29º DOMINGO DO TEMPO COMUM: Mt 22,15-21
Do começo ao fim, os relatos
bíblicos mostram Deus embrenhado na história humana, em seus conflitos e suas realizações.
A ação divina não é desconexa da lida do dia a dia do povo. Não há uma história
divina e outra história humana, mas somente uma história da salvação, na qual o
divino e o humano se entrelaçam. A primeira leitura nos mostra como as questões
políticas são lidas à luz da fé. Ciro é um rei Persa e, portanto, pagão. Diante
de seu poder político crescente, o povo de Deus, exilado na Babilônia, vê-o como
libertador enviado por Deus. Assim, Isaías catequiza o povo para fortalecê-lo na
esperança. Aos poucos, compreende-se que as escolhas de Deus não se deixam restringir
somente ao povo de Israel, mas todos participam, a seu modo, da ação salvífica de
Deus.
O Evangelho nos apresenta
a resposta dos interlocutores de Jesus diante das parábolas que ouvimos na liturgia
dos últimos domingos. Eles querem pegar Jesus em alguma palavra. Na passagem que
ouvimos, eles propõem a Jesus a delicada questão do tributo que o povo tinha de
pagar ao imperador de Roma. Dizer sim era o mesmo que compactuar com o sistema injusto
e opressor. Dizer não significava afrontar o sistema estabelecido de modo imprudente,
pois seria associado a tantos movimentos revolucionários da época. Jesus trata da
questão de modo profundo, pois não visa apenas questionar o sistema tributário,
mas mostra que toda a ordem social deve ter por centralidade a fonte de todos os
bens, Deus. E, quando se dá a Deus, a justiça acontece, e a fraternidade triunfa.
A segunda leitura apresenta
a comunidade de Tessalônica sendo louvada por Paulo, Silvano e Timóteo. Os tessalonicenses
abraçaram de tal modo o evangelho a ponto de serem transformados pela mensagem de
salvação. As obras e as ações do Espírito complementam as palavras do anúncio e
geram vida. Diante desse testemunho, pensemos como vai o testemunho de fé de nossas
comunidades. Vivemos no emaranhado de nossa história, também marcados pelo peso
insuportável dos tributos e das tantas questões político-econômicas. Seria possível
abraçar a fé como fizeram os tessalonicenses? Não só é possível, como é nosso compromisso
primeiro mostrar na prática que temos Deus como centro de nossa vida e dele partem
todas as nossas relações sociais.
Se não abraçarmos a fé com
vivacidade e firmeza, dificilmente saberemos dar a César o que é de César e a Deus
o que é de Deus. Seguindo a Cristo, que se encarnou em nossa história e nela permanece
vivo e ressuscitado, somos convidados a considerar mais de perto nossos compromissos
sociais e fazer valer a civilização do amor, no qual a paz seja fruto da justiça
e a caridade seja o caminho que una a humanidade inteira nas veredas da salvação.
Fonte: https://www.arquidiocesecuiaba.org.br/?p=23331
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