domingo, 25 de julho de 2021

REFLEXÃO DOMINICAL II

COMUNGAR IMPLICA SER SOLIDÁRIO

Todos nós já sabemos que a Eucaristia Dominical pode converter-se facilmente num “refúgio religioso” que nos protege da vida conflitiva em que vivemos ao longo da semana. É tentador ir à missa para compartilhar uma experiência religiosa que nos permite descansar dos problemas, tensões e más notícias que nos pressionam por toda a parte. Às vezes somos sensíveis ao que afeta a dignidade da celebração, mas pouco nos preocupa esquecer as exigências entranhadas na celebração da ceia do Senhor. Incomoda-nos que um sacerdote não atenha estritamente às normas rituais, mas podemos continuar celebrando rotineiramente a missa sem dar ouvidos aos apelos do Evangelho.

O risco é sempre o mesmo: comungar com Cristo no íntimo do coração sem preocupar-nos em comungar com os irmãos que sofrem. Compartilhar o pão da Eucaristia e ignorar a fome de milhões de irmãos privados de pão, de justiça e de futuro. Nos próximos anos os efeitos da crise se agravarão muito mais do que temíamos. A cascata de medidas que nos ditam de maneira inapelável e implacável fará crescer entre nós uma desigualdade injusta. Veremos como pessoas de nossa vizinhança mais ou menos próxima vão empobrecendo até ficar à mercê de um futuro incerto e imprevisível. Vamos conhecer de perto imigrantes privados de assistência sanitária, enfermos sem saber como resolver seus problemas de saúde ou de medicação, famílias obrigadas a viver da caridade, pessoas ameaçadas pelo despejo, gente desassistida, jovens sem futuro certo…

Não podemos evitar tudo isto. Ou endurecemos nossos hábitos egoístas de sempre, ou nos tornamos mais solidários. A celebração da Eucaristia no meio desta sociedade em crise pode ser um lugar de conscientização. Precisamos libertar-nos de uma cultura individualista, que nos acostumou a viver pensando só em nossos próprios interesses, para aprender simplesmente a sermos mais humanos. Toda Eucaristia está orientada para criar fraternidade.

Não é normal escutar todos os domingos, ao longo dos anos, o Evangelho de Jesus sem reagir diante de seus chamados. Não podemos pedir ao Pai “o pão nosso de cada dia” sem pensar naqueles que têm dificuldades para obtê-lo. Não podemos comungar com Jesus sem tornar-nos mais generosos e solidários. Não podemos dar-nos a paz uns aos outros sem estar dispostos a estender a mão aos que estão mais sós e indefesos diante da crise.

http://www.arquidiocesecuiaba.org.br/?p=25732


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