLOGIA DA HISTÓRIA;

13- SUGESTÃO DE LEITURA:

1. O fim dos tempos (Thomas M. Campion);

2. O homem mais inteligente da História (Augusto Cury).

Caro(a) Leitor(a) amigo(a):

O meu abraço fraterno e uma ótima semana a todos!

ACESSE SEMPRE O BLOG: sbsabendobem.blogspot.com e divulgue aos seus amigos, conhecidos e contatos nas redes sociais. Comente, faça sugestões. Agradeço!

Escreva para: sbsabendobem@gmail.com

# USO MÁSCARA PORQUE AMO A VIDA!






LEITURAS DA MISSA

33.º DOMINGO DO TEMPO COMUM- ANO B


Anim. Tudo passa, mas a Palavra do Senhor permanece e é luz para o nosso caminho até o dia da volta do Senhor. Guardemos no coração aquilo que ouviremos.


PRIMEIRA LEITURA (Dn 12,1-3)

Leitura da Profecia de Daniel.


“¹Naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, defensor dos filhos de teu povo; e será um tempo de angústia, como nunca houve até então, desde que começaram a existir nações. Mas, nesse tempo, teu povo será salvo, todos os que se acharem inscritos no Livro. ²Muitos dos que dormem no pó da terra, despertarão, uns para a vida eterna, outros para o opróbrio eterno. ³Mas os que tiverem sido sábios, brilharão como o firmamento; e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da virtude, brilharão como as estrelas, por toda a eternidade”.

– Palavra do Senhor. T. Graças a Deus


SALMO 15(16)


Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!

 

Ó Senhor, sois minha herança e minha taça,

meu destino está seguro em vossas mãos!

Tenho sempre o Senhor ante meus olhos,

pois se o tenho a meu lado não vacilo.

 

Eis por que meu coração está em festa,

minha alma rejubila de alegria;

e até meu corpo no repouso está tranquilo;

pois não haveis de me deixar entregue à morte.

 

Nem vosso amigo conhecer a corrupção;

vós me ensinais vosso caminho para a vida.

Junto a vós, felicidade sem limites,

delícia eterna e alegria ao vosso lado!


SEGUNDA LEITURA (Hb 10,11-14.18)

Leitura da Carta aos Hebreus.


¹¹Todo sacerdote se apresenta diariamente para celebrar o culto, oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, incapazes de apagar os pecados. ¹²Cristo, ao contrário, depois de ter oferecido um sacrifício único pelos pecados, sentou- -se para sempre à direita de Deus. ¹³Não lhe resta mais senão esperar até que seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. ¹⁴De fato, com esta única oferenda, levou à perfeição definitiva os que ele santifica. ¹⁸Ora, onde existe o perdão, já não se faz oferenda pelo pecado.

– Palavra do Senhor. T. Graças a Deus.

 

 

ACLAMAÇÃO (Lc 21,36)

Aleluia, aleluia, aleluia.

É preciso vigiar e ficar de prontidão, / em que dia o Senhor há de vir, não sabeis não!

 

EVANGELHO (Mc 13,24-32)


P. O Senhor esteja convosco.

T. Ele está no meio de nós.

P. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.

T. Glória a vós, Senhor.

 

P. Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: ²⁴ “Naqueles dias, depois da grande tribulação, o sol vai se escurecer, e a lua não brilhará mais, ²⁵as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas. ²⁶Então vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. ²⁷Ele enviará os anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os eleitos de Deus, de uma extremidade à outra da terra. ²⁸Aprendei, pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. ²⁹Assim também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo, às portas. ³⁰Em verdade vos digo, esta geração não passará até que tudo isto aconteça. ³¹O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. ³²Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai”.

– Palavra da Salvação. T. Glória a vós, Senhor.

LITURGIA DA SEMANA E DATAS COMEMORATIVAS


LITURGIA DA SEMANA: DE 15 A 21 DE NOVEMBRO

 

15, 2ªf, Sto. Alberto Magno: 1Mc 1,10-15.41-43.54-57.62-64; Sl 118(119); Lc 18,35-43;

16, 3ªf, Sta. Margarida da Escócia; Sta. Gertrudes: 2Mc 6,18-31; Sl 3,2-3.4-5.6-7(R.6b); Lc 19,1-10;

17, 4ªf, Sta. Isabel da Hungria: 2Mc 7,1.20-31; Sl 16(17); Lc 19,11-28;

18, 5ªf, Dedicação da Basílica de S. Pedro e S. Paulo: 1Mc 2,15-29; Sl 49(50); Lc 19.41- 44; ou prs. da memória: At 28,11- 16.30-31; Sl 97(98); Mt 14,22-33;

19, 6ªf, Ss. Roque González, Afonso Rodrigues e João del Castillo: 1Mc 4,36-37.52-59; Cânt.: 1Cr 29,10.11abc.11d-12a.12bcd (R13b); Lc 19,45-48;

20, Sáb.: 1Mc 6,1-13; Sl 9A(9) (R.cf. 15a); Lc 20,27-40;

21, Dom.: NOSSO SENHOR JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO: Dn 7,13- 14; Sl 92(93); Ap 1,5-8; Jo 18,33b-37; (“Eu sou o rei”); 34º DTC-B

 

DATAS COMEMORATIVAS DE 15 A 21 DE NOVEMBRO             

 

15- Proclamação da República, Dia do Esporte Amador, Dia do Joalheiro, Dia Nacional da Umbanda.

16- Dia Internacional da Tolerância, Dia Nacional dos Otomizados, Dia do Não Fumar, Dia Nacional de Atenção à Dislexia, Dia Nacional da Amazônica Azul.

17- Dia da Criatividade, Dia Internacional dos Estudantes, Dia Mundial da Prematuridade, Dia Nacional de Combate à Tuberculose, Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.

18- Dia do Conselho Tutelar, Dia Mundial da Filosofia, Dia Nacional do Notário e do Registrador, Dia Nacional do Combate ao Racismo.

19- Dia do Bombeiro, Dia Mundial do Vaso Sanitário, Dia do Empreendedorismo Feminino.

20- Dia Nacional da Consciência Negra, Dia do Biomédico, Dia do Auditor Interno, Dia da Industrialização da África, Dia Universal da Criança, Dia Nacional de Combate ao Dengue, Dia do Técnico em Contabilidade.

21- Dia Nacional da Homeopatia, Dia Mundial da Saudação, Dia em Memória das Vítimas de Acidentes de Trânsito e seus Familiares, Dia Mundial da Televisão.

REFLEXÃO DOMINICAL I

JESUS, PLENITUDE DA CRIAÇÃO

 

Sandra Maira Pires (*)

Chegamos ao penúltimo domingo do Ano Litúrgico. No próximo final de semana, celebraremos a Solenidade de Cristo Rei do Universo, e, com ela, o encerramento deste ano da Igreja. Assim como o ano, também a nossa vida passa, e passa em ritmo, cada vez, mais veloz, em passos largos... Por isso, a liturgia desse final de semana nos convida, nessa corrida da vida, a não perdermos de vista o rumo e a razão de estarmos neste mundo.

O universo evolui, a história avança... É certo que toda a criação e humanidade caminham para um ponto final. Mas, que ponto final seria esse? Onde mesmo o caminho vai dar? Nossa fé afirma que o final do caminho não é qualquer final, mas Alguém!

Os textos da liturgia desse domingo apontam para Jesus, plenitude da criação e o horizonte definitivo de tudo e de todas. Ele, por sua morte e ressurreição, tornou-se o Senhor e juiz da história, do mundo, de todo o cosmos. Portanto, para quem crê, a história não caminha para o absurdo ou para o caos! Ou seja, tudo o que existe, esse mundo e a humanidade, marcados por sinais de contradição, por luzes e trevas, caminham para Jesus, o “Filho do homem”, conforme o evangelista Marcos. Ele experimentou em Si nossas fragilidades e sofrimentos e se ofereceu, uma vez por todas, em sacrifício por toda a humanidade! Seu juízo nos traz a salvação e não a condenação; o sentido e não o vazio; a alegria e não o sofrimento; a vida e não a morte; a esperança e não o medo!

Assim sendo, tudo, a criação e as gerações passadas, presentes e futuras, estarão sob o senhorio de Jesus de Nazaré! Sob seu julgamento. O mundo, com suas mazelas, será o palco para esse juízo. Em linguagem figurada, o profeta Daniel fala das angústias e tribulações que o povo vive e que serão combatidas pelo “grande príncipe, defensor do povo”, que se levantará em favor dos seus... Esta é palavra profética, também, para o nosso povo, nosso país, nossa realidade mundial, em tempos de muitas angústias e tribulações, que também nós vivemos. O evangelista adverte que “o sol vai escurecer, a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu...” Quer dizer, para os tempos sombrios e desesperançosos que marcam nosso momento atual, veremos Jesus, o Filho do Homem “vindo de cima das nuvens, com poder e glória”, em socorro de toda a humanidade. Nossa vida e o tempo presente serão passados a limpo, à luz da Sua misericórdia e do seu amor.

Portanto, esses textos não nos querem meter medo. Pelo contrário, eles são uma mensagem de consolação e de esperança. Sobretudo, nas situações que, em diferentes instâncias da sociedade, nos tiram a paz, ofuscam nossa esperança, enfraquecem nossas forças, frustram nossos sonhos. “O tempo é pesado, eu sei”, canta Zé Vicente, para uma situação que acompanha a humanidade à séculos. Por isso a liturgia nos quer alertar para o perigo de perdermos de vista o horizonte e o sentido de nossa existência; o perigo de esfriarmos nossa vigilância, de perdermos a esperança, e, acima de tudo, de abandonarmos a fé.

Marcos também nos convida a reconhecer a presença do Reino de Deus que vem, que já está entre nós, assim como reconhecemos o verão se aproximando quando “os ramos da figueira ficam verdes e as folhas começam a brotar”. Dessa realidade nada e nem ninguém ficará de fora. Até os “que dormem no pó da terra despertarão, uns para a felicidade eterna, outros para a infelicidade”. Mas os que tiverem dado sentido nobre às suas existências, “brilharão como estrelas, por toda a eternidade”, diz o evangelista. É o nosso jeito de ser e viver hoje que decidirá nosso destino. O dia e a hora em que isso vai acontecer, Marcos afirma que “ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai”.

Tenhamos a certeza de que caminhamos para o encontro e o abraço do Senhor. Tudo se conclui n’Ele. Isso é tão certo como rio desemboca no mar e a aurora necessariamente surgirá depois da noite. Nossa vida e as tribulações desse tempo estarão, então, diante do amor e da misericórdia do Senhor. Como o salmista nos resta confiantes suplicar: “Guardai-me ó Deus, porque em vós me refugio”.

Então, irmãs e irmãos, caminhemos vigilantes e confiantes na promessa. Que promessa? Você e eu, a humanidade e tudo o que existe caminham para o encontro do Senhor, para o colo amoroso de Deus. De lá saímos e é para lá que voltamos. Nele está a razão do nosso passado, presente e futuro. Até lá, sejamos perseverantes e fieis. Nesse mundo, que descuida da vida, tenhamos gestos de bondade e solidariedade, tolerância e respeito, amor e perdão, alegria e esperança. Que essa seja nossa resposta de amor Àquele que nos amou primeiro, e que, um dia, cremos, nós O encontraremos face a face, num eterno abraço.

(*) É religiosa da Congregação das Irmãs da Divina Providência - IDPs. Ela possui graduação em teologia pela Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana - ESTEF, de Porto Alegre/RS, e especialização em espiritualidade pelas Faculdade Vicentina - FAVI, de Curitiba/PR. Atualmente atua como orientadora de espiritualidade e como formadora no Noviciado Latino-americano das IDPs

http://www.ihu.unisinos.br/182-noticias/ministerio-da-palavra-na-voz-das-mulheres/584647-33-domingo-do-tempo-comum-ano-

REFLEXÃO DOMINICAL II

(Mc 13, 24-32)

Ver os telejornais ou escutar os noticiários é, com frequência, uma experiência que nos intranquiliza e que nos deprime. Os dramas dessa aldeia global que é o mundo entram em nossa casa, sentam-se à nossa mesa, apossam-se da nossa existência, perturbam a nossa tranquilidade, escurecem o nosso coração. A guerra, a opressão, a injustiça, a miséria, a escravidão, o egoísmo, a exploração, o desprezo pela dignidade do homem atinge-nos, mesmo quando acontecem a milhares de quilómetros do pequeno mundo onde nos movemos todos os dias.

As sombras que marcam a história atual da humanidade tornam-se realidades próximas, tangíveis, que nos inquietam e nos desesperam. Feridos e humilhados, duvidamos de Deus, da sua bondade, do seu amor, da sua vontade de salvar o homem, das suas promessas de vida em plenitude. A Palavra de Deus que hoje nos é servida abre, contudo, a porta à esperança. Reafirma, uma vez mais, que Deus não abandona a humanidade e está determinado a transformar o mundo velho do egoísmo e do pecado num mundo novo de vida e de felicidade para todos os homens. A humanidade não caminha para o holocausto, para a destruição, para o sem sentido, para o nada; mas caminha ao encontro da vida plena, ao encontro desse mundo novo em que o homem, com a ajuda de Deus, alcançará a plenitude das suas possibilidades.

Os cristãos, convictos de que Deus tem um projeto de vida para o mundo, têm de ser testemunhas da esperança. Eles não leem a história atual da humanidade como um conjunto de dramas que apontam para um futuro sem saída; mas veem os momentos de tensão e de luta que hoje marcam a vida dos homens e das sociedades como sinais de que o mundo velho irá ser transformado e renovado, até surgir um mundo novo e melhor. Para o cristão, não faz qualquer sentido deixar-se dominar pelo medo, pelo pessimismo, pelo desespero, por discursos negativos, por angústias a propósito do fim do mundo... Os nossos contemporâneos têm de ver em nós, não gente deprimida e assustada, mas gente a quem a fé dá uma visão optimista da vida e da história e que caminha, alegre e confiante, ao encontro desse mundo novo que Deus nos prometeu.

É Deus, o Senhor da história, que irá fazer nascer um mundo novo; contudo, Ele conta com a nossa colaboração na concretização desse projeto. A religião não é ópio que adormece os homens e os impede de se comprometerem com a história... Os cristãos não podem ficar de braços cruzados à espera que o mundo novo caia do céu; mas são chamados a anunciar e a construir, com a sua vida, com as suas palavras, com os seus gestos, esse mundo que está nos projetos de Deus. Isso implica, antes de mais, um processo de conversão que nos leve a suprimir aquilo que, em nós e nos outros, é egoísmo, orgulho, prepotência, exploração, injustiça (mundo velho); isso implica, também, testemunhar em gestos concretos, os valores do mundo novo - a partilha, o serviço, o perdão, o amor, a fraternidade, a solidariedade, a paz.

Esse Deus que não abandona os homens na sua caminhada histórica vem continuamente ao nosso encontro para nos apresentar os seus desafios, para nos fazer entender os seus projetos, para nos indicar os caminhos que Ele nos chama a percorrer. Da nossa parte, precisamos de estar atentos à sua proximidade e reconhecê-lo nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos que sofrem e que buscam a libertação. O cristão não pode fechar-se no seu canto e ignorar Deus, os seus apelos e os seus projetos; mas tem de estar atento e de notar os sinais através dos quais Deus Se dirige aos homens e lhes aponta o caminho do mundo novo.

É preciso, ainda, ter presente que este mundo novo - que está permanentemente a fazer-se e depende do nosso testemunho - nunca será uma realidade plena nesta terra (a nossa caminhada neste mundo será sempre marcada pela nossa finitude, pelos nossos limites, pela nossa imperfeição). O mundo novo sonhado por Deus é uma realidade escatológica, cuja plenitude só acontecerá depois de Cristo, o Senhor, ter destruído definitivamente o mal que nos torna escravos.

UM OLHAR DO FREI PETRÔNIO DE MIRANDA, PADRE CARMELITA E JORNALISTA/RJ.

https://www.olharjornalistico.com.br/index.php/pensamentos-do-frei-petronio/11928-domingo-18-de-novembro-2018-33-domingo-do-tempo-comum-ano-b

SOBRE O FIM DOS TEMPOS


Papa Francisco Angelus, nov/2020

 

No trecho do Evangelho deste Domingo (cf. Mc 13, 24-32), o Senhor quer instruir os seus discípulos sobre os acontecimentos futuros. Em primeiro lugar, não é um discurso sobre o fim do mundo, mas, ao contrário, o convite a viver bem o presente, a estarmos vigilantes e sempre prontos para quando formos chamados a prestar contas da nossa vida. Jesus diz: “Naqueles dias, depois dessa tribulação, o sol ficará escuro, a lua não refletirá o seu esplendor; cairão os astros do céu”.


Estas palavras fazem-nos pensar na primeira página do Livro do Gênesis, a narração da criação: o sol, a lua, os astros, que desde os primórdios do tempo brilham na sua ordem e transmitem luz, sinal de vida, aqui são descritos na sua decadência, enquanto precipitam na escuridão e no caos, sinal do fim. Pelo contrário, a luz que há de resplandecer naquele último dia será única e nova: será a do Senhor Jesus, que virá na glória com todos os santos.


Naquele encontro veremos finalmente o seu Rosto na plena luz da Trindade; um Rosto resplandecente de amor, diante do qual também cada ser humano aparecerá na verdade total.


A história da humanidade, assim como a de cada um de nós, não pode ser entendida como uma simples sucessão de palavras e de acontecimentos sem sentido. Também não pode ser interpretada à luz de uma visão fatalista, como se tudo já estivesse preestabelecido, segundo um destino que subtrai todo o espaço de liberdade, impedindo que se façam escolhas que sejam fruto de uma verdadeira decisão.


Pelo contrário, no Evangelho de hoje, Jesus diz que a história dos povos e dos indivíduos tem um fim e uma meta a alcançar: o encontro definitivo com o Senhor. Não conhecemos o tempo nem as modalidades como isto acontecerá; o Senhor reiterou que “ninguém o sabe, nem os anjos do céu, nem sequer o Filho” (v. 32); tudo está conservado no segredo do mistério do Pai.


Todavia, conhecemos um princípio fundamental, com o qual nos devemos confrontar: “O céu e a terra passarão — diz Jesus — mas as minhas palavras não passarão” (v. 31). Eis o verdadeiro ponto crucial. Naquele dia, cada um de nós deverá compreender se a Palavra do Filho de Deus iluminou a própria existência pessoal, ou se lhe virou as costas, preferindo confiar nas próprias palavras.


Será mais do que nunca o momento no qual abandonar- -nos definitivamente ao amor do Pai e confiar-nos à sua misericórdia. Ninguém pode evitar este momento, nenhum de nós! Já não servirá a astúcia, que muitas vezes inserimos nos nossos comportamentos, para acreditar a imagem que queremos oferecer; do mesmo modo, já não poderá ser usado o poder do dinheiro e dos meios econômicos, com os quais pretendemos, com presunção, comprar tudo e todos.


Só disporemos daquilo que realizamos nesta vida, acreditando na sua Palavra: o tudo e o nada daquilo que vivemos ou que deixamos de fazer. Só levaremos conosco o que doarmos. Invoquemos a intercessão da Virgem Maria, para que a constatação da nossa provisoriedade na terra e do nosso limite não nos faça afundar na angústia, mas nos chame à responsabilidade em relação a nós mesmos, ao próximo e a todo o mundo.

 

http://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-45-b-62-33o-domingo-do-tempo-comum-v03.pdf

Perspectivas escatológicas a partir da COVID-19 - (Continuação...)


Por Dom Leomar Antônio Brustolin

 

4-    ESPERAR E CONFIAR

 

Na contradição entre o hoje e o amanhã, entre a experiência e a espera, o ser humano se defronta com as várias possibilidades de se posicionar em relação ao futuro: desespero, presunção ou esperança. Entretanto, o que mais ameaça a esperança é a crise. Ela faz que se perca a confiança no tempo, pois já não se sabe se haverá futuro. Para Santo Agostinho, “estas duas coisas matam a alma: o desespero e a falsa esperança” (Sermão 87,8).


Desespero é a atitude daqueles que negam o futuro porque o identificam com o mal que está presente. Pensam o hoje como tédio e caos. Apregoam o fim do mundo e interpretam a pandemia segundo uma visão catastrófica e, às vezes, até como resultado de castigo divino. É atitude de quem perde a fé e a esperança. Confiar demais nas próprias forças pode ter um custo muito alto: não saber confiar totalmente na surpresa de Deus. “O início da fé é reconhecer-se necessitado de salvação. Não somos autossuficientes, sozinhos afundamos: precisamos do Senhor como os antigos navegadores das estrelas” (FRANCISCO, 2020, p. 23). Deus está do nosso lado, e não do lado do vírus.


Presunção é a atitude daquele que avalia falsamente a si mesmo e as capacidades do mundo. Identifica-se o presente com o bem que deve vir. Faz-se a idolatria da hora, vive-se o engano da falsa esperança. Sugerem-se soluções simplórias, fáceis e até mágicas; postura essa de quem não é realista nem prudente, visto que prefere julgar a realidade numa ótica unilateral e equivocada. A Covid-19 desmascara as presunções e pega nossas sociedades despreparadas […] em relação à nossa visão de mundo e existência. Do que julgamos distante, e do que é realmente próximo. Do que consideramos estritamente individual e do que é coletivo. Do que acreditamos poder nos proteger e do que isso nos expõe (MENDONÇA, 2020, p. 7-8).


Esperança é a paixão por aquilo que é possível. É a estrutura originária da existência humana no mundo e a estrutura originante que qualifica a existência diante do futuro e, ao mesmo tempo, subverte a ordem atual. O humano vive na medida em que espera, porque ele é esperança. Entre o já realizado e o ainda não alcançado, a esperança galvaniza o presente, suscitando novas possibilidades, oportunidades e caminhos.


A esperança se fundamenta na confiança na ação do Espírito Santo, que infunde conforto e paz em tempos de adversidade. Essa serenidade e alegria são penhor e antecipação da glória vindoura (2Cor 1,3-7). A dor, então, não é prerrogativa do apóstolo ou de alguns cristãos, porque, na verdade, faz parte do ser em Cristo. Sofrer com Cristo, assim, é graça especial que ultrapassa a graça da fé.


Por isso, o apóstolo Paulo chega a anunciar aflições para sua comunidade cristã. Para ele, a dor não é apenas algo que deva ser suportado, mas é, muito mais, uma luta ativa pela causa de Cristo. Assim, não se envergonhava nem se abatia pelos sofrimentos; ao contrário, via, nas perseguições e nos tormentos pelos quais passava, motivo de alegria e fonte de conforto, porque sabia que se tornavam um indício da salvação ao se incorporarem à paixão de Cristo.


Nesse sentido, a fé não pode ocupar-se em responder ao porquê da pandemia e das mortes. Na Sagrada Escritura, não se encontra uma solução racional para a questão da dor e da morte. Mesmo que os textos tendam, em sua maior parte, a conceber a dor como resultado de uma desordem introduzida no mundo pelo pecado, o certo é que, biblicamente, não se sustenta a ideia de que todo tipo de sofrimento humano é resultado de um destino cego que advém sobre a humanidade. Muito mais, ele é entendido como uma disposição da insondável sabedoria divina, a qual o ser humano deve reverenciar pela força da fé.

 

5.    SOLIDÁRIOS NA DOR E NO SERVIÇO À VIDA

 

O flagelo não é uma vingança, tampouco um castigo divino para descontar as faltas humanas. É um caminho para que a humanidade alcance a felicidade eterna. Por um lado, a dor induz o pecador a abandonar o pecado e se voltar para Deus; por outro, o sofrimento é vivido pelo justo como um meio da pedagogia divina. Essa pandemia nos tornará melhores ou piores, disse o papa Francisco no Ângelus de 31 de maio de 2020. Se todos entenderem o significado de estarmos juntos e na solidariedade que nos envolve, cresceremos.


A dor de Cristo se renova e continua na dor do seu discípulo. Isso acontece porque Cristo não sofreu por si mesmo, mas pelos outros. O mesmo vale para o cristão, que não sofre por si, mas pelos outros. Ele, portanto, não sofre só porque Cristo sofreu, mas padece porque é continuador da obra de Cristo (Cl 1,4). Enquanto for instrumento de Cristo por essência, ele deve sofrer pelos outros.


Essa dor solidária se traduz, sobretudo, na incansável labuta dos profissionais da área da saúde que se dedicam a mitigar o sofrimento das vítimas da Covid-19. Para poder ajudar, esses servidores da vida precisam lidar com o sofrimento de assistir às mortes ocorridas na solidão, com a agonia do paciente incapaz de respirar e com a carência de recursos suficientes para atender a todas as demandas. Para permanecer na missão, esses profissionais, mesmo sem saber e, talvez, até sem crer, ingressam numa comunhão profunda com os sofrimentos de Cristo. Entenderam que somos capazes de “sofrer com o outro, pelos outros; sofrer por amor da verdade e da justiça; sofrer por causa do amor e para se tornar uma pessoa que ama verdadeiramente” (SS 39).

 

CONCLUSÃO

 

Para quem crê, até mesmo a provação da pandemia pode estabelecer uma intimidade com Cristo e fortalecer a esperança na vida eterna. Com ele, o sofrer implica tentação e convite.


Tentação, porque a dor, seja ela qual for, ameaça as seguranças e certezas. Ela é uma ruptura que pode fragmentar a pessoa. Quando o sofrimento provoca revolta, constata-se uma reação até natural de quem se sente impotente e não consegue avaliar os limites da natureza. Não raras vezes, imputa-se a Deus a impotência humana. Nesse caso, a crise atinge a fé e a esperança.


Convite, porque ao absurdo da dor se contrapõe a solidariedade de Cristo, a qual modifica o sentido do sofrimento. Se a revolta é uma reação natural, a paz é um dom sobrenatural a ser acolhido. Quem sofre pode crescer moral e espiritualmente com essa experiência. É claro que poucos conseguem viver tudo isso em meio a grande provação. Isso depende da capacidade mística de se abandonar, incondicionalmente, nas mãos de Deus. É a condição de quem compreende que somente quem crê e espera em Cristo pode abrir caminhos de libertação da escravidão imposta pelo mal. Assim, não interessa quanto se sofre, mas como se sofre.


No cristianismo primitivo, entendia-se que as perseguições, os martírios e as dificuldades de toda sorte tinham profunda conexão com a esperança. Aceitava-se sofrer porque Cristo havia sofrido. Não era uma atitude passiva e fraca, e as tribulações eram percebidas como sinais de que o tempo messiânico havia efetivamente começado. Os sofrimentos permitiam participar da paixão de Cristo, mas se esperava que, em breve, ocorreria sua vinda gloriosa. Enfim, sofria-se na esperança da vitória (2Ts 1,4-10).


Afinal, precisamos das esperanças – menores ou maiores – que, dia após dia, nos mantêm a caminho. Mas, sem a grande esperança que deve superar todo o resto, aquelas não bastam. Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir (SS 16).


A pandemia da Covid-19 encerrou um jeito de viver neste mundo. Novos ritmos e novos estilos de interação com a nova realidade irão se impor. A falsa segurança e o delírio de onipotência ruíram. Há dúvidas, incertezas e inseguranças sobre o futuro próximo. A fé cristã, porém, sustentada por uma esperança que não decepciona (Rm 5,5), assegura que as promessas de Cristo se cumprirão, porque Deus é fiel (1Cor 1,9). Cabe a cada cristão acolher o tempo presente vivendo entre as coisas que passam e “abraçando” aquelas que não passam. A empatia, a solidariedade e a defesa da vida são testemunhos de uma caridade que jamais se perderá.

 

Referências bibliográficas

 

BENTO XVI, Papa. Carta Encíclica Spes Salvi: sobre a esperança cristã (SS). São Paulo: Paulinas, 2007.

CAMUS, Albert. A peste. Rio de Janeiro: Record, 2009.

FRANCISCO, Papa. Vida após a pandemia. Cidade do Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 2020.

MENDONÇA, José Tolentino de. Il potere della speranza. Milano: Vita e Pensiero, 2020.

 

Dom Leomar Antônio Brustolin

é bispo auxiliar de Porto Alegre, doutor em Teologia, professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), membro da Comissão de Doutrina da Fé da CNBB. E-mail: leomar.brustolin@pucrs.br

https://www.vidapastoral.com.br/edicao/esperar-o-mundo-que-vira-perspectivas-escatologicas-a-partir-da-covid-19/