ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
(Por Raquel GehrkePanzini, Neusa Sicca da Rocha, Denise Ruschel
Bandeira, Marcelo Pio de Almeida Fleck)
Os
conceitos religiosos/espirituais não são consensuais. O Dicionário Oxford
(Simpson e Weiner, 1989) define espírito como
a parte imaterial, intelectual ou moral do homem.
O
termo espiritualidade envolve
questões quanto ao significado da vida e à razão de viver, não limitado a tipos
de crenças ou práticas.
A religião é a “crença na existência de um
poder sobrenatural, criador e controlador do Universo, que deu ao homem uma
natureza espiritual que continua a existir depois da morte de seu corpo”.
Religiosidade é a extensão na qual um indivíduo acredita, segue e pratica
uma religião. Embora haja sobreposição entre espiritualidade e religiosidade, a
última difere-se pela clara sugestão de um sistema de adoração/doutrina
específica partilhada com um grupo.
Crenças pessoais podem
ser quaisquer crenças/valores sustentados por um indivíduo e que caracterizam
seu estilo de vida e comportamento. Pode haver sobreposição com
espiritualidade, pois crenças pessoais não necessariamente são de natureza
não-material, como o ateísmo.
Complementando,
Koenig et al. (2001) salientam a relação dos termos com a busca do sagrado,
definindo religião como um
sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos delineados para
facilitar a proximidade com o sagrado e o transcendente (Deus, Poder Maior ou
Verdade/Realidade Final/Máxima) e espiritualidade como
a busca pessoal por respostas compreensíveis para questões existenciais sobre a
vida, seu significado e a relação com o sagrado ou transcendente que podem (ou
não) levar a ou resultar do desenvolvimento de rituais religiosos e formação de
uma comunidade.
RESUMO
Contexto: A espiritualidade tem sido
apontada como uma importante dimensão da qualidade de vida.
Objetivo: Apresentar revisão de literatura
sobre qualidade de vida e espiritualidade, sua associação e instrumentos de
avaliação.
Método: Busca do tema-título nas bases de dados
PsycINFO e PubMed/Medline entre 1979 e 2005.
Resultados: A qualidade de
vida é um conceito recente, que engloba e transcende o conceito de saúde, sendo
composto de vários domínios ou dimensões: física, psicológica, ambiental, entre
outras. Considerada a medida que faltava na área da saúde, tem sido definida
como a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e
sistema de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações. Há indícios consistentes de associação
entre qualidade de vida e espiritualidade/religiosidade, por meio de estudos
com razoável rigor metodológico, utilizando diversas variáveis para avaliar
espiritualidade (por exemplo: afiliação religiosa, oração e coping
religioso/espiritual). Também existem vários instrumentos de qualidade de vida
válidos e fidedignos que avaliam a dimensão espiritual/religiosa.
Conclusões: Novos estudos são
necessários, entretanto, especialmente no Brasil. Tais estudos proverão dados
empíricos a serem utilizados no planejamento de intervenções em saúde
espiritualmente embasados, visando a uma melhor qualidade de vida.
Palavras-chave: Qualidade de
vida, espiritualidade, religiosidade, instrumentos de avaliação.
Fonte: Panzini, R.G. et al. Qualidade de vida e
espiritualidade. Rev. Psiq. Clín. 34, supl 1; 105-115, 2007.
Patrícia Trasmontano
https://espiritualidadegerasaude.blogspot.com/2013/08/artigo-qualidade-de-vida-e.html
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