Santo Agostinho ensinando em Roma, de Benozzo Gozzoli Reprodução/Reprodução
“É preciso compreender para
crer, e crer para compreender.”
“No que diz respeito a
todas as coisas que compreendemos, não consultamos a voz de quem fala, a qual
soa por fora, mas a verdade que dentro de nós preside a própria mente,
incitados talvez pelas palavras a consultá-la. Quem é consultado ensina
verdadeiramente e este é Cristo, que habita, como foi dito, no homem interior.”
Santo Agostinho tinha
particular interesse nos estudos sobre como conciliar fé e razão. Sendo a mente
humana mutável e falível, como atingir, a partir dela, a Verdade eterna? Para
Santo Agostinho, a filosofia antiga, apesar de pagã, seria uma preparação da
alma, muito útil para a compreensão da verdade revelada. Afinal, sem o
intelecto o homem é incapaz de compreender as Sagradas Escrituras. Entretanto,
tal como o olho necessita da luz do sol para enxergar, o ser humano necessita
da luz divina para chegar ao conhecimento completo, não sendo suficiente
(apesar de importante) o uso da razão.
Intellige ut credas,
crede ut intelligas (“é preciso compreender para crer, e crer para
compreender”) e fides praecedit intellectum (“a fé precede a razão”) são
algumas de suas mais famosas máximas. A verdadeira sabedoria, com a qual vem a
verdadeira felicidade, não se encontra neste mundo, mas tão-somente em Deus,
que é o arx philosophiae (arte da filosofia). Para alcançá-lo, não basta a
razão, é preciso entregar-se na busca da face incompreensível ou inefável de
Deus.
Nossa mente, criada à
imagem e semelhança de Deus, possui uma centelha divina, a luz natural (lúmen
naturale), que nos da a capacidade de entender as verdades eternas. Todo o
homem possui a centelha divina, a luz natural (lúmen naturale), que nos dá a
capacidade de entender as verdades eternas. Todo o homem possui a centelha
divina. Como diz São Paulo: “Não há judeus, nem grego, nem escravo, nem homem
livre, nem homem, nem mulher: todos sois um no Cristo Jesus”. Essa é a Teoria
da Iluminação de Santo Agostinho. Tal teoria é proveniente da doutrina da
reminiscência de Platão, segundo a qual as ideias já residiriam em nossa alma e
caberia ao filósofo despertá-las.
Diante da perfeição de
Deus, há um problema para esses primeiros teólogos do cristianismo: se Deus é
todo-poderoso, criador de tudo, ele também seria criador do mal? Se Deus criou
o mal, como defender sua bondade infinita? Se ele é onipotente, seria ele
responsável pela miséria e infelicidade do mundo? Para Santo Agostinho, o mal
não tem realidade metafísica: todo o mal não é mais que a ausência do bem, a
ausência da obra divina. Ou, para ser mais preciso, o mal não é algo que foi
criado, não é algo físico – o mal é o “não ser”.
Fonte: https://guiadoestudante.abril.com.br/especiais/santo-agostinho/
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