05- REFLEXÃO DOMINICAL I
SEMEAR... MESMO NA TRIBULAÇÃO
Um momento triste
vivido pelo povo de Israel: é o que recorda a Primeira Leitura. Mostra, porém,
uma visão de esperança: nosso Deus e Senhor da história é quem fará o povo
ressurgir; pois n’Ele reside o poder sobre todas as coisas. Deus não abandona
os que vivem segundo Sua lei. O texto mostra a “reforma” que Deus pode operar
na vida de cada um. Ele cuida de seu povo. Sempre cuidou! E alimenta, conduz,
protege. Ele o faz em Jesus Cristo. Para quem não tem fé, a morte é o fim de
tudo, diz a Segunda Leitura. Aos que seguem Jesus, todavia, a morte é passagem
à dimensão definitiva da vida. Nosso corpo mortal “se desfaz” na vida terrena
mas, através da ressurreição, somos levados à vida plena. São Paulo usa imagens
muito familiares no Oriente: os nômades do deserto, quando se põem a continuar
a caminhada, desmontam o acampamento. Ali, não é sua morada permanente.
Acontece conosco: este mundo, é o lugar onde vivemos e construímos nossa
história, porém, nosso fim é a participação na própria vida divina. Somos os filhos
de Deus indo para casa; a multidão alvejando as vestes no Sangue do Cordeiro! É
sobre paciência que fala-nos São Marcos: se a realização do Reino não depende
simplesmente de nós, sejamos pacientes. O ser humano não se converte? Não o
acusemos! Continuemos a luta, cientes de que Deus age em nós: chama e serve-se
de nós quando e como quiser; não sabemos para quais pessoas, nem de que modo ou
em quais ocasiões. Façamos o melhor, sem atribuir-nos o mérito de nada.
Trabalhemos com todas as forças; sem a pretensão de ver resultados. É uma lição
de humildade. Lemos, em Fl 2,5: Tende os mesmos sentimentos de Jesus Cristo.
Jesus, tal um catequista, ensinava usando parábolas (Cf. Mc 4,33a). A
mentalidade de terceirizar chegou à catequese. Os pais delegam à Igreja a
missão de educar seus filhos. Limitam-se a matriculá-los. A Igreja doméstica,
como é chamada a família nos documentos da Igreja, é a primeira e mais
importante escola da fé; os pais são os primeiros catequistas. A fé “se pega”
por contágio. O que temos semeado? A semente crescerá... mas, estamos semeando
ou ficamos esperando que outros semeiem por nós? Há poucos dias celebramos a
solenidade do Sagrado Coração de Jesus, do amor de Jesus pela humanidade.
Escutemos e façamos escutar o “vinde a mim” proferido por Jesus. Senão as
pessoas escutarão a outros. É a Jesus que devemos ir. Não ao mundo! Ajudemos as
pessoas a se aproximarem de quem carregará seus pesados fardos, aquele que
alivia todas as dores. Busquemos abrigo no Coração Sagrado, do qual jorram a água
do batismo e o sangue da salvação. Nossas tribulações reverterão em glória
eterna. Nossa vida é um estágio que devemos passar sem tirar os olhos do Céu.
Não esperemos, aqui, nenhuma recompensa e conformemos a Jesus o nosso coração.
Jesus, manso e humilde de coração: fazei o nosso coração semelhante ao Vosso.
Dom Jorge Pierozan
Bispo Auxiliar de São Paulo
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