sexta-feira, 19 de setembro de 2025

viii-VIII- REFLEXÃO DOMINICAL I FIÉIS NO POUCO, FIÉIS NO MUITO O Evangelho deste Domingo nos faz pensar, pois vai contra a lógica do imediatismo e do aproveitamento da vida aqui e agora, como se nada mais houvesse além daquilo que a vida neste mundo já nos pode oferecer. Jesus ensina que os nossos bens nos são confiados para que sejamos bons administradores deles e realizemos obras boas com eles, na esperança da recompensa futura. O administrador infiel da parábola que Jesus conta pode estar em cada um de nós, se não desenvolvermos e usarmos corretamente nossas capacidades para a prática do bem. Deus nos deu a vida, primeiro de todos os bens; deu-nos capacidades pessoais, inteligência, vontade, discernimento, e também diversos dons espirituais, como a fé, a capacidade de amar e de ajudar o próximo. Deu-nos a possibilidade de ter um bom emprego, formação profissional, condição social favorável, saúde e, quem sabe, uma boa família, bons amigos, uma natureza rica e produtiva ao nosso redor... Tudo isso não pode ser atribuído simplesmente ao acaso, à sorte, ou unicamente ao nosso mérito. Com um olhar de fé, reconhecemos que Deus nos confiou muito. E o que fazemos com isso? Administramos bem esses bens e riquezas, fazendo- -as render para nós mesmos, para o próximo e para o bem comum? Numa visão egoísta e individualista da vida e da convivência, essa pergunta não faz nenhum sentido porque, segundo tal maneira de ver as coisas, cada um cuida de si e, “salve-se quem puder”. Não assim, porém, numa visão cristã sobre a vida e a convivência. Nossos dons são importantes para nós, mas também para os outros. Ninguém vive sozinho e depende- mos uns dos outros. Por isso, nossos dons e capacidades devem também ser colocados ao serviço do bem dos outros, a começar das pessoas mais próximas de nós. Na parábola de hoje, Jesus exorta a fazer amigos com os bens materiais e espirituais, para que esses ami- gos intercedam por nós quando nos apresentarmos diante de Deus para o julgamento. Na parábola do grande julgamento final (cf. Mt 25), Jesus dá a entender que esses “amigos”, na verdade, são os pobres, os enfermos, aqueles que sofrem de um jeito ou de outro, os encarcerados, os perseguidos e aqueles que são desprezados neste mundo. O grande e derradeiro Juiz dirá, então: tudo o que fizestes a esses meus irmãos, no bem e no mal, foi a mim que o fizestes. E se alguém achar que nem recebeu tantos desses bens de Deus, continua valendo o ensinamento de Je- sus: quem é fiel no pouco, será fiel também no muito. Quem é infiel no pouco, será infiel também no muito (Lc 16, 10). A fidelidade, nesse caso, consiste em administrar bem o que nos foi confiado, quer seja pouco, quer seja muito. Em outro momento, Jesus recorda mais algo importante: “a quem muito foi confiado, muito mais será pedido” (Lc 12,48). A nossa vida é um dom precioso para nós mesmos e para os outros, sem esquecer que é preciosa também para a glória de Deus. Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo https://arquisp.org.br/wp-content/uploads/2025/06/Ano-49C-52-25o-DOMINGO-DO-TEMPO-COMUM.pdf

 

V-       V-       REFLEXÃO DOMINICAL I

 

FIÉIS NO POUCO, FIÉIS NO MUITO

O Evangelho deste Domingo nos faz pensar, pois vai contra a lógica do imediatismo e do aproveitamento da vida aqui e agora, como se nada mais houvesse além daquilo que a vida neste mundo já nos pode oferecer. Jesus ensina que os nossos bens nos são confiados para que sejamos bons administradores deles e realizemos obras boas com eles, na esperança da recompensa futura. O administrador infiel da parábola que Jesus conta pode estar em cada um de nós, se não desenvolvermos e usarmos corretamente nossas capacidades para a prática do bem. Deus nos deu a vida, primeiro de todos os bens; deu-nos capacidades pessoais, inteligência, vontade, discernimento, e também diversos dons espirituais, como a fé, a capacidade de amar e de ajudar o próximo. Deu-nos a possibilidade de ter um bom emprego, formação profissional, condição social favorável, saúde e, quem sabe, uma boa família, bons amigos, uma natureza rica e produtiva ao nosso redor... Tudo isso não pode ser atribuído simplesmente ao acaso, à sorte, ou unicamente ao nosso mérito. Com um olhar de fé, reconhecemos que Deus nos confiou muito. E o que fazemos com isso? Administramos bem esses bens e riquezas, fazendo- -as render para nós mesmos, para o próximo e para o bem comum? Numa visão egoísta e individualista da vida e da convivência, essa pergunta não faz nenhum sentido porque, segundo tal maneira de ver as coisas, cada um cuida de si e, “salve-se quem puder”. Não assim, porém, numa visão cristã sobre a vida e a convivência. Nossos dons são importantes para nós, mas também para os outros. Ninguém vive sozinho e depende- mos uns dos outros. Por isso, nossos dons e capacidades devem também ser colocados ao serviço do bem dos outros, a começar das pessoas mais próximas de nós. Na parábola de hoje, Jesus exorta a fazer amigos com os bens materiais e espirituais, para que esses ami- gos intercedam por nós quando nos apresentarmos diante de Deus para o julgamento. Na parábola do grande julgamento final (cf. Mt 25), Jesus dá a entender que esses “amigos”, na verdade, são os pobres, os enfermos, aqueles que sofrem de um jeito ou de outro, os encarcerados, os perseguidos e aqueles que são desprezados neste mundo. O grande e derradeiro Juiz dirá, então: tudo o que fizestes a esses meus irmãos, no bem e no mal, foi a mim que o fizestes. E se alguém achar que nem recebeu tantos desses bens de Deus, continua valendo o ensinamento de Je- sus: quem é fiel no pouco, será fiel também no muito. Quem é infiel no pouco, será infiel também no muito (Lc 16, 10). A fidelidade, nesse caso, consiste em administrar bem o que nos foi confiado, quer seja pouco, quer seja muito. Em outro momento, Jesus recorda mais algo importante: “a quem muito foi confiado, muito mais será pedido” (Lc 12,48). A nossa vida é um dom precioso para nós mesmos e para os outros, sem esquecer que é preciosa também para a glória de Deus.

Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo

https://arquisp.org.br/wp-content/uploads/2025/06/Ano-49C-52-25o-DOMINGO-DO-TEMPO-COMUM.pdf

 

O Evangelho deste Domingo nos faz pensar, pois vai contra a lógica do imediatismo e do aproveitamento da vida aqui e agora, como se nada mais houvesse além daquilo que a vida neste mundo já nos pode oferecer. Jesus ensina que os nossos bens nos são confiados para que sejamos bons administradores deles e realizemos obras boas com eles, na esperança da recompensa futura. O administrador infiel da parábola que Jesus conta pode estar em cada um de nós, se não desenvolvermos e usarmos corretamente nossas capacidades para a prática do bem. Deus nos deu a vida, primeiro de todos os bens; deu-nos capacidades pessoais, inteligência, vontade, discernimento, e também diversos dons espirituais, como a fé, a capacidade de amar e de ajudar o próximo. Deu-nos a possibilidade de ter um bom emprego, formação profissional, condição social favorável, saúde e, quem sabe, uma boa família, bons amigos, uma natureza rica e produtiva ao nosso redor... Tudo isso não pode ser atribuído simplesmente ao acaso, à sorte, ou unicamente ao nosso mérito. Com um olhar de fé, reconhecemos que Deus nos confiou muito. E o que fazemos com isso? Administramos bem esses bens e riquezas, fazendo- -as render para nós mesmos, para o próximo e para o bem comum? Numa visão egoísta e individualista da vida e da convivência, essa pergunta não faz nenhum sentido porque, segundo tal maneira de ver as coisas, cada um cuida de si e, “salve-se quem puder”. Não assim, porém, numa visão cristã sobre a vida e a convivência. Nossos dons são importantes para nós, mas também para os outros. Ninguém vive sozinho e depende- mos uns dos outros. Por isso, nossos dons e capacidades devem também ser colocados ao serviço do bem dos outros, a começar das pessoas mais próximas de nós. Na parábola de hoje, Jesus exorta a fazer amigos com os bens materiais e espirituais, para que esses ami- gos intercedam por nós quando nos apresentarmos diante de Deus para o julgamento. Na parábola do grande julgamento final (cf. Mt 25), Jesus dá a entender que esses “amigos”, na verdade, são os pobres, os enfermos, aqueles que sofrem de um jeito ou de outro, os encarcerados, os perseguidos e aqueles que são desprezados neste mundo. O grande e derradeiro Juiz dirá, então: tudo o que fizestes a esses meus irmãos, no bem e no mal, foi a mim que o fizestes. E se alguém achar que nem recebeu tantos desses bens de Deus, continua valendo o ensinamento de Je- sus: quem é fiel no pouco, será fiel também no muito. Quem é infiel no pouco, será infiel também no muito (Lc 16, 10). A fidelidade, nesse caso, consiste em administrar bem o que nos foi confiado, quer seja pouco, quer seja muito. Em outro momento, Jesus recorda mais algo importante: “a quem muito foi confiado, muito mais será pedido” (Lc 12,48). A nossa vida é um dom precioso para nós mesmos e para os outros, sem esquecer que é preciosa também para a glória de Deus.

Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo

https://arquisp.org.br/wp-content/uploads/2025/06/Ano-49C-52-25o-DOMINGO-DO-TEMPO-COMUM.pdf

 

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