JESUS ESTÁ PRESENTE: Lc 24,35-48
Depois de Jesus se ter aparecido a Maria
Madalena e ter dado ordens para que os seus discípulos partam para a Galileia e
depois do incidente do encontro de Jesus Ressuscitado com os dois discípulos na
estrada de Emaús, aparece finalmente ao grupo reunido para lhes decepar as
dúvidas e lhes fortalecer a fé. Pois a comunidade estava vacilando na sua fé –
as perseguições estão no horizonte, ou até acontecendo; o primeiro entusiasmo
diminuiu, os membros estão cansados da caminhada e perdendo de vista a mensagem
vitoriosa da Páscoa. Parece mais forte a morte do que a vida, a opressão do que
a libertação, o pecado do que a graça. E, então Jesus aparece e lhes diz: A PAZ
ESTEJA CONVOSCO.
Prova-lhes a Sua
autêntica Ressurreição e lhes confirma na paz. Ele é a paz em plenitude, a paz
da participação na vida eterna do Pai, para todos. E para que suas palavras não
fiquem somente no ar, mostra-lhes as mãos, o peito e os pés rasgados. Vede
minhas mãos e meus pés; porque eu mesmo sou! Apalpai-me e vede que um espírito
carne e ossos não tem, como me vedes tendo. Estas palavras indicam que Jesus se
apresentou como um homem normal com a mesmas características que tinha na vida
mortal que os discípulos tão bem conheciam. Daí que podemos traduzir livremente
por sou o mesmo que vocês conhecem, não é outra pessoa a que estais vendo. E em
vista disso, anima-lhes a apalpar seu corpo e a ver mãos e pés que estavam com
os sinais das chagas.
Se estas palavras têm
algum sentido histórico, ele é o de manifestar que Jesus está vivo, que a morte
não o venceu, que a vida do além pode ter momentos em que se parece com a vida
anterior como se esta seguisse e aquela fosse uma continuação. Sobre o modo de
pensar de alguns teólogos que dizem que a ressurreição é uma forma de vida só
espiritual, vemos como Jesus se manifesta em corpo vivo e que não existe
sentido em afirmar que só o espírito vive e o corpo como que se destrói e não
alcança a nova vida.
Como diz o catecismo é
impossível interpretar a ressurreição de Cristo fora da ordem física e não
reconhecê-la como um fato histórico. Pois o corpo ressuscitado é o mesmo que
foi martirizado e crucificado, ele traz as marcas de sua Paixão. Não constitui
uma volta à vida terrestre como foi o caso de Lázaro, visto que seu corpo
possui propriedades novas que o situam além do tempo e do espaço. Ele passa de
um estado de morte para uma outra realidade. Ele participando da vida divina no
estado de sua glória de modo que Paulo pode chamar a Cristo de o Homem Celeste.
É por isso que Ele tem o poder de transmitir para você e eu a verdadeira Paz.
Assim como ontem, Jesus continua dizendo: A PAZ ESTEJA CONVOSCO!
O convite a tocar e não
só ver indica que o corpo presente diante deles tinha aspectos físicos ou que
podiam se conformar às leis físicas, à vontade do ressuscitado. As feridas
muito mais do que o rosto eram as marcas que determinavam em definitivo a
realidade da pessoa na frente deles. Se faltar alguma prova para se certificar
de que aquilo era real, comeu uma porção de peixe. Parece que o evangelista
queria refutar toda dúvida possível. Mesmo assim existe muitos como Tomé é aqui
evocado, não como apóstolo, mas como incrédulo. Por isso, podemos afirmar que
existem muitos Tomé que não acreditam porque não têm visto.
Diante do escândalo da
cruz que na época era muito maior do que nos dias de hoje, além da sua presença
era necessário que Ele provasse ser tudo conforme às Escrituras. Os caminhos de
Deus consistem, como afirmava Paulo, em mostrar sua sabedoria e fortaleza no
que é loucura e fraqueza para os homens (1 Cor 1, 25). Daí que a maior
esperança seja a de ouvir as Palavras e a presença do mestre novamente entre os
discípulos, não, mas com um corpo humano, mas sim glorioso embora aparente um
Jesus histórico que toque coma e entre dentro de uma experiência íntima com
Ele. E diz: A PAZ ESTEJA CONVOSCO!
http://homilia.cancaonova.com/pb/homilia/jesus-esta-presente-lc-2435-48/
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