09- A DEVOÇÃO BRASILEIRA AOS SANTOS
JUNINOS: CULTURA POPULAR E RELIGIÃO SE MISTURAM NOS FESTEJOS EM TODO PAÍS
O mês de
junho chegou e com ele as festas juninas, que além da tradição de alegrar o
povo celebram a memória de quatro santos católicos: Santo Antônio, no dia 13 de
junho, São João Batista, dia 24, e São Pedro e São Paulo, no dia 29. Os
festejos são herança religiosa portuguesa que o Brasil cultiva até hoje.
A Igreja
celebra em 24 de junho a natividade de
São João Batista, a data ocorre seis meses antes do natal, pois além de ser
a data do nascimento de São João, se dá devido à importância do santo para a
Igreja. São João Batista é o único santo em que se celebra o nascimento e a
morte. Seu martírio é celebrado dia 29 de agosto.
É neste
período junino que as comunidades se preparam para confraternizar nas
tradicionais festas com muita comida típica, brincadeiras, bandeirinhas,
fogueiras e as famosas quadrilhas que tomam conta dos salões, praças e igrejas
para celebrar a festa dos santos católicos.
O festejo que une o religioso e a cultura popular é
comemorado nos quatro cantos do país. Em cada região, a festa assume uma
particularidade seja no passo da música ou na preparação das comidas. Mas, o
que garante unidade do festejo é a alegria do povo. O cantor e compositor Luiz
Gonzaga, também conhecido como o Rei do Baião, ilustra muito bem esses momentos
em sua música: “Noites Brasileiras”.
“Ai que
saudades que eu sinto/ Das noites de São João/ Das noites tão brasileiras na
fogueira/ Sob o luar do sertão./ Meninos brincando de roda/ Velhos soltando
balão/ Moços em volta à fogueira/ Brincando com o coração/ Eita, São João dos
meus sonhos/ Eita, saudoso sertão”.
O portal
da CNBB resgata uma entrevista do frei Mário Sérgio dos Santos Souza, da
arquidiocese de Feira de Santana (BA) à revista Bote Fé, da Edições CNBB,
publicada em 2019. Na ocasião, ele falou que mesmo com o passar do tempo a
expressão cultural das festas juninas tem se preservado sobretudo no Nordeste
do Brasil.
“Por isso, o sertão é tão cantado, o grande flagelo
da seca, os namoros ingênuos e apaixonados, os santos também, as letras com
certas denúncias da fome e da miséria em que vivia esse povo, mas nunca perdeu
a fé a capacidade de se divertir. São João é esperado com toda a expectativa
pelos nordestinos. É a festa que marca a identidade desse povo”, disse o frei à
revista .
O
Nordeste é a região que ainda concentra as grandes festas juninas como a de
Caruaru (PE) e a de Campina Grande (PB), que é considerada o maior São João do
Mundo. Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, arcebispo da Paraíba, destacou em
artigo publicado no site da diocese Campina Grande, em 2019, quando ainda era
bispo de lá, que a natividade de São João Batista é comemorada pelo povo com
reza, forró, quadrilhas, confraternização, comida, bebida e fogos.
“As cidades se enfeitam e se transformam em grandes
arraiás. Esta alegria contagiante tem razão de ser: João Batista nasce para
anunciar Jesus Cristo e apresentá-lo ao mundo. Ele está associado a esta grande
alegria, que invadiu o mundo a mais de dois mil anos atrás”, ressalta o
arcebispo no texto.
A fé popular se transforma em festa pela
alegria e esperança do povo que celebra os festejos juninos, que agora também
são julinos e até agostinos. Frei Mário Sérgio descreve sua relação vivencial
com os festejos juninos: “sou nordestino, sergipano e religioso. Então,
o tempo de São João é muito forte para nossa região, para as nossas famílias e
para as nossas comunidades religiosas”.
Das memórias das festas juninas de sua infância, o
religioso recorda-se de um fato com seu avô “Seu. Maroto”. Ele fazia busca-pé e
espadas para fazer guerra com fogueteiros de outras cidades e povoados. Essa é
uma tradição que era muito esperada pelo povo. “Me lembro desde o
momento em que todos iam aos tabocais para escolher as tabocas para
confeccionar o busca-pé. Esse processo demorava meses”, lembra.
Brasília
(DF) por ser uma cidade que congrega pessoas de todas as regiões do país também
tem tradição junina com a realização do “Maior São João do Cerrado” que
acontece na capital do país sempre em agosto.
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