V- LITURGIA DO XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C
- O tema central da liturgia deste 27º Domingo do Tempo Comum é a fé. As leituras nos convidam a reconhecer, com humildade, a nossa pequenez e finitude, a comprometer-nos com o "Reino" sem cálculos nem exigências, a acolher com gratidão os dons de Deus e a entregar-nos confiantes nas suas mãos.
- Na primeira leitura, Habacuc está desolado diante de tantas injustiças que vê no meio do povo de Israel, são elas: violências, iniquidades e discórdias. Elas testam a fé do povo escolhido. O texto nos apresenta a queixa do profeta que grita a sua impaciência e a do seu povo, questionando a atitude de Deus frente aos pecados. O profeta, bem como muitos de nós, questiona o Senhor e fica à espera de uma resposta. Respondendo ao clamor do profeta, Deus dá uma palavra de esperança e vitória sobre o mal. Ele não fica indiferente diante do pecado que desfigura o mundo, porém, Deus encontrará o momento ideal para intervir, para derrubar o imperialismo, o orgulho, a injustiça e a opressão. Nossa missão é continuar a dar testemunho. Deus chama-nos a denunciar tudo o que impede a realização plena do projeto de felicidade que Ele tem para o homem. Quanto ao tempo exato e aos moldes da intervenção salvadora e libertadora de Deus no mundo e na história pessoal de cada homem ou mulher, isso só a Deus diz respeito.
- Na segunda leitura, Paulo exorta Timóteo a permanecer firme no ensinamento que recebeu. A comunidade, tendo escolhido a opção de doar a vida a Deus e aos irmãos, necessita reafirmar, aprofundar e confirmar essa decisão fundamental a cada dia. As desilusões, os fracassos, a monotonia e a fragilidade humana, por vezes, abalam o entusiasmo original, por isso, é necessário a cada instante, redescobrir o sentido das opções fundamentais que um dia fizemos como discípulos. O convite a permanecer firmes nos recorda que em uma sociedade marcada pela injustiça, por crimes, pecados e maldades, faz-se necessária a coerência cristã. O animador de comunidade deve permanecer na verdade do Evangelho de Jesus, fielmente transmitido pelo testemunho apostólico.
- O pedido do Evangelho ressoa em nossos lábios: "Senhor, aumenta a nossa fé". Esse clamor dos discípulos surge ao saberem das exigências do Reino. Aqui, a fé não é, primordialmente, a adesão a dogmas ou a um conjunto de verdades abstratas sobre Deus; mas é a adesão a Jesus, à sua proposta, ao seu projeto. A imagem da amoreira arrancada e transplantada ao mar nos fala que a força da fé está na confiança que se põe em Deus, não em seu tamanho ou erudição. A fé é ato de confiança total. Não temos fé para que esta nos coloque num lugar seguro, para que nos proteja numa redoma de vidro, mas para nos deixar levar e conduzir por Deus. Cremos para caminhar. - A fé é dom de Deus. Para alguns, fé é falta de esclarecimento, de lucidez ou é passividade, estes não compreenderam a sua real dimensão: fé não é cegueira, mas visão lúcida; não é fuga, mas aproximação; não é passividade, mas confiança. A fé nos permite contemplar a realidade com os olhos de Jesus Cristo e nos ilumina no peregrinar por este mundo. Esta mesma fé ajuda a compreender que somos pobres servos. A afirmação "fizemos o que devíamos fazer" nos afasta da arrogância, prepotência e de qualquer autojustificação farisaica. A fé nos chama a ir sempre além de nós mesmos, ao encontro de Deus e do próximo.
- O que Jesus nos pede no Evangelho de hoje é que percorramos, com coragem e empenho o "caminho do Reino". E, cumprida a sua missão, resta ao discípulo sentir-se servo humilde de Deus, agradecer-lhe pelos seus dons, entregar-se confiada e humildemente nas suas mãos.
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