A força do jejum em nós
O jejum nos ajuda a aprender a renunciar
a alguma coisa. Ele nos faz capazes de dizer “não” a nós mesmos, e nos abre aos
valores mais nobres de nossa alma: a espiritualidade,
a reflexão, a vontade consciente. Essa prática nos coloca de pé e de cabeça
para cima. Há muitos que caminham de cabeça para baixo; isso acontece quando o
corpo comanda o espírito e o esmaga. É o prazer do corpo que o comanda e não a
vontade do espírito.
É preciso entender que a renúncia às
sensações, aos estímulos, aos prazeres e ainda ao alimento ou às bebidas, não é
um fim em si mesmo, mas apenas um “meio” que deve apenas preparar o caminho
para conquistas mais profundas. A renúncia do alimento deve servir para criar
em nós condições para podermos viver os valores superiores. Por isso o jejum
não pode ser algo triste, enfadonho, mas uma atividade feliz que nos liberta.
Os Padres da Igreja davam grande valor
ao jejum. Diz, por exemplo, São Pedro Crisólogo (451):
“O jejum é paz do corpo, força dos espíritos e vigor das almas” e ainda: “O
jejum é o leme da vida humana e governa todo o navio do nosso corpo” (Sermão
VII: sobre o jejum, 3.1).
Santo Ambrósio (397) diz: “A tua carne está-te sujeita (…): Não
sigas as solicitações ilícitas, mas refreia-as algum tanto, mesmo no que diz
respeito às coisas lícitas. De fato, quem não se abstém de nenhuma das coisas
lícitas, está também perto das ilícitas” (Sermão sobre a utilidade do jejum,
III. V. VII). Até escritores que não pertencem ao Cristianismo declaram a mesma
verdade. Esta é de alcance universal. Faz parte da sabedoria universal da vida.
O Mahatma Gandhi dizia: “O jejum é a
oração mais dolorosa e também a mais sincera”. “Cada jejum é a oração intensa,
purificação do pensamento, impulso da alma para a vida divina, a fim de nela se
perder”. “O jejum é para a alma o que os olhos são para o corpo”. (Toschi,
Tomas Gandhi mensagem para hoje, Editora mundo 3, pag. 97, SP, 1977).
O jejum confere à oração maior eficácia.
Por ele o homem descobre, de fato, que é mais “senhor de si mesmo” e que se
tornou interiormente livre. E se dá conta de que a conversão e o encontro com
Deus, por meio da oração, frutificam nele.
Assim, essa atividade não é algo que
sobrou de uma prática religiosa dos séculos passados, mas é também
indispensável ao homem de hoje, aos cristãos do nosso tempo.
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