sábado, 26 de março de 2022

SEJA BEM-VINDO!

DOMINGO, 27 DE MARÇO DE 2022

– O abraço da misericórdia do Pai
– Ano da família Amoris Laetitia

CAMPANHA DA FRATERNIDADE
Tema: "Fraternidade e Educação".
Lema: "Fala com sabedoria, ensina com amor" (Pr 21,36).

QUARTO DOMINGO DA QUARESMA – ANO C

“Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão que estava morto e tornou a viver, estava perdido, e foi encontrado”. ( cf. Lc 15, 32)

OLÁ: PRA COMEÇO DE CONVERSA...

1- Liturgia do 4.º Domingo da Quaresma- ANO C

Celebramos neste domingo o chamado domingo LAETARE, dia das rosas em Roma e dia de alegria no meio da penitência que dá a nota deste tempo forte de conversão e mudança de vida.

Porque nós devemos fazer penitência? Para nos alegrarmos com a misericórdia e a acolhida que vem de Deus. É o que fala o Evangelho de hoje, a alegria do Pai ao encontrar o filho pródigo, dando-lhe a túnica nova, renovando-o com o anel da realeza, determinando a festa com o novilho e iguarias e, mais do que tudo isso, o anúncio de que aquele que estava no pecado encontrou a graça: “Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão que estava morto e tornou a viver, estava perdido, e foi encontrado”. ( cf. Lc 15, 32)

Esta é a missão que cada um de nós é chamado neste domingo: abandonar os paradigmas que oprimem e nos abrirmos para a graça santificante de Deus que nos pede, MISERICÓRDIA, PERDAO, ACOLHIDA CONCÓRDIA E AMOR.

Assim, a penitência que fazemos neste tempo de conversão se transforma em alegria, porque é inspirada como desejo de Deus.

Penitência que desde a antiga aliança era considerada como uma volta para Deus, na busca do rosto sereno e radioso do Senhor da Vida.

Ao mesmo tempo em que a quaresma nos convoca à conversão, ela nos recorda que Deus não tem limites em sua misericórdia e em seu perdão. Que esta celebração nos faça sentir-nos envolvidos pela sua ternura, que sempre espera quem possa ter se afastado e retorna a Ele, para dar-lhe o abraço da reconciliação.

2- CF 2022

Objetivo geral e alguns específicos da CF 2022 – Fraternidade e Educação

Geral: promover o diálogo a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário.

- Específicos: analisar o contexto da educação na cultura atual, e seus desafios potencializados pela pandemia; verificar o impacto das políticas públicas na educação; identificar valores e referências da Palavra de Deus e da Tradição cristã em vista de uma educação humanizadora na perspectiva do Reino de Deus; pensar o papel da família, da comunidade de fé e da sociedade no processo educativo, com a colaboração dos educadores e das instituições de ensino.

03- ALGUMAS NOTÍCIAS DE SÃO PAULO, DO BRASIL E DA IGREJA( até 22/03)

Ø  Governo zera imposto de importação de etanol e de produtos da cesta básica

Objetivo é conter a inflação.

Ø   Central sinaliza novo aumento da taxa Selic em maio

Copom elevou juros para 11,75% ao ano na última revisão e projeta mais um reajuste.

Ø  Abertas 260 vagas de concurso público para a Polícia Civil do Distrito Federal

São 60 vagas para o cargo de Gestor de Apoio às Atividades Policiais Civis e 200 vagas para Analista de Apoio às Atividades Policiais Civis da Carreira de Gestão de Apoio às Atividades Policiais Civis do Distrito Federal.

Ø  MERCADO DE TRABALHO- Pesquisa aponta maior otimismo quanto ao mercado de trabalho desde o início da pandemia.

Ø  73,2 milhões de pessoas tomaram dose de reforço contra a covid.

Ø  COVID-19- De 3.399por 233.-SP tem o menor número de internação por Covid da pandemia.

Ø  Estados congelam ICMS da gasolina por mais três meses; diesel terá alíquota única.

Decisão tomada pelos governadores atende à lei aprovada pelo Congresso e sancionada pelo Presidente Bolsonaro.

Ø  Novas chuvas em Petrópolis deixam mais de 600 desabrigados

O município voltou a sofrer com as chuvas cerca de um mês após o maior desastre de sua história recente, que deixou 233 mortos e 4 desaparecidos.

Ø  Número de mortes por chuvas em SP dobra no verão de 2022

Ø  Doria deve deixar governo até 2 de abril para concorrer à Presidência

Vice-governador e pré-candidato ao governo de São Paulo em 2022, Rodrigo Garcia (DEM) assumirá o cargo.

Ø  Cracolândia fica vazia e usuários de drogas se espalham pelo centro de SP

Polícia Civil informou que determinação veio de traficantes.

Ø  Zelensky pede que o Papa Francisco atue como mediador em conflito com russos.

Presidente da Ucrânia conversou por telefone com o líder da Igreja Católica no dia 22 de março.                                                                                           

Ø  Vaticano divulgou hoje o calendário de celebrações presididas pelo Papa em abril e maio

O Vaticano divulgou, no dia 21, o calendário de celebrações presididas pelo Papa Francisco para o mês de abril. Na agenda, a viagem apostólica a Malta, além das tradicionais celebrações da Semana Santa e o rito de canonização de novos santos para a Igreja.

Já no próximo final de semana, 2 e 3 de abril, Francisco segue para Malta, na região central do Mediterrâneo. A programação completa da viagem foi divulgada no mês passado e inclui, entre outras atividades, um encontro com os migrantes.

Semana Santa

Abrindo a Semana Santa, Francisco presidirá a celebração do Domingo de Ramos no dia 10 de abril na Praça São Pedro. A Missa está marcada para as 10h.

Na Quinta-Feira Santa, 14, a Missa do Crisma com o Pontífice será na Basílica de São Pedro às 9h30. Na Sexta-Feira Santa, 15, Paixão do Senhor, a celebração será na Basílica de São Pedro às 17h. E à noite, a tradicional Via-Sacra no Coliseu às 21h15.  No sábado, 16, Francisco presidirá, às 19h30, a Vigília Pascal, também na Basílica de São Pedro. A Missa de Páscoa, no dia 17, está marcada para as 10h na Praça São Pedro. Nesse mesmo dia, o Papa concederá a Benção Urbi et Orbi, com uma mensagem de Páscoa já tradicional.

Domingo da Divina Misericórdia e canonizações

O II Domingo após a Páscoa é, para a Igreja Católica, o Domingo da Divina Misericórdia. A festividade foi instituída por São João Paulo II, valorizando a experiência mística de Santa Faustina Kowalska. Neste dia – 24 de abril – Papa Francisco presidirá a Missa na Praça São Pedro às 10h.

Entrando no mês de maio, estão marcadas 10 canonizações para o dia 15. O Papa presidirá a Missa na Praça São Pedro às 10h, com o rito dessas canonizações. Serão proclamados santos: Titus Brandsma, Lazzaro (dito Devasahayam), César de Bus, Luigi Maria Palazzolo, Giustino Maria Russolillo, Charles de Foucauld, Maria Rivier, Maria Francesca di Gesù Rubatto, Maria di Gesù Santocanale e Maria Domenica Mantovani.

Os horários informados referem-se ao horário local.

https://noticias.cancaonova.com/especiais/pontificado/francisco/viagem-semana-santa-canonizacoes-agenda-do-papa-em-abril-e-maio/

Ø  USO DE MÁSCARA: embora liberada o uso ao ar livre e lugares fechados, menos nos ônibus e metrôs, na Igreja da Arquidiocese de São Paulo continua obrigatório o uso.

Ø  Posse de dom Vilar: “para a minha missão fixo os olhos no Bom Pastor”

A Missa de Posse do 6º bispo diocesano da quase centenária Igreja Particular de São José do Rio Preto, em 19 de março, contou com a presença do arcebispo metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro/RJ, cardeal Orani João Tempesta, O. Cist.

SB SABENDO BEM DESTE DOMINGO E DESTA SEMANA

 

01- OLÁ! PRA COMEÇO DE CONVERSA...

1. Liturgia do Quarto Domingo da Quaresma – Ano C;

2. Campanha da Fraternidade 2022;

3. Algumas notícias de São Paulo, do Brasil e da Igreja.

02- LEITURAS DA MISSA DO 4º DOMINGO DA QUARESMA- ANO C;

03- LITURGIA DA SEMANA DE 28 DE MARÇO A 03 DE ABRIL;

04- REFLEXÃO DOMINICAL I: O DOMINGO DA ALEGRIA;

05- REFLEXÃO DOMINICAL II: Js 5,9a.10-12; Sl 33; 2Cor 5,17-21; Lc 15,1-3.11-32

06- ESTUDO: Lc 11, 3.11-32;

07- ESPIRITUALIDADE – “EU NÃO PRECISO DE NINGUÉM”:VOCÊ ACHA QUE ISSO É LIBERDADE?

08- MISERICORDIOSO COMO O PAI (Papa Francisco);

09- ATUALIDADE: PARTICIPAR DA POLÍTICA É DEVER DE TODO CATÓLICO, SIM – MAS NÃO DA POLITICAGEM;

10- A BELEZA DA VIRTUDE;

11- SANTO AGOSTINHO E O SERMÃO SOBRE O FILHO PRÓDIGO (Serm.112 A –sobre Lucas 15,11-32);

12- SUGESTÃO DE LEITURA:

   1. Pescadores de Homens (Fábio Henrique Carvalheiro);

   2. A Homilia (Guillermo D. Micheletti);

   3. Deus nos lê pela sua Palavra (Altierez dos Santos).

Caro(a) Leitor(a) amigo(a):

O meu abraço fraterno e uma ótima semana a todos!

ACESSE SEMPRE O BLOG: sbsabendobem.blogspot.com e divulgue aos seus amigos, conhecidos e contatos nas redes sociais. Comente, faça sugestões. Agradeço!

Escreva para: sbsabendobem@gmail.com

# VACINAR É UM ATO DE AMOR!

EU CUIDO DE VOCÊ E VOCÊ CUIDA DE MIM
E DEUS CUIDA DE NÓS!


LEITURAS DA MISSA

4º DOMINGO DA QUARESMA - ANO C

1ª Leitura: Js 5,9a.10-12
L. Leitura do Livro de Josué.

Naqueles dias, o Senhor disse a Josué: “Hoje tirei de cima de vós o opróbrio do Egito”. Os israelitas ficaram acampados em Guilgal e celebraram a Páscoa no dia catorze do mês, à tarde, na planície de Jericó. No dia seguinte à Páscoa, comeram dos produtos da terra, pães sem fermento e grãos tostados nesse mesmo dia. O maná cessou de cair no dia seguinte, quando comeram dos produtos da terra. Os israelitas não mais tiveram o maná. Naquele ano comeram dos frutos da terra de Canaã.
– Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

Salmo: Sl 33(34)

S. Provai e vede quão suave é o Senhor! A. Provi e vede quão suave é o Senhor!

1. - Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,* seu louvor estará sempre em minha boca. - Minha alma se gloria no Senhor;* que ouçam os humildes e se alegrem!

2. - Comigo engrandecei ao Senhor Deus,* exaltemos todos juntos o seu nome! - Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu,* e de todos os temores me livrou. 3. - Contemplai a sua face e alegrai-vos,* e vosso rosto não se cubra de vergonha! - Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido,* e o Senhor o libertou de toda angústia.

2ª Leitura: 2Cor 5,17-21
L. Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios.

Irmãos: Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo. E tudo vem de Deus, que, por Cristo, nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação. Com efeito, em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo, não imputando aos homens as suas faltas e colocando em nós a palavra da reconciliação. Somos, pois, embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus.
– Palavra do Senhor. – Graças a Deus.

Evangelho: Lc 15,1-3.11-32


S. Vou levantar-me e vou a meu pai e lhe direi: Meu Pai, eu pequei contra o céu e contra ti. A. Gloria a vós, ó Cristo...

P. O Senhor esteja convosco.
A. Ele está no meio de nós.
P. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
A. Glória a vós, Senhor!

(N = Narrador; F1 = Filho mais novo; F2 = Filho mais velho; P = Pai; Cr = Criado).

N. Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeições com eles”. Então Jesus contou-lhes esta parábola: “Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: F1. ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. N. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. O rapaz queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. Então caiu em si e disse: F1. ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’. N. Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o, e cobriu-o de beijos. O filho, então, lhe disse: F1. ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. N. Mas o pai disse aos empregados: P. ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. N. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu: Cr. ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’. N. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. Ele, porém, respondeu ao pai: F2. ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’. N. Então o pai lhe disse: P. ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’”.
– Palavra da Salvação. – Glória a Vós, Senhor!

LITURGIA DA SEMANA DE 28 DE MARÇO A 03 DE ABRIL

 


Dia 28: 2ªf, Is 65,17-21; Sl 29(30); Jo 4,43-54;

Dia 29: 3ªf, Ez 47,1- 9.12; Sl 45(46); Jo 5,1-16

Dia 30: 4ªf, Is 49,8-15; Sl 144(145); Jo 5,17-30;

Dia 31: 5ªf, Ex 32,7- 14; Sl 105(106); Jo 5,31-47;

Dia 1º, 6ªf, Sb 2,1a.12-22; Sl 33(34); Jo 7,1-2.10.25-30;

Dia 02, sáb., São Francisco de Paula: Jr 11,18-20; Sl 7,2-3.9bc-10.11- 12); Jo 7,40-53;

Dia 03, dom., 5º da Quaresma: Is 43,16-21; Sl 125(126); Fl 3,8-14; Jo 8,1-11 (mulher adúltera).

 

REFLEXÃO DOMINICAL I

O DOMINGO DA ALEGRIA


 

- O quarto domingo da Quaresma é conhecido como o domingo da alegria (Laetare) porque nesse domingo vislumbramos a Páscoa do Senhor na liturgia da Palavra, que nos faz refletir sobre a conversão e a reconciliação. Hoje, a cor rósea substituiu o roxo lembrando essa alegria da Páscoa do Senhor que se aproxima, cujos sinais estão presentes nesta liturgia.

 - Na primeira leitura recordamos a ação maravilhosa de Deus cumprindo as promessas feitas aos antigos Patriarcas: "dar-vos-ei uma terra onde corre leite e mel". Passados muitos séculos, Deus liberta o seu povo da escravidão do Egito e entrega-lhes a Terra Prometida. No texto de hoje vemos os israelitas, que depois de uma longa permanência de quarenta anos no deserto, atravessam o rio Jordão e entram na terra da Promessa. Aproximava-se a celebração da Páscoa e, considerando que só os circuncidados a podiam celebrar (cf. Ex 12,44.48), Josué mandou circuncidar todos os que tinham nascido no deserto e todos os estrangeiros, para que todos fizessem parte do Povo eleito. A circuncisão era um sinal da aliança estabelecida por Deus com Abraão. O rito levado a cabo por Josué era também uma espécie de "conversão coletiva": assinalava um "tempo novo", uma vida nova depois do "opróbrio do Egito", isto é, depois da escravidão. Somos convidados, neste tempo de Quaresma, a fazer uma experiência semelhante à dos israelitas: é preciso pôr fim à etapa da escravidão do pecado e passar, decididamente, à vida nova, à vida da liberdade. É preciso renascer e aderir com convicção as propostas de Deus.

 - O que ainda me impede de celebrar um verdadeiro compromisso com Deus?

 - Reconciliação é palavra-chave da segunda leitura: reconciliação entre os coríntios e Paulo; reconciliação entre os coríntios e Deus. Isso nos recorda que para vivermos em paz uns com os outros é preciso viver em Deus e com Ele. Reconciliemo-nos com Deus por meio de nossa adesão à Cristo! Paulo fez-se "embaixador" e arauto desta reconciliação e aponta a eficácia reconciliadora da morte de Cristo pela cruz. Por ela, Deus arrancou-nos do domínio do pecado e transformou-nos em homens novos. Apesar das nossas infidelidades, Deus continua a oferecer-nos o seu amor. Como respondemos a essa oferta divina? Com uma vida de obediência aos seus mandamentos ou com egoísmo e autossuficiência? É "em Cristo" que somos reconciliados com Deus. Jesus crucificado ensinou-nos a obediência filial ao Pai e o amor total aos homens. É desta forma que procuramos viver? A comunhão com Deus exige a reconciliação com os irmãos. Como vivemos a obrigação da reconciliação com os que nos rodeiam?

- Com três parábolas, São Lucas dedica o capítulo 15 do seu evangelho ao ensinamento de Jesus sobre a misericórdia divina. O ponto de partida para a parábola que escutamos é a murmuração dos fariseus e dos escribas que se escandalizavam com as atitudes de Jesus: "este homem acolhe os pecadores e come com eles". Para os judeus, os pecadores não podiam aproximar-se de Deus. Por isso, concluíam dizendo que Jesus não podia vir de Deus. É neste contexto que Jesus conta a chamada "parábola do filho pródigo".

- A personagem central é o pai. Jesus fala desse pai como alguém que respeita as decisões e a liberdade dos filhos, revelando um amor sem limites. Esse amor manifesta-se na emoção com que abraça o filho mais novo, que volta à casa, depois de uma amarga e dolorosa experiência, que o levou a passar fome e grandes privações. É um amor que permanece inalterado, apesar da rebeldia e da infidelidade do filho. Este grande amor do pai revela-se na entrega do anel que é símbolo da autoridade (Gn 41,42) e da pertença à família. Entrega-lhe as sandálias, o calçado próprio das pessoas livres. Este Pai é um retrato perfeito do nosso Pai celeste, um Deus paciente, acolhedor e cheio de misericórdia para conosco.

- O filho mais novo é um filho rebelde, que exige muito mais do que aquilo a que tinha direito. Ele é a imagem de todos nós, quando nos deixamos conduzir pelo pecado e exprime o itinerário do pecador, que, pela penitência, regressa à comunhão com Deus. Por outro lado, o filho mais velho sempre fez o que o pai mandou, "sem nunca transgredir uma ordem sua"; nunca pensou em deixar esse espaço cômodo e acolhedor, que é a casa paterna. Contudo, não aceita que o pai acolha o filho rebelde. Não entende a lógica do pai, que faz uma festa para receber "esse irmão", que gastou tudo. Este filho mais velho é a imagem dos fariseus e escribas que interpelaram Jesus. "Consideravam-se justos, mas desprezavam os demais".

- Esta "parábola do pai misericordioso" - Deus como um Pai bondoso, que respeita as nossas decisões, mesmo quando usamos mal a liberdade, procurando a felicidade em caminhos errados. Quando nos reencontra, os seus braços estão abertos para nos acolher. Somos convidados a imitar a misericórdia divina e nos orientar por este preceito: ser misericordiosos à semelhança de Deus, nosso Pai.

http://diocesedesaomateus.org.br/wp-content/uoloads/2022/02/27 03 22.pdf

REFLEXÃO DOMINICAL II

Js 5,9a.10-12; Sl 33; 2Cor 5,17-21; Lc 15,1-3.11-32

 

 

Por Dom Henrique Soares da Costa

 

Este Domingo hodierno marca como que o início de uma segunda parte da Santa Quaresma. Primeiramente é chamado “Domingo Laetare”, isto é “Domingo Alegra-te”, porque, no Missal, a antífona de entrada traz as palavras do Profeta Isaías: “Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações!” Um tom de esperança jubilosa na sobriedade quaresmal! É que já estamos às portas “das festas que se aproximam”. A Igreja é essa Jerusalém, convidada a reunir seus filhos na alegria, pela abundância das consolações que a Páscoa da salvação nos traz! Este tom de júbilo que nasce da esperança no Deus salvador aparece nas flores que discretamente são colocadas hoje na igreja e na cor rosa dos paramentos dos ministros sagrados.

Depois deste Domingo, o tom da Quaresma muda. A partir de amanhã, até a Semana Santa, quase todos os evangelhos da Missa serão de São João. Isto porque o Quarto Evangelho é, todo ele, como um processo entre os judeus e Jesus: os judeus levarão Jesus ao tribunal de Pilatos. Este condená-Lo-á, mas Deus haverá de absolvê-Lo e ressuscitá-Lo! A partir de amanhã também, a ênfase da Palavra de Deus que ouviremos na Missa de cada dia, deixa de ser a conversão, a penitência, a oração e a esmola, para ser o Cristo no mistério de Sua entrega de amor, de Sua angústia, ante a Paixão e Morte que se aproximam.

Em todo caso, não esqueçamos: a Quaresma conduz à Páscoa. A primeira leitura da Missa no-lo recorda ao nos falar da chegada dos israelitas à Terra Prometida. Eles celebraram a Páscoa ao partirem do Egito e, agora, chegando à Terra Santa, celebram-na novamente. Aí, então, o maná deixou de cair do céu.

Coragem, também nós: estamos a caminho; nossa Terra Prometida é Cristo, nossa Páscoa é Cristo, nosso maná é Cristo! Ele, para nós, é, simplesmente, tudo! Estão chegando os dias solenes de celebração de Sua Páscoa bendita e santa!

Quanto à liturgia da Palavra, chama-nos atenção hoje a parábola do filho pródigo. Por que está ela aí, na Quaresma? Recordemos como Lucas começa:

“Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para escutá-Lo. Os fariseus, porém, e os escribas criticavam Jesus. ‘Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles’”

Então: de um lado, os pecadores, miseráveis sem esperança ante Deus e ante os homens, que, agora, cheios de esperança nova e alegria, aproximam-se de Jesus, que Se mostra tão misericordioso e compassivo. Do outro lado, os homens de religião, os praticantes, que sentem como que ciúme e recriminam duramente Jesus! É para estes que Jesus conta a parábola, para explicar-lhes que o Seu modo de agir, ao receber os pecadores, é o modo de agir de Deus:

“O Filho nada pode fazer por Si mesmo, mas só aquilo que vê o Pai fazer. Tudo o que Este faz, o Filho o faz igualmente” (Jo 5,19)

 

Quem é o Pai da parábola?

É o Deus de Israel, o Pai de Jesus.

 

Quem é o filho mais novo?                 

São os pecadores e publicanos. Este filho sem juízo deixou o Pai, largou tudo, pensando poder ser feliz por si mesmo, longe de Deus, procurando uma liberdade que não passava de ilusão. Como ele termina? Longe do Pai, sozinho, humilhado e maltrapilho, sem poder nem mesmo comer lavagem de porcos – recordemos que, para os judeus, os porcos são animais impuros! Mas, no seu pecado, na sua loucura e na sua miséria, esse jovem é sincero e generoso: caiu em si, reconheceu que o Pai é bom (como ele nunca tinha parado para perceber), reconheceu também que era culpado, que fora ingrato, e teve coragem de voltar: confiou no amor do Pai. Cheio de humildade, ele queria ser tratado ao menos como um empregado! Esse moço tem muito a nos ensinar: a capacidade de reconhecer as próprias culpas, a maturidade de não jogar a responsabilidade nos outros, a coragem de arrepender-se, a disposição de voltar, confiando no amor do Pai! Para cada filho que volta assim, o Pai prepara uma festa (a Páscoa) e o novilho cevado (o próprio Cristo, Cordeiro de Deus) e um banquete (a Eucaristia) e a melhor veste (a veste alva do Batismo, cuja graça é renovada na Reconciliação).

E o filho mais velho, quem é? São os escribas e fariseus, são os que pensam que estão em ordem com o Pai e não Lhe devem nada, são os que se acham no direito de pensar que são melhores que os demais e, por isso, merecem a salvação. O filho mais velho nunca amou de verdade o Pai: trabalhou com Ele, nunca saiu do lado Dele, mas fazendo conta de tudo, jamais se sentindo íntimo do Pai, de tudo foi fazendo conta para, um dia, cobrar a fatura:

“Eu trabalho para Ti a tantos anos, jamais desobedeci qualquer ordem Tua. E Tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos.”

O filho nunca compreendera que tudo quanto era do Pai era seu, porque nunca amara o Pai de verdade: agia de modo legalista, exterior, fazendo conta de tudo… E, agora, rancoroso, não aceitava entrar na festa do Pai, no coração do Pai, no amor do Pai, para festejar com o Pai a vida do irmão! O Pai insiste para que entre para o banquete, mas, os escribas e os fariseus não quiseram entrar na festa do Pai, que Jesus veio celebrar neste mundo…

Quem somos nós, nesta parábola?

Somos o filho mais novo e somos também o mais velho! Somos, às vezes, loucos, como o mais jovem, e duros e egoístas, como o mais velho. Pedimos perdão como o mais novo, e negamos a misericórdia, como o mais velho. Queremos entrar na festa do Pai como o mais novo, e, às vezes, temos raiva da bondade de Deus para com os pecadores, como o mais velho! Convertamo-nos!

São Paulo nos ensinou na Epístola que, em Cristo, Deus reconciliou o mundo com Ele e fez de nós, criaturas novas. O mundo velho, marcado pelo pecado, desapareceu. Em nome de Cristo, Paulo pediu – e eu vos suplico também:

“Deixai-vos reconciliar com Deus! Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus O fez pecado – isto é, Vítima pelo pecado – por nós, para que Nele nos tornemos justiça de Deus!”

Alegremo-nos, pois! Cuidemos de entrar na Festa do Pai, que Cristo veio trazer: peçamos perdão a Deus, demos perdão aos irmãos!

“Como o Senhor vos perdoou e acolheu, perdoai e acolhei vossos irmãos!”

Deixemos que Cristo nos renove, Ele que é Deus bendito pelos séculos. Amém.

https://rumoasantidade.com.br/homilia-para-o-iv-domingo-da-quaresma-ano-c/

ESTUDO DE LC 15, 1-3.11-32

A PARÁBOLA: 1ª PARTE: A DEFESA

 

OS DOIS FILHOS: Disse pois a eles esta parábola, contando(3):Certo homem tinha dois filhos(11). Então disse o mais novo deles ao pai: Pai, dá-me a parte do patrimônio que me corresponde. E dividiu entre eles a fortuna (12). Et ait ad illos parabolam istam dicens Homo quidam habuit duos filhos. Et dixit adulescentior ex illis patri pater da mihi portionem substantiae quae me contingit et divisit illis substantiam. O texto evangélico passa por alto as duas parábolas da ovelha tresmalhada e da dracma perdida e se centra na parábola comumente chamada do filho pródigo. Consideramos as circunstâncias que acompanham a saída do filho menor como forma literária e não fundo alegórico, embora tenha uma base verdadeira na vida real. CERTO HOMEM indica um latifundiário judeu abastado e os dois filhos preparam o ouvinte para a segunda parte da parábola, com a distinção entre as duas condutas, mas com a unicidade do amor do pai, que, como o pastor ou a dona da casa, procura o que estava perdido como objeto primário de sua afanosa angústia. DIVIDIU A FORTUNA: Segundo costumes ancestrais, o pai podia dispor de seus bens de duas maneiras: Ou por testamento que seria válido na hora de sua morte, ou por meio de doação em vida (donatio inter vivos). Embora esta prática fosse desaconselhada em Ecl 33, 19-23, parece ser a mais usual na época. A herança do primogênito devia ser o duplo da soma correspondente a seus irmãos (Dt 21, 17), ou seja, dois terços da herança total. Outros falam que o filho menor nesse caso deveria receber  dois nonos do total. O filho recebia unicamente o título de propriedade, enquanto o pai retinha o usufruto dos bens até a sua morte. Se o filho vendia sua parte, o comprador só poderia tomar parte dos bens após a morte do pai, quando o filho vendedor perdia todo direito. A divisão, pois da fortuna ou bens não significa a transferência da propriedade, mas da uma parte da mesma ao filho. Por isso, no final da parábola, o pai atua como verdadeiro proprietário dando ordens aos empregados, mandando matar o melhor terneiro etc.

A FUGA: Assim, após não muitos dias, tendo reunido todas as coisas, o filho mais novo se exilou a uma região distante, e ali dissipou seus bens vivendo desregradamente (13). Et non post multos dies congregatis omnibus adulescentior filius peregre profectus est in regionem longinquam et ibi dissipavit substantiam suam vivendo luxuriose. O  genitivo absolutode REUNIR TODOS OS BENS, significa converter os mesmos em dinheiro vivo ou cash. Temos traduzido por EXILAR-SE um verbo que pode ter o significado de emigrar especialmente quando temos que a região almejada é distante. Provavelmente um território da diáspora. Considerava-se que na diáspora havia 4 milhões de judeus e que na Palestina eram um pouco mais de 500 mil. Havia um judeu por cada seis habitantes nesse mundo que se conhece como oikoumene. A emigração era devida não tanto às oportunidades comerciais que oferecia a diáspora, pois os judeus podiam trabalhar no comércio, na banca e como artesãos e entre os romanos só os escravos o faziam. Segundo os costumes judaicos, o mais jovem teria entre 18 e 20 anos, pois não estava casado e aquela era a idade normal do casamento. E lá ESBANJOU SUA FORTUNA [substância segundo texto grego que o latino traduz literalmente]. A maneira de fazê-lo foi uma vida dissoluta, que geralmente é associada ao vinho, jogo e mulheres, como um crápula e da qual o irmão dirá foi dissipada com meretrizes.

A FOME: Depois, pois, dele ter esbanjado tudo, surgiu uma forte fome naquela região e ele começou a passar necessidade (14). Et postquam omnia consummasset facta est fames valida in regione illa et ipse coepit egere. A FOME era uma epidemia frequente na antiguidade. Foi a causa pela qual Jacó enviasse seus filhos ao Egito em busca de provisões (Gn cap 42). Sabemos como Herodes, o Magno, vendeu até sua vasilha de prata para obter trigo num período de fome. Como Paulo trouxe esmolas para Jerusalém para aliviar a fome dos irmãos, provavelmente nos tempos do imperador Cláudio (41-54) que foi testemunhada por Josefo em suas antiguidades.

CUIDADOR DE PORCOS: E tendo saído, se associou a um dos cidadãos daquela região e o enviou a seus campos apascentar porcos(15). Et abiit et adhesit uni civium regionis illius et misit illum in villam suam ut pasceret porcos. O caso é dos mais humilhantes: um jovem judeu, de boa família, se transformando em PORQUEIRO, cuidando de animais que eram considerados entre os mais impuros e degradantes pela Lei (Lv 11, 7). Sabemos da atitude dos sete irmãos aos quais obrigavam a tocar carne de porco ou comer da mesma como outros traduzem (1 Mc 7,1). A atitude rabínica sobre o cuidador de porcos, está magnificamente expressa nesta imprecação: Maldito o criador de porcos e maldito quem instrui a seu filho na sabedoria grega. Além disso, não poderia santificar o sábado e estava disposto a renegar de sua religião por causa da impureza constante.

A REALIDADE: E desejava encher o seu ventre das glandes [bolotas] que comiam os porcos e ninguém dava a ele ( 16). Et cupiebat implere ventrem suum de siliquis quas porci manducabant et nemo illi dabat. O único alimento que tinha eram as glandes ou bolotas do carvalho, que os judeus chamavam alimento de bestas. Mas ninguém dava a ele. É um tanto irreal, ou kafkiano como dizem, pensar que ele não pudesse comer de um fruto que naturalmente cai dos carvalhos e é de livre escolha no chão inculto da floresta.É uma maneira exagerada de descrever a fome intensa do jovem da narração parabólica. Ou talvez por considerar essa alimentação de um fruto que não lhe pertencia como um roubo.

O ARREPENDIMENTO: Voltando, pois, em si disse: Quantos jornaleiros do meu pai abundam de pães, porém eu pereço de fome (17). In se autem reversus dixit quanti mercennarii patris mei abundant panibus ego autem hic fame pereo. VOLTAR EM SI significa em termos bíblicos arrepender-se ou fazer penitência. São duas as causas principais que o incitam ao arrependimento: a diferença entre a comida atual, e o pão abundante. E a outra é a comparação entre ele, um filho e os jornaleiros do campo que percebiam um mínimo de jornal, e não obstante estavam em condições muito melhores. Como ele depois dirá ao pai, quer ser tratado como um desses jornaleiros e não como filho.

O PROPÓSITO: Tendo-me levantado, irei a meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti (18). E de modo algum sou digno de ser chamado teu filho, faz-me como um de teus jornaleiros (19). Surgam et ibo ad patrem meum et dicam illi pater peccavi in caelum et coram te. Et iam non sum dignus vocari filius tuus fac me sicut unum de mercennariis tuis. TENDO-ME LEVANTADO, em aoristo, é uma maneira de falar dos semitas, quesempre estavam sentados nas tendas e era assim que falavam e decidiam seus compromissos. A menção do céu está no lugar de Deus e as duas preposições contra e diante são mera variação literária. De fato o jovem admite seu pecado que sempre tem uma origem na desobediência feita a Deus, e sabe que causou uma grande aflição a seu pai. A frase é uma fórmula estereotipada do AT como em Êxodo 10, 16 quando o faraó admite seu erro: Pequei contra Javé e contra vós. Ele tinha perdido todo direito a ser considerado como filho ao receber a herança na vida do pai e não podia pedir ajuda do mesmo. Por isso pede que seja tratado como um dos jornaleiros que trabalhavam no campo do pai. Assim devemos traduzir o faz-me [ou trata-me] como a um de teus jornaleiros.

O ENCONTRO: E tendo-se levantado, veio para seu pai; estando ele ainda longe o viu seu pai e se enterneceu (nas entranhas); e tendo corrido caiu sobre seu colo e o beijou repetidamente (20). Et surgens venit ad patrem suum cum autem adhuc longe esset vidit illum pater ipsius et misericordia motus est et adcurrens cecidit supra collum eius et osculatus est illum A descrição do pai, como se adiantando ao filho antes deste pedir seu perdão, e do sentimento expressado pelo verbo que significa um sentimento profundo que comoveu intimamente seu interior, o verbo correr ao encontro do filho, o abraço antes deste pronunciar uma só palavra e o beijo repetido que seria cumular de beijos, indicam como o pai esperava o filho e estava disposto a esquecer e perdoar. São detalhes que vão além do aspecto puramente literário para descrever o fundo do amor paterno em toda sua intensidade.

A CONFISSÃO: Lhe disse o filho: Pai, pequei contra o céu e diante de ti e em modo algum sou digno de ser chamado teu filho(21 Dixitque ei filius pater peccavi in caelum et coram te iam non sum dignus vocari filius tuus. As palavras do filho são calcadas do seu propósito que vimos no parágrafo dos versículos 18 e 19.

REAÇÃO DO PAI: Disse o pai a seus escravos: Trazei a veste [stolë <4749> stole], a principal; vesti-o; e dai um anel na mão dele, e calçado nos seus pés(22). E, tendo trazido o terneiro engordado, matai e, comendo, regozijemos (23). Dixit autem pater ad servos suos cito proferte stolam primam et induite illum et date anulum in manum eius et calciamenta in pedes. Et adducite vitulum saginatum et occidite et manducemus et epulemur. A palavra que o latim traduz propriamente por servi, que na época apontava aos escravos, mas que, nas línguas vernáculas, perdeu seu primitivo significado ao confundi-lo com os servos da terra medieva, com o qual se dulcifica o verdadeiro significado. José recebe do faraó como seu grande visir um vestido novo, um anel e um colar de ouro no pescoço (Gn 41, 42). A veste chamada estola era um distintivo das classes sociais altas, um vestido longo até os calcanhares, impróprio da túnica dos trabalhadores, curta até as coxas. Era a túnica talar ou estola, o vestido talar próprio dos oficiais e das mulheres, que chegava até os calcanhares, pois talares eram chamadas as asas de que estavam dotadas as sandálias de Mercúrio para melhor correr. Mercúrio era o deus grego do comércio e mensageiro dos outros deuses.  A veste que o pai pede para o filho era a estola primeira ou principal, que alguns traduzem como de festa. Hoje diríamos a melhor de todas. No oriente significa uma distinção especial. Pois não existiam condecorações. O anel não era um adorno, mas um sinal de distinção e de que pertencia a um determinado clã, e era próprio das pessoas distinguidas que com ele assinavam documentos e selavam as cartas ou missivas. E o calçado, sandálias em geral, era próprio dos senhores, pois os escravos, em cuja categoria queria ser contado o filho, andavam descalços. A morte do terneiro, com artigo determinado, indica um dia especial de festa, pois era o animal cevado, ou alimentado especialmente para o engorde, que era reservado para os grandes dias de festa,  como o casamento de um filho, ou o nascimento do primogênito. Ele era a base de um banquete especial, numa sociedade em que a carne não era alimento comum. O pai quer que todos reconheçam no jovem arrependido o filho, anterior a seus desvarios. Restitui-lhe o estado anterior, como se nada tivesse acontecido. Mais que perdão o pai oferece uma total reabilitação, superando toda expectativa possível. A razão desta conduta a explicará imediatamente no versículo seguinte.

RAZÃO DA ALEGRIA DO PAI: Porque este, o meu filho, estava morto e reviveu; e perdido era e foi encontrado. E começaram a regozijar-se (24). Quia hic filius meus mortuus erat et revixit perierat et inventus est et coeperunt epulari. Era a mesma alegria do pastor, da mulher dona-de-casa, por recobrar o que se pensava perdido; mas agora era maior, porque é a alegria do pai que pensava nunca mais volver a ver o filho, pois estava como morto para ele. Era ter um filho vivo, após pensar tê-lo perdido para sempre. E assim, sem mais demora, começaram a gozar da alegria comum. Ao banquete acompanhava a música com coros de palmas e baile dos varões presentes. Este seria o fim da parábola; mas ela tem uma segunda parte também dirigida aos espectadores, fariseus e escribas, não tanto para demonstrar por que Jesus aceitava pecadores, mas para recriminar a conduta deles como totalmente infundada e maldosa por causa da inveja.

2ª parte: A CENSURA                              

O FILHO MAIOR: Estava, pois, o seu filho, o maior, no campo e, como voltasse, se aproximou da casa, escutou a música e as danças (25). Então tendo chamado um dos servos dele perguntou que seriam aquelas coisas (26). Erat autem filius eius senior in agro et cum veniret et adpropinquaret domui audivit symphoniam et chorum. Et vocavit unum de servis et interrogavit quae haec essent. A jornada de trabalho terminava com a luz do sol, e era quando começava o jantar, a comida principal, e a hora do início dos banquetes. Estes estavam acompanhados de um coro de músicos que dançavam ao som de palmas e pandeiros com uma certa algaravia própria da exaltação sentimental dos orientais. Esta música e gritos ouviu o filho maior no meio do silêncio da entrada da noite, próprio dos tempos antigos. Estranhando, perguntou a causa de tudo isso.

A PERGUNTA: Ele então lhe disse: porque teu irmão veio, e matou teu pai o novilho cevado porque o recebeu saudável (27). Isque dixit illi frater tuus venit et occidit pater tuus vitulum saginatum quia salvum illum recepit O empregado, que o texto grego chama de pais [<3816>], cujo significado primeiro é menino, infante, filho, e que pode ter frequentemente o significado de criado, servo, especialmente quando o serviço é dentro da casa, responde fielmente à pergunta do seu amo.

INDIGNAÇÃO DO FILHO: Enfureceu-se, portanto, e não queria entrar. Por isso o pai dele saiu rogando-lhe (28). Ele, pois, tendo respondido, disse a seu pai: Eis que todos estes anos te sirvo e nunca preteri mandato teu e a mim jamais deste um cabrito para que com meus amigos me regozijasse (29). Quando, pois, este teu filho, o que há devorado teu patrimônio com meretrizes, veio, mataste para ele o novilho cevado (30). Indignatus est autem et nolebat introire pater ergo illius egressus coepit rogare illum. At ille respondens dixit patri suo ecce tot annis servio tibi et numquam mandatum tuum praeterii et numquam dedisti mihi hedum ut cum amicis meis epularer. Sed postquam filius tuus hic qui devoravit substantiam suam cum meretricibus venit occidisti illi vitulum saginatum. A indignação do filho o afasta do banquete, da alegria de ver de novo seu irmão e o obriga a se indispor com a conduta do pai. Ele se nega rotundamente a admitir o irmão, seja qual fosse a atitude deste último e as condições em que se encontrava atualmente. Possivelmente a herança estava no meio dos dois irmãos. O pai teve que sair da casa e lhe dizia com boas palavras, ou seja, lhe rogava. O filho dá razões de peso para demonstrar que sua indignação tinha um motivo realmente forte: Tenho te servido fielmente. E qual tem sido a resposta? Nem um cabritinho me deste para comemorar numa festinha alegre, um dia com meus amigos. E contrasta a conduta do pai com respeito a ele, com a conduta atual com a qual o pai recebe o outro filho, a quem não quer chamar de irmão [este teu filho], como se ele, o irmão correto, não tivesse sido nunca tratado como filho pelo pai. E dá uma razão negativa para ser considerado verdadeiro filho: há devorado teu patrimônio com meretrizes. A conduta do irmão era duplamente vergonhosa: dilapidar o patrimônio do pai e fazê-lo de modo vexatório: com meretrizes, sem cabeça, sem proveito nenhum, como um pervertido. O contraste entre as condutas dos irmãos é evidente. O contraste na conduta do pai para com os dois filhos é palpável. Que espera o pai dele, o filho correto, a não ser a indignação e a repulsa mais justa e mais lógica como resposta?

AS RAZÕES DO PAI: Ele então lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo e todas as minhas coisas são tuas (31). Regozijar-se, pois e dançar convém, porque este, o teu irmão, estava morto e reviveu, e perdido estava e foi encontrado (32). At ipse dixit illi fili tu semper mecum es et omnia mea tua sunt. Epulari autem et gaudere oportebat quia frater tuus hic mortuus erat et revixit perierat et inventus est. O pai começa por usar um nome que indica ternura, teknon [<5043>] em oposição a  huios [<5207>]. Este último não está unido a um afeto particular, mas indica unicamente o fruto de uma geração paternal. Já teknon é o filho querido, como descendente, como aquele que em si leva a imagem do pai, é o filho a quem se dedica amor e ternura. O pai afirma que não unicamente o bezerro cevado, mas tudo é dele, seu filho preferido. Mas nesse momento e circunstâncias existia uma poderosa razão para uma alegria extraordinária: Teu irmão estava praticamente morto, desaparecido e agora o encontramos de novo vivo e saudável. Não é isto um fato extraordinário e único para comemorarmos do modo mais alegre e festivo possível? CONCLUSÃO: Era preciso (dei em grego), necessário. Dos três verbos em que o grego indica uma certa obrigação (dei, chre e ofei) o dei é o mais incisivo, pois indica uma obrigação moral inevitável como quando Jesus afirma que o Filho do homem devia padecer para assim entrar na sua glória (Lc 24, 26). Era, pois, uma obrigação moral iniludível, não só admitir o filho extraviado, mas alegrar-se e recebê-lo com festa grande, porque era como quem recebesse um filho que estava praticamente morto e se salva do último transe.

REFLEXÕES: Jesus conta uma série de parábolas para indicar que sua conduta não está determinada por leis saídas de uma tradição humana (Mt 15, 6), mas pelo mais elementar procedimento que segue à lei natural das coisas. Será a ovelha ou a moeda perdida, e agora a conduta do pai que tem dois filhos. Nos três casos Jesus entra como figura simbólica que encontra o que estava aparentemente e irremediavelmente perdido e em cuja busca se empenha até conseguir de novo o extraviado. A alegria do encontro supera as dificuldades da busca e é razão suficiente para a exultação do momento (15, 32). OS DOIS FILHOS: O motivo é porque a liberdade, o desejo de viver sem preocupações e com o máximo de desfrute é próprio dos mais novos e as despesas com os vícios de ostentação e luxúria facilmente dilapidam fortunas. Essas coisas não são objeto direto da parábola. A fome e o pastoreio dos porcos servem para destacar o infortúnio do filho rebelde. Jesus salientará a perda do filho como morto, diante do irmão e a nova vida quando encontrado de volta. A restituição do pai, que o trata como filho que nasce de novo, é o importante na parábola. Mas quem são os dois filhos e a que status correspondem eles? Pensamos não existir modelo preciso para afirmar representações específicas nas personagens da parábola. O importante era o retrato que se faz do amor do pai. Mas caso cheguemos a outras conclusões sobre a conduta dos filhos, acreditamos que o início do capítulo pode dar uma pista para a interpretação alegórica de sua identidade e suas respectivas condutas. Por isso é razoável pensar que o maior, obediente desde o nascimento e leal ao pai, é figura dos fariseus e doutores da lei. Em verdade eles eram fiéis à mesma, até nos pequenos detalhes (Mt 23, 23), introduzidos pela tradição. Homens santos que tinham dois grandes defeitos: a sua hipocrisia (Lc 12, 1) e a sua ostentação ou vaidade (Mt 6, 1). O filho menor representa o idólatra, o gentio. Era rejeitado e até odiado pelo judeu ortodoxo, porque, como temos visto antes, existia entre as duas raças ou classes um muro de separação, que Jesus destruiu na cruz, acabando com esse ódio secular (Ef 2, 14-16). Receber o filho que chamamos pródigo, como verdadeiro, era incompreensível para quem se tinha mantido a vida inteira fiel e observante. O PAI: Será Deus, ou será Jesus? Cremos que a parábola não pode se transformar numa alegoria em que cada personagem é uma figura simbólica de uma realidade. Por isso, mantenhamos a parábola no seu justo termo e pensemos que o pai é um pai comum que realmente ama seus filhos e sente a perda de um deles de modo a não poder resistir à alegria de encontrá-lo de novo. O pai está na mesma linha que o pastor que encontrou a ovelha desgarrada, que a mulher que achou a moeda perdida. Logicamente podemos pensar numa figura alegórica, o próprio Deus segundo aquilo que se diz: ¨Se vós que sois maus sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhas pedem¨(Mt 7,11).

PISTAS:

1) Jesus defende sua implicação com os ¨pecadores¨(gentios em particular) como parte do perdão que é acolhimento aos mesmos, oferecendo o exemplo do pai que recebe o filho perdoando-o totalmente, como se nada acontecesse ou melhor o encontro fosse com um filho bom. É um perdão sem limites, nem recriminações a uma conduta anterior por mais péssima que tivesse sido, pois é um filho que volta e merece ser amado e acolhido.

2) Jesus mostra o verdadeiro rosto de Deus, o Deus em quem devemos acreditar porque é o Pai que Jesus amava e que nos revelou como nosso Pai. Na parábola se revela como o amor que deseja salvar o que estava perdido. Ele deixa que o filho se perca. Mas sempre espera a sua volta, para recebê-lo sem recriminar sua conduta anterior.

3) Aparentemente o pai se despreocupa do filho que o abandonou. Porém não é assim. Ele sabe esperar, pois conhece que não pode forçar uma vontade alheia, mas reforçar um arrependimento, uma conversão que brotará do íntimo de uma consciência que finalmente reconhece seu erro e detesta sua conduta anterior. É então que o acolhimento é puro amor: esse dia é festa e júbilo.

4) Perante a opinião comum que pensa que uma vida só é digna se na balança os atos positivos de bem superarem os atos de delinquência e pecados, devemos supor que uma vida é positivamente julgada por Deus quando um ato bom pode nela ser contemplado. O mal não prescreve quando o bem, um ato mesmo solitário de bondade pode desequilibrar a balança do julgamento.

5) Podemos agir de duas maneiras diferentes: Criticando o perdão, resmungando sobre a aparente superioridade do mal que nos rodeia, como faziam os fariseus, ou esperando como o pai para que alguém retorne arrependido, dispostos a acolher como Jesus fez, amando os pecadores embora entregasse sua vida em sacrifício pelo pecado.

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