domingo, 28 de fevereiro de 2021

REFLEXÃO DOMINICAL I

A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS

Neste Domingo da Quaresma iluminados pela transfiguração de Jesus Cristo, somos convidados a trilhar o caminho da conversão. O verdadeiro discípulo escuta a Palavra, adere à vontade de Deus e transforma seu modo de agir e pensar. É desafiado a viver o amor incondicional que transforma sua relação com Deus e com os irmãos e irmãs. O discípulo deve seguir os passos do Mestre. –

Na primeira leitura de hoje vemos o testemunho de Abraão, nosso pai na fé. Deus quis pôr Abraão à prova, pedindo-lhe o sacrifício de seu filho, Isaac, em Moriá, sobre uma montanha. Um aspecto histórico que influenciou esse relato é que os sacrifícios de crianças eram uma prática bastante comum entre os cananeus e nas colônias fenícias do norte africano. Israel condenava a prática e agia substituindo os sacrifícios humanos por animais.

Para Israel, o primogênito humano deve ser resgatado e consagrado ao Senhor em sinal de uma aliança fecunda. - No Salmo 115(116) cantamos: "É sentida por demais pelo Senhor a morte de seus santos, seus amigos". Deus estima seus filhos e filhas e não deseja que percam a vida. Por isso, Ele nos oferece a vida eterna: "Andarei na presença de Deus, junto a ele na terra dos vivos".

A segunda leitura da carta aos Romanos parece ser um hino ao amor de Deus. Paulo diz para a comunidade que Deus nos ama sem reservas, de maneira que "não poupou seu próprio Filho". Iluminados pelo Novo Testamento, entendemos que o sacrifício de Isaac prefigurou a Paixão de Jesus. Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e tenha vida em abundância. No altar nós não somos sacrificados, mas consagrados como filhos e filhas do mesmo Pai. A oferenda vem Dele. O Filho Unigênito é o cordeiro que se entrega voluntariamente em nosso lugar. Remidos pelo Ressuscitado, não se derrama sangue de homens ou animais, pois o Senhor é o Deus da vida. Nesta ação, Deus manifesta que sua glória é o homem vivo.

O Evangelho de Marcos quer responder à pergunta "Quem é Jesus". Jesus Cristo revela sua identidade gloriosa como o amado Filho de Deus. Ele é o maior dos profetas e mais que a Lei. O relato acontece após o primeiro anúncio da Paixão. O evangelista relaciona a transfiguração com a morte e a ressurreição de Cristo. Nota-se que elementos como "seis dias", "alta montanha", "tendas", "nuvem e sombra" são referências fortes a momentos da história bíblica em que Deus manifestou sua glória aos homens. Estas manifestações de Deus chamamos de "Teofania". Pedro, Tiago e João viveram essa visão externa da glória de Deus em Jesus. Hoje, diferente daquele momento místico, Cristo se revela em nosso interior quando oramos e vivemos o serviço ao próximo. A presença de "Elias e Moisés" significa Profecia e Lei realizadas no Filho Bendito, conforme ensinou a voz que saiu da nuvem: "Este é meu Filho amado. Escutai-o!" A visão da glória futura tem um fundo de lição: o discípulo de Cristo deve trilhar o mesmo caminho do seu Mestre.

Muitos de nós gostaríamos de Páscoa sem cruz, no entanto, a cruz de Jesus permanece no alto do monte como sinal de amor incondicional de Deus por nós. A cruz é porta da transfiguração, escada que liga a terra e o céu e braços que acolhem a humanidade inteira. A cruz é caminho que conduz ao Ressuscitado. Não devemos perder tempo perguntando como Deus nos prova. Desafios e superações também são inerentes à vida cotidiana. A melhor atitude é a prontidão: "Eis-me aqui!", acompanhada da esperança no Senhor. A provação (crise ou cruz) é momento para amadurecer a fé, de passarmos ao amor mais elevado. Essa dinâmica deve ser aplicada na vida comunitária e familiar. - Que neste tempo favorável abramos nosso coração à ação do Espírito Santo para que Ele nos converta profundamente ao amor do Pai e ao amor ao próximo. Deixemos que Jesus nos transforme em mulheres e homens novos.

 

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