A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS
Neste Domingo da
Quaresma iluminados pela transfiguração de Jesus Cristo, somos convidados a
trilhar o caminho da conversão. O verdadeiro discípulo escuta a Palavra, adere
à vontade de Deus e transforma seu modo de agir e pensar. É desafiado a viver o
amor incondicional que transforma sua relação com Deus e com os irmãos e irmãs.
O discípulo deve seguir os passos do Mestre. –
Na primeira leitura de
hoje vemos o testemunho de Abraão, nosso pai na fé. Deus quis pôr Abraão à
prova, pedindo-lhe o sacrifício de seu filho, Isaac, em Moriá, sobre uma
montanha. Um aspecto histórico que influenciou esse relato é que os sacrifícios
de crianças eram uma prática bastante comum entre os cananeus e nas colônias
fenícias do norte africano. Israel condenava a prática e agia substituindo os
sacrifícios humanos por animais.
Para Israel, o
primogênito humano deve ser resgatado e consagrado ao Senhor em sinal de uma
aliança fecunda. - No Salmo 115(116) cantamos: "É sentida por demais pelo
Senhor a morte de seus santos, seus amigos". Deus estima seus filhos e
filhas e não deseja que percam a vida. Por isso, Ele nos oferece a vida eterna:
"Andarei na presença de Deus, junto a ele na terra dos vivos".
A segunda leitura da
carta aos Romanos parece ser um hino ao amor de Deus. Paulo diz para a
comunidade que Deus nos ama sem reservas, de maneira que "não poupou seu
próprio Filho". Iluminados pelo Novo Testamento, entendemos que o
sacrifício de Isaac prefigurou a Paixão de Jesus. Deus não quer a morte do
pecador, mas que se converta e tenha vida em abundância. No altar nós não somos
sacrificados, mas consagrados como filhos e filhas do mesmo Pai. A oferenda vem
Dele. O Filho Unigênito é o cordeiro que se entrega voluntariamente em nosso
lugar. Remidos pelo Ressuscitado, não se derrama sangue de homens ou animais,
pois o Senhor é o Deus da vida. Nesta ação, Deus manifesta que sua glória é o
homem vivo.
O Evangelho de Marcos
quer responder à pergunta "Quem é Jesus". Jesus Cristo revela sua
identidade gloriosa como o amado Filho de Deus. Ele é o maior dos profetas e
mais que a Lei. O relato acontece após o primeiro anúncio da Paixão. O
evangelista relaciona a transfiguração com a morte e a ressurreição de Cristo.
Nota-se que elementos como "seis dias", "alta montanha",
"tendas", "nuvem e sombra" são referências fortes a
momentos da história bíblica em que Deus manifestou sua glória aos homens.
Estas manifestações de Deus chamamos de "Teofania". Pedro, Tiago e
João viveram essa visão externa da glória de Deus em Jesus. Hoje, diferente
daquele momento místico, Cristo se revela em nosso interior quando oramos e
vivemos o serviço ao próximo. A presença de "Elias e Moisés"
significa Profecia e Lei realizadas no Filho Bendito, conforme ensinou a voz
que saiu da nuvem: "Este é meu Filho amado. Escutai-o!" A visão da
glória futura tem um fundo de lição: o discípulo de Cristo deve trilhar o mesmo
caminho do seu Mestre.
Muitos de nós
gostaríamos de Páscoa sem cruz, no entanto, a cruz de Jesus permanece no alto
do monte como sinal de amor incondicional de Deus por nós. A cruz é porta da
transfiguração, escada que liga a terra e o céu e braços que acolhem a
humanidade inteira. A cruz é caminho que conduz ao Ressuscitado. Não devemos
perder tempo perguntando como Deus nos prova. Desafios e superações também são
inerentes à vida cotidiana. A melhor atitude é a prontidão: "Eis-me
aqui!", acompanhada da esperança no Senhor. A provação (crise ou cruz) é
momento para amadurecer a fé, de passarmos ao amor mais elevado. Essa dinâmica
deve ser aplicada na vida comunitária e familiar. - Que neste tempo favorável
abramos nosso coração à ação do Espírito Santo para que Ele nos converta
profundamente ao amor do Pai e ao amor ao próximo. Deixemos que Jesus nos
transforme em mulheres e homens novos.
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