Flamengo vence, arbitragem perde. O balanço do Campeonato Brasileiro em dez tópicos
Paulo Vinicius Coelho
O campeão é o melhor
time do Brasil e a arbitragem o maior pecado, pela credibilidade que não
conquistou.
Claudinho,
a revelação e Rogério Ceni, o primeiro título brasileiro, como técnico.
Antes da pandemia, o Brasileirão tinha uma
conquista surpreendente e impressionante: o público. Com 21.235 pagantes por
partida, aquele campeonato vencido pelo Flamengo recordista, dos 90 pontos,
registrou a melhor média de espectadores desde 1983. A melhor em 36 anos!
Então, veio o vírus e os portões fechados. O maior
patrimônio das últimas três décadas terá de ser reconstruído assim que for
possível reabrir os portões.
Em contrapartida, a média de gols de 2020 foi a
melhor em nove anos: 2,48.
Dos 2,31 do ano passado para cá, um crescimento de
7%. Não é demais, é maior. Ponto.
O Flamengo de 2019 contribuiu muito para o público,
mas não foi o único, porque há dois anos, pela primeira vez, houve cinco times
com média superior a 30 mil por jogo, ao menos por um período do torneio:
Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Fortaleza. A queda do Palmeiras
na reta de chegada diminuiu este índice, mas houve a incrível capacidade de o
Fortaleza ter o segundo público do país.
Desta vez, só os gols. O vencedor foi o Flamengo,
com 71 pontos, 19 a menos do que no ano anterior. O perdedor, a arbitragem.
Um campeonato é uma plantinha. Tem de ser regada todo dia, olhar onde está bonito e onde está seco e fazê-la crescer linda e frondosa.
Abaixo, dez pontos centrais do Brasileirão 2020:
Flamengo campeão: os
golaços e a trajetória do título
1.
O FLAMENGO - Consolida-se
como o melhor time do país neste período. Não foi hegemônico, como se viu e
isto reforçou o equilíbrio. Apesar do controle e do bicampeonato, a
imprevisibilidade permaneceu.
2. MÉDIA DE GOLS - A subida de 7% é um ganho, mas ainda se
está abaixo de outras ligas. Os 2,48 do Brasileirão 2020 representam o melhor
índice desde 2011. Quando houve 2,68 gols por partida. Mas, na Inglaterra, na
temporada da pandemia, houve 2,72 por jogo, na Alemanha são 3,21 por partida,
mas já se está igual à Espanha 2,48.
3. ÚLTIMA RODADA - Pela sétima vez na história, primeira em
nove temporadas, o Brasileirão teve seu título definido na última rodada.
Reforça que cada rodada tem importância. O Internacional perdeu o troféu contra
o Sport ou contra o Corinthians? Os dois
4. ARBITRAGEM - O ponto mais fraco. O VAR tem de existir
para terminar com as grandes polêmicas e não apenas as mantém, como as
reforçou, especialmente nas três últimas rodadas, com as linhas sem calibragem
em Vasco x Internacional, a expulsão de Rodinei contra o Flamengo ou o pênalti
desmarcado em Internacional x Corinthians. Se é para ter dúvida, não precisar
ter VAR. O vídeo é para consertar erros claros e óbvios.
5. A COVID - Um funcionário da CBF disse, na semana
seguinte ao jogo desmarcado entre Goiás e São Paulo, 8 de agosto, que a
comissão médica previa que isto permaneceria até a quinta, sexta rodada no
máximo. Antes da 38a rodada, Marinho, do Santos, testou positivo. O Brasileirão
conviveu com a Covid a temporada toda. Mas a Champions também convive.
6. AS REVELAÇÕES - Pode ter sido pela crise financeira, ou
simplesmente pelo acúmulo de partidas, mas este foi o Brasileirão com o maior
número de jogadores sub-23 utilizados. Isto representou descobertas e
confirmações de Gabriel Sara, Gabriel Menino, Hugo Souza, Sandry, Peglow,
Praxedes, Ferreirinha, Martinelli, Calegari...
7.
O NORDESTE - Cada
vez mais o Nordeste se fortalece. Há uma mistura entre declínio de velhos
gigantes e subida de times que se estruturam. O Ceará foi o melhor exemplo da
vez, já que o Athletico Paranaense já merece ser visto como um dos grandes do
país.
8. QUEDA DE GIGANTES - A campanha do Botafogo foi terrível e o
Vasco cai pela quarta vez. Os grandes que não percebem como é necessário se
estrutura correm o risco de não fazerem clássicos nunca mais. Correm o risco de
deixarem de ser grandes e respeitados assim.
9. TÉCNICOS NA BERLINDA - Vai ser sempre assim? Foram 25 trocas de
técnicos em 38 rodadas. Nem mesmo os estrangeiros sobreviveram. Foram sete
clubes com técnicos internacionais durante a campanha, mas só três terminaram
empregados: Abel Ferreira, Jorge Sampaoli e Gustavo Morínigo. Outros como
Domenec Torrent, Sá Pinto, Ramón Díaz e Eduardo Coudet se foram rapidamente.
10. PÚBLICO - Não haver torcida era o ônus da pandemia.
De acordo. O problema foi a falta de educação dos dirigentes e membros de
comissão técnica que ficavam nas tribunas. Os relatos de falta de educação são
terríveis.
P.S. - Um jogador de 24 anos (não tão novo) foi eleito o jogador revelação. Foi um dos artilheiros do campeonato juntamente com Luciano, do São Paulo, com 18 gols.
Seleção do campeonato: Weverton (Palmeiras), Fagner
(Corinthians), Gustavo Gomes (Palmeiras), Guilherme Arana (Atlético Mineiro),
Cuesta (Internacional), Edenilson (Internacional), Gérson (Flamengo), Claudinho
(Bragantino), Vina (Ceará) e Gabriel (Flamengo).
Técnico: Abel Braga (Internacional).
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