RECEBER OS MARGINALIZADOS É RECEBER JESUS
Por María Cristina Giani,
Missionária de Cristo Ressuscitado.
O evangelho deste domingo inicia
apresentando a Jesus ensinando a seus discípulos/as enquanto caminham,
atravessando a Galileia, lugar onde desenvolveu sua atividade
missionária. Está
indo a caminho de Jerusalém onde o aguarda a Cruz.
Jesus tenta uma vez mais instruir seus
discípulos de que o seguimento dele é passando pela Cruz. O conteúdo deste
texto é o segundo anúncio da paixão. O evangelho de Marcos apresenta três
anúncios da paixão, o que mostra a importância deste tema para a comunidade
primitiva.
Mas nem sempre eles conseguem entender
as palavras de Jesus como é o colocado hoje.
Jesus tem clara consciência do que lhe
vai acontecer: "O
Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens, e eles o matarão. Mas,
quando estiver morto, depois de três dias ele ressuscitará".
Os discípulos continuam sem entender o
anúncio que Jesus faz de sua morte e ressurreição, mas o medo cultural lhes impede de
perguntar ao seu Mestre.
Diante de diferentes situações ou
realidades que vivemos, às vezes nos surgem perguntas que não nos animamos
dirigir a Jesus. Por quê?
Talvez porque, assim como os primeiros
discípulos e discípulas, não compreendemos que nosso Deus é aquele que assumiu
a fraqueza de nossa humanidade com suas limitações e sofrimentos.
De modo que nada de que nos acontece lhe é
indiferente e menos alheio, porque Ele é o Deus conosco,
presente no meio de nossa frágil história humana.
A discussão dos discípulos no caminho,
sobre quem deles era o maior, manifesta que nada tinham compreendido das
palavras de Jesus. Na relação entre eles
continuam na busca do domínio e do poder. Lembremos que naquela
cultura o status de uma pessoa era muito importante.
Jesus os conhece e por isso “explica com toda claridade”, uma
vez mais, qual é sua proposta de vida.
O detalhe de Marcos ao nos dizer que,
depois de estar na casa, Jesus
se sentou e chamou aos doze nos permite imaginar a cena de
um encontro privado com os seus mais próximos.
E ali Jesus começa a dar orientações
fundamentais para os discípulos.
Num primeiro momento ele tenta explicar
uma vez mais: "Se
alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último, e ser aquele que serve a
todos". O caminho para ser maior é oposto ao que pensavam
os discípulos e os de sua época!
Para entender a segunda sentença temos
que ter presente que na época
de Jesus as crianças eram criaturas insignificantes, não
tinham condições de participar da vida social nem religiosa. Eles eram os
marginalizados da sociedade. Lembremos que os essênios, um grupo religioso muito
estimado em Israel, não aceitavam as crianças.
Com seu gesto e suas palavras Jesus
mostra-lhes que o serviço passa por acolher e cuidar aos desprezados, aqueles
que muitas vezes eram considerados os servos e até escravos na sociedade.
A imagem de Jesus abraçando a criança
não é só um gesto terno, porque as palavras que Jesus pronuncia apresentam uma
mensagem diferente.
Abraçou a criança e disse: «Quem receber em meu nome uma destas
crianças, estará recebendo a mim. E quem me receber, não estará recebendo a
mim, mas aquele que me enviou».
Jesus identifica-se com a criança, com os pequenos da sociedade. Jesus
anima a comunidade cristã a acolher essas pessoas em seu nome.
A novidade de Jesus e de sua comunidade
está justamente em servir em primeiro lugar, aqueles que a sociedade por diferentes motivos
despreza e deixa de lado.
Jesus é o menor de todos, pois se fez
servo em sentido pleno: até dar sua própria vida. Então novamente o evangelista
está colocando que ser discípulo, discípula é acolher a Jesus como o Messias
servidor que enfrenta a morte para comunicar vida para todos.
É aceitar que o caminho do discípulo/a é
como o caminho de seu Mestre. Seus
discípulos "deverão" passar pela cruz, para chegar à ressurreição,
pessoal e comunitária.
Estamos dispostos/as a viver o serviço como Jesus até as últimas consequências?
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