QUE AINDA HÁ RACISMO NO BRASIL
Apesar de todos os esforços feitos desde
1888, quando a escravatura foi abolida no Brasil, a segregação e o preconceito
raciais ainda estão bastante presentes em nossa sociedade. Os casos se
multiplicam e, com a internet, fica ainda mais fácil percebê-los.
Poucas pessoas efetivamente procuram
entender o racismo institucional sofrido por negros diariamente no país, mas
existem diversos fatos que comprovam esse cenário. Confira algumas situações
que comprovam a existência e a persistência do racismo no Brasil:
1. Quantidade de
líderes políticos negros
Pare um pouco para refletir: quantos
líderes políticos você conhece? Claro que existem senadoras como Benedita da
Silva (RJ) e Leci Brandão (SP), mas eles ainda são minoria. Para ser mais
exato, apenas 3% dos políticos eleitos no ano de 2014 se declararam negros,
segundo pesquisa da Revista Congresso em Foco.
O que isso quer dizer? Que a política
nacional, especialmente o poder legislativo, ainda é bastante dominado por
indivíduos brancos. Isso é preocupante do ponto de vista institucional, porque
sua atuação ignora algumas vivências para as quais somente a população negra
poderia se atentar.
Assim como há um esforço no sentido de
aumentar a participação feminina na política, também deveria haver maior
incentivo à democratização racial nesses ambientes de representação
legislativa. Afinal, se há apenas 3% de negros na política, essa não é uma
porcentagem que efetivamente representa a sociedade, de acordo com os dados do
IBGE.
2. Recortes raciais no
censo do IBGE
Segundo o censo populacional do IBGE, a população brasileira é composta por
quase 46% de pretos e pardos. Esse censo é auto declaratório, ou seja,
praticamente metade da população não se vê como sendo branca. Esses dados são
ainda mais significativos quando cruzados com dados econômicos, já que a
população que se declara preta ou parda é também a que tem uma renda menor, em
número de salários, se comparada relativamente. Na prática, o Brasil ainda é um
país de muita concentração de renda, e essa desigualdade também ocorre por meio
de recortes raciais.
É possível perceber, a partir desses
dados, que há um favorecimento maior de brancos para acessarem o mercado de
trabalho, seja devido à educação que receberam, os históricos familiares e
sociais, bem como as oportunidades de emprego às quais tiveram acesso em vida.
3. Academia e racismo
no Brasil: quantos pesquisadores negros você conhece?
Outro fato que evidencia o racismo no
Brasil é a falta de pesquisadores negros nos quadros das principais
universidades públicas e centros de pesquisa do país. Para atestar esse fato,
basta observar a maioria dos professores que você teve ao longo da vida e tem
atualmente. Quanto maior o grau do ensino, menor a quantidade de professores
negros.
Isso evidencia que há menos incentivos e
oportunidades para pessoas negras ingressarem não apenas no ensino superior,
como também em programas de pós-graduação, mestrado e doutorado. Isso corrobora
a concentração do ensino nas mãos de pesquisadores brancos, que nem sempre
estão atentos para todas as temáticas raciais pertinentes para a sociedade
brasileira.
4. Cotas e acesso ao
ensino superior
A falta de alunos, pesquisadores e
professores negros nos quadros públicos federais contribuiu para a lei nacional de cotas, nº 12.711/2012, que estabelece a obrigatoriedade de
reserva de, no mínimo, 50% das vagas em universidades federais e para
estudantes que tenham cursado a integralidade do ensino médio em instituições
públicas de ensino.
Além disso, a mesma lei prevê que essas
vagas serão preenchidas de acordo com a distribuição de pretos, pardos,
indígenas e pessoas com deficiência nas diferentes unidades da federação. Por
exemplo, se o IBGE determinar que 40% da população em Minas Gerais é preta ou
parda, essa deve ser a porcentagem de vagas a pretos e pardos na reserva de
vagas.
Essa e uma forma de adequar à realidade
social e etnográfica os meios de acesso ao ensino superior público no Brasil.
Afinal, as instituições de ensino também devem refletir a sociedade.
5. Preconceito e
injúria racial nas redes sociais
Se você tem acesso ao Facebook e
Twitter, provavelmente já acompanhou diversas discussões e postagens com conteúdos
ofensivos e discriminatórios. Por ser online, muitas pessoas acreditam que
estão livres de responsabilização criminal e cível por essas ações, mas isso
não é verdade. Até mesmo usuários “fakes” podem ter seus perfis e endereços de
IP identificados, para posteriormente serem acionados na justiça.
O caso de injúria racial sofrido pela
apresentadora de TV Maria Júlia Coutinho (Maju) em 2015 evidencia isso. A
página do Jornal Nacional no Facebook foi alvo de diversas mensagens de
conteúdo discriminatório naquela época. Veja mais informações sobre esse
episódio aqui. O mesmo ocorreu em relação à filha do casal de atores
Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank. Titi foi alvo de vários comentários racistas
em postagens do casal, o que acarretou a apresentação de uma queixa crime no
Rio de Janeiro em 2016, na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática.
Esses episódios evidenciam, mais uma
vez, que o racismo está longe de ser extinto do Brasil.
Como é possível mudar
essa situação?
Alteridade e empatia
Pensando de forma mais pragmática, uma
das maneiras mais simples de se lidar com o racismo em seu dia a dia é exercer
mais simpatia pelo próximo, independentemente da cor da pele ou gênero. Essa é
uma forma de se atentar para as negligências e sofrimentos vivenciados pelo
outro, e então refletir sobre suas próprias atitudes.
Atenção ao racismo
institucional
Vai contratar alguém? Prestar serviço?
Verificar o histórico de crédito de um cliente? Participar de um processo
seletivo profissional? Em muitas dessas situações é que colocamos em prática
diversas formas de racismo institucional, mesmo sem perceber.
Preterimos pessoas negras sem motivos
racionais para que isso ocorra. Atente-se para isso em seu dia a dia para que
você também não cometa nenhum ato de racismo institucional.
E você? Como tem lidado com o racismo no
Brasil? Está ciente de todos esses fatos que comprovam sua existência?
Nenhum comentário:
Postar um comentário