Novo estudo descarta elo entre tipo sanguíneo e a incidência de Covid
Artigo publicado em
junho de 2020 sugeriu que pessoas com sangue tipo A eram mais propensas a ter a
forma grave da doença, enquanto aqueles com tipo O eram menos propensos.
Por Bruna de Alencar
Amostras de sangue de pacientes são vistas em um teste de vacinas contra a Covid-19 na Flórida no dia 7 de agosto. — Foto: Joe Raedle/Getty Images/AFP
Uma investigação feita com mais de 100 mil pessoas nos Estados Unidos demonstrou que não há relação entre o tipo sanguíneo e a suscetibilidade ou não em contrair a Covid-19. Pesquisas anteriores apontam que pessoas com tipo sanguíneo A eram mais suscetíveis ao vírus.
·
O que se sabe sobre efeitos de tipos sanguíneos em casos graves de
Covid-19
O
estudo, publicado no The Journal of the American
Medical Association, utilizou a base de dados de 24 hospitais e 215
clínicas de três estados americanos (Utah, Nevada e Idaho) associados ao
Intermountain Healthcare, um sistema de saúde sem fins lucrativos.
A
investigação foi liderada por pesquisadores da Universidade de Stanford, Escola
de Medicina de Utah e do Instituto do Coração do Centro Médico Intermountain.
Existem
quatro tipos principais de sangue: A, B, AB e O. Para investigar a suscetibilidade
e severidade da Covid-19 no sangue, os pesquisadores analisaram amostras de
107.796 indivíduos diferentes que realizaram teste PCR nos hospitais e clínicas
pertencentes a Intermountain. Em casos de múltiplos testes, os especialistas
levaram em consideração apenas o primeiro teste com resultado positivo ou
negativo dos participantes.
Para analisar a associação entre o grupo sanguíneo ABO e a
incidência da doença, foram comparados amostras sanguíneas de testes que deram
positivo e negativo para a presença de Covid. Entre os positivos, foram feitas
análises entre as amostras de pacientes hospitalizados e não hospitalizados,
assim como os pacientes que estavam ou não na UTI.
Em
julho de 2020, o jornal científico “New England Journal of Medicine” publicou um estudo que sugeria que
aqueles que tinham sangue tipo A eram mais propensos a ter a forma grave da
doença, enquanto aqueles com tipo O eram menos propensos. Um estudo
chinês, publicado em maio do mesmo ano, já havia sugerido essa relação.
A base de dados utilizada nos estudos anteriores difere da
investigação atual. Cientistas na Itália, Espanha, Dinamarca, Alemanha, entre
outros países, compararam cerca de 2 mil pacientes em estado grave de Covid-19
com milhares de outras pessoas saudáveis ou que apresentavam apenas sintomas
leves ou inexistentes.
Segundo os pesquisadores, os estudos anteriores podem ter
chegado a diferentes conclusões devido ao “tamanhos de amostra menores e a
natureza retrospectiva e observacional”.
O grupo também defende que o “gene ABO é altamente polimórfico e
os grupos sanguíneos ABO são distribuídos de forma diferente entre ancestrais e
geografias”, o que explicaria a incidência maior de um tipo sanguíneo em uma
determinada região.
Tipo
sanguíneo não afeta nas chances de contaminação
De acordo com o estudo, os pesquisadores não identificaram quaisquer
relações entre o tipo sanguíneo e as chances de contrair a Covid-19, assim como
também foram eliminadas as hipóteses de o fator agravaria a severidade da
doença.
“O tipo sanguíneo não foi associado à suscetibilidade ou
gravidade da doença, incluindo positividade viral, hospitalização ou admissão
na UTI”, afirmam os autores no estudo.
--:--/--:--
Resultados evidenciaram que, comparado com o sangue do tipo O, o
tipo A não foi associado ao aumento da positividade viral, hospitalização ou
admissão na UTI. “Da mesma forma, os tipos B e AB não foram associados a
resultados piores do que o tipo O.”
- Combate ao coronavírus deve ter foco em
evitar a transmissão pelo ar, defendem pesquisadores
Homens são
maioria entre os contaminados pela Covid
Apesar de não ter sido identificada relação entre o grupo
sanguíneo ABO e a Covid, outras características demográficas ficaram em
evidência após a análise.
A maioria dos indivíduos testados foram mulheres. Ao todo, elas
representam 76,9% da base de dados. Entre os pacientes com Covid, entretanto,
os homens são os mais hospitalizados (50,1%) e também entre os casos de
internação nas UTIs (61,8%).
A idade média entre os pacientes hospitalizados foi de 57 anos e
nas UTIs, 60 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário