REFLEXÃO DOMINICAL I
QUEM FAZ A VONTADE DE DEUS
A Eucaristia que
celebramos é o sacramento da caridade onde Jesus se doa a si mesmo,
revelando-nos o amor infinito de Deus pela humanidade. Neste admirável
sacramento, mistério de nossa fé e salvação, se manifesta o grande amor do Pai
em Jesus Cristo, que nos amou até o fim, na morte de cruz, dando a sua vida
para nos salvar, no pleno dom de seu corpo e sangue. Na celebração eucarística
escutamos e meditamos a Palavra de Deus. É Ele mesmo quem fala ao seu povo, é o
mesmo Cristo presente na sua palavra que anuncia o Evangelho. De fato, Jesus,
verdadeiro homem, Filho de Deus realizou a plena vocação humana, destruiu
definitivamente o mal e nos associou, como seus filhos, à sua vitória sobre o
pecado e a morte. A Palavra de Deus deste domingo vai nos dizer que quem se
torna discípulo e missionário de Cristo se associa profundamente à família de
Deus. Fazer a vontade de Deus nos faz sua família em Cristo. A primeira leitura
(Gn 3,9-15) nos mostra a humanidade que, culpada por desobedecer ao mandamento
divino, é reencontrada por Deus, que toma a iniciativa e busca retomar o
diálogo perdido. E pergunta “Onde estás?” E, de modo pedagógico, Deus a conduz
a assumir a própria responsabilidade pelos próprios atos, pois na sua justiça,
se compadece do ser humano e promete-lhe a vitória sobre o mal. É o símbolo do
esmagamento da cabeça da serpente, uma luta deve ser travada contra o mal, mas o
homem sairá vitorioso, pela graça e poder de Deus, em Cristo Jesus, sua paixão,
morte e ressurreição. No Santo Evangelho (Mc 3,20-35) encontramos Jesus, que na
sua fidelidade ao Pai até o sacrifício na cruz, realizou aquilo que contrasta
com a desobediência humana simbolizada pelo pecado dos primeiros pais. Os
exorcismos de Jesus são a prova de que o Reino de Deus chegou, o mal é vencido,
Ele é mais forte, veio em socorro da fraqueza humana na luta cotidiana contra
todas as manifestações do mal, sem compactuar com satanás. Neste contexto não
esqueçamos que todos os que abraçam a vontade do Pai e a cumprem perfeitamente,
seguem o exemplo do Filho, Jesus. Estamos unidos a Cristo com fortes vínculos,
na fé, comparados aos mais estreitos laços afetivos familiares. É dessa união
com Cristo, na única vontade do Pai, que encontramos a força para vencer o mal.
No coração e na vida levamos isto: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu
irmão, minha irmã e minha mãe”. A segunda leitura (2 Cor 4,13-5,1) nos mostra
que, a partir do momento em que o ser humano exterior desaparece, nasce uma
nova humanidade interior. Assim, o homem velho dá lugar ao homem novo. Na
provisoriedade da vida nos deparamos com tantas tribulações na vida. Como
discípulos de Jesus vivemos o provisório com os olhos voltados para o eterno.
De fato, a expectativa da felicidade após a morte é assegurada pela fé na
misericórdia de Deus, que a todos perdoa, ao reconhecerem seu pecado. No
caminho de cumprimento pleno da vontade do Pai, em Jesus Cristo, “sabemos que,
se a tenda em que moramos neste mundo for destruída, Deus nos dá outra moradia
no céu, que não é obra de mãos humanas e que é eterna”.
Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ Bispo Auxiliar
de São Paulo
REFLEXÃO DOMINICAL II
DEUS PERGUNTA
AO HOMEM: ONDE ESTÁS?
Gn 3,9-15
Sl 129
2Cor 4,13-18 – 5,1
Mc 3,20-35
Caríssimos, iniciemos a
nossa meditação da Palavra que o Senhor nos dirige neste X Domingo Comum
partindo da tremenda pergunta que o Senhor Deus fez aos nossos primeiros pais e
nos faz a nós, filhos de Adão de todos os tempos:
“Onde
estás?”
Onde te encontras, ó
homem, com tua ânsia de ser como Deus, de ser dono da tua vida, de viver
fechado em ti mesmo, no teu comodismo, na tua frieza, na tua autossuficiência,
como se te bastasses? Onde estás, ó homem, bicho tirado do pó da terra, no qual
soprei, com Meu Espírito, o desejo do Infinito?
E quão triste a situação
do homem, a nossa situação: ei-lo envergonhado, ei-lo escondido! Envergonhado
porque nu, escondido porque não se aceita na sua condição de pobre criatura e
dela sente vergonha!
Somente quem é inocente
como as crianças não sentiria vergonha da própria nudez!
Mas, o homem – eu você –
esse bicho que deseja ser autônomo e se pensa Deus, como não se sentir
envergonhado?
Então se esconde de
Deus, atrás das tantas moitas que a vida lhe oferece: diversões, dispersão,
poder, posses, dominação, prestígio, satisfação desmesurada dos instintos
descontrolados! Quantas moitas para se esconder de Deus, para esconder,
disfarçando a própria nudez!
E lá vai o homem, quebrado, jogando a culpa nos outros, no mundo, em Deus, no
Diabo, contanto que se justifique e se desculpe a si próprio, sempre fugindo de
si e da sua triste realidade, sempre se protegendo ilusoriamente com frágeis
folhinhas de parreira!
Ao invés de fugir, desse
esconder, Irmãos, seria mais útil, maduro e coerente abrir o coração ao Senhor,
como o Salmista:
“Das
profundezas eu clamo a Vós, Senhor! Escutai a minha voz! Se levardes em conta
as nossas faltas, quem poderá subsistir? Mas, em Vós se encontra o perdão: eu
Vos temo e em Vós espero!”
Eis aqui a atitude
correta diante do Senhor, atitude que nós devemos cultivar, caros Irmãos, mas
que, infelizmente, não é a nossa tendência! Naturalmente, diante do Senhor,
nossa tendência ainda é aquela dos primeiros pais: a autonomia blasfema de nos
fazer deuses de nós mesmos!
E isto aparece também no Evangelho de hoje: primeiro, nos adversários de Jesus,
os escribas de Jerusalém que, afirmam logo, para desmoralizá-Lo, que Ele age
pelos demônios! É um modo fácil, covarde de não escutar o Senhor, de não se dar
ao trabalho de se deixar converter! Não temos nós a tendência de fazer o mesmo
com aqueles que nos convidam à conversão, aqueles que com sua palavra ou seu
modo de viver nos incomodam, sendo um sinal de Deus? Vemos tantas vezes isto,
mesmo na Igreja: a tendência de fazer pouco caso e até criticar e combater
verdadeiros sinais que o Senhor nos envia através da vida de pessoas santas,
capazes de loucuras e radicalidades pelo Senhor! A sentença do Senhor é dura:
isto é pecado contra aquilo que o Espírito de Deus suscita! Que coisa: sufocar
o Espírito, contristá-Lo porque não cabe na nossa lógica tacanha, na nossa
medida mesquinha! Cuidado, Irmãos! Cuidado para não pecarmos contra o Espírito!
Não aconteça combatermos contra Deus!
Mas, há também aquele
outro perigo: o dos parentes do Senhor: não reconhecê-Lo como presença de Deus,
ficando num nível meramente humano! Quantas vezes nós, cristãos, somos
incapazes de perceber a presença do Senhor nas pessoas, nos acontecimentos e
até na Sua própria Palavra? Quantas vezes nossa fé é tão morna e somos tão
cegos para enxergar! Ainda que não sejamos adversários como os escribas, somos
realmente desconfiados como os parentes do Senhor, que chegam a levar a própria
Virgem Santíssima com eles para trazerem Jesus para casa, querendo aprisiona-Lo
numa simples relação humana, deste mundo! Irmãos no Senhor, tenhamos fé! Irmãos
no Senhor, aprendamos a ver com o olhar de Deus, a medir com a medida do
Coração de Deus! Não é possível que sejamos cristãos sendo tão terrenos e até
mundanos no nosso modo de sentir e de ver!
Mas, estejamos certos,
caríssimos: Jesus é o mais forte que derrota o forte, Jesus é o Vencedor da
Morte que, vencendo o Príncipe deste mundo e o amarrando, nos dá a
possibilidade de vencer o pecado em nós e no mundo. Por isso mesmo, por esta
certeza, o ânimo contagioso de São Paulo, na segunda leitura de hoje:
“Sustentado
pelo mesmo espírito de fé, nós também cremos e, por isso, falamos, certos de
que Aquele Deus que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também com
Jesus!”
Ainda cremos realmente
nisto, caríssimos: que nossa vida neste mundo caminha para a plenitude eterna,
participando da Ressurreição de Jesus, nosso Senhor na glória do Céu?
Cremos que “mesmo que o nosso homem exterior –
nossa humanidade nesta situação mortal – se vai arruinando, o nosso homem
interior – com a Vida de Cristo, recebida no Batismo – vai se renovando, dia a
dia”?
Levamos a sério que nos
espera “uma Glória eterna e
incomensurável?”
Temos realmente como
certo que, em Cristo, o Vencedor do Pecado e da Morte, quando “a tenda em que moramos neste mundo
for destruída, Deus nos dará uma outra morada no Céu, que não é obra de mãos
humanas, mas que é eterna”, isto é, morada viva da Vida do Eterno?
Irmãos, não será que
nossa frieza, o pouco vigor de muitos para ser generoso com o que é do Senhor
não decorreria da falta de fé verdadeira na Vida eterna, na recompensa que o
Senhor nos prepara? – Falamos tanto da terra e tão pouco do céu!
Não será que estamos
numa situação de marasmo, com uma visão meramente humana das coisas de Deus,
como os parentes de Jesus?
Será que, às vezes, pior ainda, não estamos sendo adversários do Espírito de
Deus, que Se manifesta em tantos que são entusiasmado radicalmente pelas coisas
do Senhor, são, para nós e para o mundo, sinais do céu, e nós os criticamos?
Caríssimos,
reconheçamo-nos pequenos, reconheçamo-nos deficientes diante do Senhor!
Abramo-nos ao Seu Espírito: acreditemos, confiemos, deixemo-nos ser
instrumentos generosos do Senhor na obra da salvação do mundo, vivendo o
Cristo, testemunhando o Cristo, pregando o Cristo, para, vencido o Pecado e a
Morte, participarmos “da
Glória eterna e incomensurável que o Senhor nos prepara”. Amém.
https://rumoasantidade.com.br/homilia-10-domingo-comum-ano-b-2018/
REFLEXÃ0 DOMINICAL III
"Acreditar na Graça de Deus"
Quando a gente está super ocupado ,
costuma-se dizer que não se tem tempo nem para comer, esse evangelho começa
constatando exatamente isso, pois Jesus e seus discípulos chegaram na casa de
alguém onde pretendiam tomar uma refeição, mas um grande número de
pessoas foram ali á sua procura e Jesus teve que lhes dar atenção. Não ter mais
tempo para si, vai ter para os seus parentes a conotação de loucura
“Ele está fora de si”.
Amar as pessoas preocupar-se com elas,
doar-se aos serviços da comunidade para servir a Deus e aos irmãos, nos tempos
da pós-modernidade também soa como uma loucura, pois vivermos no mundo das
relações mercantilizadas onde tempo é dinheiro e perder tempo com coisas
que não dão nenhum retorno, é realmente coisa de louco.
Pior que esses parentes de Jesus que não
entendiam á sua missão, eram os escribas que atribuíam suas ações
libertadoras e curas prodigiosas á Belzebu, príncipe dos demônios,
acusando Jesus de fazer o Bem , através da força do mal, o que era uma grande
incoerência, pois Bem e Mal são duas coisas que jamais podem agir em conjunto,
se as obras de Jesus eram boas em si mesmo, curava e libertava as pessoas, elas
jamais poderiam provir do mal.
Em nossa sociedade também sofremos desse mal,
porém no sentido contrário, querendo atribuir ao Bem algo que
provém do mal, senão vejamos, para muitos, inclusive cristãos, a pena de morte,
o aborto, o divórcio, a eutanásia, são coisas do Bem, e tem até traficante de
Favela pousando de herói do povo, defensor dos pobres, dos velhos e das
crianças. Quando isso acontece e essa mentalidade começa a dominar a todos, é
porque se está cometendo o temível pecado contra o Espírito Santo, que Jesus
afirma não ter perdão. E que pecado terrível será este?
Exatamente o mesmo que os Escribas e os
parentes de Jesus cometiam: o de não acreditar e não aceitar a Graça que Jesus
nos trouxe, em uma recusa contra a ação Divina, libertadora e Salvadora nele
presente, e colocada a favor das pessoas. Quem comete esse pecado está
apostando todas as suas fichas nas forças do Mal presente no mundo, por crer no
fundo, que esta é mais poderosa que o Bem supremo que Jesus nos oferece.
O Mal já foi derrotado por Jesus, mas o homem
ainda não se apercebeu disso, o Reino está presente na vida da humanidade, não
de maneira ostensiva como a Força do mal, mas como semente em
desenvolvimento e que requer cuidado e atenção para crescer e ser a maior de
todas as árvores, mas o homem imediatista deste tempo prefere acreditar no Mal
e deixa de investir e acreditar no Bem.
José da
Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0284.htm#msg02
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