A
Santíssima Trindade
Deus gera pelo Espírito,
que é amor. Ele é Pai pelo amor que tem ao Filho. Sua paternidade é
mistério insondável
Deus,
na plenitude dos tempos, revelou-se aos homens na pessoa de seu Filho
Jesus, elevando assim a compreensão humana do próprio Deus e dos seus
desígnios para com a humanidade. E, o desígnio de Deus é que o homem sacie
sua sede na Fonte que jorra água viva, onde toda limitação é dissipada
pelo infinito amor do Pai que, presenteia a humanidade com a doação de seu
Filho na ação do Espírito.
Deus
chama o homem para viver a sua vida. No evento Pascal, Deus se revela
Trindade. O Mistério Pascal é a revelação histórica concreta de Deus – Amor –
Trindade. Porque Deus é Trindade, cria e destina o homem a participar da
comunhão divina. O Novo Testamento aceita sem discussão a revelação do
monoteísmo. “O Senhor nosso Deus é um só (cf. Mc 12,29), ‘O Deus único e
verdadeiro’ (cf. Jo 17,3). Deus é um só (cf. Gl 3,20); há um só Deus
(cf. Ef 4,6; 1Tm 2,5) (LADARIA, 1998).
É
a partir de Jesus Cristo que se tem a revelação do mistério
trinitário mais explicitado. Jesus Cristo é, com efeito, o revelador do
mistério da Santíssima Trindade em Deus. Ele é o verdadeiro autor de uma
teologia trinitária. Jamais devemos esquecer que o principal fundamento da
teologia é a Palavra de Deus e, que esta alcança seu acabamento no Senhor
Jesus como Mediador e plenitude de toda a Revelação (cf. Hb 1,1-4). (LADARIA,
1998).
Deus,
Pai, é a fonte, a origem sem princípio. É aquele que assegura a unidade da
Trindade sendo a única fonte da divindade. Seu ser está empenhado e se
esgota na geração do Filho, uma vez que Deus faz habitar nele toda a
plenitude de sua divindade. Também Cristo só existe nessa geração. A
paternidade de um é absoluta, e a filiação do outro, é total (DURRWELL, 1990).
Deus
gera pelo Espírito, que é amor. Ele é Pai pelo amor que tem ao Filho. Sua
paternidade é mistério insondável: Ele, em seu infinito amor, gera o Filho
por toda a eternidade e, a relação de amor do Pai para com o Filho, e, do
Filho para com o Pai, expira o Espírito Santo que, é igual ao Pai e ao
Filho em divindade. Eles são de uma única substância ou essência, não há contradição
entre Eles, o que um é, os outros também são, é uma profunda relação de
amor e unidade (DURRWELL, 1990).
A
geração do Filho, que é a origem da criação, é também seu futuro: “tudo
foi criado na direção dele” (cf. Cl 1,16). A atividade do Pai tem
por termo sempre o Filho; portanto, Deus cria o mundo encaminhando-o na
direção de Cristo. O mundo nasce num movimento que o leva na direção do
Filho em seu eterno nascimento. Em seu eterno nascimento, Cristo é o alfa
e o ômega da criação (cf. Ap 21,6); o alfa do qual surgem as criaturas, e
o ômega que as chama e plenifica. É assim que, em sua vida terrestre,
o próprio Jesus partia de seu eterno nascimento filial e ia à direção dele
(LADARIA, 1998).
Jesus
é o Filho que sai do Pai (cf. Jo 13,3). Sua vinda a este mundo é um prolongamento
de sua eterna saída. Em sua glorificação junto do Pai (cf. Jo 17,5), ele
está assentado à direita do Pai (cf. Mt 26,64), plenamente assumido na
condição divina como Verbo eterno: “Verbo de Deus” é seu nome (cf. Ap
19,13). Em seu mistério de morte e glória, ele revela sua identidade de
Filho eterno que nasce de Deus no Espírito Santo. O Pai gera o Filho no
Espírito que é amor. Ele o gera amando-o. E, é no mesmo amor que o Filho
desempenha sua missão: mediador da graça filial (LADARIA, 1998).
Mediador
da graça filial, Jesus é a porta pela qual Deus convida os homens a
entrar, a fim de tomarem parte no banquete trinitário. E, o título de
Filho (de Deus), mais do que qualquer outro, indica a identidade última de
Jesus, já que ele supõe em evidência a unicidade de sua relação com o Pai.
Existe uma íntima conexão entre a relação de Jesus com Deus (Pai), e sua
condição de salvador dos homens e mediador da graça filial. A atividade do
Filho é a que o Pai lhe confia para exercer; a reconciliação é, em
primeiro lugar, obra do Pai. Sendo Deus o Pai essencial, seu papel,
na redenção como em todas as suas obras no mundo, é o de gerar o Filho
(LADARIA, 1998).
O
mistério da salvação se recobre com o da encarnação. Mediante sua vida e
sua morte, Jesus se deixa gerar pelo Pai. Com efeito, como o papel de Deus
é o de ser Pai, o de Jesus é o de ser Filho. O drama da salvação se joga
na relação mútua entre o Pai e o homem Jesus, Filho de Deus. Sendo paterna
e filial, a obra da redenção é cheia do Espírito Santo (LADARIA, 1998).
O
mistério do Pai, do Filho e do Espírito Santo se interioriza no mundo,
para levá-lo à sua eterna realização, isto é, sua salvação. Em seu amor
aos homens, Deus entrega seu Filho, gerando-o neste mundo. Deus não podia agir
de outro modo. Seu ser se identifica com sua paternidade, e toda sua
atividade se empenha na geração do Filho (LADARIA, 1998).
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