A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS EM MC 9,2-10
A Festa da Transfiguração do Senhor remonta ao
século V, no Oriente. Na Idade Média estendeu-se por toda Igreja Universal,
especialmente com o Papa Calisto III.
Presente Pedro, João e Tiago Jesus se transfigura
diante deles! Seu corpo ficou luminoso e resplandecentes as suas vestes. Com
isto Jesus quis manifestar aos discípulos que Ele era realmente o Filho de
Deus, enviado pelo Pai. Jesus é o cumprimento de todas as promessas de Deus; é
Deus conosco, a manifestação da ternura e da misericórdia do Pai entre os
homens. A sua paixão e morte não serão o fim, mas tudo recobrará sentido quando
Deus Pai o ressuscitar e o fizer sentar à Sua direita, na Sua glória. Tudo isto
é dito de uma maneira plástica – luz, brancura, glória, nuvem… que indicam a
presença de Deus.
Jesus nos revela um Deus que surpreende. Fala da
Glória. Todavia nos mostra que o caminho necessário para ela é o caminho da
cruz, da paixão e morte, da entrega total de Sua vida pelo perdão dos pecados.
Já o profeta Daniel ficou surpreendido, de ver
entrar na glória e receber uma realeza divina, com poder eterno, alguém
semelhante a qualquer filho do homem. Mas teve que passar pela cova de leões.
Surpreendidos ficaram também os três apóstolos no Tabor
ao verem Jesus tão divinamente transfigurado, estando precisamente a rezar
preocupado, como qualquer homem, com o que ia sofrer em Jerusalém.
Na liturgia de hoje, o Evangelista refere que Jesus
levou consigo Pedro, Tiago e João a um monte elevado e se transfigurou diante
deles, tornando-se resplandecente de tal brancura que «lavadeiro algum da terra
poderia branquear as suas vestes assim». É neste mistério de luz que hoje a
liturgia nos convida a fixar o nosso olhar. No rosto transfigurado de Jesus brilha
um raio da luz divina que Ele conservava no seu íntimo. Esta mesma luz
resplandecerá no rosto de Cristo no dia da Ressurreição. Neste sentido, a
Transfiguração manifesta-se como uma antecipação daquilo que nós nos
revestiremos quando tudo se consumar em todos. Aí sim celebraremos o mistério
pascal.
A Transfiguração convida-nos a abrir os olhos do
coração para o mistério da luz de Deus, presente em toda a história da
salvação. Já no início da criação, o Todo-Poderoso diz: «Faça-se a luz!» (Gn 1,
3), e verifica-se a separação entre a luz e as trevas. Como as outras
criaturas, a luz é um sinal que revela algo de Deus: é como o reflexo da sua
glória, que acompanha as suas manifestações. Quando Deus aparece, «o seu
esplendor é como a luz, das suas mãos saem raios» (Hab 3, 4 s.). Como se afirma
nos Salmos, a luz é o manto com que Deus se reveste (cf. Sl 104, 2). No Livro
da Sabedoria, o simbolismo da luz é utilizado para descrever a própria essência
de Deus: a sabedoria, efusão da glória de Deus, é «um reflexo da luz eterna»,
superior a todas as luzes criadas (cf. Sb 7, 26.29 s.). No Novo Testamento, é
Cristo que constitui a plena manifestação da luz de Deus. A sua Ressurreição
aboliu para sempre o poder das trevas do mal.
Com Cristo ressuscitado a verdade e o amor triunfam
sobre a mentira e o pecado. Nele, a luz de Deus já ilumina definitivamente a
vida dos homens e o percurso da história. «Eu sou a luz do mundo afirma Ele no
Evangelho Quem me segue não caminhará nas trevas, mas terá a luz da vida» (Jo
8, 12).
Marcos no Evangelho de hoje recorrendo a elementos simbólicos do Antigo Testamento, faz uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o seu projeto libertador em favor dos homens através do dom da vida. A ti que muitas vezes estás, desanimado e assustado, Jesus diz: o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-l’O é a garantia da vitória final.
Portanto, neste segundo Domingo da Quaresma, a
Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir para
chegar à vida nova. E este não é senão o caminho da escuta atenta de Deus e dos
seus projetos, o caminho da obediência total e radical aos planos do Pai.
Fonte: http://homilia.cancaonova.com/pb/homilia/transfiguracao-de-jesus-mc-92-10/
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