Copa América: quando termina o jogo, o que importa são as pessoas
Laurent Lairys / DPPI via AFP
Esteban
Pittaro
O último abraço entre Messi e Neymar mostra que o
que acontece dentro de campo não deve ser transferido para a vida
A análise futebolística da Copa América 2021 pode render muito pano para a manga. A abordagem sócio-política do momento em que foi realizada e dos altos e baixos da organização também. Mas há imagens e mensagens desta “Copa América da Pandemia” que revelam o que o futebol tem sido, é e pode ser.
A família
Por trás de cada jogador,
uma família.
Leonel Messi, no fim do
último jogo, criou sua própria bolha de solidão para fazer uma chamada de vídeo
e mostrar aos filhos a medalha. Depois, sua esposa, o recebeu em Rosário,
Argentina, em uma cena de amor como as de filmes.
Ao mesmo tempo, o goleiro
Emiliano Martínez teceu elogios e agradecimento à esposa pelo nascimento de seu
segundo filho. Ele não pode acompanhar o parto porque estava na concentração,
no trabalho.
Amizade
A imagem de Messi e Neymar
abraçados por minutos é uma das mais fortes que o esporte de alta competição já
deu. Porque mesmo sendo dois dos maiores jogadores de futebol de todos os
tempos, um deixou por um momento suas lágrimas de alegria e o outro de tristeza
simplesmente para abraçar e ficar com o amigo.
A imagem subsequente dos
dois sentados e rindo, como se o que eles tinham acabado de concluir fosse um
momento de futebol entre solteiros e casados, ficará para a história.
Resiliência
Com o feito concluído, a
grande maioria dos jogadores de futebol argentinos correu para abraçar Messi.
Nas palavras de Martínez, eles estavam mais felizes pelo que a vitória de Messi
(que conquistou pela primeira vez a Copa América pela Argentina) significava
para ele do que por aquilo que o campeonato representava para si mesmos.
A sensação de que, por
talento, resistência e resiliência, Messi merecia o título, pairou durante toda
a Copa América. Algo semelhante a Ángel Di María, que antes de cada final havia
sofrido um revés, mas nesta ocasião conseguiu concretizar o objetivo da
vitória.
Fraternidade
Havia tornozelos sangrentos.
Às vezes, a metáfora da guerra venceu a dos esportes. Mas foi um jogo, e eles
competiram. Não houve partidas sem abraços, risadas, reunião entre colegas de
equipe e até reconhecimentos espontâneos da trajetória e adequação.
Isso, aliás, pode ser visto
no diálogo entre o técnico equatoriano Gustavo Alfaro e o brasileiro
Tite: “Continue lutando porque isso é seu e você acabará sendo campeão
mundial. Lembre-se do que eu lhe digo. Lute contra isso, você dignifica isso,
por favor, eu lhe peço.”
Enfim, o abraço final entre Messi e Neymar mostra que o que acontece dentro de campo não deve ser transferido para a vida. E que a oportunidade de multiplicar os valores do esporte tem que valer muito mais do que a cegueira apaixonada que confronta e inimizades.
https://pt.aleteia.org/2021/07/12/copa-america-quando-termina-o-jogo-o-que-importa-sao-as-pessoas/
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