AS ATITUDES INTERIORES PARA O ADVENTO
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Pe Eliano Gonçalves SJS
Ao encerrarmos o ciclo comum do tempo
litúrgico, adentramos, como Igreja, no tempo do Advento
Tempo do Advento: reconhecimento e acolhimento do Senhor que vem. Ao refletirmos, liturgicamente, numa dimensão celebrativa que vise o comprometimento de vida, celebramos, nesse período, Jesus Cristo, no tempo e na história dos homens. É Ele quem vem nos trazer a salvação. É, portanto, o tempo da expectativa, e todo cristão é chamado a vivê-lo em plenitude, para que, dignamente preparado, esteja em condições de receber o Senhor que vem.
O Advento
contempla, no conjunto do seu sentido espiritual, duas dimensões fundamentais.
A primeira observa o mistério da Encarnação, Jesus que se encarnou, assumindo
nossa humanidade. Já a segunda dimensão nos leva ao coração, para a promessa de
Cristo Jesus acerca de Sua segunda vinda. Encarnação e segunda vinda de Jesus,
eis os dois aspectos que devem iluminar, como um farol, a boa vivência da nossa
espiritualidade nesse tempo litúrgico.
Quais são
as atitudes interiores próprias para que o tempo do Advento não passe sem
realizar um efeito eficaz na nossa história de vida?
Algumas indicações para uma boa preparação para a vinda do
Senhor
1- Manter-se vigilante na fé e na oração, numa abertura atenta e disponível para reconhecer os “sinais” da vinda do Senhor em todas as circunstâncias e momentos da vida, até o fim dos tempos. Ou seja, viver essa saudável e tão necessária tensão escatológica, daqueles que não enfraquecem no zelo e na expectativa do cumprimento das promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nas promessas de Jesus, repousa e baseia-se a solidez da nossa esperança. Uma esperança que não é circunstancial, mas sobrenatural e eterna. Rever a vivência do batismo, à luz dessas verdades fundamentais, ajuda-nos a dispor o coração para Deus.
2- Colocar
a vida no caminho traçado por Deus, no projeto divino de salvação, ou seja, na
vontade salvífica do Senhor. Isso significa não se extraviar por caminhos
tortuosos, mas converter-se para seguir Jesus rumo ao Reino de Deus Pai. Essa
constitui outra tensão saudável, que também não pode estar ausente da vida de
todo cristão que se preze: a tensão de conversão. Sem essa conversão ninguém
agrada a Deus, pois se perde a essência do homem novo, o qual se encontra em
contínua construção, rumo à plenitude, que é Deus. Aquele que busca conversão
caminha para o Tudo que é Deus; já o que não a busca, caminha para o nada de si
mesmo, para o nada da vida.
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3- Ser
testemunha da alegria que Jesus Salvador nos traz com caridade afável e
paciência para com os outros. Tendo por comportamento uma abertura para todas
as iniciativas de bem, por meio das quais já se constrói o Reino futuro na
alegria sem fim. Isso significa que a alegria salvífica deve estar sempre
presente na vida testemunhal do cristão, mesmo em meio às dificuldades da vida.
Jesus Cristo é a nossa alegria e salvação, rejubilemos sempre pela graça que
nos foi concedida.
4- Manter
um coração pobre e vazio de si, imitando São José, Nossa Senhora, João Batista
e os outros pobres do Evangelho, na humildade de quem sabe reconhecer e acolher
Jesus, o Filho de Deus, Salvador da humanidade. Buscar e atualizar, na vida, a
centralidade do mistério de Cristo, que sempre nos favorece na preparação rumo
ao encontro do Senhor Jesus que vem a nós.
Acolher e reconhecer o Senhor
Participar da Celebração Eucarística, nesse tempo do Advento, significa acolher e reconhecer o Senhor, o qual, continuamente, vem ficar no meio de nós; é segui-Lo no caminho que leva ao Pai. Com Sua vinda gloriosa, no fim dos tempos, que Ele nos introduza, todos juntos, no Reino, para nos fazer “tomar parte na vida eterna” com os bem-aventurados e santos do céu.
Que a
vivência desse tempo litúrgico seja fecundo na vida de todos nós. Uma caminhada
de recolhimento, que traz em si o potencial de purificar a vida na justiça e na
verdade, preparando os caminhos do Senhor. Que o Cristo não nos encontre
passivos, indiferentes, excessivamente preocupados com aquilo que passa, aponto
de não percebermos o valor e a presença do Eterno que vem a nós. Sejamos todos
ativos e comprometidos nas atitudes interiores que o Senhor nos chama a viver,
para que nossa esperança seja vivificada.
Tomemos cuidado com o materialismo e o excesso de atividades terrenas. Tais realidades são perigosas e capazes de desviar e esvaziar a vida do seu verdadeiro e mais profundo mistério: apontar para uma caminhada perseverante rumo à eternidade! Seja ativo e concreto nas suas respostas de vida, em função do mistério celebrado e vivido. Creia para viver com sabedoria a vida terrena, e viva intensamente de acordo com sua fé, que deve sempre apontar para o Céu. Eis o cristão de verdade, sem falsidade, que caminha com sabor de eternidade!
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