VII- REFLEXÃO DOMINICAL I
ENSINA-NOS A REZAR
Como
os primeiros discípulos do divino Mestre, ainda hoje pedimos ao Senhor que nos
ensine a rezar. Mais que palavras, Ele nos ensina com atitudes que oração é um
estado de permanente confiança e entrega ao Plano de Deus. Rezar, portanto,
significa entrar em sintonia com a vontade de Deus, a quem Jesus chamou de Pai,
aliás, Pai Nosso. Por isso, cada ensinamento contido nesta oração revela um
aspecto da vida de Jesus marcada pela íntima relação entre Eles (“Quem me vê,
vê o Pai” - Jo 14,10). As palavras do Pai Nosso são um resumo catequético da
vida de Jesus e ao mesmo tempo um projeto de vida que desafia a quem o quer
seguir. Na primeira leitura da missa de hoje, vemos como Abraão, chamado amigo
de Deus (Tg 2,23), conversa face a face com o Senhor. Desde sua juventude
aprendeu a confiar em sua Palavra mesmo quando parecia impossível. Ele
representa a humanidade que aos poucos vai conhecendo seu criador. Uma criança
no colo a tatear a face de seu pai. Neste diálogo provocador, Abraão demonstra
humildade, reverência e respeito, mas também ousadia e confiança que só entre
amigos se pode encontrar. Na carta aos Colossenses, nossa segunda leitura, o
apóstolo Paulo enfrenta corajosamente os desvios daqueles que tencionavam
introduzir na comunidade cristã práticas religiosas marcadas por superstições e
antigos ritos que serviriam para agradar a um Deus para eles distante e
punitivo, que os salvariam quando tivessem cumprido os mínimos detalhes da Lei.
Paulo combate esses falsos ensinamentos exaltando o batismo como graça divina,
dom de Deus e porta de entrada para a salvação (“A lei mata, mas o Espírito dá
vida” - 2Cor 3,6). O batismo nos identifica com Cristo e constitui o ponto de
partida para ser como Jesus na doação, no serviço, na entrega da própria vida
por amor e, portanto, filhos e filhas amados de Deus, como Ele. As parábolas do
Evangelho de hoje nos falam da solicitude de Deus para conosco, da generosa
gratuidade do seu amor. Ele nos conhece a fundo e sabe do que precisamos. Não
nos atende porque merecemos, porque cumprimos a Lei, mas, porque Ele é bom e
“faz o sol nascer sobre justos e injustos, porque a todos quer salvar” (Mt
5,45). Envia sobre nós Seu Espírito como reposta aos nossos apelos e nos faz
enfrentar com lucidez e destemor todas as situações da vida. Jesus se retirava
antes de certos momentos particularmente importantes da sua vida e se
fortalecia na entrega confiante ao Plano do Pai: “Se queres, afasta de mim este
cálice, entretanto, não seja feita a minha vontade, mas a Tua” (Lc 22,42).
Minha oração é uma negociação, uma pretensa troca de favores, ou um encontro
amoroso entre pai e filho que partilham ao longo da vida as preocupações,
sonhos e esperanças?
Pe. Jorge Bernardes Vigário Episcopal
para a Região Ipiranga
https://arquisp.org.br/wp-content/uploads/2025/05/Ano-49C-44-17o-DOMINGO-DO-TEMPO-COMUM.pdf
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